por
RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo
Ontem a zebra não
entrou na piscina Presbítero Bartolomé Grella.
Seja com a equipe principal ou com uma equipe mista, seja adversário forte ou
adversário fraco, a zebra é um animal em extinção nos jogos do Botafogo. O
Botafogo joga para vencer contra qualquer adversário onde, como e quando for –
seja nas alturas, ao nível do mar ou nas piscinas esburacadas da Argentina.
E consegue jogar
contra árbitros, assistentes e árbitro de vídeo, seja por claros pênaltis
negados a seu favor, seja pela violência exercida pelos adversários que nem por
isso são expulsos – e sem chamadas de VAR para aferir as ocorrências.
É um Botafogo que
joga a dança do opositor, isto é, acomoda-se às táticas e aos diversos níveis
de qualidade dos adversários, preocupado apenas em focar jogo a jogo, sempre
apontado a uma simples oportunidade surgida para selar a vitória.
Foi assim também
na piscina Presbítero Bartolomé Grella, dominando completamente a
partida e permitindo apenas uma única oportunidade de gol ao adversário,
resolvida como habitualmente pelo excelente Lucas Perri.
E com
gols marcados por dois não titulares. E sem Tiquinho Soares nem Adryelson. Não
é uma equipe apenas, mas um elenco coeso e sempre disponível para dar o seu
melhor em cada momento.
Num dia,
retranca, esperando o erro do forte adversário, que sempre acontece e é
necessário saber aproveitá-lo; noutro dia, domínio absoluto do adversário
modesto, do início ao fim. Em ambos, mentalidade forte, jogo coletivo, cooperação
interindividual como não se via há largos e largos anos.
Antigamente
entediava-me mencionar sempre os mesmos erros jogo a jogo e nunca serem corrigidos,
e por vezes até rejeitei efetuar análises e publiquei apenas a ficha técnica;
atualmente, não sendo nada entediante, enfrento um problema inverso mas
semelhante: elogiar jogo a jogo, repetir os acertos jogo a jogo, apologizar
este fantástico elenco, que entre atletas de grande, média e modesta qualidade
consegue fazer com que todos brilhem, se superem e entendam cada jogo focados
apenas nos 3 pontos e nada mais, ou simplesmente em ganhar para superar uma
eliminatória. E consegue que cada um do elenco seja feliz!
Apenas uma
palavra particular sobre Carlos Alberto. Gostei do atleta desde o primeiro jogo
que fez e nunca entendi por que razão o Inominável deixou de o escalar, seja a
titular seja como substituto durante os jogos. Prefiro um Carlos Alberto a dois
Luís Henrique, mas segundo outras fontes, o Inominável terá barrado Carlos
Alberto pela mesma razão que o América MG o terá ‘sacudido’ emprestando-o ao
Botafogo: desrespeito à tática definida e ou comportamento pessoal desadequado.
Que tem futuro, parece-me que sim, desde o primeiro momento que o vi jogar. E
três gols em três jogos contra uma equipe superior, uma equipe média e uma
equipe modesta, não é para qualquer um – a não ser que se dê pelo nome de
Tiquinho Soares. Diz-se – e é muito plausível – que Cláudio Caçapa o recuperou
por indicação de Lúcio Flávio, e se assim for, aplaudo ambos. E outro aplauso
ao jovem Janderson cujo gol foi muito importante para nós e provavelmente um
enorme ânimo para ele próprio. Merecido!
Se o jogo de
ontem tivesse sido realizado num estádio daria uma goleada a favor do Botafogo.
Foi mais difícil, mas o Glorioso também
sabe jogar nadando, e crê-se que alguns atletas vão ser emprestados aos
esportes aquáticos para que Durcesio Mello ressuscite a natação e o polo
aquático extintos oficialmente pela sua direção há ano e meio, devido ao legado
da dupla Mufarrej / CEP que deixou a piscina quebrada e ao abandono sem
possibilidades de uso por nadadores com bola e sem bola. Só faltam os gorros na
cabeça, ensinar-lhes a nadar ainda melhor e fazê-los entender que também podem
jogar com as mãos, porque… este Botafogo ajusta-se a qualquer imprevisto!
E,
finalmente, mais um ineditismo deste Clube fantástico que possui as mais belas
histórias de vida: ter um bilionário na arquibancada torcendo contra o ‘patronato’
é uma das “coisas que só acontecem ao Botafogo!”
FICHA TÉCNICA
Botafogo
2x0 Patronato
» Gols: Carlos
Alberto, aos 51’, e Janderson, 65’
»
Competição: Copa Sul-Americana
» Local: Estádio Presbítero
Bartolomé Grella, no Paraná (Argentina)
» Data: 12.07.2023
» Árbitro: Gery
Vargas (Bolívia); Assistentes: José
Antelo (Bolívia) e Edwar Saavedra (Bolívia); VAR: Andrés Cunha (Uruguai)
»
Disciplina: cartão amarelo – Diego
Hernández (Botafogo) e Ojeda, Valdez Chamorro, Domingo e Rodolfo de Paoli (Patronato)
» Botafogo: Lucas
Perri; Di Placido (JP Galvão), Philipe Sampaio, Victor Cuesta (Luís Segovia) e
Marçal (Hugo); Danilo Barbosa, Breno e Eduardo (Gustavo Sauer); Carlos Alberto
(Diego Hernández), Janderson e Júnior Santos. Técnico: Cláudio Caçapa.
» Patronato: Budiño;
Ghirardello, Domingo, Ojeda e Geminiani; Fábio Vázquez, Barinaga, Novero e Esquivel;
Arce (Pereyra) e Valdez Chamorro (Russo). Técnico: Rodolfo de Paoli.
6 comentários:
Realmente o elenco do Botafogo está me impressionando e creio que também a grande maioria dos botafoguenses, pois tem demonstrado uma dedicação, garra e busca incessante por bons resultados, o nos que emociona.
Interessante que o Cláudio Caçapa lançou mão de vários atletas que pareciam ter sido descartados pelo fulano de tal, e o mais interessante, achando novas funções aos jogadores como no caso do Carlos Alberto que foi utilizado como centro avante. E nesse caso não podemos deixar de reconhecer a importância do Lúcio Flávio nessas descobertas.
Parece que o time do Botafogo disputar esse play off foi de certa forma benéfico tal como ter disputado a taça rio, pois dá para rodar o elenco, dar ritmo de jogo e poder conhecer melhor o elenco em jogos oficiais.
Acrescentando a isto o que foi muito bem observado no presente texto: o time vence todos os obstáculos que lhe tem sido impostos: campo, arbitragem, excesso de número de jogos, contusões.
Sobre a arbitragem só posso dizer que o que se tem visto nessa copa Sul Americana é uma vergonha, tal o número de infrações sérias a favor do o Botafogo que são simplesmente ignoradas pela arbitro e pelo var. E o que falar daquele charco onde foi realizado aquele confronto de ontem. Foi uma coisa deprimente assistir algo que seria uma ofensa chamar de "partida de futebol". Acho que nem nos campos de várzea aqui da região serrana existem campos tão horrorosos como o de ontem, e o Botafogo conseguiu vencer mais esse obstáculo, e com um time alternativo.
E realmente há coisas que só acontecem ao Botafogo. Quando em qualquer time nesse país veríamos o acionista maior da SAF assistir um jogo junto aos torcedores e vibrar do jeito que vibrou, só mesmo esse glorioso clube , o Botafogo de Futebol e Regatas.Abs e SB!
Essa busca é verdadeira, Sergio, mas, em minha opinião é menos na garra do que na capacidade de racionalização do jogo. Antes ganhavamos na garra, isto é, usavamos mais a emoção,e umas vezes funcionava e outras não, mas agora usamos principalmente a razão, fazemos o que é lógico de se fazer, e, sim, umas vezes funciona, e outras vezes funciona, sim! (rsrsrs)
Em suma, são dedicados, ousados e buscam a vitória com persistência, mas ao contrário do uso quase exclusivo da emoção (que dava jogos eletrizantes para vencer ou para perder), agora fazem-no pacientemente, sem nunca se afobarem, usando predominantemente a razão. Eu me emociono muito com isso também, mas é o que chamo viver a emoção dentro da razão. (o Sergio sabe que eu uso muito a lógica)
O Caçapa é muto sensato. Penso que o Textor é um líder e um gestor muito capacitado e sabe escolher bem, e a prova são as boas escolhas do fulano de tal, do Caçapa e, espero, do Lage. E também de outros dirigentes com menos visibilidade, mas também essenciais e muito capazes.
Pensei o mesmo sobre os playoff, isto é, o melhor seria tê-los evitado, mas não sendo possível era preciso usar a inteligência para aproveitar o melhor possível a situação, e o Caçapa soube fazê-lo! Fora a história do 'cheirinho' a título - que contraria toda a mentalização anterior a ele - não detetei nenhum erro dele. O que é muito raro em quem nunca foi verdaeiramente treinador, mas apenas assistente técnico.
Vergonha autêntica o piscinão em que jogamos, assim vmo vergonhoso foi o árbitro boliviano mais o VAR uruguaio. A Confederação Su-americana é de terceiro mundo. O Marcelo de Lima Henrique é bem mais inteligente e discreto a favorecer o 'mengão' do que os árbitrs hispânicos.
Julgo que temos o melhor acionista maioritário em clubes de futebol brasileiro e coincidentemente, apesar do Durcesio ter afirmado que o Montenegro é o maior botafoguense de todos os tempos - o que é quase 'criminoso' para as memórias de Paulo Azeredo, Sergio Darcy, Ademar Bebianno, Carlito Rocha e muitos outros -, apesar disso considero que tem conduzido muito bem o seu 'reinado' e realiza muito bons esforços para recuperar as mais tradicionais modalidades desportivas do Glorioso, que nelas conquistou campeonatos mundiais, vários campeonatos sul-americanos e muitos campeonato brasileiros, além de recordes e títulos individuais dos seus atletas.
Coisas que só acontecem ao Botafogo... (rsrsrs)
Abraços Gloriosos.
Kd a sonja????
As assertivas de Sérgio continuam interessantes. Mas não tem como não rir das "aquáticas" menções. Aproveito para informar que em artigo no blog JORNAL DA GRANDE NATAL demonstro como a campanha botafoguense "contaminou" os torcedores por este Brasil afora, em especial no interior do Rio Grande do Norte.
A Sonja?...
http://mundobotafogo.blogspot.com/2012/08/sonja-martinelli-torcedora-n-1.html
Abraços Gloriosos.
A vida passa-se entre a seriedade, o riso e também a ironia. No caso do Sergio foi sempre muito assertivo e nunca destratou fosse quem fosse. As observações dele são sempre muit valiosas. Assim como as suas. Gostei muito da sua publicação! Parabéns!
Abraços Gloriosos.
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