sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Perfis Botafoguenses (XV): Zagalo, 1985

Em campo, o tetracampeão não era gênio. Mas sempre marcou belos gols, ajudando o Fogão a conquistar o Carioca de 1961/62 e o Rio-São Paulo de 1962, 64 e 66. Quando encerrou a carreira de atleta, começou a trilhar o caminho de técnico vencedor no Botafogo, ao conquistar de cara seu primeiro título em 1967.

por ARMANDO CALVANO
Revista Placar, edição nº 1242, Set/2002, retomando reportagem de 1985.

Quando eu assumi a Seleção de 1970 […] alterei todo o plano tático. […] Nas Eliminatórias o meio-campo era Piazza e Gerson. Jogavam na frente Jairzinho, Pelé, Tostão e Edu. […] Fiz, principalmente, uma mudança radical no meio-campo, com a entrada de Clodoaldo e Rivelino, que estavam no banco. Então, armei o meio-campo com Clodoaldo, Gerson e Rivelino. Abdiquei, assim, do ponta especialista, no caso, Edu, que cedeu seu lugar a Rivelino.

A equipe das Eliminatórias jogava num 4-4-2 e mudei o esquema para o 4-3-. Coloquei ainda Everaldo na lateral-esquerda e desloquei Piazza do meio campo para a quarta-zaga. Então, como se pode ver, a mudança foi mesmo radical. […] Evoluíamos quase com a equipe inteira no ataque, ficando atrás Brito, Piazza e Everaldo. Ficávamos fazendo a marcação ‘três-em-cima-de-dois’, soltando o meio-campo e Carlos Alberto pela direita. […]

Eu não via [o Tostão] como centroavante, não acreditava nele no comando de ataque. Ele estava com um problema muito sério na vista. […] Mas ele acabou assumindo o comando de ataque e fez tudo naquela Copa. Ele provou que eu estava errado.

Mas vamos voltar à atualidade. […] É o problema de jogar com ponta, jogar sem ponta. […] O Brasil sempre foi campeão do mundo com um falso ponta-esquerda. Eu […] jogava assim e Rivelino fez o mesmo papel em 1970. […]

Não importa se há ponta especialista ou não. […] A chave do problema é ter os espaços bem ocupados tanto na hora de atacar quanto na hora de se defender. Nós temos de abrir os olhos para o fato de as equipes europeias explorarem os contra-ataques em alta velocidade. […]

O futebol brasileiro atravessa um momento difícil nesse duelo com os europeus. Quando encontramos um bloco rígido pela frente, nós sentimos as dificuldades, pois nossa técnica caiu muito nos últimos anos. Pode-se anda formar uma boa Seleção, mas nunca comparável às grandes seleções brasileiras de anos atrás. […]

Importa é que o time vá para a frente com no mínimo seis jogadores, para abrir caminhos. […] Jogando assim, na hora em que perder a posse de bola, o time terá número suficiente de jogadores na frente para combater a saída de bola do adversário. Evitará desse modo o contra-ataque tão utilizado pelos europeus. […]

Hoje, todos os jogadores têm de ter uma dupla função, não importa a posição. Todo mundo sempre diz que os laterais modernos têm de atacar. Por que os pontas modernos não têm também de defender? […] Nem mesmo o centroavante, hoje, pode ficar parado. Ele tem de buscar jogo, tem de brigar. Não existe mais o time de 11 jogadores. Hoje, 11 valem por 22. É a lei do futebol.

Agradecimentos a Mauro Axlace, editor do blogue Aqipossa [https://aqipossa.blogspot.com] que gentilmente cedeu a informação.

Sem comentários:

Botafogo 3x1 Juventude: CR9, o artista improvável, emerge no Glorioso!

Crédito: Vitor Silva / Botafogo. por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo Em um jogo onde a improbabilidade conjunta de acontecimentos f...