terça-feira, 8 de outubro de 2024

Paulo Azeredo, o presidente dos títulos, do patrimônio e da glória

por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo

O Mundo Botafogo publicou ontem o artigo intitulado (Botafogo é recordista de futebolistas convocados para a Seleção em 1968 e Copa do Mundo de 1934) a propósito de certas frivolidades da comunicação social desportiva acerca da história do Botafogo. Fiquei espantado, mas ainda mais espantado fico quando uma parte de torcedores do Botafogo ignora a nossa Gloriosa história.

Vem esta conversa a propósito de um debate nas redes sociais entre botafoguenses, os quais concluíram que os cinco maiores presidentes da nossa história foram Althemar Dutra de Castilho, Carlos Augusto Montenegro, Carlos Martins da Rocha (o ‘Carlito Rocha’), Durcesio Mello e Emil Pinheiro – e alguém chegou mesmo a alvitrar o nome de Maurício Assumpção, que deixou o Botafogo na banca rota e na série B em dezembro de 2014.

Não vou debater o assunto porque não há como discutir tais nomes perante um nome maior ao qual o Botafogo deve os momentos mais importantes da sua história e aquele que foi o Presidente que lançou o nome do Botafogo no mundo: Paulo Antônio Azeredo, Presidente em 1923, de 1926 a 1936 e de 1954 a 1963, isto é, 20 anos à frente dos destinos do Glorioso Clube da Estrela Solitária.

E que obra fantástica realizou?

A partir de 1926 Paulo Azeredo reestruturou o Clube e foi o responsável, num tempo em que o Botafogo não se recuperara inteiramente do golpe de 1911, por inaugurar a Sede Social do ‘Casarão’, em terreno que havia sido doado pela prefeitura em 1912, mas cujo projeto somente foi aprovado, pela persistência de Paulo Azeredo, no dia 28 de novembro de 1927 e inaugurado em 15 de dezembro de 1928 com grande baile de gala.

Em 1929 iniciou a caminhada para quebrar o jejum de 18 anos do Botafogo sem conquistar sequer um título carioca, que foi o nível de competição brasileira mais importante até finais da década de 1950.

O Casarão, mítico palacete em estilo neocolonial, identidade central do Botafogo de Futebol e Regatas e obra ímpar das diretorias de Paulo Azeredo. Crédito: Vitor Silva | SSPress | Botafogo.

Foi então que contratou uma comissão técnica estrangeira que revolucionou o futebol do Botafogo entre 1929 e 1933 e montou uma equipe fabulosa que viria a conquistar o campeonato carioca de 1930 – quebrando o jejum que vinha de 1912 – e o tetracampeonato de 1932-33-34-35.

A Visão de Paulo Azeredo já nesse tempo era integrada e holística: tornar o Botafogo num grande Clube Social, de Futebol e de outras modalidades Olímpicas. Em 1936, ao deixar a presidência após uma década de realizações, o seu sucessor herdou um dos Clubes que viriam a ser dos maiores do futebol brasileiro.

De 1936 a 1957, isto é, em 20 anos, o Botafogo tornou a ser um Clube de jejum futebolístico, conquistando, na ausência de Paulo Azeredo, apenas um campeonato carioca, em 1948, aquando da presidência de Carlito Rocha.

Com o Clube necessitando de um Presidente ousado e dinâmico que lhe desse títulos e relançasse o Clube na sua globalidade futebolística, olímpica e social, Paulo Azeredo regressou à presidência em 1954 e apostou na contratação de grandes atletas, de entre os quais se destacava Didi. E o título de campeão carioca regressou em 1957 com um plantel de luxo e a maior goleada numa decisão de campeonato carioca da Era Profissional: 6x2 sobre o arquirrival Fluminense.

E montou as maiores equipes da história do Glorioso, lançando a Estrela Solitária ao nível planetário do futebol: em 1958 o Brasil tornou-se campeão do mundo de futebol pela primeira vez, contando com as estrelas botafoguenses Nilton Santos, Didi e Garrincha, tendo Didi sido eleito o melhor Jogador da Copa e Garrincha espantado o mundo com o seu futebol mágico.

Após a Copa contratou Zagallo e Amarildo e iniciou um amplo movimento de preparação de craques nas bases do Botafogo, na qual foram revelados, entre outros, Arlindo, Carlos Roberto, Dimas, Jairzinho, Mura, Othon Valentim, Paulo César, Roberto Miranda, Rogério, Valtencir, que foram tetracampeões cariocas de juvenis (atualmente juniores) de 1961 e 1964 e depois bicampeões cariocas de profissionais em 1967-68, campeões brasileiros em 1968 e três deles campeões do Mundo na Copa de 1970.

Titulares botafoguenses na Copa de 1962: Nilton Santos, Garrincha, Didi, Amarildo e Zagallo. Reprodução | Internet.

Foi esse conjunto fabuloso de jogadores da safra Paulo Azeredo / Neca / Paraguaio que fizeram autênticas magias em três Copas do Mundo e em inúmeras excursões por todo o planeta.

Porém, como se isso não bastasse, Paulo Azeredo impulsionou, paralelamente, uma intensa vida social do Clube com manifestações teatrais, concertos, carnavais, festas juninas, aulas de teatro e música, enfim, atividades permanentes na vida social do Clube, bem como desde 1957 foram lançadas as Olimpíadas Botafoguenses, que se repetiram pelos anos seguintes e decaíram após a saída de Paulo Azeredo, colocando o Botafogo ao mais alto nível de modalidades como artes marciais, atletismo, basquetebol, esgrima, halterofilismo, handebol, natação, polo aquático, remo, voleibol, entre muitas outras modalidades que conquistaram títulos de nível nacional e sul-americano.

No famoso ano de 1962 o Botafogo conquistou 80 títulos de campeão e 40 vice-campeonatos em todas as modalidades desportivas de natureza coletiva, além de inúmeros títulos individuais.

Como se tais e tantas atividades não bastassem para tornar Paulo Azeredo o eterno Maior Presidente do Botafogo, foi na sua gestão que se lançou a segunda sede social do Clube, a Sede do Mourisco Mar, obra do genial Óscar Niemeyer, no início da década de 1960.

Paulo Antônio Azeredo não foi apenas um presidente do Botafogo, ele foi – ‘O Presidente’!

Divulguem, caros leitores e amigos, porque a obra de Paulo Antônio Azeredo é verdadeiramente estoica!

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