terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

Sinval, o Artilheiro da Paz

Sinval comemorando o 2º gol da final da Copa Conmebol que permitiria ao Botafogo conquistar a competição nos pênaltis. Crédito: Júlio César Guimarães.

por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo

Sinval Ferreira da Silva nasceu no dia 8 de maio de 1971, em Andradina (SP), foi atacante, mede 1,76m de altura e pesava 75 kg (em 1993).

Sinval foi revelado pela Portuguesa de Desportos (1989-1992), tendo-se sagrado campeão da Copa São Paulo de Futebol Júnior em 1991, marcando 12 gols e estabelecendo a artilharia recorde numa única edição. Da Portuguesa Sinval ainda guarda grandes recordações dentro e fora do gramado, porque além de ter sido o seu 1º clube onde conquistou, também, o seu 1º título, foi na piscina do Canindé que o atleta conheceu a sua esposa, em 1990, e da qual nunca mais se separou.

Ainda em 1992 Sinval mudou de clube, por empréstimo, e foi atleta do Paysandu (1992), conquistando o Campeonato Estadual Paraense. Posteriormente, ainda por empréstimo, rumou ao Novorizontino (1993) onde foi vice-artilheiro do Paulistão com 18 gols e, finalmente, ao Botafogo de Futebol e Regatas (1993).

Sinval estreou pelo Botafogo no dia 13 de agosto de 1993, na vitória por 3x1 sobre o Bragantino, em jogo válido para a Copa Conmebol, com gols do próprio Sinval (2) e de Marcelo Carioca. O Glorioso formou com Carlão; Perivaldo, André Santos, Rogério Pinheiro e André Duarte; Nélson, Suélio, Rogerinho e Marcelo Carioca; Marcos Paulo e Sinval.

Equipa comemorando a conquista da Conmebol nos pênaltis por 7x6. Crédito: Internet/Reprodução.

Foi durante a estadia no Botafogo, e em especial na Copa Conmebol de 1993, que Sinval conheceu finalmente a ribalta ao tornar-se artilheiro da respetiva competição, a única em que o Glorioso conquistou um título internacional oficial, tendo Sinval marcado 8 gols decisivos para a histórica conquista.

Carlos Alberto Torres dera-lhe a titularidade e comentou mais tarde que “ele sabe tocar a bola, não é apenas um atacante oportunista”. Sinval retribuiu com gols decisivos e comentou que “o Carlos Alberto me ensinou a não desistir nunca”.

A conquista continental ocorreu no dia 30 de setembro de 1993, no Estádio do Maracanã, perante 45.000 espectadores, no empate por 2x2 com o Peñarol, gols de Eliel e Sinval, com decisão nos pênaltis favorável ao Botafogo por 3x1. A equipe formou com William Bacana; Perivaldo, André Santos, Cláudio Henrique e Clei; Nélson, Suélio e Marcelo Costa; Aléssio, Sinval e Eliel.

Nesta breve passagem por General Severiano, Sinval participou em 21 jogos e assinalou 10 gols, obtendo um rácio de quase 1 gol por cada dois jogos (0,94), antes de regressar à Portuguesa (1994).

Porém, com o rendimento conseguido na Copa Conmebol, o atleta não permaneceu na Portuguesa, tendo sido contratado pelo clube suíço Lugano (1994-1997), no qual disputou 63 partidas e marcou 18 gols.

Equipe campeã da Conmebol. Crédito: Internet/Reprodução.

Então, regressou ao Botafogo (1997) que, nessa temporada, foi disputar o Festival Brasileiro de Futebol – torneio amistoso – e chegou à final contra o Coritiba. A partida terminou empatada em 3x3, com dois gols de Jorge Luiz e um de Sinval, que jogou muito bem. O Coritiba venceu na decisão por pênaltis e gostou tanto da atuação de Sinval pelo Botafogo que acabou por contratá-lo, e esse foi o último jogo do atleta pelo Glorioso, que alinhou com Alex; França, Jorge Luiz, Marcelo Augusto e Jefferson; Marcelinho Paulista, Pingo, Aílton e Bentinho; Tico Mineiro e Sinval.

Sinval jogou mais 22 partidas e marcou mais 8 gols pelo Botafogo.

No Coritiba (1998) o atleta foi carimbado pela torcida Coxa Branca com o apelido sui generis de ‘Artilheiro da Paz’, porque comemorava cada um dos seus gols fazendo o gesto da pomba da paz com as mãos.

Porém, tal como passado, Sinval não se fixou em nenhuma equipe e acelerou as suas transferências de clube para clube, tendo mudado de equipe por 30 vezes ao longo da carreira. Após representar o Coritiba, Sinval seguiu para o Internacional de Limeira (1999), regressou ao Coritiba (1999) para ser campeão estadual paranaense e, posteriormente, mudou de clube mais do que uma vez por ano – Santa Cruz (2000), Vitória (2000), São Caetano (2001), Fortaleza (2001), Guarani (2001), Portuguesa (2002), Fortaleza (2002), América Mineiro (2002), Brasiliense (2003), Marília (2003), Paraná (2004), Canoas (2004), Boavista (2004), Portuguesa Santista (2005), Noroeste (2005), Boa Esporte (2005), Cianorte (2006), Bangu (2006), Madureira (2006), Rioverdense (2007) e finalizou a carreira no Grêmio Barueri (2007).

Sinval comemorando no Estádio Olímpico Nilton Santos os 25 anos da conquista da Copa Conmebol. Crédito: Vitor Silva / Botafogo.

Estranhamente, tendo em consideração que muitos jogadores de futebol esbanjam os seus rendimentos, o ‘Artilheiro da Paz’ era considerado ‘pão-duro’ e, apesar das sucessivas mudanças de clube e dos apelos externos para esbanjar, foi capaz de melhorar significativamente a vida da família e preparar um plano para o futuro, tendo em 2000 adquirido um motel em Andradina – sua cidade natal – e posteriormente mais dois, que permitem sustentar confortavelmente a família.

Em entrevista bem-humorada, Sinval conta que “A melhor coisa desse ramo é que você não precisa ir atrás do cliente, ele vem. Motel não tem crise, e às vezes não tem lugar pro cliente entrar”. Porém, também se defronta com alguns entreveros: “O lado ruim são algumas coisas de madrugada. É cara bêbado, mulher que pega o marido lá dentro, homem que flagra a mulher. Mas isso vamos nos habituando com o tempo”. E com a sua boa disposição para a vida tem feito uma aposentadoria feliz.

Fontes: https://coxanautas.com.br; https://pt.wikipedia.org; https://terceirotempo.uol.com.br; http://www.espn.com.br; https://www.vice.com; Placar Magazine, nº 1090, Janeiro 1994.

4 comentários:

Sergio disse...

Grande artilheiro e um dos responsáveis pelo título Sul Americano. Aquele segundo gol dele na final contra o Penarol foi sensacional. A torcida do Botafogo tem um especial carinho por ele, e naturalmente belê merece estar na galeria dos heróis botafoguenses. ABS e SB!

Ruy Moura disse...

O Sinval é uma pessoa muito simpática e merece estar na noss galeria especial. É um verdadeiro símbolo de conquista do único título internacional oficial do Botafogo.
Abraços Gloriosos.

Anónimo disse...

Parabéns pela lembrança!
A exemplo de Fernando Ferretti e do goleiro Wagner, Sinval é um que merece demais uma estátua no 'Niltão'. Agora que, há uns anos, o clube já inaugurou uma do Túlio no interior do estádio, poderia aproveitar para homenagear estes que, embora sem a grandeza daqueles ostentados no panteão externo ao estádio, tiveram importância crucial para os nossos mais expressivos títulos.

Saudações Botafoguenses

Ruy Moura disse...

Há uma coisa que nunca consegui compreender: por que razão o único título internacional oficial do futebol botafoguense não é, nem foi, devidamente acarinhado pela torcida e raramente os jogadores são relembrados. Foi uma grande EQUIPE. Futebol é desporto coletivo e eles interpretaram isso à letra com um desempenho único de eficiência e eficácia.
Abraços Gloriosos.

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