por DEMÉTRIO VECCHIOLI
Coluna ‘Olhar Olímpico’ / UOL
25.06.2020
A [opção
de] reabrir parte da economia […] vem acompanhada de muitas outras
consequências. No esporte, elas serão irreparáveis. […]
Não há dinheiro no esporte "amador"
para a realização de testes. Sem testes não há Superliga, não há NBB, não há
campeonato de judô ou de vôlei de praia. […] As equipes menores não sabem se vão
sobreviver. A debandada já começou e cresce à medida que crescem os casos de
coronavírus no país.
A Superliga Masculina, especialmente, já
avistava a tempestade, com redução no número de clubes. […] A
debandada já começou e cresce à medida que crescem os casos de coronavírus no
país. […]
O êxodo não ficará restrito. […] Esse
êxodo costuma ter efeitos irremediáveis. Vide o handebol. Hoje o Brasil é um
dos maiores exportadores de jogadoras para a Europa, mas a liga nacional
praticamente não existe no país campeão mundial de 2013. […]
Até porque a debandada de patrocinadores já
começou. A Caixa não renovou contratos com a LBF e com o NBB. […] O
Sesi-SP sofreu corte expressivo de arrecadação. […] Para equilibrar as finanças, preservando os salários do futebol, o
Corinthians cortou bolsa auxílio para os jogadores da base do futsal. O Vasco
dispensou todos os atletas paraolímpicos. […]
Daqui a dois meses começa o ciclo olímpico
para Paris, e os brasileiros estão impedidos de treinar. […] O
COB tem há anos uma política de investir especialmente na ponta da pirâmide e
vai fazer isso de novo levando só a elite para treinar em Portugal, fugindo da
pandemia no Brasil. Quem já está no topo terá oportunidade de treinar
tranquilamente. Quem não está, mas quer chegar, fica no Brasil chupando o dedo.
Sem piscina, sem pista de atletismo, e sem treinadores, porque os melhores
também vão para a Europa. […]
Ao escolher reabrir a economia e não
controlar a pandemia, o Brasil assumiu o risco de ser isolado mundialmente.
Assumiu o risco de não voltar a ter treinos tão cedo, de não ter competições
tão cedo, de não competir internacionalmente.
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