por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo
Liderança (tendo já batido
Flamengo e Palmeiras, fora de casa e em casa, respectivamente), cinco vitórias
seguidas no campeonato brasileiro, sete de invencibilidade, gol marcados em
todos os jogos e os quatro últimos sem permitir aos adversários marcarem gols é
o que eu considero mostrar consistência de equipe, apesar desse calendário
‘assassino’ da CBF.
Um tal calendário obriga a
que as melhores equipes acabem por alternar bons períodos com maus períodos
devido ao esforço físico e, por isso, Artur Jorge procura rodar jogadores
dentro do que é possível de modo a manter um preparo físico capaz de suportar
jogos de três em três dias.
Aparentemente, a tática é
obter a vantagem do primeiro gol, e ao não conseguir o segundo gol nos três
últimos jogos, gerir o placar, com o menor esforço possível, escudado numa
defesa surpreendentemente forte pelo chão e pelo ar, que afasta quase todas as
bolas perigosas, e quando não as afasta lá está John fazendo defesas
espetaculares e melhorando jogo a jogo, especialmente com mais saídas fora da linha
de meta.
O Botafogo entrou bem no
jogo, pressionando como é seu hábito, e antes dos 2’, em ataque perigoso de
Júnior Santos pela ala direita, Igor Jesus falhou por escassos centímetros a
cabeçada ao cruzamento de Júnior Santos.
Aos 8’ nova oportunidade com
perda de bola da defesa gaúcha e Luís Henrique desaproveitou rematando à figura
de Rochet. Aos 10’ Savarino rematou de meia distância e o goleiro conseguiu
socar a bola.
O Botafogo lançava bolas
longas para um futebol vertical que exige muito esforço da defesa contrária,
leva muito perigo, mas os lançadores necessitam de treinar melhor o impulso dado
à bola, porque na maior parte dos casos a força imprimida foi demasiada e os
lances perderam-se pela linha de fundo ou pelas laterais.
Júnior Santos não consegue
brilhar nesta sua fase de pouco acerto com a baliza, mas a sua presença é
sempre muito perigosa, desgasta os defensores e arrasta-os com ele abrindo
novas oportunidades aos companheiros. Aos 19’ perdeu uma grande oportunidade de
inaugurar o marcador.
Entretanto, a arbitragem
escusava-se em mostrar o cartão amarelo ao Internacional e, em minha opinião,
evidenciou a sua fraqueza técnica ao inverter faltas, prejudicando tanto o
Botafogo como o Internacional.
Aos 25’ Cuibano rematou para
uma boa defesa de Rochet no canto inferior esquerdo, confirmando a sua veia
atacante, que já vem desde o tempo do Grêmio (70 jogos e 12 gols).
Finalmente, aos 37’, Igor
Jesus, de costas para o adversário na ala direita, fez um passe extraordinário
de calcanhar para Cuibano, que correu pela lateral, centrou forte e rasteiro e
Luiz Henrique, com um remate de primeira e bem colocado no canto direito da
baliza gaúcha, estabeleceu o placar que viria a ser definitivo. Botafogo 1x0.
Aos 45’ mais um cartão
amarelo não mostrado ao Internacional.
No segundo tempo o panorama
mudou de figura com a lesão – que se espera seja muito passageira – de Júnior Santos
(que se lesionou sozinho) e substituição por Tiquinho Soares, que errou
praticamente tudo o que pretendeu fazer, mostrando-se apenas eficiente em fazer
faltas cirúrgicas em ataques perigosos do Internacional, sem que essas faltas
merecessem o cartão amarelo. Por outro lado, como Cuiabano já recebera cartão
amarelo, Artur Jorge também o substituiu por Marçal, que cumpriu o seu papel,
mas as iniciativas atacantes de Cuibano no primeiro tempo não foram mais
repetidas. Assim como as investidas de Júnior Santos não foram repetidas por
Tiquinho Soares. Tais substituições, embora corretas, tiveram como resultado
uma queda muito significativa do Botafogo no seu ataque.
Assim, os lançamentos longos
tornaram-se ineficazes na medida em que Marçal e Tiquinho não conseguiam fazer
investidas rápidas ao estilo de Cuiabano e Júnior Santos. Em todo o segundo
tempo foi apenas Luiz Henrique que movimentou o ataque, mostrando que está
ganhando forma e começando a justificar o valor da sua transferência.
O segundo tempo decorreu ao
estilo de outros feitos pelo Botafogo: segurar a vantagem sabendo que a defesa
afasta quase todas aa bolas e que John estará na meta para evitar que entrem na
baliza as bolas escapadas da defesa. Não obstante, o Internacional não
conseguiu verdadeiramente concatenar jogadas com verdadeiras oportunidades de
gol, a não ser aos 8’, antes da lesão de Júnior Santos, quando John foi
encoberto à saída da grande área e a bola saiu ao lado do poste direito.
Em suma, apesar do risco de
apenas um gol de vantagem e com o ataque menos forte, o Botafogo não permitiu
que o Internacional fizesse qualquer brilharete.
E aos 94’, a um minuto do
fim, Savarino teve nos pés a chance de ampliar, mas como é um jogador razoavelmente
lento, embora bastante bom a distribuir jogadas, não chegou à bola e o jogo
terminou com a nossa vitória conquistada na primeira parte.
Algumas notas: Igor Jesus
fez uma boa estreia e precisa de caprichar no jogo aéreo que, aparentemente,
pode ser um dos pontos fortes do nosso ataque; Tchê Tchê talvez deva evitar os
remates à baliza, porque é o seu ponto fraco, e optar por segurar a bola e endossá-la
a outro companheiro; Tiquinho Soares não consegue manter a sua antiga peugada
desde a primeira lesão em 2023, mostrando-se sumido durante o tempo que esteve
em campo; vitória justa pelo que o Botafogo fez na primeira parte.
Uma nota final sobre Artur
Jorge. O técnico já mencionou, mais do que uma vez, que antes do relacionamento
técnico com qualquer jogador, relaciona-se com aquilo que a pessoa é enquanto
cidadão, isto é, nunca desliga o homem do jogador. Fico satisfeito, porque digo
isto há muito tempo: se eu fosse técnico de futebol (salve seja, porque não
tenho capacidades nem motivação para isso), quereria, antes da avaliação
técnica de um jogador, avaliar o seu caráter enquanto homem, na medida em que –
já o disse antes – um craque pode decidir, mas quem ganha o jogo é a equipe. E
a união, a transparência, o esforço conjunto, faz-se de valores e não apenas de
qualidade técnica – como se tem provado com equipes repletas de craques e
incapazes de alcançar os seus objetivos.
Por tais razões é que AJ
insiste em não falar publicamente do desempenho ou das características dos
nossos jogadores, realçando o coletivo, porque é o Coletivo que ganha
competições e conquista os troféus em disputa.
Na sua coletiva após o jogo
insistiu nisso. Primeiro porque assim mantém o nível igualitário de cada
jogador para efeitos do exterior e, segundo, porque astuciosamente evita ‘abrir
o jogo’ sobre opções individuais em cada partida e características de jogadores
mais adaptados a esta ou aquela estratégia. Em suma, no âmbito interno, AJ
pratica a distribuição máxima da informação por cada jogador; no âmbito
externo, AJ pratica a distribuição mínima da informação por cada jornalista ou
comentador e bloqueia as rasteiras que a mídia nos gosta de fazer publicamente.
Na coletiva posterior ao
jogo, a uma pergunta sobre as características de Igor Jesus, AJ respondeu: “tem
características de jogador coletivo”. Sempre o coletivo! E acrescentou: “mas
vocês são jornalistas sabem certamente quais são as características de cada
jogador”.
E acabou por interromper a
sessão quando um jornalista saiu da sala enquanto AJ falava, argumentando: “Da
próxima vez que estiver aqui a falar e algum jornalista sair a meio da
conferência, eu vou-me embora. Peço desculpa, mas vou ficar por aqui. Falamos
numa próxima oportunidade, tá bem? Obrigado.” E ao abrir a porta de saída ainda
rematou: “Exijo respeito por aquilo que estou a fazer.”
É exatamente isso: John
Textor luta por respeito ao Botafogo e a si próprio, Artur Jorge luta também
por respeito ao Botafogo e a si próprio; os jogadores lutam pelo reconhecimento
público do seu Coletivo através de disciplina, concentração, esforço, ousadia, devoção,
coragem e ambição em busca da Glória!
Este é o Botafogo que eu
conheço de Paulo Azeredo e Carlito Rocha!
PS: a nova tática do apito é anular gols aos adversários do Palmeiras e inventar pênaltis fantasmas a favor do Flamengo; a nós, face às evidências colocadas a nu por John Textor, a técnica é prejudicar-nos em alguns lances de contra-ataque com marcação de faltas ou alegação de atendimento a jogadores caídos em campo; não anulam gols nossos ou marcam pênaltis contra nós porque as jogadas têm sido tão claras, e John Textor tão atento com a sua tecnologia analítica, que seria muito mais do que um mero escândalo dos imensos que têm acontecido no futebol brasileiro. Porém, eles estão à espreita e é necessária toda a nossa atenção ao assunto e denúncia de quaisquer irregularidades 'grosseiras'.
FICHA TÉCNICA
Botafogo 1x0 Internacional
» Gols: Luiz Henrique, aos 37’
» Competição: Campeonato Brasileiro
» Data: 20.07.2024
» Local: Estádio Olímpico Nilton Santos, no Rio de
Janeiro (RJ)
» Público: 31.344 espectadores
» Árbitro: Flávio Rodrigues de Souza (SP); Assistentes:
Alex Ang Ribeiro (SP) e Luiz Alberto Andrini Nogueira (SP); VAR: Marco Aurélio
Augusto Fazekas Ferreira (MG)
» Disciplina: cartão amarelo – Cuiabano, Damián
Suárez, Savarino e John (Botafogo); Rômulo e Igor Gomes (Internacional); cartão
vermelho João Cardoso – comissão técnica (Botafogo)
» Botafogo: John; Damián Suárez, Bastos, Alexander
Barboza e Cuiabano (Marçal); Danilo Barbosa (Gregore) e Tchê Tchê (Marlon
Freitas); Luiz Henrique, Júnior Santos (Tiquinho Soares), Igor Jesus (Kauê) e
Savarino. Técnico: Artur Jorge.
» Internacional: Rochet; Igor Gomes, Mercado, Robert Renan e Renê;
Rômulo (Gustavo Prado), Bruno Gomes e Bruno Henrique; Wesley (Hyoran), Borré e
Alario (Luca). Técnico: Roger Machado.
4 comentários:
Meu amigo Ruy, que texto brilhante! Que posso acrescentar depois desse texto?
De fato chama a atenção e muitos torcedores ainda não entenderam a estratégia do Artur Jorge em relação ao que fazer de acordo com o adversário e em relação o que faz quando ontem a vantagem. Os últimos jogos mostra claramente que, ao obter a vantagem o time do Botafogo evita claramente o desgaste, e fica bastante claro que fazer gol nesse atual Botafogo está se tornando tarefa difícil. E também está se tornando bastante difícil para os adversários não tomarem gols do Botafogo. Ontem os dois únicos lances em que realmente o Internacional ameaçou o Botafogo, um foi falta de atenção da defesa com a linha do impedimento e o outro aquele tipo de bola rebatida que teve uma rata felicidade de acertar a baliza, mas lá está o nosso goleiro para defender.
Com a saída do Júnior Santos o ataque do Botafogo perdeu a intensidade, muito em razão da fraca atuação do Tiquinho, mas de resto achei que o Artur Jorge fez as substituições corretas.
Embora concorde com o Artur Jorge sobre a questão entre individualidade e coletividade, não podemos negar que o momento do Luís Henrique tem tido um peso enorme para o sucesso da equipe, e que bom que que isso está ocorrendo. Muito correto o que o treinador faz ao rodar o elenco; é uma temporada desumana e muito desgastante, mas com essa administração medíocre da cbf, o que esperar.
Sobre arbitragem eu sinceramente cada dia fico mais desanimado. Ontem os critérios do árbitro er duvidosos: quando um jogador do Internacional empurrava o adversário ele não marcava nada, mas o contrário ele marcava. Se não me falha a memória, o árbitro de ontem foi o mesmo que não deu o pênalti em JS contra o Atlético Paranaense. Empurrão só vale contra o Botafogo.
E o que falar dos absurdos nos jogos dos dois adversários diretos do Botafogo? No caso de duas bolas em campo, pelo que já vi e li, o correto seria interromper a partida para a retirada da bola intrusa, mas o que faz o árbitro, deixa o lance correr. Pela regra o pênalti foi correto, porém é intelectualmente desonesto o que um certo comentarista de arbitragem não se referir aí fato de ter duas bolas em campo e o árbitro deixar o jogo correr. Infelizmente a arbitragem está mais uma vez sendo a protagonista do espetáculo.
Esse lance bizarro que aconteceu contra o Criciúma ocasionado por um torcedor adversário, o que aconteceria com esse torcedor? Mas no nosso país esse sujeito parece que virou herói. Triste caminha que está tomando o nosso futebol. Abs e SB!
Como se vê, pode sempre acrescentar algo mais, Sergio!
É um risco o Botafogo não estar marcando o segundo gol para aliviar os torcedores, mas também é um risco jogar dois tempos a todo o gás sabendo-se que três dias depois estaremos jogando novamente.
Sobre o árbitro, prejudicou-nos mais em faltas, mas também mostrou pura incompetência com faltas marcadas ao contrário para ambos os lados, segundo a minha perspectiva, o que significa que as arbitragens do Brasileirão são um pacto indestrutível entre a incompetência e a má-fé.
A arbitragem é má e a tecnologia para o efeito de VAR está imensamente atrasada em relação à Europa, que afinou tecnlogicamente a metodologia do VAR. Mas isso não interessa à CBF nem a uns quantos clubes.
Isso é muito importante. No campeonato português o Sporting tem sido classicamente roubado a favor do Benfica e do Porto, e ficou 19 anos sem título de campeão nacional (ganhando apenas Taças da Liga, Taças de Portugal e Supertaça). Desde que o VAR ganhou tecnologias avançadas, o Sporting foi campeão disparado por duas vezes nos últimos quatro anos...
O pênalti a favor do Flamengo é absurdo. O que diz o regulamento é para parar o jogo, e ponto final. Mas em se tratando do Flamengo... até um arroto dos defensores adversários pode dar pênalti a favor do Flamengo se for feito dentro da área. Por isso há anos que digo que para conquistarmos um grande título só jogando o dobro dos adversários, porque agora já não lutamos contra 14 jogadores em campo, mas também com os que estão na cabine do VAR.
Que o AJ consiga blindar os jogadores e também os faça jogar acima de todas as expectativas jogo a jogo, conquistando os 3 pontos em disputa. Jogo a jogo.
Abraços Gloriosos.
Grande Rui ,
Nessa lance que o jogador do Inter tentou encobrir o John, o Nilton Santos ficou em um silêncio gritante, totalmente mudo, acredito que os torcedores, como eu, ficaram sem respirar naqueles segundos.
Quando a bola saiu foi um "uuuhhhh" baixinho e de alívio.
Só para reforçar o teu texto e o comentário do Sergio, se não estou errado, faremos 10 jogos no mês de agosto.
Abs e Sds, Botafoguenses!
Grande Gil, também eu fiquei sem respiração. Não fiz uuuhhh, mas o meu alívio foi notório! Também li sobre 10 jogos em agosto. É mesmo de 3 em 3 dias. Pura tentativa de 'homicídio desportivo'. O calendário brasileiro é revoltante! A gestão do AJ procurando desgastar o menos possível os jogadores em campo, é crucial.
Abraços Gloriosos.
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