sábado, 19 de dezembro de 2009

Didi

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por Eduardo Galeano

Os jornalistas consagraram-no como o melhor criador de jogo do Mundial de 58.

Ele foi o eixo da seleção brasileira. Corpo enxuto, pescoço alto, estátua erguida de si mesmo, Didi parecia um ícone africano erguido no centro do campo. Lá era dono e senhor. Desde lá, disparava suas flechas envenenadas.

Ele era o mestre do passe em profundidade, meio gol que se fazia inteiro nos pés de Pelé, Garrincha ou Vavá, mas também fazia seus próprios gols. Disparando de longe, enganava o arqueiro com a FOLHA SECA: chutava a bola com o perfil do pé e ela saia girando e girando voava, dava cambalhotas e mudava de rumo como una folha seca perdida no vento, até que se metia entre as traves pelo ângulo aonde o guarda-metas não a esperava.

Didi jogava quieto. Assinalando a bola, dizia:

– “Quem corre é ela”.

Ele sabia que ela estava viva.

Fonte
http://www.contrapie.com/vercronicas.asp?ID=976&idioma=3
Eduardo Galeano: El fútbol a sol y sombra, Ediciones del Chanchito, Montevideo, 1995

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