domingo, 12 de fevereiro de 2023

Botafogo 2x0 Bangu: o caminho faz-se caminhando

Crédito: Vitor Silva / Botafogo.

por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo

O Botafogo tem apresentado uma nova roupagem em crescente evolução, apesar de uns quantos botafoguenses ‘cavaleiros do apocalipse’ continuarem vaticinando que a equipe não tem esquema tático, não tem variações, não tem jogadas ensaiadas e, claro, sem treinador porque – e cito – Castro é “muito ruim”, visto que contra o Fluminense, o Boavista ou o Bangu foi a ‘nulidade’ de sempre. E, claro, não se referem aos progressos extraordinários da defesa verificados até aqui, à marcação alta, à roubada de bola, ao futebol vertical em detrimento do lateralizado tique-taque que só resulta com jogadores de elite, enfim, a diversos fundamentos que têm efetivamente evoluído. Haja paciência…

Até li, ontem, que Castro não deu nenhum padrão à equipe até agora, que os progressos são nulos e que no tempo de Eduardo Barroca a equipe tinha “um padrão de tique-taque embora não obtivesse resultados” (!!!)

Enfim, sem mais comentários sobre o assunto, passemos a falar de modo sério, racional e discernente sobre o jogo Botafogo x Bangu.

O Botafogo é líder (condicional) do campeonato carioca, a única derrota foi na rodada inaugural com uma equipe exclusivamente B, tem a melhor defesa do campeonato, o 3º melhor ataque com dois gols de diferença para o 1º, já jogou com o Fluminense e, sobre o adversário de ontem, sendo uma equipe classificada em 5º lugar, bem organizada e espreitando sempre o contra ataque, o Botafogo simplesmente não a deixou jogar.

Isso tudo é importante? Relativizemos: é, é importante, mas não é, ainda, suficiente para alcançar a meta de entrosamento esperada e já definida pela equipe técnica para as próximas semanas. Vejamos uma retrospetiva de forças e fraquezas, incluindo já o jogo contra o Bangu.

Forças: goleiro muito bom; defesa muito bem estruturada, sobretudo uma zaga que se entende muito bem – e isso é fundamental; saída de bola substancialmente melhor a partir sobretudo de Cuesta e Marçal; marcação alta e roubadas de bola no meio campo e no campo adversário; meio campo mais verticalizado nos lançamentos de médio alcance; dupla atacante capaz de recuar e buscar a bola atrás; sobretudo, uma boa conjugação entre roubadas de bola e transições muito rápidas a partir de lançamentos de meia distância; e, finalmente, a evidência de que a preparação física continua forte.

Fraquezas: Rafael destoando claramente da equipe em matéria de execução de centros para a área quando apoia o ataque e sem substituto capaz; meio campo necessitado de ser mais criativo no momento de decidir/distribuir o jogo, faltando claramente um craque imprevisível que desequilibre o jogo do meio campo para a frente; ala direita do ataque muito desamparada, sendo que as boas infiltrações dos jogadores dão-se praticamente pela ala esquerda; os passes errados a nível do meio campo ainda são frequentes, embora o último passe tenha melhorado substancialmente; apesar da melhoria nas assistências a gol, ainda assim com frequentes más decisões sobre a quem passar a bola, tanto os jogadores de meio campo mais ofensivos quer os atacantes falham excessivamente a força (fraca) dos remates e ou a sua direção.

Em suma, o Botafogo dominou a partida de ontem do início ao fim e nos primeiros 20 minutos poderia ter resolvido o assunto com dois gols, que não saíram principalmente por virtude de vários remates frouxos em frente à baliza na sequência de boas transições e futebol vertical, que geraram oportunidades claras de gol. Já os dois gols resultaram porque quer a cabeçada de Tiquinho, quer o remate de Lucas Piazon, foram fortes e direcionados.

A escalação e as substituições foram adequadas, com bons desempenhos de Hugo, Lucas Piazon e Marlon Freitas. Tchê é a salvação no meio campo porque Patrick de Paula continua deixando a desejar. Deve-se realçar que os bons desempenhos de Lucas Piazon e Vítor Sá não são de espantar porque antes de se lesionarem vinham crescendo de qualidade.

Estamos perante muitos progressos e ainda lacunas importantes por resolver, embora – tenhamos consciência disso – o campeonato carioca seja a pré-época que nos foi negada. Temos lacunas designadamente na lateral direita e do meio campo para a frente e continuam a faltar clarissimamente os reforços capazes de melhorar a criação e efetuar transições ainda mais rápidas, discernimento no passe, capacidade de remate e, por fim, mais espírito coletivo, porque o exemplo ‘egoísta’ de Sauer ontem foi bem evidente e o disparate individual de Patrick de Paula valeu um cartão amarelo que o coloca fora do jogo com o Vasco da Gama e deveria ser bem multado por isso.

No entanto, é importante notar que temos três jogadores – que fazem muita falta e provavelmente serão titulares –, em recuperação de lesões: Carlos Alberto, Lucas Fernandes e Eduardo

Certo é que há muito tempo que não assistíamos a um Botafogo marcando tão forte, recompondo e recuperando a bola, travando lances perigosos dos adversários com faltas cirúrgicas e, finalmente, uma equipe que apresenta fôlego do início ao fim das partidas como agora ocorre, evidenciando uma preparação física que faltava há muitos anos.

O caminho faz-se caminhando.

FICHA TÉCNICA

Botafogo 2x0 Bangu

» Gols: Tiquinho Soares, aos 70’, e Lucas Piazon, aos 90+2’

» Competição: Campeonato Carioca

» Data: 12.02.2023

» Local: Estádio Luso-Brasileiro, no Rio de Janeiro (RJ)

» Público: 1.703 pagantes; 2.008 espectadores

» Renda: R$ 57.750,00

» Árbitro: Bruno Arleu de Araújo; Assistentes: Michael Correia e Karen Soares Augusto

» Disciplina: cartão amarelo – Patrick de Paula e Victor Sá (Botafogo) e Marcos Calazans e Felipe Loureiro (Bangu)

» Botafogo: Lucas Perri, Rafael, Adryelson, Cuesta e Marçal (Hugo); Tchê Tchê, Patrick de Paula (Marlon Freitas) e Gabriel Pires (Danilo Barbosa); Gustavo Sauer (Lucas Piazon), Tiquinho Soares e Victor Sá. Técnico: Luís Castro.

» Bangu: Paulo Henrique; Carlos Eduardo, Adryan, Patrick (Eduardo Brito) e Gabriel Feliciano; Renatinho (Renê Júnior), Adsson (Robert), e Samuel (Roger); Marcos Calazans (Daniel Felizardo), Edinho e Luís Felipe. Técnico: Felipe Loureiro.

2 comentários:

Sergio disse...

É meu amigo Ruy, essa birra com o Castro parece coisa desses malucos que temem que o comunismo domine o país, devem achar que o Luís Castro é descendente o Fidel. O mais interessante é que a grande maioria nem sabe o que é comunismo, um bando de loucos sem a menor noção da realidade. Essa ironia é a única explicação que vejo em relação ao treinador botafoguense, que vem fazendo um bom trabalho e os resultados aos poucos vão aparecendo. Parece muito claro, pelo menos prá mim, que o time do Botafogo está evoluindo tanto técnica, tática e fisicamente na.ptesente temporada, e isso é fruto do trabalho do Luís Castro e comissão técnica. Quanto aos negacionistas, eles que continuem acreditando que a terra é plana e que o Castro e o Castro é fraco. Pobres coitados.
Tem me agradado a evolução do time, vejo jogadas trabalhadas, solidez defensiva, consciência tática e solidariedade entre os atletas. Claro que ainda há necessidade de progressos e melhor performance de alguns jogadores, mas a evolução é visível. Tem penso que há necessidade de reforços de qualidade pois a temporada é longa e difícil e não basta ter um bom time, mas sim um bom elenco forte.
Embora o carioquinha já não desperte tanto interesse e de fato se transformou em um torneio sem graça, pelo menos tem servido para a pré temporada. E assim o time pode ir consolidando seu esquema. ABS e SB!

Ruy Moura disse...

Sergio, penso que a maior dificuldade é a evolução técnica, porque bastantes jogadores apresentam certas limitações técnicas - e isso depende pouco dos treinadores.
Também vejo solidez defensiva (é tão obio quanto tems a melhor defesa do campeonato e há 5 jogos sem tomar gol), jogadas trabalhadas, mas ainda falta mais consciência tática e em certas ocasiões abuso do individualismo em vez do coletivismo. Mas, claro, sem reforços não conseguiremos competir a alto nível em tantas competições.
Se esta evolução continuar creio que estamos no bom caminho para, no final do carioquinha, termos a pré-temporada com todos os objetivos alcançados e podermos partir para outras ambições.
Abraços Gloriosos.

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