quinta-feira, 13 de maio de 2010

O passe em profundidade do mestre Didi!

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por Cesar Maia

Uma outra vez, eu estava no hall dos elevadores do Maracanã, subindo para a Cadeira Especial, e o Didi entra no mesmo elevador. Estava recuperando-se de uma contusão. Pedi um autógrafo a ele, na minha camisa do Botafogo, e tentei ser simpático. Na saída do elevador, lá em cima, não me contive e perguntei: - Seu Didi, posso fazer uma pergunta? Ele respondeu que sim e com calma encostou-se na grade e esperou.

- Todo mundo fica impressionado com seus passes em profundidade e mais ainda à longa distância. A bola sai de seu pé e chega certinha no pé do jogador, que corre para recebê-la.

Lembrei alguns passes para o Garrincha, para o Quarentinha, para o Paulo Valentim.... E completei: - Como é possível o senhor acertar direitinho e às vezes de tão longe, exatamente no pé do jogador que queria? O senhor combina com o outro jogador no treino e trocam sinais?

O mestre Didi, já cercado por uns quatro meninos, sorriu e afirmou: - Não é nada disso. É muito mais fácil do que você imagina. A única coisa que lembro a todos do ataque é que o objetivo é o gol e que eles devem estar sempre ou abrindo ou recuando para receber uma bola rolada, ou devem sempre que o lançador estiver com a bola entre as linhas intermediárias do Botafogo e do adversário, olhar para os zagueiros e correr na direção deles pelo lado dos mesmos.

E completou: - Eu estou sempre olhando os zagueiros adversários. Quando recebo a bola na intermediária levanto a cabeça, vejo o zagueiro que eu quero que a bola o drible, e faço o lançamento só olhando para ele. A bola deve passar acima da cabeça do zagueiro. A reação dele é tentar subir e cabecear. A bola passa por ele e cai na frente, livre entre quem vem de trás e o goleiro.

E finalizou: - Se o atacante não correu no espaço vazio à sua frente, a bola vai mansa para a mão do goleiro ou para a linha de fundo. Se correu, vou deixá-lo na cara do gol. Esse também é o princípio para passes em profundidade mais curtos. Se já estou na intermediária do adversário, olho para os zagueiros e empurro o bola rasteira entre dois zagueiros. O nosso atacante tem que vir de trás ou sair de trás dos zagueiros, buscando esses espaços. Lembrem como foi no jogo com a Áustria em 1958 quando empurrei uma bola assim para o gol do Nilton Santos. O segredo dos lançamentos está sempre em olhar para os zagueiros deles e não para quem vai receber.

Saí dali decorando tudo, repetindo e repetindo.

Referência:
http://www.fogaonet.com

2 comentários:

Edson disse...

Rui,

A história é ótima, mas uma correção precisa ser feita, para o bem da verdade: quem tocou para o nosso Nilton Santos marcar contra a Áustria, em 1958, foi o Mazzola. Foi, aliás, uma tabela entre os dois. Saudações alvinegras!

Ruy Moura disse...

Edson, às vezes os textos contêm certos erros de memória. Posso optar por publicar ntegralmnete, sem mais. Ou abrir colchetes corrigindo o autor. Tenho optado por reproduzir. E às vezes nem eu mesmo me lembro como foi. Obrigado pela 'reparação'.

Abraços Gloriosos!

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