por LÚCIA SENNA | Escritora e Cantora | Cronista do Mundo Botafogo
Se
há um dia da semana sem charme, sem carisma e sem luz própria, esse dia é terça
feira. Quem, em sã consciência, espera alguma coisa palpitante de uma
terça-feira? Não, minha gente, vocês hão de concordar comigo: o dia passa em
brancas nuvens, sem sair dos trilhos, sem nenhuma emoção, percorrendo o mesmo
caminho terça após terça.
Mas
foi exatamente, em uma terça qualquer, que recebo um convite inesperado para
participar de uma oficina literária que acontecia todas as noites de terça. Pronto,
a mudança de astral veio a galope! A
partir daí as terças ganharam brilho, muitas exclamações e várias
reticências...
Os
encontros são altamente inspiradores! Sob a batuta do professor Pimentel, os
textos vão sendo analisados e através de leituras críticas e discussões em
grupo, a técnica da escrita vai sendo aprimorada. A dinâmica consiste em cada
um de nós – somos sete, no total - apresentar um texto para compartilhar com os
demais.
Eu havia escrito uma crônica sobre o ANO
BISSEXTO. Pimentel não economizou nos elogios, mas com uma ressalva: exagero
não só no uso dos pontos de exclamação, como também nas reticências. E complementou
divertido: “parece que você está sempre querendo deixar algo no ar...” Bem,
nesse ponto ele acertou. Um certo ar de mistério faz parte do meu perfil. A
verdade é que o mistério encanta, atrai e fascina...
Enquanto
ouvia seus comentários certeiros, não pude deixar de sorrir. Afinal, a obsessão
por pontos de exclamação e outras peculiaridades gramaticais, era algo que me
definia como escritora. Nesse momento, uma ideia surgiu em minha mente: porque
não transformar essa excentricidade em um texto divertido? E, assim, nasceu a
crônica que estou compartilhando agora, repleta de exclamações, reticências,
crases, parênteses, interrogações múltiplas, travessões, tremas, títulos em
CAIXA ALTA e sabe-se lá mais o quê.
SEGUE O TEXTO:
Ah, como eu amo os pontos de exclamação!!!! Eles são como pequenas
explosões de entusiasmo em meio à escrita, pontuando emoções e dando ênfase às
palavras!!!! Não há nada como um bom ponto de exclamação para expressar minha
empolgação! Mas isso não é tudo! Eu também tenho uma relação peculiar com as
reticências... Elas são como pausas dramáticas, deixando o leitor em suspense,
imaginando o que virá a seguir... É como se a cada reticência fosse um convite
para alguém tentar captar minha mente caótica e imprevisível...
E não posso esquecer das crases! Ah, as crases... Eu as coloco em lugares
onde elas não são necessárias, apenas para adicionar um toque de sofisticação e
mistério ao texto. Porque usar crases corretamente quando posso usá-las
aleatoriamente e confundir todo mundo?
E as vírgulas? E os pontos e vírgulas sem sentido? São como deliciosos
oásis no fluxo do texto, dando às frases uma cadência única e inesperada. Por que
seguir as regras quando posso criar as minhas próprias? É verdade, o meu amor
por esses elementos gramaticais pode parecer exagerado para alguns, mas pra mim
são eles que dão vida ao meu estilo único de escrita! E quem precisa de regras
quando se tem um teclado cheio de possibilidades?
Além disso, tenho um amor incondicional pelos parênteses! Eles são como
pequenos becos para pensamentos laterais, onde eu possa abrigar minhas ideias
mais malucas e irrelevantes (como, por exemplo, essa aqui). Por que limitar a
escrita a uma linha de pensamento coerente quando posso divagar em parênteses
por páginas a fio?
Ah, e não posso esquecer das interrogações múltiplas!!! Elas são como
uma salada de perguntas, deixando o leitor confuso e intrigado sobre o que
diabos estou tentando dizer??? Será que estou realmente perguntando alguma
coisa??? Ou apenas testando os limites da pontuação???
E, por fim, o meu amor secreto pelos travessões – esses pequenos traços
que separam ideias com ar de mistério –, como se cada travessão fosse uma pausa
dramática antes do grande momento! Por que não deixar as frases tão dramáticas
quanto um filme de suspense, com travessões pontuando cada virada de cena?
E os tremas? Como sinto sua falta! Eles eram como minúsculos acentos de
rebeldia na língua escrita, desafiando as convenções e adicionando um toque de
charme a palavras como “lingüiça” e “tranqüilo”. Uma pena que tenham caído em desuso,
mas sempre os lembrarei com carinho e nostalgia...
E os títulos em CAIXA ALTA? Eles são como anúncios de neon em um mar de
letras, chamando a atenção do leitor com sua presença imponente e majestosa.
Por que se contentar com títulos discretos quando se pode GRITAR sua mensagem
para o mundo inteiro ver?
Ah, o prazer de brincar com a língua escrita! É como se cada palavra
fosse um brinquedo novo, esperando para ser explorado e transformado em algo
único e divertido. Então, aqui estou eu, mergulhando de cabeça no mundo caótico
e encantador das peculiaridades gramaticais!!!!!
34 comentários:
Oi, Lúcia
Achei a crônica muito fofa e bem original. Que ideia bacana que você teve, transformando uma crítica em crônica criativa. Parabéns !
Paulo da Smart
Lucia, amiga querida
Estou aqui mergulhando de cabeça no teu mundo criativo e encantador das peculiaridades gramaticais que tão bem sabes explorar.
Fred.
Ah, Lúcia... discordo inteiramente do professor Pimentel. Eu, que já li a maioria das suas crônicas publicadas aqui no blog , posso dizer sem medo de cometer exageros : Você é o próprio ponto de exclamação !!!!!!!!!!!!
Maravilhosa é o que você é!!!!!
Lucia Senna, diferentemente do professor Pimental , sabe muito bem a magia que existem nas reticências. E ela sabe também a hora exata de teclar nos três pontinhos, deixando seus leitores ansiosos para adivinhar os próximos passos da narrativa.
Parabéns, Lúcia. Você é fera !
Celso Rodrigues.
Já disse e volto a repetir: o nosso blogue continua ganhando com as ótimas crônicas da nossa escritora Lucia Senna. A de hoje é show de bola!
Lucia,boa tarde!
Como você, também escrevo textos sobre assuntos variados , e também tenho uma queda pelas reticências.
Identifiquei-me totalmente com a sua crônica. Parabéns pela originalidade!
Mauro Azevedo
Lucia,
Adorei !!!!!!!!
Beijos da DECA
Lu, só mesmo você para se inspirar numa crítica, passar por cima dela, sacudir os ombros, dar aquela risada característica sua e, com bom humor escrever um texto irretocável!
Valeu, amiga!
Beijocas da SANDRA
Oi, Lu
Estou aqui ao lado da SANDRA e juntas lemos o teu texto de hoje.
Faço minhas as palavras dela. A crônica é muito inteligente e super original.
Beijão da SUZANA
Lucia Senna,
Como gosto da tua maneira de contar as tuas histórias, sempre tão ricas de conteúdo e cheias , como bem dizes,de excentricidades gramaticais ( gostei muito do título kkk). Teu estilo é único, só teu. Preserva - o!
Joaquim Alves
Sensacional!!!!
João Martini
Valeu, Paulo!
Aprendi a lidar bem com as críticas e ainda tirar proveito delas, fazendo crônicas.
Beijão
Boa noite!
Como alguém pode fazer um comentário tão delicioso assim e ...não assinar? Não, isso não pode acontecer. Aguardo ansiosa pela sua assinatura,ok?
Ah, caro anônimo! Adoro essa repetição elogiosa. Por favor, repita sempre esse simpático comentário, pois ele me anima a prosseguir com as crônicas.
Te agradeço muito !
Boa noite!
Boa noite, Mauro!
Nada pode ser mais agradável de ouvir de um leitor do que saber que se identificou com o texto. Fico feliz! Obrigada pelo retorno.
Abração!
Valeu, Deca!
Beijocas!!!!
Pois é, amiga! Criticas fazem parte e são muito bem vindas.
Algumas,acatamos. Outras, fazemos crônicas sobre elas.
De qualquer jeito , saímos ganhando,não é mesmo? Kkk
Obrigada, Sandrinha!
Beijão!
Oi, Su!
Que legal ! Só assim pra ganhar um comentário duplo de uma dupla muito querida !!!
💋 💋 Beijos dobrados !
Oi, Joaquim
Fiquei emocionada com o teu comentário. Esse final, então, quando dizes : " Teu estilo é único,só teu. Preserva- o." ...é lindo,é forte, é emocionante!
Sem palavras...
Grande abraço!
"
Pode haver comentário mais fascinante do que esse teu? Poxa, João, só me resta te agradecer e te enviar um glorioso abraço!
Vou te confessar, Celso,que eu amo as reticências e acho que são essenciais em qualquer texto que se queira provocar alguma expectativa no leitor.
Não, não sei se conseguiria. Viver sem elas.
Obrigada, pelo carinho
Abração.
Sensacional é uma palavra ,digamos, Sensacional! Nada pode ser mais especial do que um comentário de uma palavra só, desde que seja : SENSACIONAL !!!!!KKKKK
Obrigada.Joao.
Forte abraço!
Obrigada, Fred!
Obrigada ainda por ter vindo conhecer o blogue e te digo que terás momentos de puro lazer, além, obviamente, tudo sobre o nosso glorioso Botafogo.
Grande abraço!
Obrigada, João!
Amei o elogio.
Geande abraço!
Lúcia querida: COMO vc pode dizer q terça-feira NÃO É um dia palpitante??? Cooomooo???
Ora pois, é o dia da SUA crônica!!! Uma crônica alegre, inspirada e divertida que realça as reticências e os travessões que eu adooooroooo!!! O que mais acrescentar?
Nada ...
Bjks
Sol de Anlarec
Lu,
Também sou apaixonada pelos tremas e saber que caíram no ostracismo deixou-me de coração partido. Dois pinguinhos em cima da letra U e a sofisticação estava garantida.
Que bom que fizeste menção a eles...
Beijocas.
Amiga,
Desde ontem ,Clara e eu estávamos tentando deixar nossos comentários no blog em vão. Agora ,está normalizado e sigo fazendo uma reclamação: cadê os colchetes? Eles são muito mais elegantes que os parênteses e,no entanto, não são citados na crônica...estou perplexa 😖!!!!
Brincadeiras à parte, amei o texto apesar dos colchetes terem ficado de fora kkkk
Saudades de ti ,amiga.
Bjssssss
Anita
Bom dia!
Confesso, Celso, que seria muito difícil viver sem esses deliciosos três pontinhos. É um belo recurso para quem gosta de provocar minimamente o leitor para os próximos passos da narrativa.
Fico muito lisonjeada com teus elogios.
Obrigada, Celso e uma ótima quarta-feira.
Ah, Sol... que comentário mais iluminado!!!!! Pois é...o que seria de nós cronistas, se não fossem as reticências, as exclamações, parênteses e os deliciosos travessões que tanto gostamos?
Não, os textos seriam pra lá de insossos e nós, que adoramos apimentá - los, abusar das Excentricidades Gramaticais é nossa obrigação. E que assim seja!
Valeu,amiga!
Bjsssss
" Ah, o prazer de brincar com a linguagem escrita! É como se cada palavra fosse um brinquedo novo,esperando para ser explorado e transformado em algo único e divertido".
E aqui estou eu, Lúcia, para te aplaudir pois considero esse fechamento da crônica, muito interessante e original.
Não é de hoje que sou teu fã!
Obrigado por deixar meu dia mais leve .
Edson
Oi, Edson
Eu sei o quanto tens me dado força ao longo desses anos todos, com teus comentários cheios de elogios e que me fazem muito bem.
Só tenho a te agradecer por isso.
Grande abraço!
Os tremas, amiga, sempre foram especiais pra mim. As linguiças nunca mais foram as mesmas desde que alguém resolveu Impiedosamente, retira- las da língua portuguesa. LAMENTÁVEL!!!!!
Beijão, querida!
Perdoa- me, Anita! Como pude esquecer- me dos colchetes...
Na próxima crônica, prometo, eles estarão presentes por todo o texto. E já tenho até um titulo:
"Os aconchegantes colchetes".
Kkkkk
Beijocas.
😂😂😘
Enviar um comentário