quinta-feira, 27 de março de 2025

Sempre ao lado do Botafogo

por EDUARD MINC | Revista Botafogo no Coração, Maio/Junho de 2005, Ano I, Número 1

Gentileza de Angelo Seraphini | Colaborador do Mundo Botafogo

Na fazenda onde morava, em Carangola, Minas Gerais, o então menino Djalma, nos seus escassos 4 anos, achava engraçado ver o pai, dono de um nariz protuberante, ouvir da rádio de madeira da família o locutor gritar que Nariz tinha cabeceado uma bola. O locutor referia-se ao zagueiro Nariz, do time do Botafogo da década de 30. A associação entre o pai e o atleta decretou algo que ganharia uma proporção enorme na vida do menino: um amor desmedido pelo clube, que acabou tornando Djalma Nogueira dos Santos dirigente da equipe de futebol alvinegra e um dos personagens mais emblemáticos do time da estrela solitária.

Responsável pelo departamento de Futebol amador do Botafogo entre 1959 e 1964 e diretor de futebol profissional em 1962, 1968 e 1970, Seu Djalma, como sempre foi conhecido, teve o privilégio de conviver com algumas das maiores lendas do futebol brasileiro e mundial, como Nilton Santos, Didi e Garrincha. “Todos os quase 200 milhões de brasileiros de hoje têm a obrigação de respeitar o Botafogo por ter aberto as portas do futebol brasileiro para o mundo”, decreta o autêntico torcedor fanático que é e sempre foi.

Aos 75 anos, o ilustre grande benemérito do clube estima que já tenha assistido perto de mil partidas do alvinegro. Algumas recheadas de história teimam em rondar sua memória. Em 1962, no jogo de despedida do Didi, contra o América de Cali, na Colômbia, o então dirigente, conta que recebeu um recado do presidente, Dr. Paulo Azeredo, para não deixar Didi ir embora, já que o atleta havia recebido uma proposta milionária do Sporting Cristal, do Peru. Seu Djalma fez exatamente o contrário: não só aconselhou o jogador a ir tratar de melhorar sua vida, como, durante o jogo em que o Botafogo vencia por 2 a 1, fez o seu folclore: “Desci das tribunas e gritei para o técnico tirar o Didi de campo assim que um zagueirão ameaçasse dar a primeira botinada nele”,  relembra.

Mas emoção mesmo vem ao se lembrar de Garrincha, para ele o maior craque de futebol até hoje. “Pelé, Maradona e outros eram fenomenais, mas o único gênio que vi jogar foi o Garrincha. Era gênio porque ninguém o marcava e o Pelé eu já vi ser marcado, uma vez em Portugal e outra pelo Nilton Santos”, decreta o agora torcedor. Garrincha era de outro planeta, mesmo fora dos gramados, diz ele, puxando na memória mais uma estória que vivenciou.

Numa excursão da equipe a Bogotá, na Colômbia, Seu Djalma reuniu alguns craques do time, entre eles Garrincha, e avisou que soube que o jogador argentino  Dí Stefano, do Real Madri, havia sido seqüestrado durante uma escala de seu vôo em Caracas, mesma escala que o Botafogo tinha que fazer. Falou a todos que tomassem cuidado e não saíssem do hotel à noite. Só Garrincha pareceu não entender. “Fiquei preocupado quando deu 22h e ele não apareceu no saguão. Peguei um motorista e fui caçá-lo pela cidade. Encontrei o cara numa mesa de bar, conversando com um grupo de jovens, sem se preocupar com nada. Ele era mesmo de outro mundo”, lembra o ex-dirigente.

Com 10 netos – “todos botafoguenses” –, Djalma também fez de outro botafoguense um quase filho seu. “Acho que o Botafogo voltou a brilhar o rumo certo quando o Bebeto de Freitas assumiu a presidência. É um homem sério e que sabe como lidar com o esporte profissionalmente”, diz ele, que hoje mora em Brasília, mas quando não vem ao Rio acompanhar o Botafogo de perto não perde um só lance pela TV. De quebra, aproveita para eleger o atual craque alvinegro. “O Túlio me encanta, pois é raçudo, bom jogador e joga com a alma”. Diga lá Seu Djalma. 

6 comentários:

Sergio disse...

Essas histórias relatadas aqui no Mundo Botafogo são sensacionais e mostram porque o nosso Botafogo é um clube apaixonante. Me lembro do Djalma Nogueira no Botafogo pois sei nome aparecia regularmente na parte esportiva dos jornais. Ruy, o Djalma Nogueira ainda é vivo? Abs e SB!

Ruy Moura disse...

São histórias realmente de nível superior, superior. Djalma partiu em 2017.
Abraços Gloriosos.

Anónimo disse...

Saudades dele

Ruy Moura disse...

Sempre muitas saudades de tantos ilustres botafoguenses dedicados à causa do Clube da Estrela Solitária.
Abraços Gloriosos.

Anónimo disse...

Vovô Djalma era maravilhoso

Ruy Moura disse...

⭐️⭐️⭐️

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