quinta-feira, 21 de abril de 2022

Botafogo 3x0 Ceilândia - comentários

Crédito: Vitor Silva / Botafogo.

por RUY MOURA

Editor do Mundo Botafogo

A vitória do Botafogo foi tranquila e merecedora de um resultado mais amplo. Pode-se dizer que se tratava do Ceilândia, um clube de nível bastante inferior ao do nosso Clube, mas eu já assisti, por mais de uma vez, à eliminação do Botafogo por equipes de nível próximo ao do Ceilândia, enquanto neste jogo nunca esteve em dúvida a vitória.

O Botafogo entrou bem no jogo, mostrou querer faturar cedo e acabou por fazê-lo logo aos 18’, através de uma excelente cabeçada de Kanu a inaugurar o marcador, após cobrança de escanteio por Daniel Borges, que se tem mostrado como o batedor de escanteios com melhores resultados.

A equipe dominou a 1º parte, mas não conseguiu ampliar o placar, sobretudo porque insistiu em chutes individuais à baliza que deviam ter passado por um processo de equipe. E todos os chutes de média distância se saldaram por conclusões cujas bolas passaram longe da baliza adversária, além de uma perdida de bola de Tchê Tchê na intermediária, aos 28’, que permitiu ao Ceilândia tentar o gol, quase encobrindo o goleiro botafoguense que estava adiantado, embora tenha feito um jogo positivo – a falha de Tchê Tchê talvez tenha sido mesmo a única verdadeira oportunidade de gol do Ceilândia em toda a partida.

Ainda assim, o cenário apresentava-se tranquilo e Matheus Nascimento ainda se deu ao luxo de perder um gol aos 44’, cara a cara com o goleiro, após um excelente passe de Diego Gonçalves que indicava selo de gol. Considero Matheus Nascimento um rapaz de boa técnica, que pode fazer uma carreira interessante, mas que não tem sido devidamente orientado para suprir os seus pontos fracos – será um desafio para Luís Castro e auxiliares no sentido de juntarem à capacidade técnica de MN o que lhe falta em confiança, força física e melhores decisões.

O segundo tempo foi diferente, tal como no jogo contra o Ceará, sugerindo que os ajustes táticos e as substituições de Luís Castro ao intervalo, e no decorrer da segunda parte, têm sido cruciais.

A equipe ganhou mais dimensão coletiva, sobretudo a partir da entrada de Lucas Piazon, Victor Sá e Erison, os dois primeiros ao intervalo e Erison aos 59’, em lugar de Patrick de Paula, Matheus Nascimento e Diego Gonçalves. Patrick de Paula tem muito caminho a percorrer para confirmar o potencial que lhe atribuem, e sobre MN já fiz a devida menção anteriormente.

A entrada após o intervalo foi fulminante, tendo novamente Kanu como protagonista do gol, empurrando a bola de joelho para ampliar o placar junto à trave direita, concluindo uma cobrança de falta da direita, em jogada ensaiada e combinada entre entre Daniel Borges e Gustavo Sauer, tendo este concluído milimetricamente para Kanu bisar aos 53’: Botafogo 2x0.

E apenas um minuto depois, sem deixar o Ceilância respirar, Victor Sá avançou com a bola à entrada da área, rolou um passe espetacular para Lucas Piazon entrar pelo lado esquerdo do ataque e desferir um remate que consolidou o placar: Botafogo 3x0.

Além disso, o jogo envolvente e de posse de bola do Botafogo ainda resultou em 3 bolas nas traves da baliza adversária: aos 61’ Victor Sá atirou à trave direita, aos 80’ Erison enviou uma bomba à trave esquerda e aos 85’ Daniel Borges fez a bola explodir no travessão.

A segunda parte mostrou uma equipe mais coesa, envolvendo o adversário com muito mais qualidade coletiva, num quadro de testagem do modelo de jogo numa partida de Taça que veio em boa oportunidade para amadurecer e entrosar a equipe.

O Botafogo evidenciou um modelo de jogo a privilegiar o ataque com um futebol mais impositivo – como é características das equipes de Luís Castro –, amadurecendo a posse de bola e os ritmos de jogo, que permitiu sublinhar algumas evidências ainda a considerar nesta análise.

No ataque configura-se um trio muito interessante formado por Sauer, Erison e Victor Sá. De Erison já se sabia que é muito batalhador e vigoroso; Victor Sá mostrou ao que vinha logo no seu primeiro jogo; Sauer secundou-o com uma ótima estreia, sabendo desarmar os adversários e assistir com facilidade o ataque. Se nos treinos conseguirem entrosar-se com rapidez e melhorarem os passes entre si através de combinações rápidas, penetrantes e eficazes, temos ataque forte para os próximos jogos.

O meio campo está ainda carecido de criatividade, mas Romildo – perdão, Del Piage –, Tchê Tchê e Lucas Piazon poderão entrosar-se rapidamente, sendo ainda incógnita os níveis de desempenho que podem atingir Chay e Patrick de Paula.

A defesa é que parece ser o ponto mais problemático. Neste jogo Diego Loureiro, Kanu e Sampaio não tiveram muito trabalho, nem os laterais. Todavia, precisamos de Gatito Fernández na sua antiga forma e de saber até que ponto Sampaio fará boa zaga. Por outro lado, sendo Kanu indiscutível, resta saber se podemos, ou não, contar com a presença assídua de Carli. Finalmente, Saravia não me parece ser seguro na lateral, e talvez servisse para outra posição em lugar de reserva.

A terminar: o Ceilândia foi disciplinarmente um estupendo adversário, registrando-se jogo limpo da sua parte e apenas um cartão amarelo; a torcida do Botafogo foi o show do costume com nota 10.

FICHA TÉCNICA

Botafogo 3x0 Ceilândia

» Gols: Kanu, aos 18’, Kanu, aos 53', e Lucas Piazon, aos 55'

» Competição: Copa do Brasil

» Data: 20.04.2022

» Local: Estádio Mané Garrincha, em Brasília (DF)

» Público: 28.110 espectadores

» Árbitro: Bráulio da Silva Machado (SC); Assistentes: Alex dos Santos (SC) e Johnny Barros de Oliveira (SC)

» Disciplina: cartão amarelo – Filipinho (Ceilândia)

» Botafogo: Diego Loureiro; Saravia, Philipe Sampaio, Kanu e Daniel Borges; Del Piage (Lucas Fernandes), Barreto (Tchê Tchê), Patrick de Paula (Lucas Piazon); Gustavo Sauer, Matheus Nascimento (Erison), Diego Gonçalves (Victor Sá). Técnico: Luís Castro.

» Ceilândia: Matheus Kaiser; Liel (Fernando Gomes), Medeiros, Gabriel Vidal, China (Hiwry); Werick, Thiago Gomes (Pacheco); Matheus Guarujá, Filipinho (Peninha), Geovane; Roberto Pítio (Hériclis). Técnico: Adelson de Almeida.

5 comentários:

Sergio disse...

Ontem ficou comprovado o peso que um treinador capaz pode fazer a uma equipe de futebol.
Há anos não via o Botafogo tão disposto, lutador pela posse de bola, ocupando bem os espaços, bem fisicamente e as linhas mais próximas e os jogadores confiantes, que mudanças de postura em tão pouco tempo e ainda faltando entrosamento.
Parece que o Textor tinha razão em esperar pelo Luís Castro. Além disso o trabalho da nova gestão vem sendo muito bom.
Lógico que há muito a se acrescentar, mas nos dá esperança pelo que estamos vendo.
E acrescente-se que parece que grande parte das "apostas" tem tudo para trazer bons frutos.
Muito bom ver o Botafogo renascendo, e muita coisa boa virar mais a frente.
PS: RUY, mande para meu email seu endereço, pois gostaria de lhe mandar o chaveiro do Botafogo que comprei prá você antes da pandemia, chegou o momento de lhe dar. ABS e SB!

Sergio disse...

Outro detalhe: dizem que a torcida do Botafogo é pequena, imagine se fosse imensa. Que show que ela tem dado. ABS e SB!

Ruy Moura disse...

Sempre tenho dito isso, Sergio, que um treinador por vezes faz maravilhas. E se antes um treinador era menos importante, na atualidade é fundamentalíssimo porque o futebol é estudado e aplicado milimetricamente a nível estratégico, tático, físico e mental - não basta a técnica dos atletas. E confirma o que tenho dito dos treinadores brasileiros, que à exceção talvez de 3, no máximo 4, são absolutamente vulgares, sem imaginação e sem atualização às novas exigências de preparação de um treinador vencedor a nível global. Em abono da verdade, os dirigentes nacionais e de clubes também têm uma grande dose de culpa por os treinadores não serem bons, já que não criaram uma escola de treinadores, não são exigentes com eles e, segundo li hoje, o tempo médio de permanência de um treinador nos 12 maiores clubes do Brasil é de... 5,8 meses!!!!!!!!! MENOS DO UM SEMESTRE!!!!! - Ninguém resiste a tanta incopetência dirigente, e veja que o resultado é não haver há muito tempo um único treinador brasileiro bem sucedido em grandes clubes europeus! Basta relembrar o 'grande' Luxemburgo que foi reencaminhado de volta à procedência pelo Real Madrid no mesmo ano em que o contratou - e era talvez o melhor treinador brasileiro à época.

O Luís Castro parece estar mudando o Botafogo, e olhe que ele nem sequer é um treinador de topo europeu, imagine os que são...

Eu sempre pensava, só cá pra mim, que o Botafogo só conseguia mudar quando também os investidores estrangeiros chegassem ao Brasil e comprassem o Botafogo. Se não fosse Textor o Botafogo só tinha um caminho: falir como fez o Rangers da Escócia e recomeçar da última divisão até chegar novamente ao topo, como fez o clube escocês mais titulado do país. Mas chegou Textor, um CEO profissional capaz e um treinador aparentemente preparado para o projeto de médio de prazo de reerguimento do Botafogo. E isso parece ser visivel quando, pela primeira vez, se começa a apelar ao fairplay fnanceiro com medo do poderio financeiro - e de inteligência - de John Textor.

Vou reenviar a morada e fico muito grato, mais uma vez, por ser agraciado por si, meu querido amigo.

Abraços Gloriosos.

Gil disse...

Grande Rui,
Quanto tempo não assistimos a uma partida do Nosso Amado Botafogo sem sustos. A tua lembrança de que já passamos sufoco com outras equipes do nível do Ceilândia foi precisa.
Ao fim do jogo estava pensando nisso.

Abs e Sds Botafoguenses!

Ruy Moura disse...

Exato, Gil. Independentemente do que o futuro nos trará, o que me parece é que, independentemente das vitórias e das derrotas, normais em desporto, a angústia jogo após jogo creio que será bem mitigada. Para já vencemos dois jogos por margem superior a um gol, e fora de casa!

Abraços Gloriosos.

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