sábado, 5 de junho de 2010

Segurar a bola


A ironia fina e simples de Mané Garrincha mostra-se através de um belo exemplo numa excursão do Botafogo pela América Central.

O folclórico técnico Gentil Cardoso pediu à equipa que tocasse a bola para Garrincha, a fim de conter a pressão do adversário no final do jogo. O técnico desesperado gritava do banco:

– “Mané, segura a bola, Mané.” – E Garrincha domina, dribla um, dois, três, quatro, vai driblando, e driblando, e driblando. Ele e o goleiro. Passa pelo goleiro e... pára. Não faz o gol.

Surpreendentemente, Garrincha volta com a bola, segura, dribla, adianta, volta de novo, ameaça que vai, não vai, vai, não vai – como os sapos de Manuel Bandeira –, irrita o adversário, ninguém consegue tirar a bola do ponteiro de pernas tortas, avança, pára, pisa na bola, até que ela, teimosa, escapa. E o zagueiro isola para a lateral, enchendo o pé numa bicuda com raiva do mundo. É o momento de o técnico, também enraivecido com o craque, cobrar:

– “O que você tá fazendo, Mané? Por que não fez o gol, homem?”

E, calmamente, o craque vai até a lateral e pergunta ao treinador, cuidadoso para ninguém ouvi-lo:

– “Como fazer o gol, seu Gentil? Não foi o senhor mesmo que me pediu pra segurar a bola!?”

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