sexta-feira, 12 de julho de 2024

Botafogo 1x0 Vitória – tão difícil de bater que retomou a liderança

Crédito: Vitor Silva / Botafogo.

por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo

Estamos perante um Botafogo difícil de bater jogando bem, jogando mal, dentro de casa, fora de casa, com equipe titular, sem equipe titular, que assim conseguiu chegar à liderança e fazer-se temido.

Sai Mateo Ponte, mas entra Damián Suárez, sai Eduardo, mas entra Tchê Tchê, sai Luiz Henrique, mas entra Romero, sai Marlon Freitas, mas entra Danilo Barbosa, sai Júnior Santos, mas entra Tiquinho, e ainda contaremos com Allan, Igor Jesus e Thiago Almada.

O que significa que há elenco e, em minha opinião, o nosso melhor elenco do século XXI, muito superior ao de 2023. De igual modo, a comissão técnica desenha-se para ser provavelmente a melhor deste século.

Dito isto, e acalmando as hostes, podemos obter alguma conquista nas competições em disputa, mas o caminho tem que ser traçado, rodada a rodada, eliminatória a eliminatória com foco EXCLUSIVO no treino seguinte e no jogo seguinte.

Seja uma competição de jogo corrido, seja uma competição de eliminatórias, o foco não é no que possa acontecer no futuro, ou o que se desenha aparentemente como futuro; o foco é no presente: no treino quando se treina, no jogo quando se joga. O objetivo é sempre ÚNICO e EXCLUSIVO: ganhar! E saborear cada vitória, cada ponto ganho, cada eliminatória vencida.

Não devemos, em defesa da tranquilidade da nossa equipe e do processo passo a passo, ostentar soberba produzindo incitações como a que li hoje numa rede social: – “Segue a busca da tríplice Coroa. Nada menos do que isso.

Para que jamais se repita 2023!

Quanto à vitória sobre o nosso adversário, vale a pena deixar alguns apontamentos.

Foi um 1º tempo difícil de parte a parte, com dificuldades na construção de jogadas de ataque, muita marcação, disputas cerradas e paragens. Não obstante, o Botafogo foi melhor e teve três oportunidades para abrir o placar: a primeira com Savarino servindo Júnior Santos dentro da área, que rematou muito alto; a segunda com Savarino cobrando falta e Alexander Barboza cabeceando para fora ao segundo poste; a terceira foi um remate de Savarino dentro da área, a passe de Júnior Santos para trás, que foi à figura do goleiro.

O Vitória ameaçou apenas em uma ocasião quando Matheusinho cabeceou livre dentro da grande área, mas a bola foi defendida sem dificuldade por John.

No 2º tempo a primeira oportunidade pertenceu a Lucas Estêves à entrada da nossa grande área, mas o remate foi mais em busca dos holofotes do estádio do que da baliza botafoguense.

Pouco depois Gregore avançou velozmente pela ala direita e em cima da linha da grande área foi derrubado. O árbitro estava mal colocado e parece que marcou tiro de meta, mas o assistente, muito bem colocado, assinalou o pênalti corretamente porque a linha da grande área é considerada incluída na grande área.

Eduardo cobrou, falhou rotundamente e ainda se lesionou no lance. Coisa típica daquilo que “só acontece ao Botafogo”. Aconteceu, mas não se manifestou negativamente no comportamento da equipe, que reagiu bem a essa adversidade. E até beneficiou da substituição, porque Tchê Tchê foi bastante mais efetivo do que o sumido Eduardo do 1º tempo.

Reagiu tão bem que após nove minutos, aos 16’, Tchê Tchê interceptou uma bola em jogada errada do Vitória, avançou para a baliza, rematou, o goleiro espalmou e no rebote Savarino não titubeou e abriu o placar: Botafogo 1x0.

Após o gol a gestão foi outra: o Botafogo exerceu maior controle de bola, cadenciou a partida de modo a gerir o resultado com pouco desgaste físico, foi melhor, mas não criou verdadeiramente grandes oportunidades para ampliar.

E no final algo que tão bem conhecemos: sufoco nos últimos minutos com duas boas oportunidades para o Vitória empatar, por Wagner Leonardo cabeceando para uma enorme defesa de John, e por Jean Mota dentro da pequena área com Damián Suárez salvando de costas mesmo à boca da baliza.

Em suma, da partida mal jogada contra o Cuiabá e da partida bem jogada contra o Atlético Mineiro, eis uma partida que foi equilibrada, com maiores oportunidades do Botafogo na 1ª parte, maior controlo de bola na 2ª parte e oportunidades do Vitória no final do jogo, resultando numa partida equilibrada, embora o Botafogo tenha tido um pouco mais de posse de bola, um pouco mais de remates, um pouco mais de passes certos, mas com mais faltas e mais um cartão amarelo do que o adversário.

Em suma, 3 vitórias bem diferentes, mas tendo como pano de fundo a ideia de rotatividade da equipe, de armação de jogo de acordo com o adversário, escalações sobretudo com atacantes e meio campistas adequados ao modo de jogar do adversário, substituições geralmente muito oportunas e corretas, controlo de bola cadenciado de modo a evitar grande desgaste dos atletas.

A partida evidenciou novamente a resiliência do Botafogo e deve-se realçar que é o 2º jogo seguido em que a nossa equipe não sofre gols, ao contrário do que estávamos habituados.

O Botafogo retomou a liderança incrivelmente em vésperas de enfrentar o Palmeiras, segundo classificado (que tem os mesmos pontos e saldo de gols, mas menos gols marcados), para botar fogo na próxima rodada e disputar o primeiro grande clássico do Brasileirão com os dois melhores classificados a disputar a liderança entre si, cumprindo quase metade do campeonato (cerca de 45%). Há coisas (interessantes) que só acontecem ao Botafogo…

E para fechar a crônica/análise de hoje, o melhor é dar a palavra a Artur Jorge em resposta acerca de “como tirar toda a carga desse jogo” contra o Palmeiras:

– “É mais um adversário. [O Palmeiras] é uma equipe muito boa, coletivamente e individualmente. Mas tendo em conta também aquilo que tem sido o desempenho e a performance deste Botafogo, seguramente não haverá ninguém que fique contente ou satisfeito de poder defrontar esta equipe também.”

FICHA TÉCNICA

Botafogo 1x0 Vitória

» Gols: Savarino, aos 57’

» Competição: Campeonato Brasileiro

» Data: 11.07.2024

» Local: Estádio do Barradão, em Salvador (BA)

» Público: 16.549 pagantes; 16.676 espectadores

» Árbitro: Ramon Abatti Abel (SC); Assistentes: Thiaggo Americano Labes (SC) e Felipe Alan Costa de Oliveira (MG); VAR: Igor Junio Benevenuto de Oliveira (MG)

»Disciplina: cartão amarelo – Eduardo, Mateo Ponte e Diego Hernández (Botafogo) e Muriel e Janderson (Vitória)

» Botafogo: John; Mateo Ponte (Damián Suárez), Lucas Halter, Alexander Barboza e Marçal; Gregore, Marlon Freitas (Diego Hernández) e Eduardo (Tchê Tchê); Luiz Henrique (Óscar Romero), Júnior Santos e Savarino. Técnico: Artur Jorge.

» Vitória: Lucas Arcanjo; Raul Cáceres, Willean Lepo, Wagner Leonardo e PK (Janderson); Luan Santos (Zé Hugo), Léo Naldi (Fábio) e Willian Oliveira (Jean Mota); Matheusinho, Alerrandro (Everaldo) e Lucas Estêves. Técnico: Thiago Carpini.


6 comentários:

jornal da grande natal disse...

Tipo do comentário que resume muito bem o que foi o tempo da "gordura" e o hoje. Inclusive com o que sempre pensei, eu e o editor do MB, jogo a jogo, seja qual for a competição, pois todas são importantes, independente do sistema de disputa. Foi isso o que não foi passado para a comissão técnica o ano passado.

Ruy Moura disse...

Quando nos focamos muito no futuro, que pode nem sequer acontecer, porque a previsão é muito falha em matéria de futebol, desbaratamos o presente e perdemos o foco. Antecipam-se as faixas e depois vem a dura desilusão.
JOGO A JOGO - SEMPRE!

Abraços Gloriosos, Companheiro!

Sergio disse...

Sempre uma análise robusta e certeira a sua caro Ruy.
A minha impressão é que o time do Botafogo joga de acordo com o adversário e e mesmo rodando de forma correta o elenco, e contra o campo, o de ontem um horror assim como o do Cuiabá. O time do Botafogo está sólido, difícil de ser batido e a entrega dos jogadores é de uma resistência impressionante. Vários destaques individuais: John, Romero, Marçal, Barboza, Tchê Tchê, só o craque do jogo ontem, Gregori, que mesmo sangrando não esmoreceu. Em resumo, o Botafogo é efluente na defesa e cirúrgico no ataque, fez gol em todos os jogos do campeonato.
Quanto a próxima rodada que será contra o Palmeiras, é apenas mais um jogo difícil, mas não há favorito para esse jogo, é jogo grande, porém, hoje o Botafogo tem plenas condições de vencer qualquer adversário, dentro ou fora de casa.
Levando- se em consideração o pouco tempo do Artur Jorge e sua comissão técnica a frente do elenco alvinegro, e sem ter escolhido o elenco e sem pré temporada, os resultados são muito bons. O elenco está fechado com o treinador que tem se mostrado bastante competente. Creio que com os novos reforços o Botafogo ficará ainda mais consistente e forte. Abs e SB!

Ruy Moura disse...

Sim, Sergio, joga de acordo com adversário. Não era o típico jogo de AJ, que jogava ao ataque sempre, mas parece que aprendeu essa necessidade após levar três goleadas de 5x0 do Sporting em 14 meses e ser precocemente eliminado da Liga Europa. E depois disso fez a final da Taça da Liga 2023/24 já na retranca e conquistou-a através de um ataque fortuito que deu o gol e o caneco.

Creio que os três reforços vão ser importantes. Apenas julgo que precisamos de reforço na defesa.

O elenco está fechado com o treinador, comprou a filosofia e os atletas remanescentes do ano anterior parece que já deixaram 2023 para trás.

Abraços Gloriosos.

Gil disse...

Grande Rui,

Se não estiver errado, em três meses o AJ conquistou a confiança do grupo. Ao chegar, menos de duas semanas após acertar com JT, chamava todos do elenco pelo nome. Ele e seu staff.
Os jogadores o aceitaram e parecem confiar muito no AJ.
Quando estou no Nilton Santos fico a observar as reações dos jogadores substituídos. Ao término dos jogos ele cumprimenta todos os jogadores.
Outra observação que faço é como AJ e o staff conversam sobre a partida.
É um deleite ver as coletivas e entrevistas do AJ.
Já estou com os check-in para os jogos contra o porco e contra o Inter.

Abs e Sds Botafoguenses!

Ruy Moura disse...

Tem verdadeiro perfil de líder, pelo menos pelo que mostrou até aqui, e faz essas tarefas que mencionaste muito bem feitas. É curioso teres falado que ele decorou os nmes de todos os jogadores. Recordei-me de um tempo profissional muito sui generis da minha vida quando fui diretor de uma Instituição que albergava 100 jovens e decorei o nome de todos em 30 dias. Foi aí que comecei a ganhar a confiança de todos. (rs) O AJ está a surpreender-me, quer pela grande capacidade de adaptação ao contexto, quer porque parece que aprendeu com alguns erros do passado e hoje tem um leque de variações muito mais interessante. Para nosso bem!

Abraços Gloriosos.

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