por RUI MOURA
Editor do Mundo Botafogo
Tudo começou em 1894, tudo continuou
em 1904, tudo culminou em 1942. Entre as glórias do remo com as conquistas de
1899 (campeonato carioca) e de 1902 (campeonato brasileiro) e com as conquistas
de 1960, 1962 e 1964 (campeonatos cariocas), passaram-se 65 anos em que o remo
enfrentou diversas crises, juntamente com as demais modalidades das águas,
designadamente o polo aquático e a natação – sobretudo desde meados da década
de 1930 com as Ligas dissidentes. E entre 1964 e 2013 mais 50 anos se passaram
sem títulos no remo. Era o futebol que dominava desde o título de 1910
conquistado em campo até ao título brasileiro de 1968.
Porém…
…em 2009 uma nova equipe tomou conta do
remo do Botafogo com Manuel Murad (foto acima) na Direção e Xoxô no comando técnico,
juntando-se Paulinho à Comissão Técnica. Logo em 2010 o Botafogo deu sinal de
que algo começava a mudar após uma longa hegemonia do Vasco da Gama e do
Flamengo no remo carioca, que durou entre 1903 e 2013, isto é, longos 110 anos.
Em 2010 a CBR lançou o primeiro
campeonato brasileiro aberto que foi conquistado pelo Botafogo com o maior
número de vitórias, mas a entidade máxima do remo brasileiro trocou os pés
pelas mãos e os campeonatos de 2010 (vitória do Botafogo) e 2011 (vitória do Flamengo)
permitiam barcos mistos cuja opção nunca foi aceite por muitos.
Na verdade, fora este período incerto,
os campeonatos brasileiros mais estruturados começaram realmente em 2012, e o
Botafogo começou a conquistar tudo desde 2013. Sagrou-se hexacampeão carioca em
2013-2014-2015-2016-2017-2018 e nesses anos dominou os campeonatos brasileiros
de remo sagrando-se campeão em 2013-2014-2016-2017-2018, só não o sendo também
por seis vezes consecutivas porque as politiquices vingativas da CBR
determinaram a remarcação do campeonato brasileiro de 2015 para o mesmo dia da
última regata do campeonato carioca, e Botafogo, Flamengo e Vasco da Gama – as
três maiores forças brasileiras do remo – ausentaram-se da prova, ganha pelo
GNU.
Nestes anos o Botafogo subiu ao pódio
mundial e continental vendo os seus atletas das bases conquistarem medalhas de Ouro,
de Prata e de Bronze, com destaques para Uncas Tales (bicampeão mundial), Lucas
Verthein e Aílson Eraclito da Silva.
Um tempo inesquecível de competência,
emoção, conquista e glória.
Em todos estes anos o Botafogo
conquistou tudo, mas em 2018 teve que se aperfeiçoar muito mais porque a
Diretoria não investiu no remo o que devia, enquanto o Flamengo investiu em nova
flotilha e novos atletas, inclusivamente ‘roubando’ alguns deles ao Botafogo.
Neste ano, conquistando o 7º título
brasileiro, obtendo o hexacampeonato carioca e vencendo duas das três Regatas
do Futuro, o nosso Clube teve menor orçamento que o Flamengo, menos e piores
barcos do que o Flamengo, menos atletas de topo contra mais atletas de topo do
Flamengo em relação ao ano anterior.
Por isso foi um ano estratégica e
milimetricamente gerido por Xoxô e restante equipe, tendo assegurado uma certa
vantagem à 3ª regata estadual e gerido as duas últimas regatas a palmo,
conquistando-as por escassíssimos pontos e obtendo o título de uma forma absolutamente notável.
No campeonato brasileiro (agora
designado ‘de barcos longos’) manteve-se a mesma estratégia: competindo em
menos provas, com menos barcos e menos atletas, o Botafogo venceu
cirurgicamente o Flamengo tomando exclusivamente por alvo as medalhas de Ouro (as
únicas que contavam para a vitória) e superou o Flamengo por 12 medalhas contra
9, vencendo metade das provas (12 em 25).
Ora, gente assim só pode ser premiada e não sacrificada, exigindo-se maior
investimento para 2019, porque o Flamengo já anunciou reforço orçamental e
busca de novos atletas.
Marcelo Murad (na foto) fez um apelo à Direção do Botafogo para não
abandonar o remo e investir nele visando a manutenção da hegemonia botafoguense
no Rio de Janeiro e no Brasil, além de continuar assegurando atletas de nível
mundial para a Seleção Brasileira.
Futebol e Remo são as modalidades rainhas do nosso Clube, inscritas na
própria designação e consagradas para sempre nos Estatutos.
Jamais o Botafogo teve uma projeção tão grande no remo mundial, brasileiro
e carioca como nos últimos anos.
Urge que a Diretoria tome em mãos a aposta continuada de Murad, Xoxô e
restantes elementos do Remo para que a nossa Glória continue a fazer-se nas
águas cariocas, brasileiras e mundiais.
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