Nicolas Ladanyi: o supertreinador

Nicolas Ladanyi (foto de 1931, à esquerda), conhecido por ‘Capitão Ladanyi’, nasceu na Hungria a 7 de abril de 1889, pertenceu às forças armadas austríacas e participou da 1ª Grande Guerra. Posteriormente emigrou para os Estados Unidos da América e aí concluiu os seus estudos dedicados aos desportos. Entretanto naturalizou-se e foi, segundo o próprio, professor e diretor do Instituto de Saúde Esculápio em Nova York.

Em 1930 rumou ao Brasil e foi o técnico que revolucionou o futebol do Botafogo no início da década de 1930, treinando craques fabulosos tais como Carvalho Leite, Nilo Braga ou Martim Silveira.

O presidente do Botafogo, Paulo Azeredo, percebeu, no final da década de 1920, que era necessário voltar a conquistar títulos, pois o Botafogo ia fazer quase duas décadas sem ser campeão carioca. Então, o presidente (que conquistou sob as suas presidências oito campeonatos cariocas – 1930, 1932, 1933, 1934, 1935, 1957, 1961, 1962) montou uma nova comissão técnica, muito mais eficiente do que as anteriores.

A Comissão foi composta pelo médico Victor Guisar, pelo técnico inglês Charles Williams e pelo superintendente Nicolas Ladanyi. O húngaro vinha com tal prestígio que levou o técnico Williams a solicitar a demissão e quem passou a auxiliar o novo técnico Ladanyi foi Nilo Braga, que se manteve jogando e marcando gols.

O húngaro naturalizado americano aplicou um programa de treinamento inspirado na psicanálise e a estrutura montada a partir da presidência permitiu ao Botafogo tornar-se tetracampeão carioca e conquistar cinco títulos em apenas seis anos. As campanhas destes títulos assinalaram 75 vitórias, 22 empates e 16 derrotas, 320 gols a favor e 176 contra, e o goleador Carvalho Leite marcou gol em 79 ocasiões.

Nicolas Ladanyi ganhou os campeonatos de 1930 e 1932, saindo em 1933 do comando técnico do Glorioso, mas deixando as sementes que levaram à 1ª grande época de ouro do futebol botafoguense após os primórdios do século XX, quando Flávio Costa fundou o Botafogo Football Club e culminou na fabulosa campanha de 1910, a qual rendeu ao clube o eterno apelido de ‘Glorioso’.

Em 1933 o Capitão Ladanyi ingressou no América F. C. e em 1934 regressou à América do Norte por uns meses, passando a dirigir, em outubro desse mesmo ano, novamente no Rio de Janeiro, o futebol da Liga de Sports da Marinha. Em 1938 desempenha o cargo de diretor do Departamento de Publicidade do Casino da Urca e em maio de 1939 regressa ao Botafogo como preparador físico, tendo como treinador José Ferreira Lemos (Juca), mas a sua estadia não chega a durar um mês.

Ladanyi manteve-se à frente do futebol da Liga dos Sports da Marinha até início da década de 1940, acumulando com o cargo no Casino da Urca, e mais tarde fez parte da equipa de gestão do Hotel Quitandinha, em Petrópolis.

O período de ouro do tetracampeonato carioca conquistado pelo Botafogo em 1932-1933-1934-1935, treinado neste último ano por Carlito Rocha e tendo nos seus quadros Leônidas da Silva, o ‘Diamante Negro’, findou quando Paulo Antônio Azeredo se licenciou da presidência. Tal sucesso apenas se tornou a repetir com os fabulosos times de 1957 a 1970, novamente pela mão de Paulo Antônio Azeredo na presidência.

Nicolas Ladanyi foi, indubitavelmente, uma aposta vencedora do presidente do clube e a grande mola propulsora de uma equipa de craques a jogar futebol moderno, os quais participaram em massa na Copa do Mundo de 1934. Curiosamente, trinta anos mais tarde, outro húngaro, Aladar Szabo, revolucionaria o pólo aquático brasileiro e botafoguense – tornando-nos uma potência também no pólo aquático na década de 1960.