por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo
Estimados leitores, quando o
campeonato terminar farei certamente uma série de artigos de opinião sobre este
tempo de SAF Botafogo, desde janeiro de 2022 até dezembro de 2023, não me
poupando à crítica contundente ou ao elogio rasgado, nem ao que deveria ser o
futuro do Botafogo nas mãos de uma SAF – que é privada, que tem direito a
lucros mas que, antes de tudo, deve ter como Missão o desenvolvimento do
futebol e como Visão a grandeza do Clube.
Não farei críticas negativas
por agora a ninguém – até porque em dezembro apontarei todos as virtudes e
todos os defeitos de cada qual no sentido de contribuir – uma vez mais – para uma
análise racional, serena e severa que é a única forma de se redefinir o traçado
da nossa estrada de louros.
Não espere o leitor, por
estas razões, que diga mais do que disse em termos de conteúdos concretos em
cada momento específico desta caminhada de quase dois anos, até porque no que
toca a treinadores – e Lúcio Flávio agora é o alvo dos desagrados –, evito ser
um corta-cabeças, e a prova disso é que só me manifesto severamente contra
treinadores quando a capacidade técnica é claramente negativa ou quando entendo
que o treinador perdeu a confiança do vestiário – mesmo que seja competente,
como já aconteceu em diversas situações pelo mundo.
Dos nossos já quatro
treinadores em 2023, e também do provável quinto treinador que se anuncia na
comunicação social de hoje, tratarei caso a caso em artigos de dezembro próximo.
Devem existir poucos países
no mundo que destratam treinadores e os descartam num acender e apagar de fósforo
como no Brasil, não lhes dando tempo de construção a médio prazo ou espaço para
a resolução de situações a curto prazo. Por isso, além do texto que escrevi
aquando da nomeação de Lúcio Flávio – e cujo excerto refleti na publicação
sobre a derrota para o Vasco da Gama, nem uma só vez me movi expressamente por
críticas contundentes contra ele na medida em que acima do meu ego e das minhas
razões está a instituição Botafogo de Futebol e Regatas num momento crucial de
um título que nos quer escapar.
Porém, deixei um aviso atempado logo na vitória 'milagrosa' sobre o América Mineiro, e especialmente na derrota para o Cuiabá: «Não quero dizer tudo o que penso e sinto em relação ao desenrolar deste ano desportivo para não contribuir na desestabilização seja de quem for, mas se a situação não mudar… algo pode mudar na tabela.»
A situação não mudou, mas a estrutura de classificação do campeonato, sim. Hoje de manhã a imprensa
anuncia a busca de um novo treinador para o Botafogo. Se assim for, farei o
possível por não me manifestar nem a favor nem contra, torcendo para o seu (difícil)
sucesso de reabilitar em tempo recorde estes abalados jogadores que, em menos
de nada, perderam a formidável resiliência que haviam ganho em tempos idos. E
nessa altura, sim, foi gloriosamente contra tudo e contra todos.
Apelo a todos vós (excepto aos insensatos corneteiros irracionais e grosseiros que vagueiam por aí) que neste momento crucial os nossos comportamentos possam favorecer o ressurgimento deste atual BotaCinzas transformado novamente em um BotaFogo capaz de travar esta espiral e reerguer-se.
Botafogo 3x4 Grêmio
» Gols: Diego Costa, aos 5’, Júnior Santos, aos 28’, e Marlon
Freitas, aos 46’ (Botafogo); Everton Galdino, aos 9’, e Luis Suárez, aos 49’,
53’ e 68’ (Grêmio)
» Competição: Campeonato Brasileiro
» Data: 09.11.2023
» Local: Estádio São Januário
» Público: 17.030 pagantes; 17.708 presentes
» Renda: R$ 704.223,00
» Árbitro: Ramon Abatti Abel (SC); Assistentes: Bruno Boschilia (PR) e Thiaggo Americano Labes
(SC); VAR: Rodrigo D’Alonso Ferreira (SC)
» Disciplina: cartão amarelo
– Carballo e João Pedro (Grêmio)
» Botafogo: Lucas Perri; Di Placido, Adryelson, Victor
Cuesta e Hugo (Marçal); Danilo Barbosa (Eduardo), Marlon Freitas e Tchê Tchê (Janderson);
Júnior Santos (Luís Henrique), Diego Costa e Victor Sá (Carlos Alberto).
Técnico: Lúcio Flávio.
» Grêmio: Gabriel Grando; João Pedro, Bruno Uvini, Kannemann e Reinaldo; Ronald (Gustavo Martins), Villasanti e Carballo (Cristaldo); Besozzi (Ferreira), Suárez (João Pedro Galvão) e Everton Galdino (Nathan Fernandes). Técnico: Renato Gaúcho.
5 comentários:
O momento é de apoio e reflexão para opinar depois...
Exatamente, Vanilson. Nunca será o radicalismo que salvará a humanidade da perfídia, mas sim a sensatez dos esclarecidos.
Abraços Gloriosos.
Refletindo depois de mais um vexame, penso que a demissão do Bruno Lage forçada em grande parte pelo elenco e grande parte da torcida foi um erro crasso. Se nós analisarmos as partidas pós BL , veremos que a exceção do jogo contra o Fluminense, jogo esse que parece um ponto fora da curva, o restante dos jogos o time apresentou falhas defensivas bizarras, em especial ontem do Di Placido e do Cuesta, que parece estar completamente perdido, prá ser mais exato, toda a parte defensiva do time está completamente perdida. Me pergunto: com o BL nós víamos isto? Víamos alguns problemas, em especial pelo lado direito e a impressão que dava é que o Bruno Lage tentava corrigir o problema, mas infelizmente o amadorismo enraizado no clube permanece mais vivo do que nunca. Creio que se o Bruno Lage continuasse poderíamos ter uma sorte melhor, pelo menos ele é um treinador com certa experiência, alem disso tinha uma comissão técnica formada, hoje temos uma?
Ora, se nos momentos de maior pressão o Textor manteve e bancou o Luís Castro, por que não fez o mesmo em relação ao BL? Cedeu a pressão do elenco e da torcida? Isso na minha opinião foi de um amadorismo ao estilo dos dirigentes que faliram o clube.
O mais incrível de tudo é vque o Botafogo ainda pode ser campeão, para isso basta ganhar os 6 últimos jogos, eu porém não creio nosso mesmo que venha algum treinador "cascudo", o problema é que além de perdido, sem força, sem vontade, o psicológico do time está arrasado; só um milagre para o Botafogo conquistar o título, e nesse caso é daqueles milagres que até o santo desconfia. ABS e SB!
Sergio, eu ainda não manifestei no blogue essa conclusão a que chegou, guardando-me para os artigos finais do ano sobre tudo o que ocorreu no Botafogo desde a criação da SAF, mas já que o meu querido amigo falou nisso - e mostra uma vez mais como pensamos e analisamos da mesma maneira quase sempre - serei sincero, apesar do momento ser mais propício ao meu silêncio de pensamentos e sentimentos, e dir-lhe-ei que eu cheguei a essa conclusão logo que anunciaram Lúcio Flávio como técnico.
Lúcio Flávio era conhecido como amarelão em jogos decisivos por boa parte da torcida, e um dos cartazes que surgiu no Engenhão em 2009, obra de amigos meus, chamava LF e Juninho de amarelões. Ainda tenho a foto desse cartaz.
Efetivamente, BL perdeu o vestiário, e quando se perde o vestiário, a coisa torna-se difícil. Cometeu erros crassos porque é mau comunicador e tem fraca liderança, mas tecnicamente sabe de futebol e estava em busca de resolver a ala direita e conseguir melhor penetração por dentro. Daí as suas experiências, mas que não surtiram efeito, especialmente quando tirou o Tchê Tchê do meio, porque meio campo sem Tchê Tchê é praticamente nulo. Alguns jogadores não encaixaram porque estavam habituados a outro posicionamento no terreno.
Reconheci que face ao erro de ter colocado o lugar à disposição - apesar de com isso pretender ser escudo dos jogadores -, da má comunicação nas coletivas, das tentativas técnicas vãs e da clara perda de vestiário, teria que ser demitido -e apoiei a sua demissão publicamente. Mas se eu soubesse que a solução seria Lúcio Flávio, seria contra, porque o BL acabaria por encontrar uma solução e evitaria tantas derrotas posteriores, enquanto o LF nem sabe como começar a procurar uma solução - porque não se preparou adequadamente para treinador, como, aliás, também a maior parte dos treinadores do país. Em todas as partidas teve intervenção nula no decorrer do jogo e o único resultado realmente bom foi jogo contra o Fluminense pela simples razão que o tipo de jogo do Castro contra equipes de maior gabarito era contra ataque, e isso encaixava perfeitamente no jogo de tiki-taka do Diniz, que é um tipo de jogo fácil de anular pelo estilo da nossa equipe de então. Agora é que já não tem estilo nenhum porque LF é ainda mais frágil do que o Eduardo Barroca, porque não tem nenhuma ideia de jogo, enquanto o Barroca - apesar de fraco - pelo menos acreditava na posse de bola (eu não acredito, porque são inúmeros os jogos por esse mundo fora onde quem vence joga a maior parte do tempo sem bola, e era isso que sabíamos fazer no tempo do Castro.
Abraços Gloriosos.
Não vem muito a propósito, Sergio, mas o Clube Social meteu a "pata na lama" caso seja confirmado que foi sondar o Cuca para treinador, apesar disso ser matéria da SAF. É preciso não perceber nada do mundo social nem ter um pingo de ética para se sondar um homem que saiu do Corinthians pelas razões indecorosas que todos sabem quais são. Mais um absurdo dos eternos amadores que pululam há décadas em General Severiano.
Abraços Gloriosos.
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