quarta-feira, 17 de junho de 2020

A morte do último gênio dos estádios

por A. NETTO
Jornal do Brasil, 23.01.1983

Garrincha – Manuel Francisco dos Santos – era um camponês com o apelido de um passarinho raro e arisco. Menino de 19 anos, moreno, com as pernas incrivelmente arqueadas e tortas, protegidas e movidas por uma poderosa massa muscular, considerada aberração pelos professores de anatomia. Apareceu de repente. E, de repente, os estádios cariocas melhoraram de humor. Puseram-se a rir, outra vez. Risos que de repente também ganharam a força das gargalhadas: de uma alegria incrivelmente contagiante e reparadora.

Obra de um camponês simples, imaturo, alegre, rival do talento histriônico do melhor Charles Chaplin. Alguém que não se limitava a contrariar as leis da estética e da gravidade. Não respeitava, sequer, a lógica e o convencional do jogo. Estranho driblados de um drible só. O drible pensado, planejado, ensaiado, previsto e executado infalivelmente pelo lado direito. Um individualista que, ao receber um passe, nunca lhe dava seqüência, sem antes divertir-se um pouco com a bola, com o adversário e, assim, divertir a platéia. Mas que estranho individualista esse que, em seguida, se transformava no mais generoso doador de passes e de gols conhecido pelo futebol mundial. Garrincha foi tudo isso para os estádios do Brasil.

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