segunda-feira, 12 de setembro de 2022

Na Rota do Românico (IV): Pedro e Inês

Cruzeiro no rio Douro.

 

por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo


Em Vila Nova de Gaia, muito próximo do local onde o Rio Douro e o Atlântico se fundem num só, existe uma bela quinta que foi palco de uma das histórias de amor mais belas e trágicas do país – o romance entre D. Pedro e D. Inês de Castro.

 

Casado com D. Constança Manuel, o Infante D. Pedro vivia um amor proibido com Inês de Castro, dama de companhia de sua esposa, com quem se encontrava “secretamente” na Quinta das Lágrimas, em Coimbra. Depois da morte de D. Constança em 1345, D. Pedro passou a viver maritalmente com Inês, apesar de o rei D. Afonso IV, seu pai, condenar veementemente a ligação.

 

Travessia da Barragem de Bagaúste através da comporta.


Estima-se que o casal tenha vivido na Quinta do Paço, em Vila Nova de Gaia, entre 1351 e 1353, tendo sido aí que nasceu a Infanta D. Beatriz, filha mais velha do casal.

 

Porém, a censura social a essa união, por parte da corte, pressionava constantemente D. Afonso IV, que acabou por mandar assassinar Inês de Castro em Janeiro de 1355, em Coimbra, na Quinta das Lágrimas.

 

Louco de dor, Pedro liderou uma revolta contra o rei, nunca perdoando ao pai o assassinato da amada. Quando finalmente assumiu a coroa em 1357, D. Pedro mandou prender e matar os assassinos de Inês, arrancando-lhes o coração, o que lhe valeu o cognome de ‘O Cruel’.

 

Estação ferroviária de Pinhão.

 

Então, impôs a título póstumo o reconhecimento de Inês de Castro como rainha de Portugal e, em Abril de 1360, ordenou a trasladação do corpo da amada de Coimbra para o Mosteiro Real de Alcobaça, onde erigiu dois magníficos túmulos para que pudesse descansar para sempre ao lado da sua eterna amada, imortalizando em pedra a mais arrebatadora história de amor portuguesa.

 

Mas Canidelo, a localidade conimbricense onde assassinaram D. Inês de Castro, nunca foi esquecida por D. Pedro I, que em 1363 a elevou à categoria de concelho, sendo assim o terceiro concelho da margem sul do rio Douro, algo que viria a ser extinto em 6 de Abril de 1375 pelo rei D. Fernando I, e que se manteve até hoje.

 

D. Pedro e D. Inês de Castro.

 

Atualmente, em parte dos terrenos da quinta funciona o Cantinho das Aromáticas, uma quinta de plantas aromáticas e medicinais, que está aberta ao público. Um lugar para visitar várias vezes, ao longo das estações, e onde pode fazer algumas das


atividades, como colheitas, provas das infusões ali produzidas ou simplesmente passear nos campos floridos e perfumados, que foram cenário do amor de D. Pedro e D. Inês.


Fontes: rotadodouro.pt e www.outrostempos.com

Sem comentários:

John Textor, a figura-chave: variações em análise

Crédito: Jorge Rodrigues. [Nota preliminar: o Mundo Botafogo publica hoje a reflexão prometida aos leitores após a participação do nosso Clu...