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O Ipatinga é o último classificado, a equipa mais vazada do campeonato e jogou no Engenhão. Por maioria de razão o Botafogo teria que vencer. Mas em futebol isso não é tão líquido assim, porque o Ipatinga foi empatar na casa do campeão brasileiro e não tinha perdido ainda por mais de dois gols de diferença.
Isto significa que, apesar de favorito, o Botafogo não seria um favorito para uma goleada tranquila de quatro gols, concretizada em cerca de cinquenta minutos. Ademais, o Botafogo já mostrara algo diferente no 1º tempo contra o Santos, confirmando-o no jogo de ontem.
Se é certo que não teci nenhuma crítica especial a Geninho, dando-lhe o benefício da dúvida por um tempo, também é certo que não o elogiei por ter dado novo fôlego à equipa – porque realmente não deu. Porém, é certo que nos dois últimos jogos, e mesmo sem tempo de treino, a mesma equipa de algumas semanas atrás está aparentemente diferente. Significa que alguém que chegou de novo se fez sentir – Ney Franco.
No entanto, ocorre-me que os torcedores não queriam Geninho nem Ney Franco há cinquenta dias atrás. Hoje, pressinto que a torcida começa desde já a aplaudir Ney Franco. E porquê?...
Em minha opinião é simples: presos do ‘síndrome cuca’ os torcedores não aceitariam ninguém – ou quase ninguém – de bom grado. Foi preciso aparecer Geninho para que o seu insucesso baixasse as expectativas e outro treinador já pudesse ser bem-vindo. A ‘teoria das expectativas’ funciona mesmo e Geninho foi o ‘bode expiatório’ do assunto. Foi preciso chegar Geninho, não vencer nem convencer, para Ney Franco ganhar espaço.
E espero mesmo que ganhe, porque o ‘síndrome cuca’ da torcida é francamente desolador. Geninho foi punido pela sua campanha, mas que dizer da campanha que Cuca tem no Santos?...
Leio notícias do Botafogo, e lá vem o Cuca. Oiço relatos na rádio, e lá vem o Cuca. Vejo jogos na televisão, e lá vem o Cuca. Jornalistas, locutores e outros não sabem falar do Botafogo sem referir o Cuca… Cada jogada boa é ‘herança’ do Cuca, mas cada jogada má – das muitas do tempo de Cuca (2º turno do Brasileirão 2007 e todos os jogos pós Taça Rio 2008) – já não são referidas como ‘herança’ do Cuca. Em 2007 o treinador quis regressar dez dias depois do ‘desastre argentino’ e a diretoria despediu logo o Sérgio; Geninho saiu agora e a diretoria foi outra vez à procura do Cuca… Estou a ficar entediado com isso… O meu Botafogo não vai a lado nenhum com tal comportamento neurótico… Acabemos com esse síndrome!... Cuca é passado, Ney é presente, o Botafogo é futuro. E não tendo sido a minha escolha preferida, Ney é jovem e tem curriculum. E arrisco dizer, desde já, que está mexendo realmente na equipa.
O que vi ontem em cinquenta minutos de jogo (os restantes quarenta foram de poupança, experiências e treino) ainda não tinha acontecido desde a final da Taça Rio: equipa focalizada, jogadas simples e rápidas, jogo de conjunto, vontade de ganhar.
Desde cedo o Botafogo tocou a bola com rapidez e em sete remates à baliza fez três gols no 1º tempo. Wellington Paulista tornou a soltar-se novamente desde o jogo contra o Santos, Jorge Henrique – apesar de trapalhão ainda – foi mais aplicado, Thiaguinho jogou um ‘bolão’ (com presença nos lances capitais), Zé Carlos está retornando a bons jogos, Triguinho confirmou que pode ser um bom lateral, e até Lúcio Flávio e Túlio jogaram melhor. Embora, em minha opinião, Lúcio Flávio esteja a passar uma fase quase tão má como a que ocorreu com Wellington Paulista.
Deste Botafogo gostei bastante do ataque, que tornou a fazer gols bonitos (Zé Carlos e Wellington Paulista) e gols oportunos (os de Jorge Henrique), e do meio-campo – ao qual ainda falta Carlos Alberto –, mas ainda receio outras coisas que Ney já percebeu: muita perda de passes, algum individualismo que me parece fácil de corrigir, mas, sobretudo, uma defesa que não dá nenhuma garantia de segurança. O meu coração acelera-se de cada vez que o ataque adversário também acelera e deixa quase sempre para trás o Renato Silva e o André Luiz.
Castillo ontem esteve bem, até porque não houve trabalho para ele, mas tem saídas muito ineficazes (o Santos poderia ter marcado mais gols por isso), enquanto os dois zagueiros não têm realmente qualidade. Renato Silva é um verdadeiro pereba de fazer inveja ao ‘velho’ Perivaldo e André Luiz gosta demais do chutão para a frente. É de notar que André Luiz, no Benfica, foi quase sempre reserva porque nunca confirmou os dotes que supostamente teria – e que não tem. Continuo a pensar que o lugar é de Ferrero (em forma) e que é necessário contratar titular para um Renato Silva como reserva. Concordo inteiramente com Ney quando aponta a necessidade de um lateral direito e um zagueiro…
No jogo de ontem ficou evidente que esta equipa pode fazer muito mais do que tem feito e que o papel do treinador é essencial. Creio que Ney Franco conseguiu reinspirar os jogadores viciados da ‘era cuca’ e os jogadores acomodados da ‘era geninho’.
Espero poder vir a aderir inteiramente a Ney Franco. Se à competência que parece ter for capaz de juntar autoridade e discernimento, creio que terá sucesso. As suas declarações foram bastante profissionais quando se referiu a metas para a Copa Sul-Americana e, especialmente, quando afirmou algo como “agora que estou representando o Botafogo e esta camisa…”. É isso, amigos!... Não quero que treinadores ou jogadores que nunca torceram pelo Botafogo lhe façam juras de amor. Para isso estamos cá nós – os BOTAFANÁTICOS!...
O que eu pretendo é um treinador e jogadores que representem o clube e a camisa com profissionalismo, aplicação, vontade e ambição. Parece-me que Ney tem ambição e que posturas como as de Thiaguinho têm aplicação e vontade. E que estes atributos são imprescindíveis ao profissionalismo que eu – talvez todos nós – exigimos a quem representa a nossa amada camisa.
FICHA TÉCNICA
Botafogo 4x0 Ipatinga
Gols: Zé Carlos, 6' 1ºT, Wellington Paulista, 18' 1ºT, Jorge Henrique 43' 1ºT e 7' 2ºT
Estádio Olímpico João havelange, o ‘Engenhão’, 16/07/2008
Arbitragem: Arilson Bispo da Anunciação (BA); Adson Márcio Lopes Leal (BA) e Gelson Pimentel Rodrigues (ES)
Cartões Amarelos: Renato Silva, Jorge Henrique e Thiaguinho (BOT); Augusto Recife e Leandro Salino (IPA)
Botafogo: Castillo, Renato Silva, André Luiz (Lucas Silva) e Triguinho; Thiaguinho, Túlio, Diguinho, Lúcio Flávio (Gil) e Zé Carlos; Jorge Henrique e Wellington Paulista (Leandro Guerreiro). Técnico: Ney Franco.
Ipatinga: Rodrigo Posso, Tiago Vieira, Gian, Léo Oliveira; Leandro Salino, Augusto Recife, Xaves (Márcio Gabriel), Sandro (Paulinho Dias) e Adeílson; Marinho (Luciano Mandi) e Neto Baiano. Técnico: Ricardo Drubscky
Isto significa que, apesar de favorito, o Botafogo não seria um favorito para uma goleada tranquila de quatro gols, concretizada em cerca de cinquenta minutos. Ademais, o Botafogo já mostrara algo diferente no 1º tempo contra o Santos, confirmando-o no jogo de ontem.
Se é certo que não teci nenhuma crítica especial a Geninho, dando-lhe o benefício da dúvida por um tempo, também é certo que não o elogiei por ter dado novo fôlego à equipa – porque realmente não deu. Porém, é certo que nos dois últimos jogos, e mesmo sem tempo de treino, a mesma equipa de algumas semanas atrás está aparentemente diferente. Significa que alguém que chegou de novo se fez sentir – Ney Franco.
No entanto, ocorre-me que os torcedores não queriam Geninho nem Ney Franco há cinquenta dias atrás. Hoje, pressinto que a torcida começa desde já a aplaudir Ney Franco. E porquê?...
Em minha opinião é simples: presos do ‘síndrome cuca’ os torcedores não aceitariam ninguém – ou quase ninguém – de bom grado. Foi preciso aparecer Geninho para que o seu insucesso baixasse as expectativas e outro treinador já pudesse ser bem-vindo. A ‘teoria das expectativas’ funciona mesmo e Geninho foi o ‘bode expiatório’ do assunto. Foi preciso chegar Geninho, não vencer nem convencer, para Ney Franco ganhar espaço.
E espero mesmo que ganhe, porque o ‘síndrome cuca’ da torcida é francamente desolador. Geninho foi punido pela sua campanha, mas que dizer da campanha que Cuca tem no Santos?...
Leio notícias do Botafogo, e lá vem o Cuca. Oiço relatos na rádio, e lá vem o Cuca. Vejo jogos na televisão, e lá vem o Cuca. Jornalistas, locutores e outros não sabem falar do Botafogo sem referir o Cuca… Cada jogada boa é ‘herança’ do Cuca, mas cada jogada má – das muitas do tempo de Cuca (2º turno do Brasileirão 2007 e todos os jogos pós Taça Rio 2008) – já não são referidas como ‘herança’ do Cuca. Em 2007 o treinador quis regressar dez dias depois do ‘desastre argentino’ e a diretoria despediu logo o Sérgio; Geninho saiu agora e a diretoria foi outra vez à procura do Cuca… Estou a ficar entediado com isso… O meu Botafogo não vai a lado nenhum com tal comportamento neurótico… Acabemos com esse síndrome!... Cuca é passado, Ney é presente, o Botafogo é futuro. E não tendo sido a minha escolha preferida, Ney é jovem e tem curriculum. E arrisco dizer, desde já, que está mexendo realmente na equipa.
O que vi ontem em cinquenta minutos de jogo (os restantes quarenta foram de poupança, experiências e treino) ainda não tinha acontecido desde a final da Taça Rio: equipa focalizada, jogadas simples e rápidas, jogo de conjunto, vontade de ganhar.
Desde cedo o Botafogo tocou a bola com rapidez e em sete remates à baliza fez três gols no 1º tempo. Wellington Paulista tornou a soltar-se novamente desde o jogo contra o Santos, Jorge Henrique – apesar de trapalhão ainda – foi mais aplicado, Thiaguinho jogou um ‘bolão’ (com presença nos lances capitais), Zé Carlos está retornando a bons jogos, Triguinho confirmou que pode ser um bom lateral, e até Lúcio Flávio e Túlio jogaram melhor. Embora, em minha opinião, Lúcio Flávio esteja a passar uma fase quase tão má como a que ocorreu com Wellington Paulista.
Deste Botafogo gostei bastante do ataque, que tornou a fazer gols bonitos (Zé Carlos e Wellington Paulista) e gols oportunos (os de Jorge Henrique), e do meio-campo – ao qual ainda falta Carlos Alberto –, mas ainda receio outras coisas que Ney já percebeu: muita perda de passes, algum individualismo que me parece fácil de corrigir, mas, sobretudo, uma defesa que não dá nenhuma garantia de segurança. O meu coração acelera-se de cada vez que o ataque adversário também acelera e deixa quase sempre para trás o Renato Silva e o André Luiz.
Castillo ontem esteve bem, até porque não houve trabalho para ele, mas tem saídas muito ineficazes (o Santos poderia ter marcado mais gols por isso), enquanto os dois zagueiros não têm realmente qualidade. Renato Silva é um verdadeiro pereba de fazer inveja ao ‘velho’ Perivaldo e André Luiz gosta demais do chutão para a frente. É de notar que André Luiz, no Benfica, foi quase sempre reserva porque nunca confirmou os dotes que supostamente teria – e que não tem. Continuo a pensar que o lugar é de Ferrero (em forma) e que é necessário contratar titular para um Renato Silva como reserva. Concordo inteiramente com Ney quando aponta a necessidade de um lateral direito e um zagueiro…
No jogo de ontem ficou evidente que esta equipa pode fazer muito mais do que tem feito e que o papel do treinador é essencial. Creio que Ney Franco conseguiu reinspirar os jogadores viciados da ‘era cuca’ e os jogadores acomodados da ‘era geninho’.
Espero poder vir a aderir inteiramente a Ney Franco. Se à competência que parece ter for capaz de juntar autoridade e discernimento, creio que terá sucesso. As suas declarações foram bastante profissionais quando se referiu a metas para a Copa Sul-Americana e, especialmente, quando afirmou algo como “agora que estou representando o Botafogo e esta camisa…”. É isso, amigos!... Não quero que treinadores ou jogadores que nunca torceram pelo Botafogo lhe façam juras de amor. Para isso estamos cá nós – os BOTAFANÁTICOS!...
O que eu pretendo é um treinador e jogadores que representem o clube e a camisa com profissionalismo, aplicação, vontade e ambição. Parece-me que Ney tem ambição e que posturas como as de Thiaguinho têm aplicação e vontade. E que estes atributos são imprescindíveis ao profissionalismo que eu – talvez todos nós – exigimos a quem representa a nossa amada camisa.
FICHA TÉCNICA
Botafogo 4x0 Ipatinga
Gols: Zé Carlos, 6' 1ºT, Wellington Paulista, 18' 1ºT, Jorge Henrique 43' 1ºT e 7' 2ºT
Estádio Olímpico João havelange, o ‘Engenhão’, 16/07/2008
Arbitragem: Arilson Bispo da Anunciação (BA); Adson Márcio Lopes Leal (BA) e Gelson Pimentel Rodrigues (ES)
Cartões Amarelos: Renato Silva, Jorge Henrique e Thiaguinho (BOT); Augusto Recife e Leandro Salino (IPA)
Botafogo: Castillo, Renato Silva, André Luiz (Lucas Silva) e Triguinho; Thiaguinho, Túlio, Diguinho, Lúcio Flávio (Gil) e Zé Carlos; Jorge Henrique e Wellington Paulista (Leandro Guerreiro). Técnico: Ney Franco.
Ipatinga: Rodrigo Posso, Tiago Vieira, Gian, Léo Oliveira; Leandro Salino, Augusto Recife, Xaves (Márcio Gabriel), Sandro (Paulinho Dias) e Adeílson; Marinho (Luciano Mandi) e Neto Baiano. Técnico: Ricardo Drubscky
2 comentários:
OI Rui,
Uma boa tarde.
Acredito em Ney Franco..O problema dele,foi que no Flamengo virou ídolo rápidamente,como sempre acontece com a fraimpressa.hehehe.
E perdeu depois o foco com o trabalho.Pois,era entrevistado todos os dias e apareceu até tocando violão..hehehe.
A|gora no Botafogo não tem tanta badalação (que bom prá nos).
Com certeza ele sentiu que o geninho não ia durar muito e ficou acompanhando o nosso Botafogo.
Se a parceiria não intrometer na escalação , tudo bem..
Domingo tem a pedreira no Morumbi,
Se o resultado não for bom, espero que as vivuvas do cuca-lelé não apareçam chorando a volta dele.
Um abraço.
Obs.desculpe mas estou devendo uma resposta para vc ,sobre minha emoção da final de 1957.Juntamente com meu pai..Agiarde...hehehehe
Geninho moreira
Oi, Geninho.
Desejo que a sua crença seja... uma felicidade!!!...
No Morunbi será duro, sim. E no Maracanã contra o Flamengo, mas... quem sabe?... Futebol é 'caixinha de surpresas' e no futebol brasileiro ainda mais. O último não foi empatar no Morumbi com os bi-campeões?...
Estou aguardando sobre 1957. Não tem problema. O blogue vai seguindo até receber o seu contributo.
Saudações Botafoguenses
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