por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo
O jogo foi meio peladeiro no primeiro tempo, de parte a parte, e as oportunidades escassearam, apesar dos erros de ambas as equipes.
Saravia, como de costume, foi a maior avenida que já vi no Botafogo. Nem Alessandro nos anos 2007-2008 conseguia dar tanto espaço aos adversários como Saravia deu a Alef Manga logo desde os 9’, mas o Coritiba é individualmente ruim e não soube aproveitar as oportunidades para infiltração bem sucedida. Quanto ao Botafogo, não entrava sequer na defesa do Coritiba, as bolas não chegavam em condições ao ataque e jogou uma vez mais burocraticamente, salvando-se apenas uma boa oportunidade dentro da área aos 20’ com bola na trave por Júnior Santos – uma surpresa na escalação, mas que se justificou devido a ter sido um dos melhores desempenhos em campo.
O segundo tempo foi completamente diferente. Logo de início, aos 53’, o Coritiba ia inaugurando o marcador com três adversários isolados e apenas um defesa botafoguense para contrariar, mas a decisão de quem conduzia a bola foi tão má que a jogada se perdeu. Porém, a partir daí as substituições feitas no intervalo pelo Botafogo mudaram o rumo da partida permitindo defender melhor o flanco defensivo mais frágil da equipe e uma maior articulação no meio campo que fazia a bola chegar mais ao ataque em boas condições. Um minuto após o Coritiba ter tido uma das duas melhores chances na segunda parte, o Botafogo enviou duas bolas à trave e ao travessão: aos 54’ à trave numa bela jogada entre Tiquinho Soares e Júnior Santos, que rematou; e aos 57’ cabeçada de Victor Sá ao travessão da baliza do Coritiba.
No entanto, o Botafogo continuou insistindo e aos 58’ o goleiro adversário fez grande defesa em cima da linha de gol. Aos 61’, após furiosos 15 minutos iniciais da segunda parte, com as equipes jogando em grande velocidade, o árbitro perdoou ao Coritiba a expulsão de Robinho por segundo cartão amarelo, e ainda permitiu que uma barreira do Coritiba estivesse a um metro da bola e após a barreira rechaçar a bola o Coritiba fez um perigoso ataque na sequência. Quanto à questão da interpretação que o árbitro fez de jogo perigoso do atacante do Coritiba, anulando uma jogada que poderia resultar em gol, parece-me uma boa decisão numa perspectiva de imparcialidade, porque usou o mesmo critério da primeira parte quando anulou, pela mesma razão, um ataque perigoso do Botafogo. Ou anulava os dois lances ou validava os dois lances.
Aos 65’ o Glorioso esteve novamente na iminência de inaugurar o marcador. Porém, aos 73’, Alef Manga, com o inefável Saravia novamente batido, chutou para fora na cara do gol. Acabou aí o jogo porque o Botafogo marcou logo a seguir aos 74’ numa falta magistralmente cobrada por Marçal para a entrada fulgurante de Victor Cuesta emendar de cabeça para o fundo das redes: Botafogo 1x0.
E quatro minutos após, aos 78’, Carlos Eduardo desarmou um adversário, progrediu pela direita, poderia ter rematado, mas generosamente, e com espírito de equipe, endossou um passe milimétrico para Tiquinho Soares apenas tocar a bola para o segundo gol, marcando pela primeira vez pelo Glorioso: Botafogo 2x0.
Em minha opinião os destaques vão para Gatito, muito seguro; Adryelson, Victor Cuesta e Marçal também muito seguros, destoando completamente do desastrado Saravia por onde se fizeram todos os ataques perigosos do Coritiba; Júnior Santos que tendo treinado bem durante a semana foi escalado e confirmou a boa escolha; Carlos Eduardo na segunda parte, já que na primeira foi anulado pelo Coritiba; Victor Sá entrou bem e ia deixando a sua marca no placar.
Tiquinho Soares apareceu algumas vezes, marcou o seu gol, mas está ainda bastante aquém do que eu esperava tendo em consideração uma carreira sempre bem-sucedida por onde passou. Mas certamente há de melhorar. Saravia foi a maior nódoa da equipe, como é seu costume (muito voluntarioso e muito ineficaz), e Jeffinho a pior surpresa. Jeffinho disse há poucos dias que tinha um estilo peladeiro. Não só: Jeffinho deslumbrou-se tal como Jobson ou Sassá e se não assentar a cabeça seguirá um caminho ruim, porque não só foi peladeiro como egoísta e inconsequente. Mau jogo.
Esta terceira equipe em construção é melhor do que a primeira da época e a equipe de transição, precisando de tempo para evoluir e consolidar os seus mecanismos. Há muitos erros elementares que os jogadores ainda cometem e a comissão técnica também precisa de ter uma visão mais flexível dos jogos consoante os adversários que enfrenta.
Note-se que há desequilíbrios bem patentes em algumas das estatísticas dos jogos. Neste jogo o Botafogo rematou apenas 12 vezes contra 18 do Coritiba, e acertou no enquadramento da baliza apenas 4 vezes, duas das quais com gol; beneficiou de 5 escanteios contra 10 do Coritiba.
Em suma: 3 preciosos pontos; estabilização sensivelmente a meio da tabela; próximo jogo difícil contra o Goiás e uma campanha nada fácil até ao final.
A meta, quanto a mim, deve ser uma classificação entre o 9º e o 12º lugar de modo a evitar a classificação para a Copa Libertadores – para a qual ainda não estamos preparados – e assegurar presença na Copa Sul-Americana. 2003 pode ser o ano de disputa de semifinais e ou finais da Copa do Brasil e da Copa Sul-Americana e uma classificação para a Copa Libertadores de 2024. Não é modesto nem exagerado – é otimismo moderado de quem deseja há quase 30 anos torcer por uma equipe capaz de alcançar desempenhos consolidados e competitividade ao mais alto nível no futuro próximo.
FICHA TÉCNICA
Botafogo
2x0 Coritiba
» Gols: Victor Cuesta, aos 74’, e Tiquinhos Soares, aos 78’
» Competição: Campeonato Brasileiro
» Data: 17.09.2022
» Local: Estádio Olímpico Nilton Santos, no Rio de
Janeiro (RJ)
» Árbitro: Paulo César Zanovelli da Silva (MG);
Assistentes: Celso Luiz da Silva (MG) e Leonardo Henrique Pereira (MG); VAR: Daiane
dos Santos (SP)
» Público: 15.080 espectadores
» Renda: R$ 384.655,00
» Disciplina: cartão amarelo –
Eduardo e Victor Cuesta (Botafogo); Luciano Castan, Robinho, Warley e Galarza
(Coritiba)
» Botafogo: Gatito Fernández; Saravia, Adryelson, Cuesta, Fernando Marçal; Lucas Fernandes
(Gabriel Pires), Tchê Tchê (Danilo Barbosa), Eduardo (Lucas Piazon); Júnior
Santos (Gustavo Sauer), Tiquinho Soares, Jeffinho (Victor Sá). Técnico: Luís
Castro.
» Coritiba: Gabriel Vasconcelos; Nathan Mendes (Natanael), Chancellor, Luciano
Castan, Rafael Santos; Jesús Trindade, Bruno Gomes (Galazara); Warley (Hernán Pérez),
Robinho (Régis), Alef Manga; Fabrício Daniel (Matheus Cardorini). Técnico: Guto
Ferreira.
2 comentários:
Que bom ouvir um comentário racional sem os insistentes preconceitos que tenho lido em diversos comentários, que na verdade demonstram muito mais uma certa paixão pelo que o comentarista deseja do que a realidade do que ocorre em campo. Em suma, vimos o mesmo jogo, e não entendi até agora as críticas ao Júnior Santos que na minha opinião fez um bom jogo sendo um dos destaques do time.
Curioso é que quando o Luís Castro substitui mal ou o que tentou não dá resultado, quando o faz corretamente como fez ontem quase ninguém comenta e, continuam achando que o time é mal treinado. Curiosamente o time tem evoluído e esse que jogou ontem só foi a campo com essa formação a exceção do JS apenas 3 vezes. As substituições foram corretas, simplesmente porque os 3 substituídos nas acrescentavam em nada ao desenvolvimento da equipe.
Espero ansiosamente que o Rafael volte logo pois não aguento mais ver o desatinado Saravia, um avenida lá atrás e um alucinado quando avança, jogador fraquíssimo.
Quanto ao Jefinho, que abaixe a bolinha, pois ontem não jogou nada, tentou resolver sozinho quando poderia servir um companheiro melhor colocado, produziu muito pouco, parece que alguns bons desempenhos subiram-lhe a cabeça. Calma Jefinho, o caminho está árduo e é necessário perceber que futebol é um jogo de equipe, tentar resolver sozinho todas as vezes vai levá-lo a caminhos muito ruins.
De um modo geral gostei de todos os os jogadores no segundo tempo claro que a exceção do Saravia. É interessante que todos os ataque perigosos e gols sofridos pelo Botafogo, a porcentagem da colaboração do alucinado Saravia é assustadora, e ontem desde de o início do jogo o Coritiba percebeu isso.
É um time em evolução, e quem não quer perceber isso, por preconceito sempre irá culpar o treinador, como li ontem: quando ganha o mérito é do jogador, como se não fosse obrigação do jogador ter bom desempenho; quando perde mesmo com falhas individuais a culpa é do treinador e quando empata a culpa também é do treinador, mesmo que o time perca um caminhão de gols, e é sempre o mesmo comentário, substitui mal.
Às vezes eu tenho a impressão que há torcedores que torcem contra só para confirmar a tese de que o Luís Castro é ruim! Enfim, torcedor é isso mesmo, o que fazer. ABS e SB!
Sim, Sergio, muitos comentários são irracionais e outros são preconceituosos, mas isso é também um reflexo de uma certa realidade mais global.
Confesso que já vejo, ouço ou leio poucos noticiários porque os enviesamentos e as não-notícias são o pão nosso de cada dia. E se leio mais do que desejo é porque o blogue me exige que esteja a par de certas ocorrências.
Ademais já sabemos as características da maior parte dos botafoguenses: supersticiosos, meio fatalistas nas suas apreciações e exageradamente emocionais. Vejo gente que só fala na descida de divisão, na contagem de pontos necessários para o efeito, que o treinador é burro e o Textor um falastrão. Até já li torcedores pedindo para a SAF lhes devolver o Botafogo. Qua Botafogol?!.... O único que tínhamos estava com a porta principal escancarada à falência financeira, técnica e reputacional, já sem os demais desportos, com a piscina quebrada, o antigo CT abandonado, etecetera. Mas faz parte do DNA...
Montar a 3ª equipa no mesmo ano não é fácilpara nenhum treinador. Ainda assim, penso que todos teriam condições para evoluir mais se à qualidade técnica aliassem a qualidade tática, mas esse é um problema do futebolista brasileiro: a indisciplina tática. E o treinador tem que ser paciente para levar a água ao moinho. Veja o Jeffinho: cresceu imenso com as orentações do LC, mas a fama já lhe subiu à cabeça. Temos outros exemplos como o Jobson ou o Sassá. Espero que retroceda a tempo para bem dele mesmo. Ontem Jaffinho e Saravia destoaram, mas do argentino já seria de esperar, tal como mencionei várias vezes sobre a avenida que deixa atrás de si e as corridas assarapantadas que faz acabando por ser enrolado pelos adversários e não produzir nada, seja para a frente seja para trás. Nem centrar sabe.
E se metade dos gols quase feitos que foram perdidos escandalosamente pela equipe tivessem sido concretizados, estaríamos onde agora?...
Mas... vamos que vamos para conseguirmos a classificação ideal: 10º lugar. Está na primeira metade da tabela, evita a Copa Libertadores e garante a Copa Sul-Americana, e para o ano a coisa poderá ser muito melhor!
Abraços Gloriosos.
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