quarta-feira, 30 de outubro de 2024

Presidentes do Peñarol de 1953 e 2024 – descubra as diferenças éticas

por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo

No dia 23 de janeiro de 1953 enfrentaram-se pela 1ª vez Botafogo e Peñarol, no Estádio Centenário, em Montevidéu. O Botafogo venceu por 1x0.

O Peñarol dominou completamente a 1ª parte do jogo fazendo brilhar Osvaldo Baliza, mas num descuido da defesa uruguaia na 2ª parte, Jaime avançou pela ala esquerda e cruzou para Paraguai que, aproveitando uma falha de Davoine, bateu inapelavelmente Maspoli inaugurando o marcador. Revoltados com o gol do Botafogo, os uruguaios partiram para a agressão, a partida foi suspensa, a Polícia de Segurança Pública e a Polícia Montada (cavalaria) tiveram que intervir para controlar a ocorrência. Feridos e receosos, os jogadores do Botafogo não regressaram ao gramado e o árbitro decretou a vitória do Botafogo por 1x0.

Num tempo em que a ética e o ‘cavalheirismo’ existiam, a Direção do Peñarol suspendeu três jogadores e apresentou desculpas formais ao Botafogo.

No dia 23 de outubro de 2024, Botafogo e Peñarol enfrentaram-se pela Copa Libertadores, no Estádio Nilton Santos, no Rio de Janeiro. O Botafogo goleou o Peñarol por 5x0.

Antes do jogo um torcedor uruguaio furtou um celular de uma padaria, gerou-se a confusão e a torcida do Peñarol acabou por incendiar automóveis e saquear casas comerciais na orla do Recreio dos Bandeirantes durante hora e meia até chegada de reforços policiais.

Um presidente responsável (Peñarol, 1952-1955). Crédito: www.peñarol.org.

Tal cena de violência despropositada mereceu do atual presidente do Peñarol uma nota inversa da que fora publicada há 71 anos com pedido de desculpas:

…en el clima de guerra que creó Botafogo en Río de Janeiro com su hinchada emboscando el punto de encuentro que fue una “zona liberada” y lastimando famílias com niños e mujeres en las inmediaciones de su estadio antes e despues del partido”.

Consegue o leitor imaginar os botafoguenses tratando mal “niños e mujeres […] antes e despues del partido”?!... Tal texto de um presidente ‘incendiário’ mostra a velha e costumeira menção a “crianças e mulheres” que apela a reações emocionais negativas dos mais desavisados. Além de evidenciar o caráter de tal sujeito e a sua liderança desportiva ‘incendiária’.

O presidente do Peñarol de 1953 teria muita vergonha de um dos seus sucessores na lista de presidentes da histórica agremiação ser um gerador de falsas notícias, sem nenhuma vergonha na cara e potencial ‘incendiário’ de confrontos em Montevidéu, em vez de acalmar ânimos e condenar a violência despropositada.

Quando o futebol tem ‘amigos’ como esse, dispensam-se os inimigos…

Relembrando um excerto do Hino da Associação Atlética Portuguesa (RJ) que realça como se deve comportar um clube e os seus mais altos representantes:

Vencer, vencer com galhardia / perder, perder com fidalguia.”

Nota: Esperemos que a torcida do Botafogo e a sua equipe de futebol saibam mostrar aos uruguaios quem nós somos realmente,em campo e fora dele.

Sem comentários:

John Textor, a figura-chave: variações em análise

Crédito: Jorge Rodrigues. [Nota preliminar: o Mundo Botafogo publica hoje a reflexão prometida aos leitores após a participação do nosso Clu...