quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

Patrono do principal estádio de João Pessoa foi jogador da base do 'Glorioso'

Estádio José Américo de Almeida Filho, o ‘Almeidão’.

por JOSÉ VANILSON JULIÃO | Colaborador do Mundo Botafogo

Ruy Moura: - “Se lhe agradar a elaboração da biografia desportiva do patrono do Almeidão como homem de “Botafogo's" seria interessante a publicação. Acho curioso ter jogado no Botafogo FR, Botafogo FC e patrono do Almeidão. E pelo meio é capaz de haver algo engraçado...”

José Vanilson Julião: - “Com seu comunicado lembrei que a inauguração do estádio, outra coincidência, foi em amistoso entre os dois Botafogo. Além disso, na reinauguração, o convidado era O Glorioso, mas devido uma greve dos jogadores do time carioca o América/RN substitui.”

A troca de correspondência eletrônica entre os editores dos blogs ‘Mundo de Botafogo’ e ‘Jornal da Grande Natal’ mostra, categoricamente, como se construiu a pauta para mais uma história inusitada envolvendo o mais tradicional alvinegro do Brasil, assunto este que surgiu após o segundo comentar postagem do primeiro sobre títulos do elenco infantil botafoguense.

Tudo começou quando o editor do ‘MB’ posta, como de costume, a relação das reportagens e artigos mais acessados do mês. Na lista de 10 de fevereiro deste ano, relacionada as postagens do mês anterior, estão sete assuntos, entre os quais "Botafogo, bicampeão infantil 1968-1969 e campeão de dentes de leite em 1969".

Havia visto quase todos os textos e colaborações de amigos do ‘Mundo Botafogo’, exceto o artigo mencionado acima. O que fiz logo em seguida. Para surpresa do redator no final um link remete para outro sensacional e histórico artigo sobre a base alvinegra: "Botafogo venceu oito campeonatos estaduais infantil".

José Américo de Almeida, pai de Zé Américo.

Foi justamente neste último artigo que li a menção do paraibano José Américo de Almeida Filho, o Zé Américo, entre os 12 pequenos atletas que se sagraram campeões cariocas infantis em 1932 e em 1933. Fato este que suscitou o comentário na postagem indicando os pormenores de abertura deste artigo "encomendado" pelo editor Ruy Moura. Na época o pai de Zé Américo era ministro de Viação e Obras Públicas (nomeado por Vargas).

Inclusive ressalto as fontes das importantes preliminares que desencandearam a elaboração conjunta para continuidade desta rica história: Acervo e pesquisa de Claudio Marinho Falcão (colaborador do blogue); Acervo e pesquisa de Rui Moura; Castro, Alceu Mendes de Oliveira (1951), O Futebol no Botafogo (1904-1950), Rio de Janeiro: Gráfica Milone.

Relatada as nuances vamos aos dados suplementares deste episódio que enriquece a mídia eletrônica que fala das coisas botafoguenses. Primeiro situo que José Américo de Almeida Filho, o patrono do estádio da capital paraíbana, como o próprio nome dá a pista com clareza, é descendente de José Américo de Almeida, advogado, romancista, professor universitário e político nascido em Areia (10/01/1887) e falecido em João Pessoa (10/03/1980).

Construído em 14 meses, a partir de dezembro/1973, a abertura (09/03/1975) acontece com vitória do Botafogo carioca sobre o xará pessoense. 2x0. Gol inaugural do ponta-direita Tiquinho (15' do primeiro tempo). 39 anos depois passa por uma reforma geral, com recuperação da estrutura, reimplantação das cadeiras, ao custo de R$ 35 milhões ao governo estadual.

Elenco campeão de 1936.

Para a reinauguração do equipamento esportivo é convidado novamente o Botafogo do Rio de Janeiro, mas devido uma greve dos jogadores, o clube do Sudeste declina do convite. O América de Natal, capital do Rio Grande do Norte, substitui com nova derrota do Botafogo local. Jeferson marca o gol solitário aos 38' da etapa complementar.

O curioso é que o 'José Américo de Almeida Filho' - ex-jogador e ex-presidente do clube pessoense - foi construído e inaugurado na mesma época do Estádio Ernani Sátiro, conhecido como 'Amigão' (aberto no dia anterior), em Campina Grande, pelo então governador homenageado como patrono do equipamento da cidade do interior do Estado.

No primeiro título estadual (13/12/1936) decidindo com o Sol Levante (fundado por funcionárias das Indústrias Matarazzo), vitória botafoguense por 3x2. Lucas (2) e Pilota marcaram para o alvinegro. O campeão utilizou os atletas Pagé, Euclides, Márcio Teixeira, Pedro Macaco, Lemos, Américo Filho, Tonico, Ronal, Lucas, Hélio e Evan Holmes.

O atleta Américo Filho (como era chamado na terra natal) está presente no primeiro clássico da capital paraibana. Botafogo 1x1 Auto Esporte (1938). Como presidente promove o primeiro jogo internacional (13/12/1951) do alvinegro pessoense 2x3 Velez Sarsfield de Buenos Aires (Argentina). O dois jogos aconteceram no antigo estádio do alvirrubro Cabo Branco.

O ‘Almeidão’ em construção.

O engenheiro Carlos Pereira explica: - "O governador queria a mesma capacidade, tamanho, gramado e vestiários. A empresa que projetou o Mineirão fez um projeto com uma diferença: os arcos da fachada (não existem mais por causa das reformas) eram voltados para cima no Almeidão e para baixo no Amigão. Foi ideia minha, mas tão sutil que ninguém notava." 

Os estádios teriam o mesmo nome: Ernani Sátiro. O pessoense precedido do 'Ministro'. Mas em cima da hora decreto muda tudo. Além disso, jamais foram concluídos totalmente. No original  haveria arquibancadas atrás dos gols. O anel superior do lado da arquibancada da sombra seria em toda a extensão. Foram os dois pontos que acabaram incompletos.

Com a reforma o 'José Américo' perdeu a capacidade de 45 mil pessoas para 19 mil espectadores, ou 25 mil conforme outras fontes. E o que pode passar desapercebido: Pelé marcou o gol 999 ou 1.000 (conforme a 'Folha de São Paulo') no Estádio Governador José Américo (este sim homenageia o pai). Inaugurado em 14/11/1969, reeditando outro existente nos anos 50, o 'Olímpico'.

Para encerrar: José Américo Filho empresta o nome a dois torneios regionais ocorridos em 1975 e 1976. Na segunda competição, com o Vitória baiano campeão e o América potiguar vice, quem também participou como convidado foi o Volta Redonda (Rio de Janeiro), sendo realizada no segundo semestre para quem ficou de fora do restante do Campeonato Nacional.

Fontes: Anotando Futbol, A União, Blog Professor Zezinho, Cadastro Nacional de Estádios/CBF, Correio da Paraíba, Diário de Natal, Folha de São Paulo, Globo Esporte/PB, História do Futebol, Museu do Futebol, Portal 40 Graus e Tribuna do Norte.

2 comentários:

jornal da grande natal disse...

Parabéns pelo layout da edição. As fotos foram distribuídas em consonância com as sequências dos parágrafos. Não faria melhor. PS: Como esqueci de colher a ficha técnica do primeiro jogo inaugural ao fazê-lo posteriormente verifiquei outros detalhes interessantes sobre a estadia do "Glorioso" na Paraíba. Não digo agora. Surpresa para os fiéis leitores do blog.

Ruy Moura disse...

Parabéns também pela originalidade do texto. Ficamos ansiosos pela surpresa que chegará!
Abraços Gloriosos.

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