por
RUY MOURA
Editor do Mundo Botafogo
Confesso que o jogo foi uma grande desilusão para mim. A partida não mostrou nenhum avanço em termos de identidade da equipe e o desempenho foi bem pior do que qualquer jogo anterior deste campeonato brasileiro sob o comando de Luís Castro.
A primeira parte foi um pavor e poderíamos ter levado pelo menos mais um gol; a segunda parte foi monótona, burocrática e desinspirada.
No conjunto, os laterais foram uma lástima e o meio campo praticamente inexistente. Arrisco escrever que somente Kanu, Cuesta, Oyama e o incontornável Erison se salvaram de uma noite futebolisticamente sombria.
Principalmente Kanu salvou-nos de muitas aflições, Oyama teve que ir tapar buracos de marcação e por isso não produziu muito na criação e o inevitável Erison fez o empate e deu o passe que selaria a vitória para Victor Sá desperdiçar em frente ao goleiro com um chute fraco e mal colocado.
No início do jogo, logo aos 7’, Erison também fez um centro espetacular e ninguém acudiu ao miolo da área para selar o gol, e aos 10’ Saravia anunciou que estava disponível para oferecer um gol quando foi completamente ‘comido’ por um atacante adversário cabeceando dentro da área. Porém, aos 39’ ‘redimiu-se’ e ofereceu um ‘primoroso’ passe de cabeça para o autor do gol do América. Tal como anunciei na análise ao último jogo, Saravia havia de oferecer gols aos adversários porque é mau lateral a defender, é lento sobre a bola, deixa-se envolver com adversários nas suas costas. Não vai durar na equipe. A não ser que a comissão técnica fique com miopia…
Houve então um período repartido com as equipes se estudando até que o América decidiu que estava na altura de atacar. E atacou tanto que teve um gol anulado, marcou outro e ainda desperdiçou dois. O Botafogo vendo… marcando mal, jogando sem intensidade nem verticalidade.
Fora o soberbo Kanu, a retaguarda esteve um desastre, o meio campo não apareceu e no ataque só se mexia Erison, dando sempre muito trabalho à defesa contrária quando alguma bola chegava até si – das escassas que chegaram.
Na segunda parte o Botafogo entrou um pouco mais dinâmico, mas não muito, assegurou posse de bola, mas ineficaz, e o América mostrava-se tal como é realmente: com poucos recursos e defendendo o resultado. No entanto, o jogo pouco se alterou, embora as substituições fossem melhorando ligeiramente a equipe, mas sem resultados. Todos os fundamentos básicos eram executados com mediocridade e só o touro Erison mostrou inconformismo, irreverência e acabou por empatar – e dar o passe para a vitória que Victor Sá jogou fora, como fez em todo o jogo. Aliás… entrou em campo?...
Esperam-se dias melhores. Se Castro não preparar jogadas treinadas, não insistir no treino de cobranças de faltas e de escanteios, não substituir a burocrática posse de bola lateral pela inspiração, intensidade e verticalidade com variação de jogadas, não impuser marcação forte nem antecipação de bola, então não sei se será prazeroso assistir ao futebol botafoguense do qual se esperava tanto. Futebol que havia mostrado estar a progredir e que nos dois últimos jogos estagnou ou até mesmo retrocedeu.
Admito que Luís Castro esteja ainda numa fase de testes e de exclusão de atletas que mostram não servir para titulares, mas tem que ser mais incisivo com os jogadores no sentido de se aplicarem muito mais e se entrosarem.
Vão valendo os 12 pontos e a classificação entre os 4 ou 6 primeiros colocados, dependo dos resultados dos jogos de hoje.
Nota acrescida às 21h00 de hoje (domingo): E apesar das críticas - justas - ao desempenho do Botafogo, ainda podemos celebrar o 2º lugar com os mesmos pontos do Palmeiras, São Paulo e Atlético Mineiro e apenas a dois pontos do líder Corinthians!
FICHA TÉCNICA
Botafogo
1x1 América Mineiro
» Gols: Erison, aos 85' (Botafogo); Aloísio, aos 39' (América
Mineiro)
»
Competição: Campeonato Brasileiro
» Data: 21.05.2022
» Local: Estádio Independência, em Belo Horizonte (MG)
» Árbitro: Raphael Claus (SP): Auxiliares: Danilo
Ricardo Simon Manis (SP) e Neuza Inês Back (SP); Quarto
árbitro: Ronei Cândido Alves (MG); VAR: Daniel
Nobre Bins (RS)
» Disciplina: cartão amarelo – Vinícius Lopes (Botafogo) e Rodriguinho
e Marlon (América Mineiro)
» Botafogo: Gatito; Saravia (Lucas Fernandes), Kanu, Victor Cuesta e
Daniel Borges (Hugo); Luís Oyama, Tchê Tchê (Del Piage) e Patrick de Paula
(Matheus Nascimento); Diego Gonçalves (Vinícius Lopes), Victor Sá e Erison. Técnico: Luís
Castro.
» América Mineiro: Jailson; Patric, Luan Patrick, Éder e Marlon
(Raúl Cáceres); Lucas Kal, Gustavinho (Alê) e Rodriguinho (Índio Ramírez);
Felipe Azevedo (Kawê), Aloísio e Henrique Almeida (Zé Ricardo). Técnico: Vagner
Mancini.
2 comentários:
Nada a acrescentar a sua análise, mas eu tenho realmente a impressão que o Luís Castro ainda não encontrou a formação ideal e pior, o elenco é limitado e vai oscilar muito. Naturalmente esses jogadores tem que compreender que futebol tem 90 minutos e não é possível entrar com tanta indolência, que é o que tem acontecido em todos os primeiros tempos que assisti, inclusive contra o fraco Ceilândia.
Claro que o trabalho é muito recente e não se monta um bom time da noite pro dia, mas falta de vontade é imperdoável. ABS e SB!
É isso mesmo que penso: a equipe não entra verdadeiramente com vontade. Mas também creio que o treinador deve ter responsabilidades nessa matéria. Qualquer treinador deve ser implacável no que respeita ao empenho e ao brio dos jogadores em campo. Por outro lado, vejo falhas gritantes em fundamentos essenciais. Vejo cobranças de escanteios mal feitas. Vejo faltas mal batidas. Vejo ausência de jogadas ensaiadas. Vejo Saravia responsável por vários gols que tomamos e continua titular. Vejo um meio campo sem criação. Vejo decisões equivocadas dos jogadores. Enfim, parece que estou virando pessimista, mas a verdade é que já devíamos estar melhorando mais. Eu só pergunto o seguinte: se acaso não tivessemos o taurino Erison, quantos pontos teríamos na classificação geral?... Ele tem sido o nosso salvo conduto. Mas precisamos de mais coletivo!
Torcendo para que a coisa melhore mais com alguma rapidez, mas tenho a sensação que antes de novos reforços vai ser difícil. Ou então o treinador tira algum cooelho da cartola e põe a equipe a carburar... coletivamente! Coisa que já se conseguiu com mais sucesso em alguns jogos anteriores.
Abraços Gloriosos.
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