por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo
«O
que interessa é viver dia a dia, treino a treino, jogo a jogo.» – Bruno Lage, novo treinador do Botafogo no dia da sua apresentação.
A minha opinião sobre a necessidade
de pensarmos pouco no/s título/s resulta de um lema muito praticado por clubes
que geralmente não disputam títulos importantes e de repente estão confrontados
com a iminência de conseguirem ganhar algum.
O futebol é mais complexo do
que muitas vezes se pensa, tem diversas dimensões dentro e fora das quatro
linhas e a psicológica / mental é uma das mais importantes, tão importante que
já assistimos a campeões inesperados com jogadores pouco consagrados e a perda
de títulos com um leque de jogadores de elite, assim como potencialíssimos craques se desestruturarem mentalmente e jogadores de qualidade média se destacando pelo seu discernimento mental.
Então, o lema é pensar jogo
a jogo, focar jogo a jogo… e todos saborearem as vitórias pelas vitórias e
fazermos as contas no fim, porque a euforia, a distração do objetivo central
que é acumular 3 pontos a cada jogo, pode simplesmente custar um título!
Uma equipe dispersa, sem
concentração, sem foco, era a de 2021 do Botafogo na Série B (14º lugar), que à
12ª rodada tinha apenas 13 pontos ganhos e o Náutico (1º lugar) possuía mais do
dobro dos pontos do Botafogo. Porém, o Botafogo mudou de comandante e focou os
jogadores, enquanto o Náutico vivia um período de euforia.
Estávamos com um terço de campeonato decorrido.
A partir daí, de foco em
foco, isto é, seguindo o lema jogo a jogo, comparativamente ao Náutico que
vivia de euforia em euforia, o Botafogo sagrou-se campeão brasileiro da Série B
com 5 pontos à frente do vice-campeão Coritiba e 17 pontos à frente do Náutico,
quedado em 8º lugar. Isto é, nos outros dois terços do campeonato o Botafogo
recuperou 30 pontos ao Náutico e 17 pontos ao Coritiba, que já era o 2º
classificado e assim terminou o campeonato.
Atualmente também estamos
sensivelmente com um terço de campeonato decorrido.
A vantagem de 10 pontos e de
12 pontos, respetivamente, para Flamengo e Palmeiras, talvez os mais fortes de
todos os adversários, é bastante considerável tendo em vista as rodadas decorridas,
mas até final “muita água vai rolar ainda debaixo da ponte”.
Saibamos viver a enorme
alegria de sucessivas vitórias jogo a jogo, algo que há muitos anos nos
desabituámos, mas contenhamo-nos na euforia que, geralmente, dispersa-nos
excessivamente, desconcentra-nos e traz-nos desilusões e frustrações difíceis
de aplacar.
Guardemos para as contas
finais a nossa explosão, palmilhemos passo a passo, jogo a jogo, o nosso
caminho de louros em que acreditamos, mas não caiamos na esparrela daquilo que
muitos desejam: que os nossos excessos nos comprometam, que comprometam os
nossos jogadores, que a ‘obrigatoriedade’ do título se revele responsabilidade
demasiado pesada.
Companheiros: obviamente que
estando a equipe em 1º lugar, apenas a um terço do campeonato e com uma
vantagem considerável, é candidata ao título. Mas que importa isso rodada a
rodada se o que interessa é continuar, rodada a rodada, ganhando JOGO A JOGO?
Porque o que realmente se
mostra crucial é fazer como a galinha que enche o papo de grão em grão e
assegura o seu futuro. E ainda usufrui o prazer de cada grão que se acumula. Em
cada dia, em cada treino, em cada jogo, em alegre e firme união entre
torcedores, atletas e técnicos, convictos que dia a dia, treino a treino, jogo
a jogo, com o coração em labaredas e tão sereno quanto as certezas da alma,
sentir-nos-emos felizes em cada rodada deste campeonato, mesmo quando a rodada
não nos favorecer.
Ao longo da história muitas
faixas foram encomendadas antecipadamente, mas no fim foram outros que acabaram
por conquistá-las, porque é só no fim que se fazem as contas.
E no fim, talvez as contas sejam
realmente a nosso favor e nos permitam levar para a Casa Alvinegra a tão
almejada faixa!
PS: E não se esqueçam,
companheiros, de encher os estádios com os nossos cânticos e de se fecharem
incondicionalmente com o plantel e a comissão técnica até às contas finais.
8 comentários:
Pela maneira como os jogadores, comissão técnica e diretoria tem encarada a fase do Botafogo, já deu para perceber que estão encarando a temporada jogo a jogo sem pensar que já conquistar algo, mas vê-se claramente nas entrevistas dos jogadores que o objetivo é o título, e se possível em ambas as competições que estão disputando.
Os jogadores estão conscientes das dificuldades e da resistência de parte da mídia que gostam muito de menosprezar o elenco do Botafogo e, segundo declarou o Eduardo em recente entrevista, isso tem sido um combustível a mais para determinação dos jogadores em conquistar algo grande.
O que é certo é que tem de ser jogo a jogo e parece que o John Textor quer o título, por isso que abriu a carteira para possíveis 4 reforços: um lateral direito, um meia, um zagueiro e um atacante
Por falar em lateral, o que você me poderia falar sobre um dos possíveis cogitados, o Wilson Manafá? ABS e SB!
Sergio, claro que sim, jogo a jogo mas pensando no título. É normalíssimo e já todo o mundo percebeu que o Botafogo é um dos candidatos ao título e por isso a imprensa anda tão enervada. Mas entendo que não devemos falar em título (a não ser nas nossas conversas em família e com amigos de confiança). Devemos ignorar publicamente, devemos avançar sempre com o lema treino a treino, jogo a jogo, e no fim fazemos contas. Isso retira peso aos jogadores, e a adversidade da comunicação social penso que, neste momento, joga a nosso favor. Eles foram muito mentalizados pelo inominável fulano de tal a ser resilientes e a ganhar mais energias com cada ofensa que nos fazem. Foi assim que o JJ perdeu um título pelo Sporting: perseguiu tanto o treinador do Benfica que ocupou o lugar dele e por isso o JJ teve que sair para o Sporting, que conseguiu que todos os jogadores se unissem em torno do treinador benfiquista (que nem sequer se podia considerar grande técnico), e sagrou-se praticamente campeão ganhando o jogo ao JJ no estádio do Sporting. Há dois anos foi ao contrário: o Sporting ganhou disparado porque o treinador nunca falava, quando questionado e na liderança, que era favorito ao título, mas que só pensava no jogo seguinte e nos 3 pontos, e só aceitou ser candidato ao título publicamente quando faltava uma vitória para ser campeão a 2 ou 3 rodadas do fim do campeonato. O Lage pensa do mesmo modo. Quanto menos falarmos disso, melhor. Vamos é usufruir a alegria de vitórias rodada após rodada, festejando cada vitória.
Finalmente o Textor percebeu que uma decisão dele nesse sentido dá um enorme ânimo à torcida e à equipe técnica. Talvez até por isso tenha sido bom a mudança de treinador, porque o Textor não ia abrir o bolso ao inominável. Mudando a conjuntura tinha que dar um novo sinal positivo. O homem é visionário, líder, discernente e ainda consegue vibrar como o mais puro dos torcedores. Temos homem!
Sergio, não acompanho de perto nenhum dos outros clubes além do Botafogo, e um pouco do Sporting. Só vejo um ou outro jogo, até porque entre trabalho, blogue e assistência a todos os jogos do Botafogo, não só futebol, mas também noutras modalidades como futsal, vôlei de praia, remo, enfim, tudo o que seja Botafogo e eu possa assistir, não me resta tempo para outros futebóis. Mas sei que o Manafá foi titular do FC Porto, o que supõe ser bom jogador (campeão nacional pelo clube), mas sofreu uma lesão grave em final de 2021, só regressou um ano depois e parece que não tornou a ter a mesma qualidade, atuando apenas em 10 jogos no último campeonato nacional. Ainda assim o Porto renovaria com ele, mas o Manafá não aceitou a proposta. Em todo o caso, admito que possa ser melhor que qualquer substituto do Rafael como lateral direito, porque o que há é fraco.
Abraços Gloriosos.
Que texto perfeito!
Parabéns aos dois amigos e ao BFR!
Gostei que gostasse, Leymir! (rsrsrs)
Cá para mim, embora não tenha competências de bruxo nem de cartomante, acho que o BFR vai ficar muito contente de ser cumprimentado por um flamenguista como o Leymir!
Abraços Gloriosos.
Oi Ruy!
O título acontecendo agora seria lindo, eu imagino que seria algo parecido com o título do Flamengo na Copa do Brasil de 2013, um título que não era esperado antes do campeonato e aconteceu com todos os méritos.
Isso pode acontecer com o BFR e num título ainda maior que a CDB, mas o que é mais interessante é o caminho que parece ser solido, o BFR vai voltar a disputar todos os títulos e obviamente entrará em ciclo vencedor.
Lembro que quando não havia expectativa real de SAF, eu dizia que acreditava na predestinação das coisas e que clubes gigantes quando são diminuídos por ações nefastas de pessoas pequenas, operam contra a própria natureza.
Isso aconteceu com meu clube e estava acontecendo com o teu.
Acho que essa página ruim ficou para trás e vamos ver o BFR se encontrando com ele mesmo.
Ah, jamais perderemos a ternura entre nós, mas os clássicos e as finais serão cada vez mais disputadas entre nossos clubes como aliás, a história destinou!
Abração!
Os: sim, o BFR sendo o Campeão (embora obviamente não seja minha torcida) pode acreditar que me deixará feliz pelo feito desportivo, pelo reencontro do BFR e por vc e os amigos torcedores que merecem essa alegria!
Leymir generoso como sempre na sua última observação!
Quanto ao título, é óbvio que somos candidatos ao título, mas eu não quero sequer pensar nisso. Depois de tantos anos de péssimas capacidades de gestão no BFR, para mim a coisa é "treino a treino, jogo a jogo", e usufruir de tão bela conjuntura que, espero, se possa transformar em coisa estrutural, isto é, disputando sempre importantes títulos daqui para o futuro.
Perfeitamente de acordo que os grandes clubes são como a Fénix que renasce das cinzas quando todos pensam que está morta. E creio que as páginas menos boas da história do BFR e do CRF são mesmo e apenas 'história'.
Sinceramennte, a rivalidade entre BFR e CRF é tão grande que sem ela creio que os dois clubes ficariam mais pobres. Porque embora botafoguenses e flamenguistas tenham, em geral, má relação, um sem o outro diminuía muito a intensidade desprtivo de cada qual. Porque a conversa de a maior rivalidade ser entre Flamengo e Vasco, não cola com a realidade,foi invenção do Eurico. Os desgostos que Flamengo e Botafogo têm infringido um ao outro são suficientes para que o Clássico da Rivalidade seja um eterno BFR x CRF. É o destino... (rsrsrs)
Grande Abraço!
Sim sim, concordo em tudo.
Agora o Botafogo não só é candidato, como diria, favorito devido ao seu jogo e foco.
Quando falei do Flamengo em 2013, é que antes do começo do campeonato ninguém diria isso.
O BFR se fez favorito e continua sério, determinado e humilde no melhor sentido.
Não somos favoritos, somos por enquanto a inesperadíssima zebra do campeonato, provavelmente como foi o Flamengo em 2013. Por força da classificação terei que aceitar que o BFR é candidato, porque favoritos é coisa para Flamengo, Palmeiras ou Fluminense.
Vamos viver dia a dia, treino a treino e jogo a jogo. No final fazem-se as contas. (rsrsrs)
Grande Abraço.
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