por RUY MOURA |
Editor do Mundo Botafogo
No dia 23 de janeiro de 1953 enfrentaram-se
pela 1ª vez Botafogo e Peñarol, no Estádio Centenário, em Montevidéu. O
Botafogo venceu por 1x0.
O Peñarol dominou completamente a 1ª parte do jogo
fazendo brilhar Osvaldo Baliza, mas num descuido da defesa uruguaia na 2ª parte, Jaime
avançou pela ala esquerda e cruzou para Paraguai que, aproveitando uma falha de
Davoine, bateu inapelavelmente Maspoli inaugurando o marcador. Revoltados com o
gol do Botafogo, os uruguaios partiram para a agressão, a partida foi suspensa,
a Polícia de Segurança Pública e a Polícia Montada (cavalaria) tiveram que
intervir para controlar a ocorrência. Feridos e receosos, os jogadores do
Botafogo não regressaram ao gramado e o árbitro decretou a vitória do Botafogo
por 1x0.
Num tempo em que a ética e o ‘cavalheirismo’ existiam, a
Direção do Peñarol suspendeu três jogadores e apresentou desculpas formais ao
Botafogo.
No dia 23 de outubro de 2024, Botafogo e Peñarol
enfrentaram-se pela Copa Libertadores, no Estádio Nilton Santos, no Rio de
Janeiro. O Botafogo goleou o Peñarol por 5x0.
Antes do jogo um torcedor uruguaio furtou um celular de uma padaria, gerou-se a confusão e a torcida do Peñarol acabou por incendiar automóveis e saquear casas comerciais na orla do Recreio dos Bandeirantes durante hora e meia até chegada de reforços policiais.
Tal cena de violência despropositada mereceu do atual
presidente do Peñarol uma nota inversa da que fora publicada há 71 anos com
pedido de desculpas:
“…en el clima de
guerra que creó Botafogo en Río de Janeiro com su hinchada emboscando el punto
de encuentro que fue una “zona liberada” y lastimando famílias com niños e
mujeres en las inmediaciones de su estadio antes e despues del partido”.
Consegue o leitor imaginar os botafoguenses tratando mal
“niños e mujeres […] antes e despues del partido”?!... Tal
texto de um presidente ‘incendiário’ mostra a velha e costumeira menção a
“crianças e mulheres” que apela a reações emocionais negativas dos mais
desavisados. Além de evidenciar o caráter de tal sujeito e a sua liderança
desportiva ‘incendiária’.
O presidente do Peñarol de 1953 teria muita vergonha de
um dos seus sucessores na lista de presidentes da histórica agremiação ser um gerador
de falsas notícias, sem nenhuma vergonha na cara e potencial ‘incendiário’ de
confrontos em Montevidéu, em vez de acalmar ânimos e condenar a violência
despropositada.
Quando o futebol tem ‘amigos’ como esse, dispensam-se os
inimigos…
Relembrando um excerto do Hino da Associação Atlética
Portuguesa (RJ) que realça como se deve comportar um clube e os seus mais altos
representantes:
“Vencer,
vencer com galhardia / perder, perder com fidalguia.”
Nota: Esperemos que a torcida do Botafogo e a sua equipe
de futebol saibam mostrar aos uruguaios quem nós somos realmente,em campo e fora dele.
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