
O nosso Botafogo continua a surpreender. De goleado a campeão absoluto do Rio e a destruidor de tabus. Venceu os outros três grandes do Rio em decisões, travou a desenfreada caminhada do ‘flapito’ e desbancou o São Paulo em pleno Morumbi 15 anos depois da última vitória.
É tempo de vitória?... É… É tempo de alegria?... É… Campeões e, ainda que apenas simbolicamente, classificados no G4 (e com zagueiro artilheiro!) depois de termos enfrentado Santos e São Paulo, duas das melhores equipas brasileiras da atualidade.
É tempo de alegria?... É… Mas será tempo de exultação?...
O nosso amado Botafogo possui, em minha opinião, três armas realmente indestrutíveis em 2010 e até agora:
» Um fantástico guardião muito cioso das suas redes.
» Um treinador experiente, atento ao desenrolar dos jogos e de tática feia extremamente adequada ao futebol que se pratica nos gramados brasileiros.
» Uma equipa que se supera psicologicamente a cada momento, ultrapassando as suas evidentes dificuldades e mostrando-se robusta na persistência e no crédito que impôs à própria comunicação social, que sem saber como avaliar a equipa do Glorioso (por ignorância técnico-profissional dos jornalistas esportivos cegos a tudo o que não seja rubro-negro), a considera candidata ao título. Que por enquanto não é, obviamente.
Creio que este é um aspecto essencial para se resgatar o nosso Botafogo ‘antigo’: impor unilateralmente crédito ao exterior a partir de dentro. E, realce-se, continua a ser Joel Santana o homem forte que nos recuperou do abominável chororô ‘cuquista’ e das lideranças frágeis de Ney Franco e Estevam Soares. É Joel Santana o homem que dá força a esta equipa, que a faz acreditar, que a faz superar-se, que a faz vencer no Morumbi depois de se dar ao luxo de iniciar displicentemente o jogo e conseguir a virada já no final – o ‘costumeiro sofrimento’ que ultimamente tem dado algum prazer face aos resultados finais. Vejam a sequência: Fluminense (V), Flamengo (V), Corinthians (E), Coritiba (V), Santos (E) e São Paulo (V).
Na verdade, como tem sido normal nas partidas do Botafogo em 2010, o jogo foi tecnicamente abaixo da média em ambas as equipas. A nossa equipa joga feio e com uma impressionante marca de passes errados em cada jogo, mas o seu futebol feio, calculista e de contra-ataque não deixa as outras equipas jogar o seu futebol – e acaba por lhes ganhar.
Tendo em consideração o futebol dos últimos anos, o padrão de jogo do Botafogo e o seu esquema tático não deverão mudar muito, até porque tanto o padrão como a tática têm sido indiscutivelmente vitoriosos. Por mais que os detratores de Joel Santana queiram minimizar as opções dele, a verdade é que elas dão-lhe títulos atrás de títulos e em decisões ele é imbatível. Por alguma razão os outros não são imbatíveis em decisões e ele é. Creio que a sua única infelicidade de 2010 foi a falta de clareza na gestão do convite feito pelos cathartiformes, o qual deveria ter sido liminarmente recusado. Mas vamos ao jogo propriamente dito.
O Botafogo inicia o jogo com uma escalação muito aceitável. Apesar disso, eu teria escalado Marcelo Cordeiro pela esquerda e desviado Somália para o lado direito em lugar de Alessandro, que entendo estar a mais no Botafogo desde sempre (é leal ao nosso clube, mas tecnicamente é muito fraco).
Entretanto, iniciámos o jogo desarticuladamente como é costume e aos 8 minutos poderíamos estar perdendo por 2x0. Em duas oportunidades, o São Paulo inaugurou o marcador e fez 1x0. É o mote para o Botafogo reagir, como tem sido costume. Começou a jogar melhor futebol e, em pouco tempo, com contra-ataques precisos e jogadas de bola parada, Antônio Carlos fez dois gols legais, um deles anulado pela arbitragem.
Ao contrário do que alguns dizem, o 1º gol é absolutamente legítimo porque Herrera e o adversário puxado não estão na jogada e Antônio Carlos cabeceia sózinho legalmente. Na segunda jogada o nosso zagueiro apenas toca levemente nas costas de Washington para ganhar espaço e não o desequilibra, fazendo um gol limpo. Estranho, aliás, que o próprio zagueiro não tenha sido peremptório na entrevista que fez desmentindo a falta, porque em nenhuma parte do mundo teria sido falta. Nem mesmo no Brasil onde os árbitros assinalam qualquer toque ocorrido entre jogadores e não deixam jogar futebol (excepto quando não marcam penalidades máximas evidentes para proteger os cathartiformes e outros beneficiários).
E fora as jogadas dos três gols, pouco mais aconteceu na 1ª parte. O São Paulo mostrou-se lento e incapaz de ameaçar a baliza botafoguense após marcar o gol aos 8 minutos. O Botafogo tocou a bola, controlou o jogo, esperou o contra-ataque e empatou com o oportunismo de Antônio Carlos, mostrando que a equipa permanece carente de goleadores.
Entretanto, Jefferson não era assediado, a defesa do Botafogo marcava adiantado e o São Paulo não conseguia entrar na área, mas o inacreditável meio campo, composto por uma nulidade chamada Sandro Silva e por um Lúcio Flávio que só aparece na cobrança de faltas, foram incapazes de alimentar o ataque. Amigos, não exagero: Sandro Silva errou TODOS os passes que fez, sejam curtos, médios ou longos. Um desastre. Lúcio Flávio convenceu-me finalmente que deve terminar o contrato e partir. É curioso que nos dois últimos títulos cariocas conquistados por nós, Lúcio Flávio estava impedido de jogar… É uma excelente pessoa, mas uma equipa não vive só disso…
Por conta de um meio campo inoperante, o ataque nunca foi alimentado e Herrera viu-se completamente perdido sem a orientação de Loco Abreu. Por seu lado, Caio continua muito aquém do que se esperava. É certo que corre, que dá alguns bons passes, mas o gol que ele perdeu à boca da baliza nos últimos minutos da final da Taça Rio e o gol que perdeu ontem aos 80 minutos sem Rogério Ceni na baliza, creio que nem um juvenil o perdia. Isto significa que se precisamos claramente de zagueiros, também precisamos urgentemente de um armador como Maicosuel e de um homem-gol, que nunca deverá ser, em minha opinião, Jobson.
Eu contrataria dois zagueiros, Maicosuel e um centroavante. E colocaria Alessandro na reserva substituindo-o por Somália – uma inesperada surpresa positiva.
No segundo tempo o jogo piorou. O São Paulo manteve-se lento e com a posse de bola. O Botafogo retraído, mas com marcação adiantada, aguardava o golpe de contra-ataque. Joel Santana utilizou, de certo modo, a tática de Mourinho que abateu o Barcelona: dar a bola ao adversário, controlá-la nos pés deles e aproveitar algum passe errado para marcar o gol da virada.
Porém, Joel percebeu, subitamente, que poderia ganhar o jogo, e, diga-se em abono da verdade, o homem nunca foi covarde, ao contrário de Cuca ou de Ney Franco, que perderam jogos absurdos por medo. Então, fez as três substituições cirúrgicas para a vitória: saída do inacreditável Alessandro para a entrada de Marcelo Cordeiro e substituição do meio campo Sandro Silva e Lúcio Flávio por Edno e Renato. Foi o suficiente e o apropriado para mudar o jogo.
Efetivamente, a 2ª parte foi de adormecer. O São Paulo teve uma oportunidade apenas 60 minutos de jogo com um chute bem defendido por Jefferson, e o Botafogo teve a sua 1ª oportunidade por Herrera apenas aos 22 minutos. Falhada porque Herrera foi uma sombra de si mesmo. O São Paulo somente voltaria a incomodar Jefferson aos 89 minutos com um chute de fora da área, espalmado pelo melhor guardião brasileiro da atualidade (dentro e fora do Brasil).
Quando Joel percebeu que o São Paulo fora adormecido pela nossa tática, mudou subitamente para um esquema mais ofensivo e a entrada de Edno e Renato deram uma nova velocidade ao nosso ataque. Especialmente Renato rompeu com a defesa adversária e foi ele, numa entrada fulminante proporcionada por uma jogada inteligente de Herrera, que fez o gol da virada aos 87 minutos de jogo. Também começamos a saber ganhar no fim, em vez de perder.
Surpreendentemente a (fraca) zaga aguenta-se capitaneada por Antônio Carlos, claramente em ascensão de forma e um precioso cabeceador dentro da área adversária, mostrando que não temos atacantes e que não é preciso a altura de Loco Abreu para marcamos gols de cabeça. O meio campo é frágil e está mesmo precisando de Maicosuel, ou de outro armador afamado, em vez da contratação de uma multidão de volantes e meio campistas que são, na melhor das hipóteses, apenas medianos.
O ataque precisa de homem: Loco Abreu é inteligente e movimenta-se muito bem, mas é lento e jamais um ‘matador’; Herrera, apesar da sua garra insuperável, é mediano e depende muito do seu par; Caio ainda é muito individualista e absolutamente ‘verde’ a finalizar, perdendo gols inaceitáveis para o ‘craque’ que alguns anunciam que ele é. Em minha opinião, Caio deve ser titular, mas não é absolutamente nada do ‘cracão’ que alguns dizem ser. Compará-lo a Neymar é quase heresia futebolística…
Em suma, eu penso que temos Botafogo se as contratações que vierem forem adequadas (por exemplo, Jobson poderá ser um erro crasso em que eu não arriscaria) e se Joel Santana mantiver a sua peugada psicológica forte. Com a consistência de grupo que existe, a melhoria técnica advinda de três a quatro peças indispensáveis e com o mau futebol jogado pela maioria dos clubes, o Botafogo poderá aspirar acima do 7º lugar do Botafogo de Ney Franco em 2008, que foi a melhor classificação dos últimos anos no campeonato brasileiro.
Apesar disso, partilho a opinião de Roger, atleta do Cruzeiro, entrevistado na Lancenet: – “Acho que o futebol está chato. São poucos jogos de qualidade. Por isso todos querem ver o futebol bonito do Santos.”
Confesso-vos que dou inteira razão a Roger. Reconheço que a nossa opção futebolística, em virtude de um plantel tecnicamente frágil, é a melhor – dando títulos e vitórias –, mas detesto o futebol jogado pelo Botafogo com jogadores de mediana e de baixa qualidade. Não é por ser defensivo, não. É por ser geralmente mau em toda a extensão do campo, exceptuando as fabulosas exibições na linha da nossa baliza.
Por isso é que se torna essencial obter três a quatro reforços de bom nível: para melhorar o padrão futebolístico, para equilibrar mais a equipa, para tornar o conjunto mais competitivo e para – quem sabe? – conseguirmos disputar um lugar na Copa Libertadores.
FICHA TÉCNICA
Botafogo 2x1 São Paulo
» Gols: Antônio Carlos 27’ e Renato Cajá 87’ (Botafogo); Léo Lima 8’ (São Paulo)
» Competição: campeonato brasileiro
» Data: 16.05.2010
» Local: Estádio do Morumbi, em São Paulo
» Árbitro: Sandro Ricci (DF); assistentes: Marrubson Freitas (DF) e João Antônio Neto (DF)
» Cartões amarelos: Alessandro (Botafogo); Marcelinho Paraíba, Cicinho e Richarlyson (São Paulo)
» Público: 11.622
» Renda: R$ 266.756,05
» Botafogo: Jéfferson, Antônio Carlos, Fábio Ferreira e Fahel; Alessandro (Marcelo Cordeiro), Leandro Guerreiro, Sandro Silva (Edno), Lucio Flavio (Renato Cajá) e Somália; Herrera e Caio. Técnico: Joel Santana.
» São Paulo: Rogério Ceni; Renato Silva, Alex Silva e Richarlyson; Wellington (Cicinho), Jean, Cléber Santana, Léo Lima e Jorge Wagner; Marcelinho Paraíba (Marlos) e Washington (Fernandinho). Técnico: Ricardo Gomes.
É tempo de vitória?... É… É tempo de alegria?... É… Campeões e, ainda que apenas simbolicamente, classificados no G4 (e com zagueiro artilheiro!) depois de termos enfrentado Santos e São Paulo, duas das melhores equipas brasileiras da atualidade.
É tempo de alegria?... É… Mas será tempo de exultação?...
O nosso amado Botafogo possui, em minha opinião, três armas realmente indestrutíveis em 2010 e até agora:
» Um fantástico guardião muito cioso das suas redes.
» Um treinador experiente, atento ao desenrolar dos jogos e de tática feia extremamente adequada ao futebol que se pratica nos gramados brasileiros.
» Uma equipa que se supera psicologicamente a cada momento, ultrapassando as suas evidentes dificuldades e mostrando-se robusta na persistência e no crédito que impôs à própria comunicação social, que sem saber como avaliar a equipa do Glorioso (por ignorância técnico-profissional dos jornalistas esportivos cegos a tudo o que não seja rubro-negro), a considera candidata ao título. Que por enquanto não é, obviamente.
Creio que este é um aspecto essencial para se resgatar o nosso Botafogo ‘antigo’: impor unilateralmente crédito ao exterior a partir de dentro. E, realce-se, continua a ser Joel Santana o homem forte que nos recuperou do abominável chororô ‘cuquista’ e das lideranças frágeis de Ney Franco e Estevam Soares. É Joel Santana o homem que dá força a esta equipa, que a faz acreditar, que a faz superar-se, que a faz vencer no Morumbi depois de se dar ao luxo de iniciar displicentemente o jogo e conseguir a virada já no final – o ‘costumeiro sofrimento’ que ultimamente tem dado algum prazer face aos resultados finais. Vejam a sequência: Fluminense (V), Flamengo (V), Corinthians (E), Coritiba (V), Santos (E) e São Paulo (V).
Na verdade, como tem sido normal nas partidas do Botafogo em 2010, o jogo foi tecnicamente abaixo da média em ambas as equipas. A nossa equipa joga feio e com uma impressionante marca de passes errados em cada jogo, mas o seu futebol feio, calculista e de contra-ataque não deixa as outras equipas jogar o seu futebol – e acaba por lhes ganhar.
Tendo em consideração o futebol dos últimos anos, o padrão de jogo do Botafogo e o seu esquema tático não deverão mudar muito, até porque tanto o padrão como a tática têm sido indiscutivelmente vitoriosos. Por mais que os detratores de Joel Santana queiram minimizar as opções dele, a verdade é que elas dão-lhe títulos atrás de títulos e em decisões ele é imbatível. Por alguma razão os outros não são imbatíveis em decisões e ele é. Creio que a sua única infelicidade de 2010 foi a falta de clareza na gestão do convite feito pelos cathartiformes, o qual deveria ter sido liminarmente recusado. Mas vamos ao jogo propriamente dito.
O Botafogo inicia o jogo com uma escalação muito aceitável. Apesar disso, eu teria escalado Marcelo Cordeiro pela esquerda e desviado Somália para o lado direito em lugar de Alessandro, que entendo estar a mais no Botafogo desde sempre (é leal ao nosso clube, mas tecnicamente é muito fraco).
Entretanto, iniciámos o jogo desarticuladamente como é costume e aos 8 minutos poderíamos estar perdendo por 2x0. Em duas oportunidades, o São Paulo inaugurou o marcador e fez 1x0. É o mote para o Botafogo reagir, como tem sido costume. Começou a jogar melhor futebol e, em pouco tempo, com contra-ataques precisos e jogadas de bola parada, Antônio Carlos fez dois gols legais, um deles anulado pela arbitragem.
Ao contrário do que alguns dizem, o 1º gol é absolutamente legítimo porque Herrera e o adversário puxado não estão na jogada e Antônio Carlos cabeceia sózinho legalmente. Na segunda jogada o nosso zagueiro apenas toca levemente nas costas de Washington para ganhar espaço e não o desequilibra, fazendo um gol limpo. Estranho, aliás, que o próprio zagueiro não tenha sido peremptório na entrevista que fez desmentindo a falta, porque em nenhuma parte do mundo teria sido falta. Nem mesmo no Brasil onde os árbitros assinalam qualquer toque ocorrido entre jogadores e não deixam jogar futebol (excepto quando não marcam penalidades máximas evidentes para proteger os cathartiformes e outros beneficiários).
E fora as jogadas dos três gols, pouco mais aconteceu na 1ª parte. O São Paulo mostrou-se lento e incapaz de ameaçar a baliza botafoguense após marcar o gol aos 8 minutos. O Botafogo tocou a bola, controlou o jogo, esperou o contra-ataque e empatou com o oportunismo de Antônio Carlos, mostrando que a equipa permanece carente de goleadores.
Entretanto, Jefferson não era assediado, a defesa do Botafogo marcava adiantado e o São Paulo não conseguia entrar na área, mas o inacreditável meio campo, composto por uma nulidade chamada Sandro Silva e por um Lúcio Flávio que só aparece na cobrança de faltas, foram incapazes de alimentar o ataque. Amigos, não exagero: Sandro Silva errou TODOS os passes que fez, sejam curtos, médios ou longos. Um desastre. Lúcio Flávio convenceu-me finalmente que deve terminar o contrato e partir. É curioso que nos dois últimos títulos cariocas conquistados por nós, Lúcio Flávio estava impedido de jogar… É uma excelente pessoa, mas uma equipa não vive só disso…
Por conta de um meio campo inoperante, o ataque nunca foi alimentado e Herrera viu-se completamente perdido sem a orientação de Loco Abreu. Por seu lado, Caio continua muito aquém do que se esperava. É certo que corre, que dá alguns bons passes, mas o gol que ele perdeu à boca da baliza nos últimos minutos da final da Taça Rio e o gol que perdeu ontem aos 80 minutos sem Rogério Ceni na baliza, creio que nem um juvenil o perdia. Isto significa que se precisamos claramente de zagueiros, também precisamos urgentemente de um armador como Maicosuel e de um homem-gol, que nunca deverá ser, em minha opinião, Jobson.
Eu contrataria dois zagueiros, Maicosuel e um centroavante. E colocaria Alessandro na reserva substituindo-o por Somália – uma inesperada surpresa positiva.
No segundo tempo o jogo piorou. O São Paulo manteve-se lento e com a posse de bola. O Botafogo retraído, mas com marcação adiantada, aguardava o golpe de contra-ataque. Joel Santana utilizou, de certo modo, a tática de Mourinho que abateu o Barcelona: dar a bola ao adversário, controlá-la nos pés deles e aproveitar algum passe errado para marcar o gol da virada.
Porém, Joel percebeu, subitamente, que poderia ganhar o jogo, e, diga-se em abono da verdade, o homem nunca foi covarde, ao contrário de Cuca ou de Ney Franco, que perderam jogos absurdos por medo. Então, fez as três substituições cirúrgicas para a vitória: saída do inacreditável Alessandro para a entrada de Marcelo Cordeiro e substituição do meio campo Sandro Silva e Lúcio Flávio por Edno e Renato. Foi o suficiente e o apropriado para mudar o jogo.
Efetivamente, a 2ª parte foi de adormecer. O São Paulo teve uma oportunidade apenas 60 minutos de jogo com um chute bem defendido por Jefferson, e o Botafogo teve a sua 1ª oportunidade por Herrera apenas aos 22 minutos. Falhada porque Herrera foi uma sombra de si mesmo. O São Paulo somente voltaria a incomodar Jefferson aos 89 minutos com um chute de fora da área, espalmado pelo melhor guardião brasileiro da atualidade (dentro e fora do Brasil).
Quando Joel percebeu que o São Paulo fora adormecido pela nossa tática, mudou subitamente para um esquema mais ofensivo e a entrada de Edno e Renato deram uma nova velocidade ao nosso ataque. Especialmente Renato rompeu com a defesa adversária e foi ele, numa entrada fulminante proporcionada por uma jogada inteligente de Herrera, que fez o gol da virada aos 87 minutos de jogo. Também começamos a saber ganhar no fim, em vez de perder.
Surpreendentemente a (fraca) zaga aguenta-se capitaneada por Antônio Carlos, claramente em ascensão de forma e um precioso cabeceador dentro da área adversária, mostrando que não temos atacantes e que não é preciso a altura de Loco Abreu para marcamos gols de cabeça. O meio campo é frágil e está mesmo precisando de Maicosuel, ou de outro armador afamado, em vez da contratação de uma multidão de volantes e meio campistas que são, na melhor das hipóteses, apenas medianos.
O ataque precisa de homem: Loco Abreu é inteligente e movimenta-se muito bem, mas é lento e jamais um ‘matador’; Herrera, apesar da sua garra insuperável, é mediano e depende muito do seu par; Caio ainda é muito individualista e absolutamente ‘verde’ a finalizar, perdendo gols inaceitáveis para o ‘craque’ que alguns anunciam que ele é. Em minha opinião, Caio deve ser titular, mas não é absolutamente nada do ‘cracão’ que alguns dizem ser. Compará-lo a Neymar é quase heresia futebolística…
Em suma, eu penso que temos Botafogo se as contratações que vierem forem adequadas (por exemplo, Jobson poderá ser um erro crasso em que eu não arriscaria) e se Joel Santana mantiver a sua peugada psicológica forte. Com a consistência de grupo que existe, a melhoria técnica advinda de três a quatro peças indispensáveis e com o mau futebol jogado pela maioria dos clubes, o Botafogo poderá aspirar acima do 7º lugar do Botafogo de Ney Franco em 2008, que foi a melhor classificação dos últimos anos no campeonato brasileiro.
Apesar disso, partilho a opinião de Roger, atleta do Cruzeiro, entrevistado na Lancenet: – “Acho que o futebol está chato. São poucos jogos de qualidade. Por isso todos querem ver o futebol bonito do Santos.”
Confesso-vos que dou inteira razão a Roger. Reconheço que a nossa opção futebolística, em virtude de um plantel tecnicamente frágil, é a melhor – dando títulos e vitórias –, mas detesto o futebol jogado pelo Botafogo com jogadores de mediana e de baixa qualidade. Não é por ser defensivo, não. É por ser geralmente mau em toda a extensão do campo, exceptuando as fabulosas exibições na linha da nossa baliza.
Por isso é que se torna essencial obter três a quatro reforços de bom nível: para melhorar o padrão futebolístico, para equilibrar mais a equipa, para tornar o conjunto mais competitivo e para – quem sabe? – conseguirmos disputar um lugar na Copa Libertadores.
FICHA TÉCNICA
Botafogo 2x1 São Paulo
» Gols: Antônio Carlos 27’ e Renato Cajá 87’ (Botafogo); Léo Lima 8’ (São Paulo)
» Competição: campeonato brasileiro
» Data: 16.05.2010
» Local: Estádio do Morumbi, em São Paulo
» Árbitro: Sandro Ricci (DF); assistentes: Marrubson Freitas (DF) e João Antônio Neto (DF)
» Cartões amarelos: Alessandro (Botafogo); Marcelinho Paraíba, Cicinho e Richarlyson (São Paulo)
» Público: 11.622
» Renda: R$ 266.756,05
» Botafogo: Jéfferson, Antônio Carlos, Fábio Ferreira e Fahel; Alessandro (Marcelo Cordeiro), Leandro Guerreiro, Sandro Silva (Edno), Lucio Flavio (Renato Cajá) e Somália; Herrera e Caio. Técnico: Joel Santana.
» São Paulo: Rogério Ceni; Renato Silva, Alex Silva e Richarlyson; Wellington (Cicinho), Jean, Cléber Santana, Léo Lima e Jorge Wagner; Marcelinho Paraíba (Marlos) e Washington (Fernandinho). Técnico: Ricardo Gomes.
6 comentários:
Rui,
acho que Lúcio Flávio pode começar
jogando para no segundo entrar com
o Cajá.Tu pensa que é fácil jogar
com um Sandro Silva ao seu lado?
Abraços gloriosos!
AMIGO RUI - ESTIVE NO MORUMBI E LOGICAMENTE VIBREI COM A VITÓRIA GLORIOSA.
CONCORDO BASICAMENTE COM SUA ANÁLISE, MAS VOLTO A INSISTIR QUE ESTAMOS MUITO PREVISÍVEIS.
O SÃO PAULO NÃO PERCEBEU AS JOGADAS DO ALVINEGRO - AINDA BEM - E NA MINHA OPINIÃO JOEL DEMOROU UM POUCO PARA ENTRAR COM EDNO E RENATO CAJÁ.
MENOS MAL QUE RECUPERAMOS OS PONTOS PERDIDOS CONTRA O SANTOS.
AGORA TEMOS QUE GANHAR DO GOIÁS E PENSAR SERIAMENTE NO CRUZEIRO NO MEIO DA SEMANA QUE VEM.
AFIRMO - SE FIZERMOS DE 14 A 16 PONTOS NESSES 7 JOGOS E CONSEGUIRMOS REALMENTE OS REFORÇOS NECESSÁRIOS, ESTAREMOS FORTES PARA UMA VAGA DA LIBERTADORES E QUEM SABE DEPENDENDO DOS OUTROS A UM TÍTULO
SAUDAÇÕES ALVINEGRAS GLORIOSAS
MARCOS VENICIUS
É dose, sim, Muga. O Sandro é horrendo. E já teve várias oportunidades.
Abraços Gloriosos!
Marcos. é certo que às vezes o Joel demora nas substituições, mas acerta quase sempre no timing... Só quando teve a certeza que podia ganhar é que avançou. E ganhou.
Só com bons reforços é que chegamos a algum lado, porque a qualidade do passe e do remate é má. E a zaga é frágil e não tem substitutos no banco.
Abraços Gloriosos!
Perfeito, Rui!
Concordo inteiramente com sua observação sobre o grande erro que seria a recontratação de Jobson. Com o Caio, mesmo imaturo como você observa, Jobson seria mais do mesmo e sua personalidade ‘instável’, apesar de eu gostar de jogador ‘fora do padrão’, poderia alterar a ‘liga’ do time (isso é um chute).
Também concordo com relação à necessidade de um homem de área do tipo ‘matador’, de um meia agressivo e de bom ‘último passe’, de zagueiros mais rápidos e seguros e de pelo menos um lateral direito, contando com a contratação do tal de Léo, que dizem ser bom volante, porque apesar de muitos jogadores para esta função, o setor não me inspira confiança.
O Santo André seria uma ótima fonte de reforços, mas perdemos o bonde da história. Estavam ali o ‘matador’, Nunes, o rápido Rodriguinho, meias como Branquinho e Elvis, o lateral que foi pro Fluminense, Carlinhos, a zaga... Ótimos jogadores que foram reforçar outros clubes.
As observações sobre o Joel Santana também são muito acertadas, Rui. Sem querer de forma alguma ser irônico com o amigo Marcos Venicius, diria que a previsibilidade do Joel só nos trás boas surpresas. Ele é difícil de decifrar...
Saudações botafoguenses!
Luiz, uma das razões por não desejar o Jobson é porque é peça semelhante ao Caio, e uma equipa não deve ter repetições, mas diversidade para justamnete se equilibrar como grupo. A segunda razão é porque considero jobson um garoto irresp+onsável que deveria passar por uma recuperação profunda do seu vício e não começar já a jogar futebol. Seis meses não é nada para a gravidade da situação e isso não o faz aprender. Ele não foi responsável com o Botafogo ao consumir heroína num momento tão difícil como era o nosso. Se não tivessemos escapado da segundona o Jobson talvez fosse um dos jogadores que hoje os botafoguenses que o querem, acusariam. Prefiro o Caio e a contratação d eum matador de áreea em vez do Jobson.
Sobre o Joel, não sou grandemente seu simpatizante devido à forma como saiu em 1997 minimizando-nos, e porque se preparava para sair agora para o clube da beira da Lagoa deixando-nos envergonhados. Mas... previsível?... Um sujeito previsível não ganha tantos campeonatos em decisão. Previsível era o Cuca que perdia as decisões todas, mporque os colegas técnicos topam-lhe o jogo e enrolam-no facilmente. Só ganhou no Flamengo porque fomos surripiados. Mas, claro, os 'cuquistas' adoram a megera do chororô.
Abraços Gloriosos!
Enviar um comentário