No último minuto novamente. Lutando até ao fim como
nunca. Confesso que jamais vi uma equipe do Botafogo, neste século, lutando até
ao último minuto e ganhando os jogos precisamente nesse minuto. Vi boas equipes
treinadas por Cuca e uma boa equipe comandada e ‘treinada’ por Seedorf, mas nenhuma
delas lutava tanto… Talvez até porque eram tecnicamente melhores e os atletas atuais
sabem que só podem ganhar coletivamente, nunca em jogadas individuais de
craques que não existem na equipe.
"O Botafogo está de parabéns. Jogou com a nossa cara... Mais um gol no fim do jogo. Porque isso? Porque nos entregamos muito." – Jair Ventura.
Os jogadores são os mesmos comandados por Ricardo Gomes,
mas enquanto RG nunca conseguiu um padrão de jogo neste Brasileirão e perdeu o
controlo da equipe quando a criticou publicamente, Jair Ventura mudou
completamente a postura, agarrou a equipe com muitos jogadores com quem ele já
estivera nas bases, montou um padrão de jogo, uma tática, um esquema de
marcação e recuperação de bolas muito forte, uma dinâmica velocista de
transição e troca rápida de passes para o ataque. O último passe não funcionava
antes de Jair; funciona com Jair.
Aparte a equipe ter desabado momentaneamente com a falta
de Airton, o Atlético teve que diminuir o ritmo de ataque após o empate,
retomamos a vontade e acabamos por vencer quando o nosso tradicional pessimismo
já apontava para o pior. Mas a torcida no estádio não concordou com os pessimistas
de sofá e apoiou fortemente até ao final.
“A
vitória foi da torcida, que apoiou até o final. Quando joga do nosso lado,
quando apoia, é fundamental. Nossa equipe se transforma.” – Bruno Silva.
Quem tem que galvanizar quem? Indubitavelmente é a equipe
que tem que galvanizar os torcedores injetando-lhes a vontade de irem ao
estádio, mas depois de lá estarem eles são importantíssimos para galvanizar a
equipe. Não ganham jogos, mas ajudam muito a ganhar…
“Você
vê o estádio lotado assim, é maravilhoso. Nosso objetivo era não ser rebaixado,
mas o Botafogo é muito grande pra pensar assim. Estamos na zona da
Libertadores, então temos que pensar na Libertadores. Cada jogo é como se fosse
Copa do Mundo.” – Dudu Cearense.
E agora vamos aos ‘casos’ do jogo.
Inicialmente interpretei assim: 1º gol
ilegal, pênalti inexistente. Mas fui rever e parece-me que a má vontade com o
Botafogo é evidente. Repetiram, e tornaram a repetir, o suposto braço de Bruno
Silva, quando o próprio comentador da SporTV considerou textualmente ser “braço
involuntária”. E comentador SporTV a nosso favor é verdadeiramente insuspeito…
Efetivamente, o braço estava junto ao
corpo e a bola bateu nele. Favorece, obviamente, o remate, mas é ‘bola na mão’
e não ‘mão na bola’. As regras são claras: involuntariedade e ou braços
fechados, não são infração.
No suposto pênalti, só rindo. A bola vai
na direção do nosso atleta que tudo faz para o esférico não lhe tocar e
consegue-o, não havendo desvio de trajetória da bola que lhe raspou o braço com
a velocidade a que vinha. Portanto, as ‘mariazinhas’ queixosas bem se podem
calar, rever as regras e… insistir no logro ou reconhecer que são incidências
de jogo certamente difíceis de avaliar mas que, nestas circunstâncias, foram
bem decididas.
Falar do jogo? Estou tão eufórico que nem
consigo. Disse, antes, que concordava com tudo o que Jair vinha dizendo quanto
aos nossos objetivos (escapar à degola), mas que eu só me convenceria de
estarmos na disputa do G6 em certas condições. E nos comentários à vitória
sobre o Figueirense escrevi as condições:
“Pensar na Libertadores, meus amigos, só depois de termos
afundado as pretensões do Internacional se livrar do Z4 e do Atlético Mineiro ver aniquiladas as suas esperanças de
disputar o título…”
Pois bem – afundadas, ou muito diminuídas,
as tais pretensões –, é legítimo pensarmos na Libertadores. Se não conseguirmos
não ficarei muito triste, porque tenho a certeza que a equipe tudo fará para o
conseguir, e se não o conseguir é porque não logrou superar as suas
deficiências técnicas (ou certas arbitragens ‘inteligentes’…).
O que me preocupa não é ficarmos fora do
G6, que no início do
campeonato nunca imaginaríamos conseguir alcançar; o que eu receio deveras é a (in)capacidade
de Antônio Lopes montar uma equipe competitiva para 2017, porque quem contrata
cinco hispânicos e acerta apenas em um, sendo os restantes nulidades, não pode
ser a pessoa adequada para gerir o Departamento de Futebol. E sem contar com
muitos outros jogadores que até já foram dispensados por incompetência futebolística…
Consegue o vice-presidente Cacá ver
isso? Consegue o presidente assumir a necessidade de um diretor realmente
profissional?
Temos uma grande ‘equipe espiritual’,
mas sem reforço de competências, 2017 pode não ser o que desejamos.
É só mais um alerta, porque precisamos de
torcedores que usem a razão e não se entusiasmem apenas e demasiadamente com as
fantásticas emoções que estamos vivendo, mas… perante tal campanha,
aproveitemos para fruir o futebol do nosso Glorioso que há tanto tempo não nos
tornava tão eufóricos.
Repito: queremos fruir uma sequência
única de bons resultados – reforçada nesta sequência de quatro vitórias que nos
levaram para cima –, mas devemos exigir que estes resultados não sejam
desperdiçados em 2017.
Precisamos de UMA TORCIDA AMBICIOSA, EXIGENTE
E PARTICIPATIVA!
FICHA TÉCNICA
Botafogo 3x2 Atlético Mineiro
» Gols: Bruno Silva, aos 4’, Rodrigo Pimpão, aos 35’ e Dudu
Cearense, aos 89’ (Botafogo); Fred, aos 50’ e Leonardo Silva, aos 68’
(Atlético Mineiro)
» Competição: Campeonato Brasileiro
» Data: 16.10.2016
» Local: Arena Botafogo, na Ilha do
Governador (RJ)
» Público: 14.595 espectadores; 13.30 6 pagantes
» Renda: R$ 359.455,00
» Árbitro: Wagner Reway (MT); Assistentes: Eduardo
Gonçalves da Cruz (MS) e Fabio Rodrigo Rubinho (MT)
» Disciplina: cartão amarelo – Bruno Silva, Emerson
Silva (Botafogo) e Fred, Rafael Carioca, Leonardo Silva, Victor (Atlético
Mineiro)
» Botafogo: Sidão, Alemão, Emerson Santos,
Emerson Silva e Víctor Luís; Aírton (Dudu Cearense), Bruno Silva, Rodrigo
Lindoso e Camilo; Neilton (Gervasio Núñez) e Rodrigo Pimpão (Sassá). Técnico: Jair
Ventura.
» Atlético Mineiro: Victor, Carlos César,
Leonardo Silva, Frikson Erazo e Fábio Santos; Rafael Carioca (Leandro Donizete),
Júnior Urso e Romulo Otero; Clayton (Lucas Pratto), Robinho e Fred (Cazares).
Técnico: Marcelo Oliveira.
5 comentários:
Fogão confirmadíssimo na Série 2017! Obrigado, Furacão Filho!
Confirmadíssimo, Chico! Quem diria que as nossas emoções passariam, em apenas dois meses, do Z4 para o G6?!?!?!
Gloriosos abraços alvinegros!
Rui...sei que muitos já disseram sobre o ineditismo desta circunstância que o Botafogo atingiu em dois meses...As peças renderam e o time afinal não é tão pior do que a mediocridade futebolística do Brasileiro - a qual diga-se de passagem vem sendo a TÔNICA há pelo menos 5 anos. Pode ser uma conjunção de fatores, inclusive boa gestão e compromissos assumidos e cumpridos pela diretoria...Assim sendo, não devemos, todos nós que criticamos muito o Antônio Lopes, darmos, pelo menos, uma mão à palmatória? Ora...me parece que senil ou inepto, ele acabou por acertar nomes que, se não são brilhantes, possuem virtudes...Victor Luiz, Alemão, Siďão, Carli. ...quem diria ademais que Airton estaria a jogar de igual para igual com os melhores volantes deste brasileiro??
Não quero fazer uma ode ao trabalho de A. L. LONGE DISSO!, Porém acho sensato reconhecer que o trabalho deu frutos...alguns podres e outros bons...Não existe como acertar 80%...Pelo que me recordo, na ÚLTIMA década não tivemos um gerente de futebol que conseguisse resultados épicos com contratações.
ASSIM, posso concluir, ao menos preliminarmente, é que não estamos tão mal assim...Basta que comparemos o nosso custo x benefício com o departamento de futebol do São Paulo, Cruzeiro, Internacional, Fluminense, CORINTHIANS...fica ao menos mais justo.
Comentário de Júnior Santos:
"Hahaa... o Botafogo é F..."
Mspeck, discordamos democraticamente um do outro. Aceito os seus argumentos, são lógicos e sérios. Mas... se elenco não se afundou foi simplesmente porque... o futebol brasileiro no Brasil está no fundo e qualquer coisinha de bom tem logo sucesso. Se estas contratações tivessem sido feitas em 2008 estaríamos hoje bem perto do lugar do América-MG.
Se em vez de acertar em 20% de contratações com os hispânicos tivesse acertado 80%, eu aceitaria o A.L. Porém, não posso aceitar continuar a ter gerentes que contratam conforme as amizades empresariais e sob a visão de vídeos que são profundamente enganadores. Que três meses depois dispensam os seus contratados, alguns sem terem sequer jogado ou feito um jogo apenas! Isso é incompetência demais e desperdício de dinheiro quando não o temos.
Se Jair Ventura não tivesse sido o pé quente que é, com uma maneira de montar a equipe à europeia - coisa rara que os brasileiros rejeitam sabe-se lá porquê -, e claramente com estrelinha da sorte, a segundona estava aí à porta.
Queremos um Botafogo vencedor? Então contratemos um profissional a sério e supervisionado pelo presidente quanto a contratações...
Sempre que eu tive que negociar dinheiros / contratos com alguém de fora, levei duas pessoas da minha equipe para as reuniões...
Abraços Gloriosos.
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