por
RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo
Uma noite para
recordar no olímpico Niltão: motivador espetáculo de luzes e som, apresentação
dos novos reforços Allan, Igor Jesus e Thiago Almada à torcida, três golaços de
meia distância e uma exibição portentosa de cabo a rabo!
Talvez tenha sido
a exibição mais consistente da equipe na Era AJ. Ao contrário das últimas
exibições, que foram globalmente eficazes na obtenção de pontos, mas com graves
lacunas de ineficiência, o jogo contra o Atlético Mineiro foi eficiente, eficaz
e, espera-se, efetivo na sua durabilidade futura.
Mercê da
resiliência e eficácia demonstradas noutras partidas, geralmente mal jogadas, o
Botafogo consegue um brilharete, após 40% de rodadas cumpridas, e enfrentando
diversas dificuldades como lesões e arbitragens adversas, campanha contra
Textor e lacunas de elenco, de se colocar a um ponto apenas da liderança ante
os badalados favoritíssimos Flamengo e Palmeiras.
Pegando no jogo
desde o início e, finalmente, propondo jogo com lucidez e consistência pela
primeira vez na nova Era ante um adversário credenciado, o Botafogo passou
subitamente da água para o vinho (ou vice-versa, segundo as preferências) e
tomou conta da partida desde o seu início. De tal modo que a partida foi
tranquilíssima para John Victor e o Atlético teve uma única oportunidade de gol
em toda a partida quando Hulk cobrou uma falta que foi embater no travessão.
Com perseverança,
bons passes, excelente posicionamento em campo, marcação cerrada aos
adversários (especialmente Hulk), transições rápidas sempre que possível, meio
campo imperial reinando durante todo o jogo e remates de meia distância, foi
possível inaugurar o marcador logo ao 12’ com um golaço de Luís Henrique, que recebeu
assistência de Danilo Barbosa, simulou bem frente aos adversários e disparou um
golaço para abrir o placar. Botafogo 1x0.
Aos 19’ Júnior
Santos forçou a entrada na área por entre dois zagueiros, exagerou no drible
quando devia ter rematado e o goleiro conseguiu antecipar-se aos seus pés numa
jogada de contra-ataque bem executada.
Aos 23’ Luís
Henrique corria sozinho para o gol, foi travado em falta por Igor Rabello e a expulsão
do atleta adversário tornou-se inevitável. Porém, a expulsão nada mudou do que
ocorrera até ali. O Botafogo, ao contrário do Palmeiras em situação semelhante,
não forçou demasiado o segundo gol, não arriscou ser apanhado em contra pé na
defesa, manteve a pegada, foi paciente na movimentação variada ao longo do
terreno de jogo, ora pelas laterais, ora pelo interior do campo, e concentrado
no objetivo ‘gol’, rematando diversas vezes fora da área.
Cozinhando o jogo
e aguardando novas oportunidades sempre que se deparavam como tal, Eduardo
quase ampliou aos 50’ com um tiraço na cobrança de falta que o goleiro espalmou
para escanteio com uma grande defesa.
Aos 59’ outra boa
trama do ataque a partir do meio campo, Eduardo rematou forte e o zagueiro desviou em última instância. Continuando a dominar a partida, o Botafogo pareceu afunilar
demasiado o jogo à entrada da área adversária, relaxar por alguns minutos e
Hulk, na cobrança de uma falta inexistente, aos 72’, fez a bola explodir no
travessão da baliza à guarda de John.
O Botafogo
‘acordou’ de novo do seu ‘cozinhado’ e aos 78’, seis minutos após o remate de
Hulk, Damián Suárez cruzou a bola da ala direita para o semicírculo da grande
área do Atlético e Cuiabano disparou um portentoso remate para ampliar com novo
golaço. Botafogo 2x0.
Aí o Atlético
quebrou o ânimo, por cansaço ou conformismo, e o Botafogo ainda ampliou com o
seu terceiro golaço. Savarino recebeu a bola, disparou uns metros antes do
semicírculo da grande área adversária e selou o placar final. Botafogo 3x0.
Deve-se realçar
alguns aspetos estatísticos importantes: o Botafogo teve 58% de posse de bola,
elevada precisão de remate, o triplo dos remates (19 contra 6) e o quádruplo
dos remates enquadrados com a baliza (8 contra 2).
De notar que o Botafogo vinha marcando gols em determinados jogos só com remates dos atacantes, ou só com remates dos meio-campistas, ou só com remates dos atacantes. Neste jogo todos os setores contribuiram com gols: atacante (Luiz Henrique), meio-campista (Savarino) e defensor (Cuiabano), o que é um sinal de coletivismo encorajador. Só faltou um super chutão de John...
Além disso, o Botafogo inovou
na pressão exercida sobre o adversário, dando poucos espaços no meio campo,
resolvendo favoravelmente todos os ataques adversários potencialmente perigosos
para a nossa baliza e, sobretudo, inovando nos remates de meia distância, que
resultaram em três golaços.
É certo que o
nosso ataque marcou gols em todas as 15 partidas realizadas, mas à excepção do
jogo contra o Juventude, nunca marcou mais de dois gols, mesmo a adversários de
craveira inferior. Significa que temos boas chances de afinar os remates de
meia distância, com resultados que contra o Atlético nos deram três gols, porque
os protagonistas e os reforços que aí veem possuem técnica capaz de o fazer.
Bastou treinarem durante a semana tais remates, conforme confidenciou Luís
Henrique, e o resultado está à vista, abrindo novas oportunidades de variação
de gols. Por outro lado, a nossa defesa tomava gols há seis jogos e a marcação
mais cerrada feita nesta partida mostrou dividendos suficientes para continuarmos
jogando com paciência, objetivo no gol e prudência na linha defensiva (com Cuiabano a necessitar de cobertura para não sermos surpreendidos quando ataca e não consegue regressar rapidamente à sua posição inicial).
Em suma, jogando
do modo como fez, o Botafogo ainda pode melhorar bastante. Os titulares da zaga
e das laterais mostram mais consistência, embora em minha opinião não existam
reservas suficientemente à altura dos titulares, o meio campo tem a
possibilidade de se tornar o mais consistente das 20 equipes do Brasileirão e o
ataque – aparentemente em fase de melhoria das suas peças vindas de lesões – pode
ser arrasador se… os titulares conseguirem evidenciar as suas boas
características individuais enquadradas no coletivo que pode vir a constituir-se
muito coeso e se…
…a bela noite de
futebol que desfrutamos não constitua a excepção, mas a sim a norma!
No entanto, teremos
que desfrutar cada jogo do modo corretíssimo como Artur Jorge definiu e sem
triunfalismos, tal como o Mundo Botafogo sempre tem defendido desde a
constituição da SAF:
– “Somos candidatos a ganhar o próximo jogo.”
– Artur Jorge, na Coletiva de Imprensa.
Dito de outro
modo: reforço a reforço, treino a treino, jogo a jogo!
Ousar
Criar, Ousar Vencer!
PS: Sobre o eventual pênalti que alguns ‘comentadeiros’
entrincheirados numa batalha inglória contra os desempenhos do Botafogo dizem
ter existido a favor do Atlético, a resposta é simples: não foi pênalti.
FICHA TÉCNICA
Botafogo
3x0 Atlético Mineiro
» Gols: Luiz Henrique, aos 12', e Cuiabano, aos 78’, e Savarino, aos 90+3'
»
Competição: Campeonato Brasileiro
» Data:
07.07.2024
» Local:
Estádio Olímpico Nilton
Santos, no Rio de Janeiro (RJ)
»
Público: 19.343 pagantes; 21.582 espectadores
» Renda:
R$ 910.175,00
»
Árbitro: Rafael Rodrigo Klein (RS); Assistentes: Rafael
da Silva Alves (RS) e Jorge Eduardo Bernardi (RS); VAR: Rodrigo Guarizo Ferreira do Amaral (SP)
»
Disciplina: cartão amarelo – Bastos
e Tiquinho Soares (Botafogo) e Palacios (Atlético Mineiro); cartão vermelho – Igor
Rabello (Atlético Mineiro)
» Botafogo: John;
Damián Suárez, Bastos, Alexander Barboza e Cuiabano; Danilo Barbosa (Tchê
Tchê), Marlon Freitas (Gregore) e Eduardo (Savarino); Luiz Henrique (Óscar
Romero), Tiquinho Soares (Kauê) e Júnior Santos. Técnico: Artur Jorge.
» Atlético Mineiro: Matheus
Mendes; Igor Rabello, Bruno Fuchs e Battaglia; Otávio, Alan Franco, Paulo Vitor
(Palacios) e Gustavo Scarpa; Cadu (Vargas), Hulk e Paulinho (Vitinho). Técnico:
Gabriel Milito.
6 comentários:
Muito bom jogo do Botafogo que amassou ou cozinhou o Galo, que simplesmente não vou a cor da bola no primeiro tempo. Mesmo depois do golaço bdo Luís Henrique o Botafogo continuou buscando o segundo gol,as o JS parece que quer sempre dar um toque a mais ou não vizualizar um companheiro melhor colocado. Na minha visão, acho que com a expulsão do do jogador adversário, o time percebeu que poderia se desgastar menos e jogou a espera do um erro do adversário, pois mesmo no segundo tempo dando espaço para o Atlético, em nenhum momento houve de fato perigo para o Botafogo , à exceção da bola no travessão numa falta bem cobrada pelo Hulk. Bastou o Botafogo voltar a pressionar mais um pouco e a vitória veio naturalmente. Repito, acho que o time do Botafogo jogou com inteligência, sabendo dosar as energias para evitar um desgaste maior e no momento certo definir a partida. Várias situações de destaque, e com os reforços da segunda janela o time terá mais opções e creio que ficará mais forte. Ontem o Artur Jorge foi muito feliz tanto na maneira como o time se portou e sobretudo nas substituições que acabaram de vez com as pretensões do Atlético.
Como bem disso o treinador, vamos jogo a jogo, pois um campeonato se vence jogo a jogo e não projetando o que vai acontecer no futuro. Abs e SB!
Absolutamente de acordo. O Botafogo não pode permitr os chamados jogos 'eletrizantes'. Podem ser muito emocionantes, mas significam que ninguém controla coisa alguma. O Botafogo pode controlar, tem que controlar, não andar em correrias e ser paciente. Poupar enerigias com o jogo controlado, mas não relaxar, não perder foco, porque perdemos muitos jogos o ano passado devido à falta de concentração. O foco é essencial. E o técnico tem que garantir a blindagem da equipe sobre o que vem do exterior, não deixando entrar os profetas da desgraça. Não perder a cabeça em campo com arbitragens enviezadas nem com provocações dos adversários. Humildade durante os jogos para no final assegurarem os três pontos, ou a classificação em caso de mata-mata. Mas com orgulho e brio na sua profissão e no futebol produzido. Sem dancinhas idiotas nem despir camisa a comemorar gol e tormar amarelo. Enfim, uma equipe adulta que controle e não se deixe controlar, nem pelo alheio, nem pelo deslumbramento fugaz que leva sempre a maus caminhos. Creio que o Artur Jorge - pelo que tenho visto - será pessoa para assegurar todos esses aspetos.
Abraços Gloriosos.
Ontem os gols foram de chutes fora da área. Segundo o Luis Henrique, no sábado o time treinou esse tipo de arremate. Que bom que temos uma comissão técnica, o que infelizmente faltou após a saída do Castro. Abs e SB!
Sim, o treino é fundamental. E o dirigismo brasileiro dá cabo das performances dos atletas e do futebl vistoso porque não permite dias de descanso sufientes nem espaço para treino. Insisto: é um dirigismo profissional muito, mas mesmo muito, amador.
Abraços Gloriosos.
Rindo do primeiro parágrafo do Sérgio. "Amassou", "cozinhou", só faltou DEPENOU...!
Falha grave do Sergio! Creio que proximamente, lá para o meio do mês de agosto, ele poderá usar com propriedade o tempo de verbo... "DEPENOU"! (rsrsrs)
Abraços Gloriosos.
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