por RUY MOURA |
Editor do Mundo Botafogo
Um jogo de duas faces, soberbo e
inesquecível!
Esperava-se todo o tipo de problemas
inerentes à super retranca uruguaia e à catimba que resultaram em pleno nas
quartas-de-final contra o Flamengo. Mas não se esperava que o Peñarol jogasse
todo o 1º tempo com 12 jogadores em campo através do seu grande reforço Andrés
Rojas, que entre as faltas inexistentes marcadas contra o Botafogo, a
cumplicidade com a catimba e os cartões amarelos mostrados aos alvinegros, bem
se pode juntar aos derrotados e carpir as suas cinco mágoas.
A grande tarefa confederativa que seria uma
final River Plate x Peñarol, esvaiu-se por entre oito gols alvinegros para uma
final que – embora ainda não garantida para nenhum dos lados – mostra a enorme
probabilidade de ser exclusivamente alvinegra. E cinco desses gols foram
nossos!
Que poderiam ter sido mais, mas há que manter
sangue-frio e poupar jogadores para várias ‘finais’ que se aproximam até ao
término da temporada.
Um 1º tempo à moda do jogo contra o Criciúma
virou um segundo tempo à moda do jogo contra o Flamengo, com goleada reforçada.
Nos primeiros 45 minutos a equipe foi burocrática, jogou mal, não criou
oportunidades, foi catimbada sob a liderança de Aguerre, adivinhava-se que a
penetração na área adversária seria tão difícil quanto tem sido nos últimos
jogos, sabendo o adversário que o Botafogo joga na posse de bola e que tem sido
lento em muitas ocasiões na busca do gol, acabando por ter posse pela posse –
sem deslanchar o seu bom futebol.
De tal modo que até foi ao Peñarol que
pertenceu a melhor oportunidade de gol na 1ª parte, e somente no final dos 45
minutos é que apareceu Luiz Henrique em tentativas de remate à baliza, uma das
quais bem defendida por Aguerre.
Eis que se chega ao intervalo com o ´mundo alvinegro’
tenso e preocupado, coisa, aliás, que se viu em campo com a nossa equipe meio
tensa, nervosa, ensombrada pela catimba adversária.
E como estamos no intervalo, deixem-me
dizer-vos algo, caros leitores e amigos, sobre o futebol sul-americano: quem vê
jogos da 1ª Liga Inglesa e jogos de campeonatos da América do Sul defronta-se
com essa agonia de ver constantemente jogadores sul-americanos que simulam
agressões que não existiram, que se atiram em voo para o gramado como se fosse
uma piscina, que atrasam o jogo sempre que podem, tudo nisso devidamente
assistido por árbitros impávidos e serenos, permissivos, tecnicamente
medíocres, que não mostram cartões amarelos aos simuladores a fim de travar
tanto antijogo. Entre outras, essas são algumas razões para que o futebol
sul-americano se mantenha no limbo do futebol mundial depois de o ter liderado.
Terminou o intervalo. Regressemos ao jogo.
E Artur Jorge – que tem falhado algumas
escalações e substituições tardias – entrou em campo através dos jogadores que
levaram as suas mensagens de reposicionar o ataque e o meio campo que tinha
dificuldades na criação, de imprimir mais rapidez através de Luiz Henrique, de
deixar de jogar a posse pela posse e introduzir guinadas súbitas de direção que
forçassem a abertura de espaços por onde penetrar, já que o jogo cadenciado é o
que mais interessa a retranqueiros e catimbeiros.
E foi assim que, em escassos oito minutos, se
desenhou uma goleada através de Savarino e Alexander Barboza aos 50, 55’ e 58’.
Totalmente desorientados, os catimbeiros comandados por Aguerre
desorganizaram-se e a goleada de ’manita’ foi completada, muito justamente, por
Luiz Henrique e Igor Jesus.
Foi um segundo tempo de luxo sobre um
adversário muito tradicional, uma exibição soberba, algo que eu ainda não vira
em todo o século XXI. De tal modo que, após o jogo, as redes sociais do Peñarol
sentiram-se na obrigação de publicar imagem de cinco taças de Libertadores
conquistadas pelos uruguaios – respondida por nós em campo com um gol por cada
taça…
E ao 5º gol Aguerre ficou sentado na linha de
gol, olhando o vazio da catimba que fez e uma derrota sobretudo justa para uma
equipe que não joga futebol.
Os melhores em campo foram, em minha opinião,
Savarino, Luiz Henrique e Alexander Barboza, os três ao mesmo nível, seguidos
bem de perto por Igor Jesus. O pior em campo, indiscutivelmente Andrés Rojas; a
medalha de latão vai para o catimbeiro Aguerre.
E que o nosso entusiasmo não se transforme em
euforia antes de tempo. Os dissabores de vitórias seguras que, afinal, não
eram, foram bem presentes nos últimos anos e temos que manter uma ‘alegria de
sangue-frio’, porque o futebol – como se comprovou ontem – é uma caixinha de
permanentes surpresas e nós não queremos ser os negativamente surpreendidos.
Para o jogo de volta vamos com pé e meio
classificados para a final, mas temos que ter muita atenção a meio pé ainda em
falta. Uma eliminatória só ‘acaba quando termina’.
Até ao final da temporada são só finais: na
Libertadores e no Brasileirão.
A exigência é de FOCO TOTAL da comissão
técnica e do elenco, mas também da torcida que joga junto e deve manter-se
ligada com os jogadores ‘JOGO A JOGO’.
OUSAR LUTAR, USAR
CRIAR, USAR VENCER!
FICHA TÉCNICA
Botafogo 5x0 Peñarol
» Gols: Savarino, aos 50’ e 58’, Alexander Barboza, aos
55’, Luiz Henrique, aos 72’, e Igor Jesus, os 78’
» Competição: Copa Libertadores
» Data: 23.10.2024
» Local: Estádio Olímpico Nilton Santos, no Rio de Janeiro (RJ)
» Público: 39.393 pagantes / 42.982 espectadores
» Renda: R$ 4.378.907,50
» Árbitro: Andrés Rojas (Colômbia); Assistentes: Alexander Guzmán (Colômbia) e Richard Ortiz (Colômbia); VAR: Yadir Acuña (Colômbia)
» Disciplina: cartão amarelo
– Luiz Henrique, Igor Jesus,
Gregore e Artur Jorge – técnico (Botafogo); Rodrigo Pérez (Peñarol)
» Botafogo: John; Vitinho (Mateo Ponte), Bastos, Alexander
Barboza e Alex Telles (Marçal); Gregore (Danilo Barbosa), Marlon Freitas e
Savarino; Luiz Henrique (Tiquinho Soares), Igor Jesus (Óscar Romero) e Thiago
Almada. Técnico: Artur Jorge.
» Peñarol: Aguerre; Milans, Javier Méndez, Guzmán Rodríguez
e Maxi Olivera; Damián García (Gastón Ramírez), Rodrigo Pérez, Báez (Lucas
Hernández) e Leo Fernández; Darias (Mayada) e Maxi Silvera (Sequeira). Técnico:
Diego Aguirre.
10 comentários:
Perfeito. De qualquer forma um resultado histórico pelo placar. Os antecedentes mostram...
O histórico de resultados já nos era favorável, Vanilson, inclusive com uma goleada de 4x1 numa Libertadores, mas 5x0 é obra de arte. Não me lembro de noite semelhante à de ontem neste século. E goleada tão 'saborosa' em rivais só me recordo do 6x0 contra o Flamengo e da decisão do Carioca de 1968 de 4x0 sobre o Vasco da Gama.
Abraços Gloriosos.
Realmente o primeiro tempo do Botafogo não foi bom, eu tenho a impressão que o time entrou na pilha do adversário, os jogadores do Botafogo estavam ficando irritados e se deixando influenciar pela catimba de um time que parece não ter vindo para jogar futebol. No final do primeiro tempo o Botafogo começou a melhorar, mas o segundo tempo foi soberbo, avassalador. Se o time forçasse mais um pouco poderia ter feito mais gols.
Nem nos meus melhores sonhos teria imaginado uma exibição tão espetacular, realmente a melhor exibição do Botafogo neste século XXI.
O meu temor para o jogo da volta, e espero estar errado, será uma possível violência do time Uruguaio, mas acho muito difícil esse time do Penarol conseguir reverter esse resultado, mas sejamos o lema do jogo a jogo.
Agora é pensar no adversário de sábado e as possíveis peripécias da dupla cbf-stjd, que agora não age somente em campo, mas fora dele também, impedindo jogador de ser escalado. Não houvesse beneficio da arbitragem, nosso adversário mais próximo estaria com uma distância de pelo menos 5 pontos. A coisa está tão tenebrosa, que até no jogo do sub 17, o Palmeiras foi beneficiado com uma expulsão ridícula de um zagueiro do Botafogo, inacreditável. A luta pelo título do brasileiro desse modo fica muito desigual, mas vamos em frente, jogo a jogo.
Não gostaria de comentar, mas a arbitragem de ontem foi uma tragédia, a nítida impressão que tive é que o soprador torcia para o Penarol. Triste futebol sul americanos. Abs e SB!
A partida de ontem merece e pede uma análise criteriosa de nossa parte, pois se trata de uma partida histórica por muitos motivos. Vou dividir minha análise em partes:
1) Primeiro, observamos no primeiro tempo que o Peñarol adotou a mesma estratégia de São Paulo e Criciúma, entre outros clubes que jogaram contra o Glorioso, tendo como intuito principal o empate. Porém, o time uruguaio trouxe a experiência histórica em catimba e violência da escola uruguaia, além de contar com a conveniência de uma arbitragem medíocre e muito mal-intencionada. O primeiro tempo também demonstrou um Botafogo novamente tenso e ansioso. Às vezes, o time tinha efetividade, porém a eficácia estava longe de dar o ar de sua graça.
2) Ontem, a tensão demonstrada em campo no primeiro tempo se estendeu para a arquibancada, e a torcida já começava a ficar impaciente. Embora estejamos mais do que cientes de que essa não é uma postura que ajuda o time em campo, devemos levar em conta o histórico recente de jogos nesse nível que o clube teve, em especial dentro dos seus domínios. O torcedor alvinegro estava tendo "gatilhos".
3) Os jogadores mais caros e com maiores expectativas em cima apareceram e foram decisivos, inclusive os que vinham sendo criticados. Nessa reta final, vamos precisar muito da técnica e habilidade de jogadores como LH, Almada, Savarino, Vitinho e companhia para decidirmos jogos difíceis e contra adversários robustos. Por outro lado, temos jogadores que não chegaram tão badalados, mas que são sinônimos de raça, entrega e amor à camisa, como o Barboza, e que são importantíssimos em jogos assim, pois muitas das vezes é preciso se impor diante de um adversário que pratica o antijogo.
4) Esse jogo e essa Libertadores devem ser vistos e encarados por torcedores, SAF, comissão técnica e jogadores como um exemplo de comportamento de um time da grandeza do Botafogo dentro de competições grandes, em decisões ou contra times inferiores. Devemos respeitar esses times, mas não ao ponto de permitir que nos arranquem pontos e resultados. Quantas vezes na história o Botafogo não perdeu jogos por não fazer bons resultados no RJ? Quantas competições o Botafogo não se contentou apenas com o quarto lugar ou com as quartas de finais? Claro, quando chegava. Era muito pouco para um time que já teve tantos craques e elencos formidáveis.
São momentos assim que ficam na memória, estampam faixas e formam gerações. Quando falarmos da SAF no futuro, lembraremos desse jogo, das vitórias seguidas contra o rival de três cores ou a goleada contra o irmão siamês do rival de três cores, quem sabe as disputas contra o time verde de SP. É assim que resgatamos a dignidade, grandeza, força, prestígio e, principalmente, a história de um clube do nível do Glorioso, gigante de General Severiano. Ah, isso é o mínimo, tá? Para algo ser realmente extraordinário dentro de um clube assim, é preciso muito mais.
Olá, Sergio! Pode ser que tenham entrado na pilha do adversário, mas verdade seja dita essa coisa de futebol modesto, sem agressividade, nem criatividade viu-se desde o 1º minuto mediante uma certa incapacidade de se jogar, talvez devido à ansiedade.
Também penso que foi o melhor jogo (ou melhor, metade de jogo...) deste século XXI.
Sobre violência dos uruguaios é possível, porque essa é a nossa história em jogos com o Peñarol, seja dos adversários seja das torcidas. Mas mostraria bem a sua pequenez, e talvez o evitem,espero eu.
No Brasileirão tudo se pode esperar, porque tudo vão fazer para perdermos. Porque ninguém os pune, são imunes.
E claro que soprador do apito preferia o Peñarol na final. Assim como a Conmebol, que também preferia o River Plate na final até se apressou a marcar o jogo lá.
Abraços Gloriosos.
5) Eu penso que o Textor pode ser para o Botafogo o que o Rogério Ceni, Marcos, Fernandão e outros foram para os seus clubes. O Textor, juntamente com os seus, pode ser o responsável por encher a galeria de General Severiano e deixá-la com mais cara de Botafogo, que já é.
6) Analisando o crescimento exponencial da Estrela Solitária em tão pouco tempo de SAF, percebemos que o futebol é profissionalismo, bons elencos e trabalho sério. Infelizmente, atrasaram o nosso relógio, por causa de dirigentes irresponsáveis. Contudo, se mantivermos essa escalação, dentro de uns 10 anos o Botafogo terá títulos de encher os olhos e recordes inacreditáveis. Por exemplo, se vencer a Libertadores, irá disputar a Recopa; e se vencer o BR, também disputará a Supercopa. Aí já vislumbramos a possibilidade de quatro títulos, além dos dois mundiais. Agora, imaginem uma constância; o quanto não ganharemos.
7) O nosso adversário, se passarmos, deve ser o Atlético-MG. É um time forte e perigoso, que possui talentos individuais excelentes e devemos ter muita atenção, pois é um jogo só, logo não existirá uma outra partida para consertar. Agora, se for o River Plate, devemos ter atenção com a parcialidade da arbitragem, da Conmebol e da violência da torcida. Atenção também deve ser redobrada quanto à violência em relação ao jogo da volta contra o Penarol.
8) Deve-se manter o foco total nas duas competições e analisar as melhores alternativas. É a hora de doar um pouco mais e de crescer, porque é a reta final que define os campeões; as iniciais definem os premiados.
9) O Botafogo teve muitos elencos incríveis ao longo da sua história, porém podemos estar diante de um dos elencos mais vitoriosos em termos de títulos oficiais e que podem marcar o nome na história como o elenco de uma nova era vencedora e, talvez, definitiva na história do maior alvinegro do mundo.
10) A provocação do time uruguaio é compreensível; afinal, quando um time está muito longe das suas glórias, é costumeiro se valer da história. Mas aqui devemos uma atenção: Penarol e outros times sul-americanos participavam quase sempre da Libertadores por causa do fraco campeonato local, o que acaba por fazê-los recordistas em muitos aspectos. Não estou tirando os méritos do clube, principalmente nos tempos de Spencer, porém participam de um campeonato que possibilita participar mais da competição. O Botafogo teve muitos elencos bons que não se classificaram para o maior torneio continental.
11) É uma felicidade imensa ver a torcida botafoguense voltando a fazer grandes festas e recuperando a sua confiança tão destruída. Estava lendo um post que, mesmo diante do resultado confortável, alguns alvinegros ainda ficam tensos, pois, como disse acima, a torcida sente esses anos todos que passou.
12) Acredito que o Textor será um outro homem quando ganhar um título grande pelo Botafogo e sentir o quão especial é fazer parte dos ídolos dessa maravilhosa, espetacular e inigualável torcida do Fogão. A massa preta e branca, mais temida do Brasil e do mundo.
#FogoNeles
#OmaisTradicional
#SaudaçõesAlvinegra
Excelentes as suas 12 notas, Dinali! Nem tenho adjetivos para elas porque são... irrepreensíveis! Posso publicar amanhã como artigo seu?
Abraços Gloriosos.
Claro! Fique a vontade. Saudações Gloriosas
Excelente comentário do Dinali, parabéns!
Abs e SB!
Fico contente que tenha gostado, Sérgio. Nós merecemos demais esses momentos.
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