
por Cesar Maia
Uma outra vez, eu estava no hall dos elevadores do Maracanã, subindo para a Cadeira Especial, e o Didi entra no mesmo elevador. Estava recuperando-se de uma contusão. Pedi um autógrafo a ele, na minha camisa do Botafogo, e tentei ser simpático. Na saída do elevador, lá em cima, não me contive e perguntei: - Seu Didi, posso fazer uma pergunta? Ele respondeu que sim e com calma encostou-se na grade e esperou.
- Todo mundo fica impressionado com seus passes em profundidade e mais ainda à longa distância. A bola sai de seu pé e chega certinha no pé do jogador, que corre para recebê-la.
Lembrei alguns passes para o Garrincha, para o Quarentinha, para o Paulo Valentim.... E completei: - Como é possível o senhor acertar direitinho e às vezes de tão longe, exatamente no pé do jogador que queria? O senhor combina com o outro jogador no treino e trocam sinais?
O mestre Didi, já cercado por uns quatro meninos, sorriu e afirmou: - Não é nada disso. É muito mais fácil do que você imagina. A única coisa que lembro a todos do ataque é que o objetivo é o gol e que eles devem estar sempre ou abrindo ou recuando para receber uma bola rolada, ou devem sempre que o lançador estiver com a bola entre as linhas intermediárias do Botafogo e do adversário, olhar para os zagueiros e correr na direção deles pelo lado dos mesmos.
E completou: - Eu estou sempre olhando os zagueiros adversários. Quando recebo a bola na intermediária levanto a cabeça, vejo o zagueiro que eu quero que a bola o drible, e faço o lançamento só olhando para ele. A bola deve passar acima da cabeça do zagueiro. A reação dele é tentar subir e cabecear. A bola passa por ele e cai na frente, livre entre quem vem de trás e o goleiro.
E finalizou: - Se o atacante não correu no espaço vazio à sua frente, a bola vai mansa para a mão do goleiro ou para a linha de fundo. Se correu, vou deixá-lo na cara do gol. Esse também é o princípio para passes em profundidade mais curtos. Se já estou na intermediária do adversário, olho para os zagueiros e empurro o bola rasteira entre dois zagueiros. O nosso atacante tem que vir de trás ou sair de trás dos zagueiros, buscando esses espaços. Lembrem como foi no jogo com a Áustria em 1958 quando empurrei uma bola assim para o gol do Nilton Santos. O segredo dos lançamentos está sempre em olhar para os zagueiros deles e não para quem vai receber.
Saí dali decorando tudo, repetindo e repetindo.
Referência:
http://www.fogaonet.com
Uma outra vez, eu estava no hall dos elevadores do Maracanã, subindo para a Cadeira Especial, e o Didi entra no mesmo elevador. Estava recuperando-se de uma contusão. Pedi um autógrafo a ele, na minha camisa do Botafogo, e tentei ser simpático. Na saída do elevador, lá em cima, não me contive e perguntei: - Seu Didi, posso fazer uma pergunta? Ele respondeu que sim e com calma encostou-se na grade e esperou.
- Todo mundo fica impressionado com seus passes em profundidade e mais ainda à longa distância. A bola sai de seu pé e chega certinha no pé do jogador, que corre para recebê-la.
Lembrei alguns passes para o Garrincha, para o Quarentinha, para o Paulo Valentim.... E completei: - Como é possível o senhor acertar direitinho e às vezes de tão longe, exatamente no pé do jogador que queria? O senhor combina com o outro jogador no treino e trocam sinais?
O mestre Didi, já cercado por uns quatro meninos, sorriu e afirmou: - Não é nada disso. É muito mais fácil do que você imagina. A única coisa que lembro a todos do ataque é que o objetivo é o gol e que eles devem estar sempre ou abrindo ou recuando para receber uma bola rolada, ou devem sempre que o lançador estiver com a bola entre as linhas intermediárias do Botafogo e do adversário, olhar para os zagueiros e correr na direção deles pelo lado dos mesmos.
E completou: - Eu estou sempre olhando os zagueiros adversários. Quando recebo a bola na intermediária levanto a cabeça, vejo o zagueiro que eu quero que a bola o drible, e faço o lançamento só olhando para ele. A bola deve passar acima da cabeça do zagueiro. A reação dele é tentar subir e cabecear. A bola passa por ele e cai na frente, livre entre quem vem de trás e o goleiro.
E finalizou: - Se o atacante não correu no espaço vazio à sua frente, a bola vai mansa para a mão do goleiro ou para a linha de fundo. Se correu, vou deixá-lo na cara do gol. Esse também é o princípio para passes em profundidade mais curtos. Se já estou na intermediária do adversário, olho para os zagueiros e empurro o bola rasteira entre dois zagueiros. O nosso atacante tem que vir de trás ou sair de trás dos zagueiros, buscando esses espaços. Lembrem como foi no jogo com a Áustria em 1958 quando empurrei uma bola assim para o gol do Nilton Santos. O segredo dos lançamentos está sempre em olhar para os zagueiros deles e não para quem vai receber.
Saí dali decorando tudo, repetindo e repetindo.
Referência:
http://www.fogaonet.com
2 comentários:
Rui,
A história é ótima, mas uma correção precisa ser feita, para o bem da verdade: quem tocou para o nosso Nilton Santos marcar contra a Áustria, em 1958, foi o Mazzola. Foi, aliás, uma tabela entre os dois. Saudações alvinegras!
Edson, às vezes os textos contêm certos erros de memória. Posso optar por publicar ntegralmnete, sem mais. Ou abrir colchetes corrigindo o autor. Tenho optado por reproduzir. E às vezes nem eu mesmo me lembro como foi. Obrigado pela 'reparação'.
Abraços Gloriosos!
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