domingo, 2 de junho de 2024

Botafogo 1x0 Corinthians – a consistência reforça-se

O momento decisivo que impediu o empate do adversário: John desvia com a ponta da chuteira o remate certeiro do adversário. Crédito: SporTV, captura de tela, 01.06.2024.

por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo

Antes de qualquer avaliação à partida contra o Corinthians deve-se relembrar a afirmação convicta de Artur Jorge, antes do jogo Botafogo 1x0 Universitario que nos qualificou, fora de casa, para as oitavas-de-final da Copa Libertadores da América:

– “Tenho dito que temos que ter a capacidade de jogar onde quer que seja, contra quem for, da mesma forma. […] É fora? Será fora que vão contar conosco.”

E em seguida constatar a principal ocorrência nos últimos 12 jogos (9v-2e-1d) pela Copa Libertadores da América, pelo Campeonato Brasileiro e pela Copa do Brasil: 80,5% de aproveitamento!

Tal aproveitamento, raro no futebol brasileiro, significa que talvez Textor tenha escolhido a melhor solução de treinador de entre os 3 que contratou – lembrando que as desastrosas escolhas de Lúcio Flávio para ‘treinador’ (?!) e Tiago Nunes foram da responsabilidade principal de Mazzuco, felizmente já fora do nosso Clube.

Direi, então, que AJ começa a convencer-me, assim como o novo comportamento da equipe, tão taticamente disciplinada como nos melhores tempos do ‘extinto’ Castro, ou talvez mais ainda, porque o perfil comportamental de AJ a gerir os recursos humanos de que dispõe está aparentemente a ser bem melhor do que o do ‘extinto’. Porque o sucesso de uma equipe depende, em parte muito significativa, de mentalidade vencedora e ‘ vestiário’ unido, solidário e de alma destemida.

Nesta vitória em Itaquera os maledicentes poderão dizer que o Corinthians está a construir-se ainda (como se o Botafogo não estivesse a fazê-lo também) e que nos últimos 7 jogos do campeonato somente marcou 3 gols.

Pois é… mas o Botafogo em reconstrução marcou 13 gols nos mesmos 7 jogos e lidera a lista de mais gols, é reconhecidamente difícil de bater, embora não seja exímio na defesa, sendo a 7ª equipe mais vazada, mas essa é provavelmente, de forma incontornável, a caraterística identitária principal de Artur Jorge com a qual temos que saber lidar: posse de bola mirando o gol adversário!

Se levar 2 gols e marcar 4 numa partida, não será coisa totalmente estranha.

Deve-se realçar, todavia, que dispomos, ainda, de peças insuficientes, sobretudo ao nível da defesa, porque de goleiros estamos bem servidos, de volantes e criativos estamos razoavelmente bem, apesar da necessidade de mais um reforço, e de ataque poderemos considerar que as peças individuais ao dispor de AJ são consideráveis nesta fase do campeonato – sem perder de vista que não basta que tenhamos bons titulares, mas também reservas que os substituam nos momentos de impedimento ou de gestão de energias ou de ajustes táticos a estratégias diversas dependendo das características dos adversários.

Não vi os primeiros 25 minutos de jogo, mas segundo os amigos, foi um período de jogo equilibrado e movimentado. Porém, desde que comecei assistindo, só deu Botafogo. Posse de bola, envolvimento do adversário, marcação dificultando a saída de bola do Corinthians, mudanças de flanco procurando encontrar espaços de penetração, apesar de remates à baliza não acontecerem. O Corinthians chutou mais vezes à baliza, mas sempre muito por cima do travessão e quando o remate era enquadrado com a baliza verificou-se que John Victor estava sempre posicionado como devia e defendia com facilidade. Em suma, o Botafogo dominou na 1ª parte, apesar de as oportunidades de gol terem sido apenas uma – a que assisti pelos melhores momentos no youtube, quando aos 21’ Luiz Henrique centrou à medida da direita para o centro da grande área e Marlon Freitas cabeceou para fora quando teve tudo para inaugurar o marcador.

Na 2ª parte o Botafogo ainda chegou mais forte, teve domínio absoluto da bola, movimentou-se ainda mais visando desmantelar a defesa adversária, apostou nas jogadas de avanço de Cuiabano, que é melhor lateral à frente do que atrás, e aos 58’ Savarino tocou de primeira para Cuiabano avançado na ala esquerda, o lateral-esquerdo rolou a bola ao nível do gramado para a grande área e o sempre oportuníssimo Júnior Santos desviou do guardião e marcou o gol que seria o da vitória. Botafogo 1x0.

O Glorioso continuou a envolver o Corinthians e poderia ter marcado pelo menos em mais duas ocasiões (talvez três): passe de Romero para Savarino dentro da área, que frente a frente ao goleiro se atrapalhou acossado pelo zagueiro e pela saída do goleiro; Júnior Santos lançado também por Romero para ‘matar’ o jogo, ganhou dianteira ao zagueiro, mas, em vez de tocar por cima à saída do goleiro, pressenti que teve a pretensão de o ultrapassar como fez em outras ocasiões e o zagueiro então conseguiu recuperar-se e desarmá-lo nesse segundo de hesitação.

Diz-se que “quem não marca leva”. Não foi o caso, mas o Corinthians bem tentou. O técnico alterou o esquema da equipe, passou a jogar com uma linha de três zagueiros, o Botafogo recuou perante o ataque reforçado dos paulistas e aos 85’ brilhou a estrela (ou a técnica apurada) de John Victor: em remate cruzado com selo de gol de empate, o goleiro esticou-se desviando ligeiramente a bola com a ponta do pé esquerdo, que ainda foi ao poste esquerdo e frustrou-se a derradeira oportunidade da esperança corinthiana de empatar na única real oportunidade de gol que teve a seu favor.

Ainda assim, sem oportunidades de gol, foi o Corinthians que inverteu a posse de bola até ao final da partida, mas quase sempre longe da grande área, e então o Corinthians tentava desesperadamente o chute fora da área, mas sempre sem sucesso, porque mesmo quando rematava com enquadramento o nosso goleiro estava bem posicionado e seguro para defender.

Dos números que consultei sobre a partida apontava-se 2 grandes oportunidades de gol para o Botafogo e 1 falhada, enquanto para o Corinthians 0 oportunidades de gol. Por mim, vi 3 oportunidades de gol para o Botafogo e 1 para o Corinthians, mas de qualquer modo há uma tendência no futebol atual:  muita estratégia, muita tática, muito movimento, mas poucas oportunidades de gol.

Outros números mostraram que o Corinthians rematou à baliza 7 vezes, mas em minha opinião criou apenas 1 oportunidade de gol, e o Botafogo rematou apenas 2 vezes com enquadramento à baliza. O nosso goleiro defendeu 7 bolas, 6 delas com muita tranquilidade, e o goleiro adversário somente defendeu 1 bola enquadrada à baliza. No entanto, ganhamos 17 duelos contra 8 do Corinthians e tivemos 5 escanteios contra 2 do Corinthians.

Em resumo, o Botafogo jogou, fez com que o Corinthians não jogasse, enredando-o particamente em todo o jogo, à excepção dos últimos 15-20 minutos (já incluindo os 7’ de prorrogação), e ganhou bem.

Eu destacaria Cuiabano (é bom avançando e também marcará gols, segundo o seu historial), John Victor (muito seguro), Bastos (versão Adryelson 2023), Romero (versão Eduardo 2023) e evidentemente o nosso Jacaré lutador Júnior Santos.

O desejo do Mundo Botafogo é que Textor esteja atento, não cometa erros como no passado, apoie as necessidades diagnosticadas por AJ e monte um plantel capaz de alcançar a permanência no G4. Porque o valoroso desempenho da equipe merece esse cuidado!

FICHA TÉCNICA

Botafogo 1x0 Corinthians

» Gols: Júnior Santos, aos 58’

» Competição: Campeonato Brasileiro

» Data: 01.06.2024

» Local: Neo Química Arena, em São Paulo (SP)

» Público: 40.937 pagantes; 41.281 espectadores

» Renda: R$ 2.614.293,50

» Árbitro: Anderson Daronco (RS); AssistentesBruno Boschilia (PR) e Tiago Augusto Kappes Diel (RS); VAR: Pablo Ramon Gonçalves Pinheiro (RN)

» Disciplina: cartão amarelo – Luiz Henrique, Óscar Romero, Danilo Barbosa e Marlon Freitas (Botafogo) e Wesley e Félix Torres (Corinthians)

» Botafogo: John; Damián Suárez, Lucas Halter, Bastos e Cuiabano; Danilo Barbosa (Gregore), Marlon Freitas e Tchê Tchê (Hugo); Luiz Henrique (Óscar Romero), Júnior Santos (Yarlen) e Savarino (Tiquinho Soares). Técnico: Artur Jorge.

» Corinthians: Carlos Miguel; Matheuzinho (Fausto Vera), Félix Torres, Cacá e Hugo; Raniele, Breno Bidon (Ángel Romero) e Rodrigo Garro; Igor Coronado, Yuri Alberto e Wesley (Gustavo Mosquito). Técnico: António Oliveira.

2 comentários:

Sergio disse...

Tirando os 15 minutos finais da pressão de certa forma inócua do Corinthians, o Botafogo mandou no restante do jogo, e se não tivesse perdido as chances claras que teve não passaria essa pressão final, que na verdade só teve um único momento de perigo salvo pelo John.
Estou gostando muito da atitude do Artur Jorge em relação a encarar as partidas de modo equivalente, seja em casa ou fora e, parece que o time vai entendendo a maneira de jogar que o treinador quer e vai começando a automatizar a forma de jogo.
Acho que com contratações pontuais em posições importantes o Botafogo tem tudo para fazer uma temporada muito boa, tomara que Textor dessa vez perceba isso e realmente faça as contratações necessárias.
Destacou só Cuiabano coisa mó um bom lateral ofensivo, e por que falo do Cuiabano? Simples, porque vários torcedores baseados em apenas um ou dos jogos já achavam que ele era fraco, jogador de segunda divisão. Realmente a torcida anda muito ansiosa e sem paciência com alguns jogadores, como se as coisas se resolvessem em um passe de mágica. A temporada é longa, difícil vê desgastante, mas acho que o Botafogo tem grandes possibilidades de fazer uma boa temporada, principalmente com esse esse espírito de vencedor que o Artur Jorge tem demonstrando. Abs e SB!

Ruy Moura disse...

Concordo inteiramente, Sergio. Sobre o Cuiabano, tem potencial. Eu acreditava no potencial dele pelos números que apresentou nas bases do Grêmio e porque á jovem com muito para lapidar e desenvolver. Porém, há muita tendência para se ajuizar sobre pessoas e coisas à 1ª impressão. E se há coisa difícil de avaliar à 1ª impressão é o futebol, tal como as pernas tortas e com 6cm. de diferença uma da outra que nem Vasco nem Fluminense quiseram e depois se tornou o maior ídolo da história do Botafogo, foi bicampeão mundial e projetou-nos pelo mundo afora..

As precipitações às vezes são futuramente amargas. Nunca me esquecerei que PC Caju apareceu com a faixa de campeão carioca de 1971 ao peito umas rodadas antes de terminar o campeonato carioca. E também não me esqueço dos torcedores que no ano passado envergavam as faixas de campeão brasileiro de 2023, e eu dizendo sempre, calma, nada de embandeirar em arco, é focar apenas na vitória, jogo a jogo. Mas os torcedores e os jogadores deslumbraram-se... Espero que se tivermos sorte em boas campanhas este ano a torcida e os jogadores não se deslumbrem antes de matematicamente conquistarmos seja o que for.

Jogo a jogo, sempre, com foco total, sem quaisquer distrações, sem precipitações que a seguir possam ser alvo de zoação conosco como no ano passado. Temos que conter aequadamente as nossas emoções de torcedores até podermos explodir com toda a segurança. As emoções excessivas nunca foram boas conselheiras. É dos livros.

Acredito que a nossa torcida tenha percebido isso e que este ano seja tão forte, dedicada e apaixonada como sempre, mas com cautelas.

Abraços Gloriosos.

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