[Nota preliminar: Até
há 14 anos atrás nunca tive o hábito de levar comigo em viagem camisas do
Botafogo. No entanto, como viajo muito desde a minha idade adulta, em férias e
em trabalho, amigos como Rodrigo Federman, Macau, Hangman ou Leonel Ventorim,
estimularam-me, em 2010, a levar comigo a Camisa Gloriosa e mostrar algumas
fotos – com camisa ou sem ela – e narrar histórias sobre as viagens ou sobre os
locais. E assim tenho feito, lamentando que até 2010 não tenha fotos com a
Camisa Gloriosa nos 60 países que já havia visitado. Seguiram-se, então,
crônicas sobre diversos países visitados após essa data e desta feita foi a vez
de Chipre, uma pequena e mítica ilha do Mediterrâneo, situada na confluência de
três continentes: África, Ásia e Europa.]
por RUY MOURA |
Editor do Mundo Botafogo
A ilha de Chipre é um pequeno território
localizado no extremo leste do Mar Mediterrâneo, a sul da Turquia, oeste da
Síria e do Líbano, nordeste de Israel, norte do Egito e leste da Grécia, mas
cuja atividade humana remonta a 12 milênios de história e cultura, registrada a
partir dos caçadores-coletores, cuja chegada acabou por extinguir os
hipopótamos anões e os elefantes anões.
Ademais, Chipre conheceu inúmeras formas de vida social e cultural, mas os cipriotas gregos e turcos compartilham muitos costumes, mantendo a sua etnicidade baseada na religião, idioma e outros laços fortes com as origens.
O país é altamente desenvolvido,
classificando-se em 29º lugar no Índice de Desenvolvimento Humano das Nações
Unidas (índice de 0,907), entre os 208 países e territórios reconhecidos, bem
como uma das mais elevadas economias do mundo, ancorada na hotelaria e turismo
e na prestação de serviços.
País praticamente com sol durante oito meses
de verão, e temperaturas elevadas, tem o seu ponto mais alto do território a
sudoeste, no Monte Olimpo, situado a 1.953 metros acima do nível do mar, em
plena cordilheira dos montes Troodos.
O País foi colonizado primordialmente por gregos micênicos e posteriormente ocupado por diversos impérios, designadamente dos Assírios, Egípcios e Persas, tendo sido anexado por Alexandre, o Grande, seguiu-se a dominação dos Egípcios, Romanos e Bizantinos, Califados árabes, dinastia francesa de Lusinhão, Venezianos, Otomanos durante três séculos e finalmente colocado sob administração britânica que, mais tarde, anexou formalmente o território.
Em 1960 o país tornou-se independente
mediante um tratado assinado por Chipre, Grécia e Reino Unido, mantendo os
Britânicos a soberania sobre Akrotiri e Dhekelia. A Constituição determinou que
os governos seriam turco-cipriotas, mas em 1974 um golpe de estado pró-helênico
depôs o governo e a Turquia decidiu invadir a parte norte do Território,
mantendo-se assim até hoje.
Em suma, o pequeno território divide-se em República do Chipre, República Turca do Chipre do Norte e os enclaves Britânicos de Akrotiri e Dhekelia. A nossa visita restringiu-se à República do Chipre, estado que faz parte da União Europeia e do Sistema Monetário Europeu, com passagem fugaz por Dhekelia.
País dotado de muitas originalidades, possui
ainda hoje os poços mais antigos do mundo, descobertos por arqueólogos, com
cerca de 9.000 a 10.000 anos de idade.
Os perfumes também são os mais antigos do
mundo, descobertos em Chipre por arqueólogos, que, em 2007, desenterraram
verdadeiros ‘tesouros perfumados’ em Pyrgos, com mais de 4.000 anos, produzidos
a partir de extratos de lavanda, louro, alecrim, pinho e coentro, que haviam
sido guardados em pequenos frascos translúcidos.
Não só os perfumes, mas também o vinho mais antigo mundo é cipriota: o vinho Commandaria, que remonta a 4.000 anos e está registrado como tal no Guinnes World Records.
Destino turístico invejável, Chipre desfruta
de 320 dias de sol por ano, estimando-se apenas 40 dias de chuva em média, e
possui as praias mais limpas da Europa, confirmadas como de excelente qualidade
em relatório oficial da União Europeia.
A sua Bandeira tem a inédita particularidade
de ser a primeira que, em todo o mundo, inclui o mapa do seu território, em cor
laranja-cobre, que simboliza os grandes depósitos de minério de cobre na ilha,
enquanto os ramos de oliveira significam a paz entre os turcos e os gregos.
Aproximadamente 10 mil flamingos pousam temporariamente no Lago Salgado de Larnaca, especialmente durante o outono na sua migração para sul.
Em Ayia Napa, local-âncora da nossa visita ao
Chipre (círculo verde assinalado no mapa), observa-se o romantismo das luzes
bailando nas águas ao cair da tarde sob a brisa e a fragrância marítima,
enquanto os barcos e os iates adormecem na baía imperturbável, após um intenso
dia deste porto estratégico, conquistado pelos Ptolomaicos há 2.400 anos.
Finalmente, porque o texto vai longo, além de
fortes influências gregas, turcas e egípcias, os cipriotas adoram gatos e há
hotéis que criaram instalações especiais onde os gatos vadios são alimentados,
castrados e monitorados. No Chipre existem, pelo menos, um milhão e quinhentos
mil gatos para um milhão e duzentos mil habitantes.
Porém, essa é história para outra publicação.
5 comentários:
Sensacional esse resenha sobre Chipre. Sinceramente não tinha a menor ideia sobre esse país, mas graças ao momento cultural de excelência do Mundo Botafogo pude aprender mais sobre um país que só conhecia pelo nome. Abs e SB!
Fico contente por ter gostado, Sergio. Misturar cultura com Botafogo é TOTALMENTE compatível! (rsrsrs) E durante a época de verão o país é tão quente e seco como o Egito, sendo por isso também compatível com...botaFOGO! (rsrsrs)
Abraços Gloriosos.
Idem!. Gostei muito desse "caldo" cultural do blog. Quais países você mais gostou?.
Eu sou discente de uma universidade da minha cidade e pretendo um dia viajar para ampliar os meus conhecimentos. É muito burocrático?.
Não entendi a pergunta "é muito burocrático?", Dinali.
É muito difícil escolher entre 70 países que conheço, porque cada qual tem as suas características próprias. No entanto, aí vai por continentes: América do Norte: EUA (região leste) e México (a parte da Península do Yucatan); América Central: Cuba (único país que conheço na região); América do Sul: Brasil, evidentemente, mas só conheço RJ, SP, ES, MG, DF; África: África do Sul e Egito; Ásia: Turquia e China; Europa: França, Itália, Suécia, Áustria, Rússia (sobretudo São Petersburgo), mas claro que na Europa valem a pena outros países como Islândia, Irlanda, Escócia, Chéquia, Hungria, Finlândia.
Na Europa, o ideal seria viajar de comboio, que tem ligações entre todos os países, e em alguns casos trens de alta velocidade, fazendo um roteiro prévio dos principais locais, monumentos e paisagens a visitar.
Na etiqueta foto-reportagem o Dinali encontra diversas crônicas sobre alguns países que visitei.
Abraços Gloriosos.
Se quiser, Dinali, posso enviar-lhe uma lista dos pontos mais interessantes que já visitei, cidade a cidade. Tenho tudo registrado. Envie o seu contato para mundobotafogo@gmail.com e eu respondo.
Abraços Gloriosos.
Enviar um comentário