sábado, 1 de janeiro de 2011

Adhemar Bebianno: um grande patrono


Adhemar Alves Bebianno nasceu em 1905 e faleceu em 1984, tendo sido presidente do Botafogo de Futebol e Regatas entre 1944-1947, bem como diretor e vice-presidente em diversas ocasiões e, sobretudo, um Grande Benemérito do clube entre 1939 e o dia do seu último suspiro.

Adhemar Bebianno foi um patrono exemplar que suportou, em muitas ocasiões, as finanças do clube com os próprios recursos. A compra de Didi, atleta determinante como mentor das melhores equipas do futebol botafoguense de todos os tempos, foi realizada com o apoio de Bebianno por solicitação do então presidente Paulo Antônio Azeredo.

Nos anos de 1961/62/63, enquanto Nilton Santos, Didi, Garrincha, Quarentinha, Zagallo, Amarildo e outros tantos craques conquistavam o bicampeonato carioca, Neca (Manoel dos Santos Vitorino) preparava os futuros campeões de 1967-68 novamente com o apoio financeiro de Adhemar Bebianno.

Deste extraordinário botafoguense, que esteve por detrás de todas as grandes opções do Botafogo desde meados da década de 1940, contam-se muitas histórias. Todos sabemos que quem conta um conto acrescenta sempre um ponto, mas as nossas histórias – com pontos a mais ou não – são sempre uma delícia de pormenor e de clubismo inimitável.

Uma das coisas que o jornalista Roberto Porto conta de Bebianno – narrado por outrem – é que ele vetou a contratação de Zizinho com o argumento de que teria chutado o Biriba em General Severiano, e nem Nílton Santos teria conseguiu convencê-lo.

Porém, o pesquisador Carlos Vilarinho assegura que tal lenda não tem nenhum fundamento. Ele afirma que a lenda tem sido passado de pai para filho, remendada por altas patentes do Botafogo, mas não resiste a um exame sério da história do clube. Vilarinho garante que, em 1958, Zizinho, bancado por Nilton Santos e Sandro Moreyra, fez de tudo para trocar o São Paulo pelo Botafogo. Seus motivos eram estritamente pessoais. Saldanha gostara e fizera preço, mas o São Paulo não aceitou.

Conclui Vilarinho que Adhemar Bebianno e Carlito Rocha não tiveram nada a ver com essa história, muito menos o Biriba.

Mas, por falar em Carlito Rocha, uma das melhores histórias que conheço passadas com Adhemar Bebianno, segundo conta o botafoguense César Maia, tem por autoria o inimitável ‘pai’ do Biriba.


O neto de Adhemar Bebianno havia nascido e o então presidente Carlito Rocha foi visitá-lo em casa e levou um presente à mãe. Entretanto, estavam todos na sala e a jovem criança no quarto com a babá. Carlito Rocha chamou Bebianno à parte e disse-lhe: – “Como é que você deixa a criança sozinha no quarto com a babá, sem ninguém por perto?” – “Mas por quê?”, perguntou Bebianno. – “Cuidado! Muito cuidado, Bebianno. Essas babás são todas Flamengo...”, respondeu prontamente Carlito.


Mas, retornando ainda aos relatos de Roberto Porto, ele conta outra história  sobre o nosso emérito botafoguense – relatada por Juvenal Francisco Dias, campeão de 1948, que parece verosímil e mostra uma das facetas mais engraçadas de Bebianno.

Certo dia, cansado de usar chuteiras velhas, de envergar uniformes de treino rasgados, de fazer concentrações ruins e de tomar refeições de má qualidade, Juvenal aproximou-se de Bebianno e terá dito:

– “Doutor Bebianno, o senhor bem que poderia melhorar a nossa situação no Botafogo... Material, alimentação, essas coisas...O que é que o senhor acha?”

Bebianno olhou Juvenal de cima abaixo e disse uma frase que bem define o Botafogo daquela época:

– “Olha aqui, Juvenal: se o Botafogo melhorar, vira o Fluminense...”

 

Pesquisa de Rui Moura (blogue Mundo Botafogo)

6 comentários:

Anónimo disse...

Rui:

Antes de mais nada, desejo um ótimo 2011 pra você e, claro, para o nosso fabuloso BOTAFOGO.

Quanto aos netos de Adhemar Bebianno, se não me engano, conheci alguns deles. E, realmente, nenhum dos seis irmãos é BOTAFOGO: João (Lord John, por ter nascido em Stafford, Inglaterra), Kiki, Pedro, Celina, Serginho e Cristina. Esta última, quiseram os deuses, hoje está casada com um grande botafoguense: nosso amigo Marco Müller.

Abraços,
Marcelão

Ruy Moura disse...

Caro Marcelão, o seu comentário é muito revelador para mim: 1) afinal, uma vez mais, Carlito Rocha tinha razão, e as babás fizeram o trabalhinho na sombra com os netos de Bebianno; 2) Eu conheço a Cristina, de um dia que almocei com o Marcos, com ela e outros amigos, mas não sabia que era neta do Adhemar Bebianno (infelizmente fiquei sabendo nesse dia qual é o clube pelo qual a Cristina torce...).

Abraços Glooriosos!

Ruy Moura disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ruy Moura disse...

Fabuloso 2011 para si, Marcelão!

Abraço meu do tamanho de 365 dias!

Anónimo disse...

Oi Rui,
primeiramente, parabéns pelo artigo, me diverti bastante, bem legal!
Sou bisneta de Adhemar Bebianno e gostaria de corrigir a msg anterior, realmente os netos são seis, mas não são estes que foram citados e sim Luiz Philippe, Mauro, Gustavo, Flavia, Carlos Eduardo e Cristiano, todos são botafoguenses doentes, menos o primeiro, que inclusive é o primeiro neto, o mais velho, provavelmente aquele que estava com a babá. Rs... e não deu outra, virou flamenguista para desgosto do meu bivô. Rs...
Era isso. Um grande bj

Ruy Moura disse...

Cara amiga, ainda bem que o papá Adhemar percebeu a absoluta razão de Carlito Rocha e despediu a babá a partir do segundo filho! Assim conseguiu ganhar de virada por 5x1!!! (rs)

Também me diverti a fazer o artigo. Ainda agora estou sorrindo com a sua resposta. Eram pessoas e tempos absolutamente fabulosos!

Grande beijo a preto-e-branco!

Botafogo Campeão Metropolitano Sub-12 (todos os resultados)

Equipe completa. Crédito: Arthur Barreto / Botafogo. por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo O Botafogo sagrou-se Campeão Metropolitano...