Foto: Flávio Carneiro; Crédito: Angélica Soares
por FLÁVIO CARNEIRO
Talvez por isso, por
essa absoluta imprevisibilidade, o Botafogo seja, até prova em contrário, o
time que mais combina com quem lida com literatura. Se você, meu amigo ou minha
amiga, é poeta, contista, romancista ou exerce a crítica literária e ainda não
tem time, não se acanhe: as portas estão abertas. Entre, aperte os cintos e se
prepare para embarcar na nave louca!
Não era assim que
pensava, por exemplo, o Paulo Mendes Campos? É dele a frase: “Enfim, senhoras e
senhores, o Botafogo é um tanto tantã (que nem eu). E a insígnia de meu coração
é também (literatura) uma estrela solitária”.
E o Vinícius de
Moraes? Diz ele que escolheu torcer pelo alvinegro por um muito nobre motivo:
alguns nomes de ruas do bairro de Botafogo. Nomes sublimes, sugerindo belas
senhoras: Bambina, Mariana, Clarisse.
Dizem que o poeta, em
seus tempos de diplomata, conheceu em Los Angeles o magnata Mr. Buster,
arquimilionário que se espantou quando o brasileiro decidiu abandonar o poder e
a grana que lhe oferecia o cargo e voltar para o Rio. Mais tarde, Vinícius
escreveria um poema criticando a vida de luxo de Mr. Buster e afirmando os
motivos de sua decisão. Entre eles: torcer para o Botafogo.
E aí estão escritores
contemporâneos que não me deixam mentir. De estilos e gerações variados, eles
se espalham pelo país e até pelo exterior, como a Adriana Lisboa, botafoguense
por herança paterna, materna e o que mais possa existir, e que hoje espalha a
glória do clube no país em que futebol se chama soccer.
Agora, nem a Adriana
nem o Luís Fernando Veríssimo têm manias de torcedor, o que é digno de nota em
se tratando de botafoguenses. Quer dizer, o Veríssimo só não gosta de falar
durante o jogo, mas o Veríssimo não querer falar não chega a ser, convenhamos,
uma grande novidade. O que é diferente, no caso, é que ele também não gosta que
falem com ele enquanto o Botafogo (ou o seu Internacional) está jogando.
De manias o Jorge
Viveiros de Castro diz que se livrou, depois de tantos anos e várias mandingas
fracassadas. Tudo bem que continua roendo unha, xingando juiz, mandando algum
jogador para aquele lugar, coisas assim, normais. Agora, mania não tem mais
não. Cansou. Quer dizer, dia desses ele foi flagrado assistindo a um jogo do
Botafogo, na televisão, encostado na parede e plantando bananeira. Jorge
explicou que era apenas um exercício de ioga, para amenizar a tensão. Sei.
Fonte: http://rascunho.com.br/estrela-solitaria
Fonte: http://rascunho.com.br/estrela-solitaria
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