sexta-feira, 13 de maio de 2022

Botafogo 3x0 Ceilândia - comentários

Crédito: Vitor Silva / Botafogo

por RUY MOURA

Editor do Mundo Botafogo

Jogo interessante para o Botafogo na medida em que teoricamente não estaria em causa nenhum resultado ‘zebra’ e poderia servir para rodar atletas e dar-lhes minutos para se entrosarem melhor, assim como serem observados pela comissão técnica para o futuro da equipe a curto prazo.

O Botafogo foi escalado com uma equipe mista de titulares e reservas, dominou claramente o jogo, desde o início ao fim, sem que, no entanto, o Ceilândia se desorganizasse. Aliás, o nosso adversário é líder do seu grupo na Série D e mostrou-se capaz de dar alguma luta à nossa defesa.

Os primeiros minutos do 1º tempo foram amplamente dominados pela nossa equipe, mas perigo mais sério para gol só ocorreu ao 9’ quando o Ceilândia perdeu a bola a meio campo, o Botafogo contra atacou rapidamente e Matheus Nascimento desperdiçou, e aos 15’ quando Diego Gonçalves chutou de fora da área e o goleiro agarrou.

Aos 20’ o Ceilândia ameaçou em contra ataque rápido, mas Douglas Borges defendeu, e aos 22’ um chutaço de Chay de meia distância saiu ligeiramente ao lado da baliza.

As equipes estavam ambas se entregando ao jogo, bastante movimentado, mas a posse de bola era sobretudo do Botafogo, que embora precisasse finalizar mais e melhor jogava com a cara de Luís Castro. Porém, o ataque não engrenava suficientemente. Matheus Nascimento demorava a passar a bola e na luta corpo a corpo é frágil, necessitando de muito ginásio para se robustecer.

O Ceilância jogava com uma linha de quatro à frente de uma linha de cinco e mantinha apenas um atacante mais adiantado para possibilitar o contra ataque, que tornou a ocorrer aos 32’, mas Douglas Borges saiu bem da meta e antecipou-se na linha de entrada da área.

A correria das duas equipes manteve-se e Luís Castro não estava certamente gostando disso, tendo corrigido a equipe para pausar mais o jogo, assentar a bola no chão e engrenar mais velocidade em investidas laterais. E o Botafogo melhorou na parte final: aos 37’ Saravia chutou ao lado da baliza, aos 39’ Carli disparou uma formidável cabeçada e aos 40’ o Botafogo inaugurou o marcador: a passe de Piazon, Matheus Nascimento recolheu a bola com técnica de giro de corpo, fez grande remate, o goleiro espalmou para a frente e Patrick de Paula fuzilou a baliza adversária fazendo 1x0 com muita emoção. Tanta, que acabou por chorar comovido pelo primeiro gol ao serviço do Botafogo, mostrando como andava tenso por ainda o não ter conseguido.

A primeira parte mostrou um Ceilândia lutador e um Botafogo com muita margem de crescimento ainda.

Sobre a arbitragem, dois erros claros mancharam a primeira parte de um árbitro aparentemente pouco atento: Douglas Borges defendeu uma bola fora da grande área com a mão, em posição frontal à baliza, simulando que o fizera com a cabeça, e Matheus Nascimento sofreu falta em cima da linha da grande área, não tendo o árbitro assinalado infração em nenhuma das ocasiões.

Para o segundo tempo o Botafogo efetuou diversas substituições e o jogo passou a ser mais pausado com domínio absoluto do Botafogo, que fazia a bola girar sem pressa. Logo aos 52’ Matheus Nascimento efetuou um cruzamento e Patrick de Paula não conseguiu concluir à boca da baliza. Pouco a pouco desenhava-se o segundo gol do Botafogo, que acabou por ocorrer aos 65’: Chay viu espaço na área para a corrida de Matheus Nascimento, endossou a bola criteriosamente por entre dois defesas adversários, Matheus recebeu-a em corrida em frente ao goleiro e anotou o segundo gol: Botafogo 2x0. Um prêmio para a significativa melhoria da jovem revelação do Botafogo que conseguiu ser mais lesto coletivamente.

Com o jogo ganho e as substituições feitas, o Botafogo foi cozinhando o jogo e aos 81’ Matheus Nascimento teve a possibilidade de bisar após tabelar com Daniel Borges, chutou de primeira e a bola passou por entre as pernas do goleiro e foi para o fundo das redes fechando o placar: Botafogo 3x0.

Em suma, um ótimo jogo de estudo para a equipe técnica, que estreou dois jogadores (Klaus e Niko) e fez rodar vários. Eu diria que Douglas Borges se firma como substituto de Gatito Fernández após uma boa partida; na zaga, Carli e Kanu já mostraram a sua segurança; Diego Gonçalves, Daniel Borges e Del Piage têm nível de titulares; Chay tem um certo estilo de peladeiro que não lhe assegura a titularidade, mas tem lugar como reserva; Patrick de Paula e Matheus Nascimento aparentam um grande potencial de crescimento, ainda não estão maduros para a titularidade absoluta, mas o futuro risonho desenha-se claramente; Rikelmi e Piazon talvez não se consigam firmar na titularidade.

Em suma, classificação tranquila com duas vitórias por 3x0; melhoria do entrosamento entre titulares e reservas, evidenciando toda a equipe uma melhoria significativa na posse de bola e nos passes certeiros, pecando bastante na finalização; o Ceilândia não desiludiu, mostrando-se uma equipe organizada e lutadora ao seu nível; Carli bateu o recorde absoluto de estrangeiros jogando pelo Botafogo, com 181 atuações; Patrick de Paula marcou finalmente ao serviço do Botafogo; a torcida fez a festa mais uma vez!

FICHA TÉCNICA

Botafogo 3x0 Ceilândia

» Gol: Patrick de Paula, aos 40, e Matheus Nascimento, aos 65’ e 81’

» Competição: Copa do Brasil

» Data: 12.05.2022

» Local: Estádio Olímpico Nilton Santos, no Rio de Janeiro (RJ)

» Árbitro: Ricardo Marques Ribeiro (MG); Assistentes: Celso Luiz da Silva (MG) e Marcus Vinicius Gomes (MG)

» Público: 17.385 pagantes; 18.648 espectadores

» Renda: R$ 346.791,00

» Disciplina: cartão amarelo – Patrick de Paula e Chay (Botafogo)

» Botafogo: Douglas Borges, Saravia (Daniel Borges), Carli, Kanu (Klaus) e Hugo (Niko Hämäläinen); Patrick de Paula, Del Piage (Kayke) e Chay; Lucas Piazon, Matheus Nascimento e Diego Gonçalves (Rikelmi). Técnico: Luís Castro.

» Ceilândia: Matheus Kaiser, Gabriel Vidal, Fernando Gomes, Igor Ribeiro e China (Gleissinho); Dudu (Werick), Geovane e Filipinho (​Maycon Valeriano); Matheus Guarujá, Roberto Pítio (Gabriel Pedra) e Fernandinho (Peninha). Técnico: Adelson de Almeida.

4 comentários:

Sergio disse...

Muito interessante o LC escalar um time misto, não querendo menosprezar o adversário eu falei que seria um coletivo de luxo. Com isso pode observar muitos jogadores e sua possível utilização.
Claro que a dinâmica desse jogo foi diferente da do domingo passado como bem ressaltou o Castro,mas ao contrário de tempos recentes em nenhum momento o Botafogo passou sufoco, mesmo não sendo a equipe titular e com visíveis problemas, soube controlar o jogo.
Gostei da maioria dos jogadores e acho que serão úteis ao elenco, a exceção do Piazon que além de estar fora de sintonia é muito molenga. Espero estar errado, mas acho que não terá futuro no Botafogo.
Eu que nunca tive paciência para ouvir as coletivas dos "professores" brasileiros, tenho imenso prazer em ouvir as do Luis Castro. Que elegância, inteligência, responde com precisão e sem arrogância. Boa escolha do John Textor. Como alguém comentou: o português Cabral descobriu o Brasil, e o futebol brasileiro do Botafogo descobriu o português Luís Castro. Boa escola de treinadores Portugal tem dado ao mundo. ABS e SB!

Ruy Moura disse...

É verdade, Sergio, o Luís Castro é de um nível desconhecido no futebol. Na verdade ouvi uma ou duas vezes os técnicos do Botafogo neste século e desliguei das coletivas deles. Para não me revoltar mais, porque já me bastavam as decisões incompetentes e opacas de dirigentes tão absurdos que acabaram por desembocar nessa 'pérola' chamada Mufarrej que nem falar sabe (não sei como conseguiu concluir um curso de Direito!).

Confesso que gosto de poucos treinadores enquanto pessoas. Assim de repente só consigo ver ou ler declarações de Luís Castro (disse-o logo aos meus amigos que era um gentleman e um homem seriíssimo), do português Ruben Amorim, do italiano Carlo Ancelotti, do alemão Jurgen Klopp e pouco mais. Mesmo os bons ou muito bons tecnicamente, como o espanhol Guardiola ou o português Mourinho, não consigo ver/ouvir derivado à arrogância.

Quanto ao Brasil, urge há muitos anos - e tenho-o dito insistentemente - criar uma verdadeira escola de treinadores que nunca existiu. O Brasil viveu e ainda vive dos seus fabulosos craques, mas quanto a técnicos vê-se quantos têm sido contratados pelo futebol europeu nos últimos 20 anos...

Ah... Ia-me esquecendo: e criar uma verdadeira escola de árbitros inteligentes, sérios e independentes. Faltam muitos Mários Viannas no país...

Abraços Gloriosos.

Sergio disse...

Realmente a arbitragem é um caso a parte. Entretanto em relação ao erro do goleiro, houve erro duplo no lance, pois "comentaristas" de arbitragem revendo o lance percebem que o jogador do Ceilândia coloca a mão na bola antes do goleiro do Botafogo, inclusive fez um vídeo se desculpando.
O árbitro de ontem foi muito fraco. De um dia tivemos um sem número de grandes jogadores o mesmo não se pode dizer nem de treinadores e sobretudo de árbitros. Realmente é um fenômeno que o futebol brasileiro tenha alcançado um patamar tão elevado. Sem esquecer dos nossos incompetentes dirigentes. ABS e SB!

Ruy Moura disse...

Eu li sobre o duplo erro no lance, mas eu próprio não reparei, e então preferi não mencionar para não arriscar o engano. Mas, claro, sendo assim a falha no lance é a dobrar.

Quanto aos sucessos do futebol brasileiro, devem-se quase exclusivamente aos extraordinários jogadores produzidos no Brasil, porque dirigentes e treinadores pouco acrescentaram. Basta ler certas declarações de Vicente Feola para se perceber que as decisões na Copa do Mundo de 1958 foram obra do coletivo dos jogadores. E em 1962 a arte não foi do Aymoré Moreira, mas de Garrincha, dos craques do Botafogo e dos bastidores (arbitragem perdoando pênalti e não assinando súmula com expulsão de Garrincha na semifinal, o que o impediria de disputar a final se fosse assinada). Talvez Zagallo tenha tido alguma influência em 1970, porque foi dos poucos treinadores que eu considero que eram capazes. Mas como ele era retranqueiro e o Brasil ganhou a final de goleada, talvez a sua influência não tenha sido tão forte assim (rsrs).

Abraços Gloriosos.

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