quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Sporting: a ressurreição de um gigante (III)

A dupla Leonina revolucionária - BdC e JJ

No dia em que o Botafogo de Futebol e Regatas comemorou 121 anos de história Jorge Jesus iniciou a sua atividade no Sporting Clube de Portugal como treinador principal da equipe de futebol.

A ‘bomba futebolística’ da transferência do mais titulado treinador do benfas, que conquistou 10 títulos em 6 anos e mudou o paradigma de um clube então futebolisticamente decrépito (ficara quatro anos seguidos atrás do Sporting e do Porto e chegou a ocupar o 6º lugar no final de um campeonato nacional), prometia um início de temporada emocionalmente agitado.

JJ, que cuida de exigir diariamente o máximo aos seus jogadores, que não tem preferidos no elenco e escala sempre quem está em melhores condições e que respira futebol 24 horas por dia, iniciou a preparação da equipe a uma velocidade impressionante.

Entretanto, o benfiquismo, que atacava frequentemente Bruno de Carvalho seja porque razões fossem, mostrando o receio da ressurreição do Sportinguismo iniciou a rotação das suas baterias contra o até ali ‘mais titulado treinador’ do benfas e considerado por eles um dos melhores treinadores do mundo. Que BdC aproveitou para conduzir a Alvalade porque a vaidade do presidente do benfas queria chamar a si todos os títulos conquistados pelo seu treinador e equipe.

O murro no estômago dos adeptos do benfas foi de tal ordem que os benfas queriam que, em retaliação, o presidente contratasse o ex-treinador do Sporting para levar o benfas à glória contra os Leões e o seu novo treinador JJ usando o ex-treinador rival – liquidando, com requintes de malvadez, as aspirações Leoninas. Mas a escolha recaiu sobre Rui Vitória, que treinava o Guimarães com sucesso há quatro anos, já fora treinador das bases do benfas e é seu indefetível torcedor.

Com novos treinadores, ambos os clubes foram para as suas excursões de preparação. O benfas, com a mania das grandezas, efetuou uma excursão extenuante e impreparada contra os melhores clubes do mundo num torneio na América: PSG, Barcelona, Manchester United, Chelsea, Fiorentina… Fê-lo por 3,5 milhões de euros e… porque – dizem – um ‘clube grande’ iguala-se aos grandes… como se o benfas, eliminado precocemente em todos os últimos anos da Liga dos Campeões, pudesse estar ao nível do Real Madrid, Barcelona, Juventus, Bayern, PSG, Chelsea, Arsenal, Manchester United, Manchester City…

Mas… sabe-se que as megalomanias sem efetivo suporte de apoio acabam sempre por se transformar em castelos de areia… O benfas fez péssimas exibições, dois empates e três derrotas…

O Sporting, que apostou na vertente desportiva e não na vertente financeira, ganhou quatro jogos e empatou um, arrecadando a Cape Town Cup e a Taça Cinco Violinos com exibições em crescendo e adversários sempre melhores que os anteriores, terminando com a concretização de bons jogos contra o Cristal Palace e a Roma, vice-campeã italiana.

Fechada a temporada de preparação, Sporting e benfas iriam defrontar-se na Supertaça, na qualidade de vencedores da Taça de Portugal e do campeonato nacional, colocando frente a frente JJ e… a ‘estrutura’ do benfas.

A tensão sentia-se por todo o lado, sobretudo porque há muitos anos que o maior derby futebolístico português desde a 1ª década do século XX – do tipo Botafogo x Flamengo na década de 1960 e Real Madrid x Barcelona na atualidade – não apresentava tantos ingredientes explosivos.

Se para os adeptos do benfas havia o irreprimível desejo de baixar as cristas de galo de Jorge Jesus e de Bruno de Carvalho, ambos claramente em ascensão, nos adeptos do Leão havia o desejo irreprimível de mostrar ao nível do grande Sporting do passado e abater impiedosamente o benfas – sem apelo nem agravo. E fê-lo, só não se refletindo tanta superioridade no placar final em virtude, principalmente e uma vez mais, da arbitragem: um gol limpíssimo dos Leões aos 25’ de jogo, que certamente abalaria ainda mais o assustado benfas e o encurralaria, e uma expulsão perdoada ao benfas numa entrada violentíssima que nem cartão amarelo teve…

Entretanto, os comentadores começaram a encontrar todos os defeitos que para eles JJ não tivera antes e, na véspera do confronto, o pasquim jornalístico mais vendido em Portugal titulou em letras garrafais na 1ª página: “Jorge Jesus apanhado a conduzir em excesso de velocidade”. O pasquim esqueceu-se de indicar no título que a infração ocorrera em Dezembro de 2014, quando JJ ainda era treinador do benfas e quando ninguém se ‘lembrou’ de noticiar o assunto… Flapress e benfapress no seu melhor tubo de esgoto…

Mas também se ouvia dizer que a superioridade do Sporting na pré-época lhe dava favoritismo, porque apesar do domínio dos benfas na comunicação social, o Sporting tem um canal oficial, muitos milhões de adeptos com voz aqui e ali e os principais canais apresentam, nas suas mesas redondas, sempre três comentadores oficiosos (adeptos publicamente conhecidos) do Sporting, das águias de galinheiro e dos dragões do norte.

JJ veio dizer – sacudindo a pressão dos seus jogadores – que favorito era o bicampeão que ganhara tudo. E que o treinador do benfas tinha mudado zero no benfas durante as cinco semanas de pré-época, que ainda jogava com as próprias ideias de JJ. E acrescentou que mudara tudo no Sporting, enquanto o seu homólogo não mudara nada. Provocador e começando a jogar antes de entrar em campo, JJ lançou gasolina em cima de um barril de pólvora. Rebelde e corajoso como sempre (ou não teria aceite o difícil desafio de levar o Sporting a campeão nacional em vez de optar por um dos três convites estrangeiros, entre os quais o Milan). Quando foi apresentado ao Sporting, lia-se em pano de fundo: “JORGE JESUS – o bom rebelde”.

E após este tipo de observações estúpidas o Sporting ganhou os dois títulos oficiais seguintes – Taça de Portugal e Supertaça – e contratou o treinador dos benfas, deixando-os estraçalhados de raiva.

JJ fez o benfas tremer – o seu presidente, os seus jogadores, os seus adeptos. Em cinco semanas JJ mudou o paradigma do futebol Leonino e, quiçá, fez desmoronar a muralha que impedia o Sporting de se igualar ao poderio futebolístico das águias de capoeira e dos dragões do norte.

Dizia-se, após o jogo, que Jorge Jesus havia jogado com duas equipas – a sua e aquela que jogava com as suas ideias… Aliás, Jorge Jesus tratou de ‘ganhar’ a final quando disse que o seu homólogo não mudara nada: se ganhasse, vencia a estrutura do benfas; se perdesse, argumentaria que o benfas joga de olhos fechados ao fim de 6 anos de ser treinado por ele e ganhar tudo. Quer dizer… a inteligência mudou de sítio… e quem ocupou o seu lugar ainda não conseguiu definir o que fazer da equipe bicampeã.

E foi uma semana inenarrável. Foi uma final inenarrável do vitorioso Sporting. Foram / estão sendo dias pós-jogo absolutamente fantásticos de gozo pelas reações recalcadas dos benfas.

Tudo mudou. Em cinco semanas, um treinador mudou o paradigma de uma equipe, colocou-a a jogar o melhor futebol em Portugal, conquistou três taças, fez alguns jogadores que queriam ir para os maiores clubes da Europa quererem ficar, levou ao rubro a torcida Sportinguista, espalhou o otimismo e a ambição em todas as hostes Leoninas, atacou e venceu o poderoso presidente do benfas, encostou às cordas o treinador adversário, colocou o administrador Rui Costa (grande ex-jogador do futebol mundial) discursando de modo triste e acabrunhado, lançou o desespero estampado nos rostos dos adeptos do benfas.

O benfas pode recuperar, e tem equipe para isso s eo seu treinador estiver à altura, mas agora está ocupado em mobilizar caminhões para remover a avalancha de neve que lhe caiu em cima e os soterrou. Quem não soubesse nada do passado deles e observasse os rostos dos adeptos do benfas, dos dirigentes e dos jogadores, a desilusão dos muitos comentaristas do benfas que inundam a comunicação social portuguesa, jamais diriam que eles ganharam sete dos oito títulos nacionais das duas épocas passadas. O orgulho arrogante ficou feito em cacos em 90 minutos apenas… Sentiram-se humilhados por JJ e o próprio treinador do benfas, pouco calejado e muito trapalhão, declarou após o jogo que “a equipa entrou com receio do Sporting”…

Fiz questão de desenvolver este texto para mostrar, mediante uma realidade concreta, que um bom treinador, se for realmente bom, é capaz de mudar uma equipe em apenas cinco semanas, dando-lhe nova visão, novo modelo de jogo, novo sistema tático, nova ambição e nova crença em si mesma. Se nada de novo se vislumbrar em cinco semanas, dificilmente acontecerá em cinco meses, ou mesmo em cinco anos.

Em Portugal, está tudo em aberto no futebol, quer no jogo jogado quer nas lutas políticas extra campo, com três grandes equipes perseguindo o título nacional. Em novo e último artigo sobre o assunto realçarei o que mudou no Sporting desde a entrada de Jorge Jesus. Será interessante observar, por exemplo, como reagiu a imparcial Bolsa de Valores durante as pré-temporadas de Sporting e benfas…

Sem comentários:

Botafogo campeão estadual de futebol sub-17 (com fichas técnicas)

Fonte: X – Botafogo F. R. por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo O Botafogo conquistou brilhantemente o Campeonato Estadual de Futebol...