Dia 29 de Maio de 1927. Botafogo x Flamengo. Esperava-se
um jogo equilibrado. Não foi: terminou 9x2 a favor do Glorioso na maior goleada
estabelecida em jogos entre os dois clubes, que fez 86 anos em maio passado.
“Iniciado o embate, os botafoguenses (…) passaram
a envolver por completo os adversários, que, inteiramente tontos, nem viam a
pelota. E dez minutos após, Ariza, o grande ponta direita, com um tiro de pé
esquerdo, alto e enviezado, niciou a contagem” (Castro, 1951: 283).
‘O Imparcial’ (30.05.1927) narrou assim a
célebre façanha dos Gloriosos atletas do Botafogo: “Quando o extrema direita
Ariza, que atira com ambos os pés, abriu a contagem de canhoto, eram 15,30 e às
15,37 a rede flamenga estremacia pela quarta vez, tocada pelo tiro livre de
Néco, batedor do penalty. Assim, vertiginosamente, em 7 minutos, seus homens do
ataque, infiltrando-se como verdadeiros diabos pelas brechas da defesa
flamenga, alargadas com o estupor causado pela sucessão de goals, o Botafogo
deu decisiva mostra de que a vitória se positivaria por contagem realmente
escandalosa.” O Botafogo “forneceu aos milhares de aficcionados comprimidos em
volta da cancha da rua Paysandú, uma tranquila lição de futebol”. E não se
pense que o Flamengo tinha um quadro frágil: a sua vitória foi ainda mais valorizada
a posteriori por o Flamengo ser o campeão carioca desse ano.
O primeiro tempo terminou com a contagem em
7x1, verificando-se um episódio inédito: “ a invasão de campo pela nossa
torcida que carregou Nilo em triunfo, fato que reproduziu-se no final do jôgo” (Castro,
1951; 284). Terá sido, provavelmente, o mais espetacular primeiro tempo na
história do Glorioso.
A excelente prestação do pequeno-grande Nilo
foi comentada assim por ‘O Imparcial’ (30.05.1927): “Na verdade o avante
botafoguense fez uma exibição de que tôda a torcida carioca tinha de certo
saudades; aquela do center-forward astucioso, rápido, arrematando com a fria
resolução de encontrar a rede inimiga.”
O ‘O Stadium’ (30.05.1927) remata assim os
seus comentários: “Egberto, que foi vazado nove vêzes, é o menos culpado da
derrota do seu team. Contra avançadas, como aquelas que o Botafogo ontem poz em
prática, qualquer keeper vacila, é vasado, desnorteia. Mesmo um Zamora, o mais
completo arqueiro do Universo, não suportaria a impetuosidade daqueles tiros,
dados onte, à sombra do arqueiro rubro-negro.”
A equipa alinhou com Neiva, Couto e Otacílio;
Pamplona (Jerônimo), Almo e Rogerio; Ariza, Néco, Nilo, João zinho e
Claudionor. Marcaram para o Botafogo; Nilo (4), Ariza (2), Joãozinho (2) e
Néco.
Pesquisa de Rui
Moura (blogue Mundo Botafogo); fontes: Alceu Mendes de Oliveira Castro: O Futebol no Botafogo (1904-1950), Rio de Janeiro, 1951; ‘O Imparcial’ (30.05.1927); ’O Stadium’ (30.05.1927).
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