por Darcio Oliveira, julho.2007
Tio! Tio! Ô, tio!
Nilton Santos caminhava pela praia de Copacabana, na altura do posto 12, e nem deu muita bola para o chamado. Achou que não era com ele. Não podia ser mesmo. Tio? O craque bicampeão do mundo pela Seleção Brasileira, 26 vezes campeão pelo Botafogo, jogador de tantas glórias, o primeiro lateral ofensivo da história, não podia ser simplesmente Tio. No máximo, Nilton. E, de repente, ele se lembrou daquela vez em que Vicente Feola, técnico da Seleção Brasileira em 1958, berrou do banco de reservas: "Volta Nilton, volta cacete, volta Nilton, cacete... Gol, Nilton, Golaço". Nilton ria, passeando pela praia.
Tio? Tio?
Era com ele mesmo. Não podia ser, mas era. Tá certo que ele já estava longe dos gramados havia alguns anos - e olha que Nilton jogou até os 39 -, mas a garotada da praia andava mal informada. Não era capaz de reconhecer Nilton Santos? Pelo visto, não. E dá-lhe Tio, tio, tio...
Vencido, o "Enciclopédia" olhou de lado. Um garoto magrinho, com seus 12, 13 anos, repetiu: Tio!
- O que é, garoto?
- Dá para inteirar o time? É que aqueles "cara" ali (o menino apontou para cinco garotos) estão me desafiando para um rachão. Aceita?
Nilton olhou os "cara", mais velhos que o magrelinha ao lado dele. Topou. Seu companheiro de time, como um autêntico Feola, foi logo avisando:
- Olha, tio, é só ficar parado, atrapalhando, que eu resolvo.
Nilton pensou: o molequinho aí acha que é Pelé. E sugeriu:
- Faz o seguinte: fica plantado lá na frente que eu roubo a bola e lanço. Vamos dar de goleada.
O garoto pensou: o tio aí acha que é Pelé.
Começa o rachão. O adversário vem para cima de Nilton. Ensaia um drible da vaca. A vaca vai para o brejo. Nilton rouba a bola e faz um lançamento para seu companheiro. Gol. Novo ataque. Outro adversário vem para cima de Nilton. Balança, ginga, pra lá, pra cá... Nilton recupera a redonda, dribla o segundo adversário, o terceiro, e empurra a bola para o gol.
E o jogo segue assim: firulas de um lado, Nilton resgata a bola e coloca o "Feolinha" na cara do gol. Placar final? "Nem me recordo. Foi uma das maiores goleadas da minha vida", conta Nilton Santos.
Quando o jogo acabou, o companheiro de Nilton lembrou-se:
- Tio, qual é mesmo o seu nome?
- É Nilton. Nilton Santos.
- Nilton Santos?! O "Enciclopédia do Futebol"?! Então, tá. Se você é o Nilton Santos, eu sou o Pelé. Tchau, tio.
10 comentários:
Isso aí prova que além de ter sido um baita jogador ainda foi boa gente... coisa rara hoje em dia.
E há má gente no BFR, Júlio?... Que eu saiba, as 'pessoas más' pertencem a outra companhia clubista... (rs)
Abraços Gloriosos!
Ele combina mesmo mesmo com genialidade e generosidade, além de grandiosidade, claro! Salve Nilton Santos!
Chackal, acrescento 'elegância'.
Abraços Gloriosos!
Não, no Bota só tem gente de família, Rui.
(analisando o carater) Jogador do Bota quando entra em uma DP é pra comunicar ser te sido vítima de roubo ou sequestro relâmpago. Ninguém entra em um DP como acusado de nada não... rs
(analisando o futebol) Aí já há um certo debate... mas a diretoria está trabalhando bem... rs
que barato!
Exato, Júlio. Botafoguense é de outra estirpe. Quanto à diretoria, evito criticar, mas lá vai: estão trabalhando bem dentro da sua visão de mediania; carecem de grndeza de visão.
Abraços Glortiosos!
Também acho, Snoopy.
Abraços Gloriosos!
Reviravolta no "Caso Somália".
Ainda bem que eu não citei nomes... rs
Júlio, o Somália não é botafoguense, creio. A invenção dele é coisa de uma mente tão desengonçada como o seu corpo. Chegava atrasado, aceitava a multa e pronto, a coisa ficava por ali.
Concordo inteiramente em disciplinar os jogadores e não conceder privilégios. Isso é coisa para clubes permissivos cujos melhores jogadores se envolvem em casos de polícia.
Abraços Gloriosos!
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