por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo
O Botafogo alcançou uma vitória como lhe
competia, em casa, pela Copa do Brasil. Porém, no campo das suposições, talvez
não seja tão fácil avaliar este jogo, sobretudo pelas suas ocorrências iniciais.
Nos primeiros quinze minutos de jogo foi o
Bragantino que comandou as operações e o Botafogo andou meio perdido, tal como
ocorreu na 2ª parte do jogo contra o Corinthians. O Bragantino jogava com
objetividade e perigo, John foi chamado a duas intervenções a remates do
adversário e o Botafogo seguia na tentativa frustrada de articulação de jogadas
que se goravam.
Eis senão quando Vitinho entrou na área pelo lado
direito e em vez de cruzar para Cabral, que se perfilava à boca da baliza, cruzou
rasteiro ligeiramente para trás e a classe de Montoro surgiu com um remate muito
bem colocado inaugurando as redes do Bragantino. Botafogo 1x0.
Foi o 1º gol da melhor contratação de 2025 pelo
Botafogo. E aí é que o jogo mudou. E se acaso o gol não tivesse ocorrido tão
cedo e contra a corrente do jogo?
Felizmente aconteceu e deu asas ao ataque
botafoguense, amedrontando o Bragantino, vindo de várias derrotas, claramente
receoso de tomar mais um gol por via de o Botafogo ter jogadores diferenciados como
Montoro, que podem resolver um jogo numa fração de segundo com um passe letal
ou um remate indefensável.
Passando a dominar as operações, o Botafogo
ensaiou, quanto a mim pela primeira vez com claro sucesso na Era Ancelotti, o futebol
vertical de contra-ataque, rápido, atacando pelas pontas e em bloco.
Logo depois, em mais um ataque pela ala
lateral, Marlon Freitas recebeu a bola dentro da grande área, tocou de calcanhar
para trás e Vitinho rematou perigosamente rasando o poste de Cleiton. Embalado por
jogadas bem articuladas e rápidas, Savarino rematou perigosamente da posição em
que costuma ser letal e o goleiro defendeu in-extremis
no cantinho esquerdo da baliza para escanteio.
Porém, numa jogada coletiva extraordinária, aos
32’ Barboza ganhou uma bola na defesa, lançou Savarino, ao mesmo tempo que disparou
para o ataque, Savarino endossou Cuiabano na ala esquerda, Cuibano correu,
ganhou alguns metros e centrou milimetricamente para Alexander Barboza que continuou
a corrida para dentro da área, aparecendo como elemento surpresa e numa
cabeçada fenomenal ampliou o marcador.
Deve-se notar que, no momento em que Cuiabano
centrou, havia um companheiro ligeiramente à sua frente e, ainda um pouco mais
à frente, a 1-2 metros da linha da grande área, encontravam-se outros quatro
botafoguense que atacavam em bloco, cabendo a Barboza a definição perfeita para
ampliar. Em suma, estavam em posição de ataque 6 jogadores nossos que acompanharam
o passe de Savarino e o centro de Cuiabano – em rápida aceleração e em bloco.
O Botafogo passou a gerir a partida até ao
intervalo, não se articulando pelo malfadado ‘jogo posicional’ do tiki-taka,
mas procurando deixar o adversário jogar – sem perigo – até encontrar os
melhores momentos de contra-ataque rápido e em bloco.
Na segunda parte o Botafogo dominou o jogo,
mas os gols não saíram. O Bragantino resguardou-se de tomar o 3º gol que selaria
a eliminatória, mas, ainda assim, foram as péssimas definições de Cabral e Nathan
Fernandes que não nos permitiram sair com uma goleada a nosso favor.
Aos 72, Savarino lançou Cabral, que avançou entre
dois zagueiros, frente a frente com Cleiton a meio da baliza, e conseguiu a proeza,
de frente para o goleiro, de rematar não para a esquerda, não para a direita,
não para o alto, mas justamente em cima de Cleiton!!!
E aos 77’ foi a vez de Cabral, também frente a
frente a Cleiton, após o último passe de Joaquín Correa, permitir-lhe a defesa
no canto mais fácil para evitar o gol.
Daí até final nada de relevante aconteceu, a
não que John, após 75' quase sem nenhum trabalho, teve que se opor a um lapso da
defesa do Botafogo e evitar de forma notável o ‘gol de honra’ do Bragantino,
que colocaria a eliminatória mais ao alcance dos paulistas.
Em suma, um Botafogo a precisar de melhorar ainda mais o seu futebol veloz e vertical, concatenando melhor as ligações durante os contra-ataques e, claramente, a necessitar de melhorias na definição para o gol, já que continuamos perdendo gols quase feitos cara a cara com os goleiros adversários.
Na verdade, apesar do bom ensaio coletivo, foram quatro jogadores, entre assistências e artilheiros da partida, que definiram o placar: Vitinho, Montoro, Cuiabano e Barboza. E, repare-se, nenhum deles é um 7, um 9 ou um 11, nenhum é um atacante de raiz. É bom conseguirmos essa variedade de protagonistas, mas presisamos urgentemente de um 'matador' e mais um centroavante para o ataque, além, naturalmnete, de outros reforços que, esperemos, John Textor tenha identificado como essenciais.
Fora isso, o ensaio para um novo futebol pareceu-me bastante bom. Contra o Cruzeiro, uma 'prova de fogo' aparentemente bem maior do que o Bragantino, veremos como a aprendizagem está sendo interiorizada.
FICHA TÉCNICA
Botafogo 2x0 Bragantino
» Gols: Álvaro Montoro, as 16’, e Alexander Barboza, aos 32’
» Local: Estádio Olímpico Nilton Santos, no Rio e Janeiro (RJ)
» Data: 29.07.2025
» Público: 24.089 pagantes; 26.656 espectadores
» Renda: R$ 1.239.180,00
» Árbitro: Anderson Daronco (RS); Assistentes: Michael
Stanislau (RS) e Tiago Augusto Kappes Diel (RS); VAR: Daniel Nobre Bins (RS)
» Disciplina: cartão amarelo – Cuiabano e Alexander Barboza (Botafogo); Eduardo
Sasha e Agustín Sant’Anna (Bragantino)
» Botafogo: John; Vitinho, Kaio Fernando, Alexander Barboza e Cuiabano (Alex
Telles); Newton (Allan), Marlon Freitas e Savarino; Artur (Joaquín Correa),
Arthur Cabral (Nathan Fernandes) e Álvaro Montoro (Matheus Martins). Técnico:
Davide Ancelotti.
» Bragantino: Cleiton; Andres Hurtado (Nathan Mendes), Pedro
Henrique, Gustavo Marques e Agustín Sant’Anna; Gabriel, Eric Ramires (Fabinho)
e John John; Lucas Barbosa (Vinicinho), Pitta (Thiago Borbas) e Eduardo Sasha
(Praxedes). Técnico: Fernando Seabra.
3 comentários:
Há muito espero um caneco da Copa do Brasil. Desde o "fiasco" de 1999 em casa. Para completar o triunvirato!
Exatamente como eu, José Vanilson. A Copa do Brasil continua atravessada na garganta. Temos Libertadores, temos Sul-americana (Conmebol), Temos Brasileirão em três versões de Brasileirão (Taça Brasil, Campeonato em modelo final four e Campeonato por pontos corridos) e faz falta a Copa do Brasil, que devia ter sido prioridade há muito tempo.
Abraços Gloriosos.
Perfeitamente, Rui. Neste ano, a gente se encaixou com maior naturalidade no mata-mata. O Botafogo Futebol Vertical, sem rame-rame, sem vai-não-vai, está se expressando mais nitidamente nessas competições que demandam o remate, a decisão, a esticada surpresa, a pressão. E, para nossas ambições bem compreendidas, além da Copa do Brasil, que nos tantaliza, parece-me haver espaço pra mais uma Libertadores, se soubermos priorizar e entender os recursos que temos e os que nos faltam.
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