domingo, 27 de outubro de 2024

Botafogo 1x0 Bragantino: a caminhada continua

Crédito: Vitor Silva | Botafogo.

por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo

Muito contente por uma vitória que por tardia já me amargava a boca aos 85’ de jogo, porque, confesso, jogando bem ou jogando mal, o meu desejo é termos pelo menos um título importante para lançarmos definitivamente no passado décadas de incompetências diretivas.

Dito isto, provavelmente irei ser exigente demais com uma equipe que não perde há exatamente 11 semanas, somando 8 vitórias e 6 empates, tendo jogado nesse período contra Palmeiras (2º do Brasilerão), Fortaleza (3º), Flamengo (4º), São Paulo (6º), Bahia (7º) e Peñarol, liderando o campeonato brasileiro e se preparando para a classificação a uma final da Copa Libertadores pela 1ª vez, mas devo ser sincero e dizer que não tenho gostado dos registros de jogo do Botafogo contra adversários que colocam um ônibus de dois andares precedido de um trem defendendo ferozmente a baliza com duas linhas de 9 ou 10 atletas atrás da linha da bola.

A retranca do Bragantino não foi maior do que a retranca do Peñarol e, contudo, olhando para o nosso desempenho nesses dois jogos, um, foi água, outro, vinho. O cansaço desculpa tudo? Creio que não é bem assim.

O Botafogo teve predomínio no 1º tempo até aos 32’ de jogo. Todavia, teve-o porque o Bragantino se rodeou de obstáculos (como escrevi, um ônibus de dois andares e um trem a precedê-lo) e o Botafogo não funcionou coletivamente de modo eficaz, desfrutando de um domínio mais consentido do que conquistado. Os passes errados regressaram à equipe, nos contra ataques faltou sempre gente dentro da área para receber a bola, a posse de bola não criava espaços de penetração na área, o meio campo permaneceu desarticulado e o ataque viveu de arrancadas de Luiz Henrique pela ala direita, em jogadas individuais, todas perdidas por ineficiência do próprio ou pela falta de gente na área para aproveitar os cruzamentos.

Igor Jesus esteve apagado, o meio campo mal apareceu e até aos 30’ de jogo não houve nenhuma oportunidade de gol de parte a parte. Somente aos 32’ o Bragantino salvou um gol em cima da linha de meta, mas ainda assim a sequência da jogada foi parada por impedimento.

E depois o Bragantino equilibrou a partida. Aos 38’ Thiago Almada perdeu uma bola fácil a meio campo e o Bragantino teve chance de gol; aos 40’ John fez uma grande defesa. E assim foi a 1ª etapa.

No intervalo escrevi aos amigos que esperava que Artur Jorge ‘entrasse’ novamente em campo e mudasse a dinâmica de jogo. Aconteceu nos primeiros minutos, mas infrutiferamente. Aos 48’ Cuiabano quase marcava à boca da baliza, mas um pé adversário salvou a situação. As 55’, no espaço de um minuto apenas, tivemos dois ataques perigosos, que apesar de disso não resultaram em gol.

Então, o Bragantino recuou até ao final da partida e, ainda assim, a lentidão de passes do Botafogo, o desaparecimento em campo de Thiago Almada, Igor Jesus, Savarino e Luiz Henrique, aparentemente cansados, a fraca articulação coletiva e a falta de acompanhamento de Vitinho a Luiz Henrique quando este tinha a bola, aliado à permanente falta de gente alvinegra na grande área, tornaram o jogo dominado pelo Botafogo como totalmente inócuo.

Então, AJ refrescou – e bem – a equipe e Óscar Romero aos 85’, segundos depois de ter entrado em campo, cobrou uma falta pela ala esquerda do ataque, bem longe da baliza, mas o cruzamento foi teleguiado para a cabeça de Gregore – o melhor jogador em campo – que numa cabeçada subtil e eficaz marcou o seu primeiro gol no campeonato brasileiro e assegurou-nos… três pontos!

E até final bastou gerir o resultado, já que o Bragantino não levou nenhum sinal de perigo à baliza do Botafogo na segunda parte.

Os pontos frágeis apontados devem merecer reflexão, especialmente a fraca capacidade de se jogar eficazmente de modo coletivo, e AJ talvez deva refletir na possibilidade de escalar uma equipe mista contra o Peñarol, mesmo arriscando uma derrota (e se ainda assim vencesse?), de modo a descansar parcialmente a equipe que geralmente entra como titular. Porém, sobre isso, AJ saberá avaliar muito melhor do que eu.

Jogo a jogo. Foco na vitória e concentração total. Só faltam 42 dias!

Nota irônica: e face aos resultados da rodada aí vêm os ‘matemáticos’ com o seu sobe e desce previsional do campeão 2024 que, semana a semana, por via do empate de um dos candidatos e vitória de outro, muda totalmente as possibilidades de título para o Botafogo e o Palmeiras. Já deviam ter percebido ‘matematicamente’ o ridículo da coisa…

Nota 2 às 14:30: Tal como previ, o empate do Palmeiras e a vitória do Botafogo fazem o Palmeiras passar de 49,4% de chances de título para 28,4%, enquanto o Botafogo passa de 42,8% para 67% (projeção UFMG); enfim... o 'carrocel' das diversões matemáticas continua em movimento voraz... 

FICHA TÉCNICA

Botafogo 1x0 Bragantino

» Gols: Gregore, aos 85’

» Competição: Campeonato Brasileiro

» Local: Estádio Nabi Abi Chedid, em São Paulo (SP)

» Data: 26.10.2024

» Público: 7.303 pagantes

» Árbitro: Anderson Daronco (RS); Assistentes: Luanderson Lima dos Santos (BA) e Victor Hugo Imazu dos Santos (PR); VAR: Wagner Reway (ES)

» Disciplina: cartão amarelo – Bastos (Botafogo) e Jadsom (Bragantino)

» Botafogo: John; Vitinho (Mateo Ponte), Bastos, Alexander Barboza e Cuiabano; Marlon Freitas, Gregore e Thiago Almada (Matheus Martins); Luiz Henrique (Óscar Romero), Igor Jesus (Tiquinho Soares) e Savarino (Eduardo). Técnico: Artur Jorge.

» Bragantino: Cleiton; Jadsom, Pedro Henrique, Eduardo e Juninho Capixaba (Luan Cândido); Matheus Fernandes (Raul), Lucas Evangelista e Gustavo Neves (Erick Ramires); Vitinho, Eduardo Sasha (Vinicinho) e Jhon Jhon (Cavaleiro). Técnico: Pedro Caixinha.

4 comentários:

Dinafogo disse...


Boa tarde! Os campeonatos de caráter eliminatório (Copa BR e Libertadores) exigem que os clubes façam bons resultados em seus domínios e saibam sair com o menor dano na casa do oponente. Nessas competições, não são incomuns disputas de pênaltis. Na Copa Libertadores, o Glorioso passou pelos três desafios citados (Palmeiras = menor dano, São Paulo = pênaltis, Peñarol = dever de casa).

Por outro lado, quando analisamos o Campeonato Brasileiro, podemos observar que se trata de um campeonato que pede um elenco robusto e de qualidade, bom preparo físico para a maratona de jogos, entrega e não negociar certos jogos. Nesses testes, o Botafogo tem ido muito bem no que tange a ter um elenco robusto e de qualidade, alguns jogadores com bom preparo físico, outros de muita garra, por exemplo, Gregore, ontem e em outros jogos, como o rival de três cores. Contudo, no último quesito que citei, que é não negociar certos jogos, o clube tem pecado em alguns, e por pouco o jogo contra o RB Bragantino não entrou nessa lista, junto aos jogos contra Vasco, Criciúma, Juventude e outros. É óbvio que temos ciência de que o time estava cansado e sacrificado, porém o desempenho não pode cair muito, ou os jogadores do banco precisam estar à altura para resolverem, principalmente em jogos contra times com elencos mais frágeis. Embora o Bragantino seja um time chato e jogue em casa, ele está brigando pela zona de rebaixamento, e esse era um jogo-chave para as nossas pretensões. Os três pontos vieram e é o que importa no final, porém deve-se ter atenção, porque o Brasileiro não é para fazer jogos bonitos e sim jogos objetivos. Contudo, ainda assim exige um certo nível de efetividade para poder ser eficaz; caso contrário, em um dia de baixa efetividade, a bola pode não entrar e nem a sorte está presente. Sou do pensamento que é mais fácil ter efetividade e não ser eficaz do que o contrário: ser eficaz tendo uma baixa efetividade, pois, nesse último caso, contamos mais com a sorte do que com o juízo.

Nota pessoal: O Botafogo tem uma chance de virar a página e conquistar dois títulos de peso, dando um cala-boca em muita gente (mídia, aspirantes a time grande, rivais e secadores), além de conseguir, de quebra, encostar em conquistas de dois rivais locais que, costumeiramente, vivem situação parecida com a nossa. Porém, devido a terem dirigentes um pouco mais ambiciosos, alcançaram algumas conquistas. O "outro" será com o tempo, pois muito foi feito para manter uma situação de hegemonia no RJ e que agora, diante da ameaça, aparecem os arautos da verdade.

Nota 2: "BOTAFOGO não é apenas um time que escolhemos torcer, mas uma identidade (ideológica, política, histórica e clubista dentro do mundo do futebol) à qual escolhemos pertencer e nos identificar. Por isso digo que não se torce pelo BOTAFOGO, mas vivencia-se a sua existência". Por isso, somente os Botafoguenses entendem o Botafogo, porque são os únicos capazes de vivenciar o clube; os demais estudam, torcem, acompanham, porém não vivenciam.

#Saudações Gloriosas
#Saudações Alvinegras
#Saudações Botafoguenses
#O Mais Tradicional
#O Clube que Transformou o Brasil no País do Futebol
#Exterminador de Campeões
#SeleFogo
#Time da Estrela Solitária
#Bota
#Time do Garrincha

BOTAFOGO

Sergio disse...

Eu às vezes fico tão calmo em jogos do Botafogo que nem consigo compreender o porquê. Foi assim contra o SP, contra o Penarol, mas o segundo jogo contra o Palmeiras eu estava muito nervoso e estava desconfiado contra o Criciúma, simplesmente porque achava que as convocações atrapalhariam o Botafogo. Sábado contra o Bragantino acreditei na vitória desde sempre, mas esperava uma maior facilidade. Entretanto eu não esperava que o gol demorasse tanto.
Acho que os times brasileiros em sua maioria estão estudando muito o time do Botafogo e sabendo como anular jogadas de ataque, e quando alguns jogadores não vão muito bem, no caso, dois jogadores muito decisivos como Almada e Savarino, a dificuldade de criação de jogadas ofensivas decai muito. A impressão que me passou contra o Bragantino, é que o time parecia cansado fisicamente, mas sobretudo alguns jogadores pareciam cansados mentalmente, mas em nenhum momento nenhum dos jogadores deixou de lutar. Na verdade foi um jogo de ataque contra defesa, eu diria que em 85% da partida, o Botafogo buscou a vitória desde os primeiros minutos e o Bragantino parecia satisfeito com o empate, muito embora mesmo o empate era um resultado ruim para o time do Red Bull.
Mesmo não jogando um futebol exuberante a vitória do Botafogo foi incontestável e merecida, é é bom lembrarmos que até o momento o Botafogo não perdeu para os grandes do Rio, de SP, os fotos candidatos ao título. Bela campanha do Botafogo, mas o que nós queremos mesmo é o título, que é muito possível, principalmente pensando sempre que cada jogo é uma decisão. Abs e SB!

Ruy Moura disse...

Curiosa a sua nota sobre a diversidade de situações vividas nas competições de eliminatórias, Dinali.

Sobre o campeonato brasileiro, em minha opinião, para que tenhamos efetividade, isto é, uma consistência duradoura, precisamos, no mínimo, da eficácia, que é a marcação de gols. Quanto à eficiência, fazer as coisas bem feitas/bonitas, pode-se dispensar em parte desde que haja um mínimo de eficiência para se atingir a eficácia. O ideal seria termos eficiência, traduzida em eficácia, e esta traduzida em efetividade. Acontece na Europa com os superclubes em alguns anos mais felizes, mas no Brasil essa tríplice situação não é possível pelo calendário homicida da CBF. E por isso nenhum clube consegue, realmente, efetividade ao longo de toda a temporada. Em geral, tem que escolher a competição em que tem mais condições de ganhar. E às vezes menos eficiência e mais eficácia.

Há atualmente um caso de eficiência + eficácia + efetividade na Europa. Sporting tem 9 vitórias em 9 jogos do campeonato, o ataque mais forte (3,3 gols por partida), a defesa menos vazada (2 gols), o artilheiro do campeonato e... jogando bonito. Com o calendário brasileiro tal não aconteceria.

Ganharmos pelo menos um dos dois títulos que estão em disputa seria essencial para virar definitivamente uma página de jejum de grandes competições.

Quanto a termos uma identidade ideológica, política, histórica e clubista dentro do futebol é certo que muitos de nós a temos, mas não acontece com todos nós. E sobretudo, antes da SAD e neste século, não aconteceu com os nossos presidentes/dirigentes (exceptuando Bebeto de Freitas) cujas dimensões ética, ideológica e política foram forjadas em muitas contradições, vaidades e interesses pessoais.

Abraços Gloriosos.

Ruy Moura disse...

Estamos empatados, Sergio: senti o mesmo e contra o Bragantino não esperava que demorasse tanto. Demorou tanto que já estava desconfiado do empate...

Claro que nos estudaram. E mais: sabem como nos anular. Felizmente ainda não nos anularam com derrota nas últimas 11 semanas, mas cada vez se torna mais difícil se a equipe não jogar seriamente para o coletivo, incluindo os muitos dribles perdidos de Luiz Henrique. A nossa articulação tem que ser assente no coletivo, mudanças de esquemas durante o jogo e variações com jogadas de futebol vertical, algo pouco realizado em campo. Quando atacamos temos que colocar vários jogadores na área adversária, e no entanto sequer conseguimos entrar na área a maior parte das vezes. No último jogo do Sporting, contra uma equipe melhor que o Bragantino, o Sporting realizou 62 ações ofensivas dentro da área adversária, rematou 33 vezes e 22 das quais de dentro da área. O Botafogo faz poucos remates e tem pouca presença de área, perdendo-se alguns ataques promissores por conta disso.

A nossa vitória foi justa, mas se o Sergio analisar bem, as oportunidades reais de gol foram muito escassas. Muita posse de bola, e ainda assim com muitos passes errados, mas eficácia para gol, pouca.

Jogamos muito melhor contra as melhores equipes, porque são mais abertas, dão-nos mais espaços e aí somos letais na profundidade. Perdemos mais pontos com as equipes da segunda metade da tabela.

Reconheço que o cansaço ajuda a termos mais dificuldades, mas há um problema de funcionamento coletivo. Em minha opiniã o AJ não deveria louvar tanto a equipe como fez sobre o jogo com o Bragantino, até porque alguns foram louvores imerecidos, mas em vez disso elogiar q.b. e evidenciar que há muito a melhorar. Elogiar q.b. e bater sempre na tecla "há muito a melhorar", apesar do saldo ser bastante positivo como não víamos há muito tempo.

Abraços Gloriosos.

Botafogo campeão estadual de futebol sub-17 (com fichas técnicas)

Fonte: X – Botafogo F. R. por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo O Botafogo conquistou brilhantemente o Campeonato Estadual de Futebol...