por
RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo
Finalmente ganhamos a um clube ‘pequeno’, sem
sobressaltos e de goleada. Curiosos são os comentários de alguns botafoguenses:
se perdermos com clubes ‘pequenos’ a crítica – normal – é feroz; se ganhamos a
clubes ‘grandes’ como o Fluminense, foi porque o goleiro defendeu um pênalti e
deixamos muito a desejar; se perdemos com clubes ‘grandes’ é porque só ganhamos
a pequenos; se ganhamos de goleada a clubes ‘pequenos’ era obrigação e não foi
nada de mais. Ou só ganhamos quando estamos na defensiva, ou se tomamos a
dianteira de ataque não sabemos propor jogo. E sempre que perdemos a culpa é do
treinador; e sempre que ganhamos foi apenas à custa dos jogadores. Eta, torcida
danada…
Bem, em primeiro lugar, o Flamengo ganhou por 1x0 ao
Boavista, e o Fluminense empatou por 1x1, pelo que muito vaticinavam imensas
dificuldades do Botafogo contra o Boavista – que era o último classificado, mas
nem por isso presa fácil dos clubes ‘grandes’. Porém, desde o primeiro ao
último minuto a pressão foi botafoguense, propôs jogo e teve forte vontade de
resolver a partida na primeira parte, o que não é costume.
Em segundo lugar, a equipe técnica foi clara em definir
que o Carioca servirá por pré-temporada que foi sonegada à equipe sem uma
justificação plausível, já que poderia ter sido reduzida mas não suprimida.
Em terceiro lugar, estamos na vice-liderança do Carioca,
o que talvez não seja despiciendo tendo em consideração que o objetivo é
realizar pré-temporada oferecendo ‘minutagem’ a todos os jogadores por conta do
ano difícil que vamos enfrentar.
Sobre o jogo no Mané Garrincha pode-se dizer que o
Botafogo entrou a ‘matar’, e logo aos 3’, e depois aos 20’, Tiquinho Soares
resolveu aproveitar as falhas adversárias para bisar, após um início de
temporada frouxa e ineficaz – num caso porque Ryan falhou a interceção e noutro
porque Tiquinho estava livre de marcação. E aos 45+2’ Marçal cobrou escanteio,
o goleiro Fernando afastou mal a bola e Victor Sá, à entrada da grande área,
bateu com enorme categoria no canto direito da baliza e sacramentou o
resultado: Botafogo 3x0.
Só no final da primeira parte é que Lucas Perri efetuou uma defesa, o
que evidencia um 3x0 robusto.
No segundo tempo o técnico do Boavista ainda tentou mudar
o rumo das coisas, mas rapidamente o Botafogo retomou a liderança da partida
criando novas e sucessivas oportunidades, enquanto o Boavista continuou com
inúmeras dificuldades, apesar de ter tentado marcar – e cujos remates acabavam
nas mãos de Lucas Perri.
E Tiquinho Soares tornou a sobressair quando aos 69’
cruzou da linha de fundo e Patrick de Paula, bem colocado no centro da área,
marcou um belo gol de sem pulo, selando a goleada em 4x0.
O goleiro, a dupla de ataque, a dupla de zaga e ainda
Marçal e Tchê-Tchê – e talvez Patrick de Paula – parecem estar no caminho
certo. Com fracos desempenhos sucessivos deve-se destacar Rafael e Matheus
Nascimento. Para quando novos reforços para todo o lado direito da equipe e
novos ‘criador’ e ‘matador’ que acelerem a tão propalada ‘veia ofensiva’ de
Luís Castro?
Uma coisa é certa: Luís Castro parece ter arrumado com o
seu elo mais fraco de treinador e que mencionei no seu perfil publicado no MB
antes de chegar ao Botafogo, isto é, a defesa. Parece que percebeu que para
alcançar sucesso face ao modo como se joga no Brasil a base é montar uma boa
defesa – e o Botafogo é a equipe menos vazada do campeonato (dois gols) e mantém
as suas redes invioláveis há quatro jogos.
Foi uma boa partida de ‘pré-temporada’, com uma
particularidade: a dupla atacante Tiquinho e Victor Sá entrou apenas na segunda
parte do jogo contra o Nova Iguaçu com a intenção de ganhar a partida, não
conseguindo; porém, contra o Boavista, o técnico fez o contrário, escalando
Tiquinho Soares e Victor Sá, que resolveram o jogo na primeira parte e assim foram
substituídos com segurança na segunda parte, o que me pareceu mais acertado do
que contra o Nova Iguaçu.
O caminho é p’ra frente!
FICHA TÉCNICA
Botafogo 4x0 Boavista
» Gols: Tiquinho
Soares, aos 3' e 20’, Victor Sá, aos 45+2, e Patrick de Paula, aos 69’
» Competição : Campeonato Carioca (Taça Guanabara)
» Data: 05.02.2023
» Local: Estádio Mané Garrincha, em Brasília (DF)
» Árbitro: Matheus Carneiro Torres; Assistentes: Thiago
Rosa de Oliveira e Wallace Muller Barros
» Disciplina: cartão amarelo – Rafael e Cuesta (Botafogo)
» Botafogo: Lucas Perri; Rafael, Adryelson, Victor Cuesta e Marçal;
Marlon Freitas (Patrick de Paula), Tchê Tchê, Gabriel Pires (JP Galvão) e Lucas
Piazon (Gustavo Sauer); Victor Sá (Luís Henrique) e Tiquinho Soares (Matheus
Nascimento). Técnico: Luís
Castro.
» Boavista: Fernando, Kevem, Diogo Rangel (Berê) e Elivelton; Jairo
(Cayo Tenório), Israel (Lucas Lucena), Ryan, Matheus Alessandro e Peu;
Marquinhos (Ramon) e Wandinho (Carlos Daniel). Técnico: Leandrão.
4 comentários:
Comentário excelente. Esse primeiro parágrafo é uma descrição precisa de uma parte expressiva de torcedores botafoguenses nas redes sociais. Fiz comentários parecido em uma luva no YouTube.
Realmente vejo evolução no time e parece que o Castro começa a entender a maneira de jogar do futebol brasileiro, o que demonstra uma percepção e uma inteligência tática muito grande e, apesar disso ainda ouço que o Luís Castro é fraco! Sinceramente, só pode ser preconceito. E você que sempre escreveu que os time dirigidos pelo Castro tinham problemas defensivos, observou com precisão a melhora nesse setor.
Comendo que o lado direito não vem se apresentando bem, porém acho que o Rafael tem se esforçado e torço para que ele acerte
De qualquer maneira acho importante reforços prioritários no setor direito, mas para o time do Botafogo disputar a Sul Americana e a copa do Brasil acho que o elenco precisa ser reforçado, nosso banco tem muitas lacunas e uma grande decepção: Matheus Nascimento. ABS e SB!
Tambémvejo evolução, Sergio, e espero que não pare. Não tenho lido só que o LC é fraco; um amigo meu escreveu que ele não é ruim,é MUITO RUIM! Impressiinante, né? Ruim mesmo é o Barroca, o Chamusca, o Tigrão e tantos outros que nunca deram modelo de jogo ao Botafogo. Aliás, que me lembre neste século, modelo de jogo só houve com o Cuca (também com enormes problemas em montar boas defesas) e com o Seedorf, que na verdade era o orientador da equipe, e não o treinador. E concordo quanto aos reforços que menciona e quanto à grande desilusão que é Matheus Nascimento. Mas eu avisei os amigos: a torcida lembrou-se de repente que ele era o máximo, a mídia foi atrás, a coisa subiu-lhe à cabeça como 'comandante' de ataque e queimou-se do mesmo modo que o Luís Henrique (LH), se não me engano em 2015, e hoje joga num clube da Noruega que ninguém conhece. Torço para que o MN recupere,mas apenso que vai ser muito difícil,pelo menos no Botafogo. Ele parece-me uma barata atordoada andando de um lado para o outro do campo e sem rumo.
Abraços Gloriosos.
Realmente em relação ao Luís Castro me parece preconceito daqueles pré concebidos. Percebe-se claramente não só o sistema de jogo cada vez mais sólido e variantes não só mesmo jogo mas estratégias aplicadas a adversários diferentes. É uma pena tanto preconceito com o treinador português que já deu inclusive provas de respeito e conhecimento do Glorioso Botafogo de Futebol e Regatas! ABS e SB!
Como cidadão no mundo do futebol considero-o social e intelectualmente muitos furos acima da maioria dos treinadores. Como treinador, é evidente que vale. O Cv dele mostra-o, mas aguardo por melhores informações/resultados concretos da sua gestão para avaliar se consegue realmente singrar num futebol bem diferente daquele a que estava habituado. Até agora admito que possa estar um furos acima da média dos treinadores, mas evidentemente sem pretender compará-lo com treinadores extrardinários como Ancelotti, Klopp, Guardiola, Mourinho, etc. Entre 0 e 10, se conseguir chegar a 7,5 eu ficaria satisfeito. Já dava para conquistar títulos no futuro, evidentemente se dispuser de um plantel adequado.
Abraços Gloriosos.
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