terça-feira, 19 de novembro de 2019

Estrela Solitária (IV)


Foto: Flávio Carneiro; Crédito: Angélica Soares

por FLÁVIO CARNEIRO

Fernando Molica é um botafoguense autêntico, o que equivale a dizer que não regula muito bem da bola (com o perdão do trocadilho). Repetir (ou não) determinada camisa, rezar para que, depois de um primeiro tempo ruim, algo o obrigue a mudar de lugar no estádio (não pode ser por vontade própria, tem que acontecer alguma coisa), variar (ou não) de amigos na arquibancada, pedir aos céus para ver, no dia do jogo, alguém com a camisa do Botafogo antes que apareça alguém com a camisa do adversário são algumas de suas, digamos, estratégias.

O historiador Raul Milliet Filho, autor de ‘Vida que segue: João Saldanha e as Copas de 1996 e 1970’, não gosta de ver jogo do Botafogo na televisão. Diz que prefere o estádio porque dali pode ter uma ampla visão do campo e analisar taticamente a partida. “Na televisão você o lance, mas não vê o jogo”, justifica. Tudo bem, mas que pode haver algo estranho por trás disso, pode. Para alguém que jamais cruza as pernas quando está vendo jogo do Botafogo, tudo é possível.

Essas histórias todas levam a crer que, se dependesse de manias, o Botafogo seria campeão mundial todos os anos, com folga. E por que não é? Porque se trata de tolice, mera superstição, dirá você, leitor incrédulo. Pois tenho outra hipótese para a explicação do fenômeno: uma esquisitice atrapalha a outra. Isso mesmo, uma está anulando a outra. E são tantas que, claro, nos perdemos.

Faço aqui, portanto, nesse momento histórico, uma proposta que pode devolver ao alvinegro seus dias de glória: uma uniformização das manias. Se estão aí a querer uniformizar a língua portuguesa, que façamos também isso, nós que na história já trocamos tantas vezes de uniforme: uma gramática das manias botafoguenses. Sentar bem no meio do sofá: certo ou errado? Vestir a meia do avesso na véspera do clássico: certo ou errado? Entrar de lado na catraca do Maracanã: certo ou errado? Quem sabe funciona.

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