sábado, 31 de maio de 2008

Mané Garrincha - um fim sem glória

Mané Garrincha foi o jogador mais imprevisível do mundo e alvo dos mais espantosos encómios no reino do futebol.

Armando Nogueira interpretou muito bem as necessidades de Garrincha em campo quando sentenciou que “para Mané Garrincha, o espaço de um pequeno guardanapo era um enorme latifúndio.”

Pelé fez-lhe o tributo merecidíssimo quando afirmou que “sem Garrincha, eu nunca teria sido tricampeão do mundo".

Na Copa de 1962, Gavril Katchalin, técnico soviético, disse dele: “Garrincha é um verdadeiro assombro. Não pode ser produto de nenhuma escola de futebol. É um jogador como jamais vi igual." E o Jornal El Mercurio, de Santiago, titulou no final da Copa: "Garrincha, de que planeta vienes?"

Garrincha foi o mais imprevisível jogador do mundo. Jogava por prazer, driblava por prazer, marcava gols por prazer. As suas histórias são incontáveis, mas além do futebol duas coisas marcaram a sua vida: mulheres e álcool. Sobre ambas as coisas conto apenas duas histórias.

A primeira história refere-se às mulheres. O Botafogo fazia uma excursão a cidades estrangeiras, nas quais Garrincha, antes de mais nada, ocupava-se de saber onde ficava a “Casa da Marocas” – no caso, a zona do meretrício.

Em uma dessas escapadelas do craque, o técnico Zezé Moreira pegou um táxi e resolveu ir atrás dele. Quando finalmente encontrou Garrincha numa boîte, Zezé foi-se aproximando de mansinho por trás do jogador, que, no entanto, percebeu a sua presença através de uma das paredes espelhadas do recinto. Mais rápido, Garrincha saiu-se com essa:

“ – Aí, hem, seu Zezé? O senhor também aqui, na zona???”

Desconcertado, Zezé Moreira tratou de dar meia-volta e regressou sozinho para a concentração do Botafogo.

A segunda história refere-se ao álcool. Numa excursão do Botafogo, o técnico Zezé Moreira já percebera que Garrincha tomava muita água tónica. Então resolveu ir à sua mesa conferir:

“ – Bebendo sua água tónica, Garrincha?...”
“ – É, é isso mesmo, seu Zezé.”
“ – Me dá um pouquinho, estou com sede”, pediu o treinador.
“ – Mas eu já bebi no gargalo”.
“ – Não tem importância, Garrincha”. E estendeu a mão para recebê-la.

Garrincha passou-lhe temeroso a garrafinha. Zezé bebeu e a água tónica queimou-lhe a boca. Cuspiu fora. Era gin puro.

Paulatinamente Garrincha foi-se entregando a esta última amante indesejada – a bebida. Com cinquenta anos apenas Garrincha morreu na miséria, no abandono e com os órgãos desfeitos pelo álcool. Após sair do Botafogo andou de clube em clube e acabou entregue à bebida que o destruiu ano a ano e pouco a pouco.

Os últimos tempos da sua vida foram dramáticos. Moacir Franco escreveu uma derradeira balada ao mítico dono da camisa nº 7, que intitulou precisamente ‘Balada Número 7’ e cuja letra foi a seguinte:

“Sua ilusão entra em campo no estádio vazio
Uma torcida de sonhos aplaude talvez
O velho atleta recorda as jogadas felizes
Mata a saudade no peito driblando a emoção

Hoje outros craques repetem as suas jogadas
Ainda na rede balança seu último gol
Mas pela vida impedido parou
E para sempre o jogo acabou
Suas pernas cansadas correram pro nada
E o time do tempo ganhou

Cadê você, cadê você, você passou
O que era doce, o que não era se acabou
Cadê você, cadê você, você passou
No vídeo tape do sonho, a história gravou.

Ergue os seus braços e corre outra vez no gramado
Vai tabelando o seu sonho e lembrando o passado
No campeonato da recordação faz distintivo do seu coração
Que as jornadas da vida, são bolas de sonho
Que o craque do tempo chutou

Cadê você, cadê você, você passou
O que era doce, o que não era se acabou
Cadê você, cadê você, você passou
No vídeo tape do sonho, a história gravou”

O corpo de Garrincha foi velado no Estádio do Maracanã, onde milhares de fãs lhe prestaram a última despedida. A urna do “Chaplin do futebol” foi coberta por uma bandeira do Botafogo e ele foi levado para a sua cidade natal, Pau Grande.

No cemitério onde o corpo de Garrincha repousa existe um pequeno memorial expressando o amor do Brasil pelo bicampeão mundial: "Ele era uma criança doce / Falava com os passarinhos".

sexta-feira, 30 de maio de 2008

A maior goleada do futebol brasileiro

Comemora-se hoje, dia 30 de Maio, 99 anos que o Botafogo venceu o Mangueira por 24x0 na que foi a maior goleada de todos os tempos do futebol brasileiro.

Na Rua Voluntários da Pátria, sob a arbitragem de H. Wood, o Botafogo alinhou com H. Coggin, H. E. Pullen e Otávio Werneck; Raul, Lulu e Henrique; Monk, Flávio Ramos, Donorah, Gibert Hime e Emanuel.

A equipa vencida alinhou com Barroso, Pérez e Loth; Mongey, Alberto e Paulo; Brandão, Coelho, Levy, Orlando e Zairo.

Os gols botafoguenses foram assinalados pelo artilheiro Gilbert Hime (9), Flávio Ramos (7), Lulu (2), Monk (2), Raul, Henrique, Emanuel e Dinorah.

Os nove gols de Gilbert Hime constituíram recorde de gols num único jogo durante cerca de 60 anos.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

A maior goleada em clássicos

Comemora-se hoje 81 anos que o Botafogo venceu o Flamengo por 9x2 na que foi a maior goleada de todos os tempos em clássicos cariocas.

Na Rua Paysandu, sob a arbitragem de Milton de Castro Menezes, o Botafogo alinhou com Neiva, Couto e Octacílio; Pamplona (Jerónimo), Almo e Rogério; Ariza, Neco, Nilo, João e Claudionor.

A equipa vencida alinhou com Egberto, Hermínio e Élcio; Benevenuto, Frederico e Flávio Costa; Chrystolino, Vadinho, Chagas Fragoso e Moderato.

Os gols botafoguenses foram assinalados pelo artilheiro Nilo (4), Ariza (2), João (2) e Neco (1); os gols adversários foram da autoria de Frederico e Moderato.

A voz de ‘O Jornal’ do dia seguinte anunciou (30/05/1927):

“ – A torcida alvinegra, eufórica, carregou Nilo em triunfo no intervalo, quando o placar registrava 7x1, e voltou a fazer tal coisa ao término da partida”.

Taças de sede

por Leonel de Jesus

"Estamos habituados por natureza a dar tudo ao Botafogo, já o Botafogo dá-nos muito pouco. Nem só de poesia vive o botafoguense, mas também de taças com o doce vinho da vitória lá dentro. E temos sentido sede."

[Minha nota: O meu amigo Leonel de Jesus enviou-me esta frase hoje, por correio Internet. Expressa muito o que foram as últimas promessas de 'banquete' que terminaram em 'sopa dos pobres'. Estamos realmente insatisfeitos.]

Botafogo quase na final

Quase bi-campeões cariocas 2007-2008... Quase bi-campeões do Brasil 2007-2008…

Os últimos três anos foram muito interessantes para os torcedores botafoguenses, mas quando se vai a várias finais e semifinais a aspiração aos títulos aguça-se pelas promessas e pela crença de ser possível obter títulos.

O Botafogo encontra-se num momento crucial de viragem. É necessário ousar, inovar e vencer para se galgar não apenas mais um degrau da recuperação do clube, mas saltar para um novo patamar evolutivo.

Somos por uma nova presidência, por uma nova gestão, por um novo comando técnico que implemente um elevado patamar de profissionalismo no Botafogo!...

FICHA TÉCNICA
Botafogo 1x2 Corinthians
Gols: Herrera, 7' 2ºT (Corinthians); Renato Silva, 9' 2ºT (Botafogo); Chicão, 19' 2ºT (Corinthians)
Penalties: Chicão, Herrera, Nílton, Alessandro e Acosta (Corinthians); Lúcio Flávio, Alexsandro, André Luís, Jorge Henrique (Botafogo)
Competição: Copa do Brasil
Estádio: Morumbi (SP); 28/05/2008
Arbitragem: Evandro Rogério Roman (PR); Roberto Braatz (RS) e Alessandro Alvaro Rocha de Matos (BA)
Cartões amarelos: Fábio, Castillo (Botafogo); Dentinho, Herrera, William (Corinthians)
Botafogo: Castillo, Renato Silva, Andre Luis e Bruno Costa; Túlio Souza (Zé Carlos), Leandro Guerreiro, Diguinho, Lucio Flavio e Jorge Henrique; Fábio (Alexsandro) e Wellington Paulista (Adriano Felício). Técnico: Alexi Stival, o ‘Cuca’
Corinthians: Felipe, Fábio Ferreira (Acosta), William e Chicão; Alessandro, Nilton, Eduardo Ramos, Diogo Rincón (Marcel) e Wellington Saci (Carlão); Dentinho e Herrera. Técnico: Mano Menezes.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Presidentes do Botafogo

Os presidentes do Clube de Regatas Botafogo (fundado em 1 de Julho de 1894), do Botafogo Football Club (fundado a 12 de Agosto de 1904)e do Botafogo de Futebol e Regatas (8 de Dezembro de 1942) foram os seguintes:

Clube de Regatas Botafogo:

· José Maria Dias Braga (1894 / 1895)
· Eugênio Paiva de Azevedo (1895)
· Gastão Cardoso (1895/1903)
· João Carlos de Mello (1903)
· Raul do Rego Macedo (1904)
· Tito Valverde de Miranda (1905)
· Conrado Maia (1906/1909)
· Gastão Cardoso (1910/1916)
· Raul do Rego Macedo (1917/1919)
· Álvaro Werneck (1920/1921)
· Raul do Rego Macedo (1922)
· Álvaro Werneck (1923)
· Antônio Mendes de Oliveira Castro (1924/1926)
· Álvaro Werneck (1927/1928)
· Armando de Oliveira Flores (1928/1930)
· Alberto Ruiz (1930)
· Octávio Costa Macedo (1931/1935)
· Ibsen De Rossi (1935/1937)
· Julius A. Henrich Arp Júnior (1937/1938)
· Mário Ferreira (1938)
· Abelardo Martins Torres (1938/1939)
· Álvaro Gomes de Oliveira (1939/1940)
· Augusto Frederico Schmidt (1941/1942)

Botafogo Football Club:

· Flávio da Silva Ramos (1904)
· Alfredo Guedes de Mello (1904)
· Waldemar Pereira da Cunha (1905)
· Joaquim Antônio de Souza Ribeiro (1905/1907)
· Edwin Elkin Hime Júnior (1908)
· Joaquim Antônio de Souza Ribeiro (1909/1910)
· Alberto Cruz Santos (1911)
· Joaquim de Lamare (1912/1914)
· Miguel de Pino Machado (1914)
· Joaquim Antônio de Souza Ribeiro (1915/1916)
· Miguel de Pino Machado (1917/1918)
· Renato Pacheco (1919/1921)
· Samuel de Oliveira (1922)
· Paulo Antônio Azeredo (1923)
· Gabriel Loureiro Bernardes (1923/1924)
· Oldemar Amaral Murtinho (1925)
· Paulo Antônio Azeredo (1926/1936)
· Darke Bhering de Oliveira Mattos (1936)
· Sérgio Darcy (1937/1939)
· João Lyra Filho (1940/1941)
· Benjamin de Almeida Sodré (1941)
· Eduardo de Góes Trindade (1942)

Botafogo de Futebol e Regatas:

· Eduardo de Góes Trindade (1942/1943)
· Adhemar Alves Bebiano (1944/1947)
· Oswaldo Costa (1947)
· Carlos Martins da Rocha – Carlito (1948/1951)
· Ibsen De Rossi (1952/1953)
· Paulo Antônio Azeredo (1954/1963)
· Ney Cidade Palmeiro (1964/1967)
· Althemar Dutra de Castilho – Teté (1968/1972)
· Rivadávia Tavares Corrêa Meyer – Rivinha (1973/1975)
· Charles de Macedo Borer (1976/1981)
· José Eduardo Mello Machado – Juca (1982/1983)
· Emmanuel Sodré Viveiros de Castro (1983/1984)
· Althemar Dutra de Castilho – Teté (1985/1990)
· Emil Pacheco Pinheiro (1991/1992)
· Mauro Ney Machado Monteiro Palmeiro (1992/1993)
· Carlos Augusto Saad Montenegro (1994/1996)
· José Luiz Rolim (1997/1999)
· Mauro Ney Machado Monteiro Palmeiro (2000/2002)
· Paulo Roberto de Freitas – Bebeto (2003/2008)

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Torcedores botafoguenses [W]

· Wagner (futebolista, 1995)
· Wagner Luíz (radialista)
· Wagner Montes (apresentador de TV)
· Wagner Tiso (maestro e compositor)
· Waldemar Pereira da Cunha (presidente do Botafogo, 1905)
· Waldir Luís (radialista)
· Waldyr Amaral (locutor)
· Walter Alfaiate (sambista)
· Walter Salles Jr. (cineasta)
· Walther Moreira Salles (embaixador)
· Wanderley Cardoso (cantor)
· Washington Hope (jornalista)
· Wilson Gottardo (futebolista, 1986)

domingo, 25 de maio de 2008

Ineficácia, suor e empate

O Botafogo evidencia enormes dificuldades em campo, mesmo considerando que não possui estrelas e a maioria esmagadora dos jogadores é medíocre (Abedi, Zé Carlos, Fábio, Renato Silva…) ou mediana (Alessandro, Triguinho, Leandro Guerreiro…) ou em queda de rendimento (Túlio, Jorge Henrique, Wellington Paulista…).

A queda física da equipa é absolutamente evidente, a qualidade dos passes caiu abruptamente, o indicador de eficácia do gol subsumiu-se…

A primeira parte do Botafogo é um churrilho de más jogadas e o Vasco da Gama, jogando muito pouco, poderia ter terminado a ganhar por 2x0. O gol vascaíno ocorreu antes do 1º minuto, após uma cobrança rápida de bola parada e mais um fiasco da defesa botafoguense. Aos 28 minutos Bruno Costa ofereceu um gol que o Vasco rejeitou e aos 38 minutos, se não fosse o providencial travessão, Alan Karcec teria selado a sorte da partida.

Todo o 1º tempo se passou com um Botafogo desajeitado, sem qualidade de passe e sem oferecer perigo ao Vasco, que por sua vez também mostrava ser uma equipa com pouca qualidade de bola. Carlos Alberto foi, talvez, o único jogador a lutar contra a maré baixa do Botafogo. Fábio, por seu turno, desperdiçou uma clara oportunidade de empatar, mostrando que não tem presença de espírito como atacante e não sabe chutar forte nem com pontaria. Quem algum dia disse a Fábio para jogar como atacante certamente que queria ver o sofrimento dos botafoguenses à flor da pele.

No 2º tempo o Vasco teve que fazer substituições por lesão e Cuca fez entrar Jorge Henrique e Lúcio Flávio. O Botafogo continuou dependendo de Carlos Alberto e o Vasco decidiu recuar para segurar o resultado. Então, o Botafogo subiu de produção e o Grande Renato Silva, o ‘homem de ouro’ de Cuca, consegue o impossível mesmo para um jogador com a sua falta de qualidade: aos 23 minutos Carlos Alberto dominou a bola dentro da área e chutou cruzado, a bola ia entrando quando o Grande Renato Silva, na pequena área, decidiu ser o autor do gol e debaixo do travessão conseguiu… chutar para fora!!!

Perdido o empate pelo ‘Grande Afilhado’ o Botafogo não desistiu, apesar de tudo, e aumentou a pressão sobre o Vasco, que viu Pablo ser expulso aos 28 minutos. Mesmo assim, apesar de suar e de insistir, somente aos 41 minutos conseguimos empatar de penalty, por Lúcio Flávio. Fábio foi agarrado por Vítor e o árbitro assinalou a grande penalidade.

E terminou aí o jogo. Deve-se realçar que as melhores jogadas ocorreram com Carlos Alberto e Lúcio Flávio (apesar de jogar pouco mais de meia hora) e os ‘desastres’ aconteceram com Fábio no 1º tempo a perder um gol feito e com o ‘Grande Afilhado’ Renato Silva a evitar o gol de Carlos Alberto, salvando o Vasco quase em cima da linha de gol.

O Vasco apresentou uma equipa fraca e teria dado para vencer… com a nossa também fraca equipa…

FICHA TÉCNICA
Botafogo 1x1 Vasco da Gama
Gols: Eduardo Luiz 55” 1ºT (Vasco); Lúcio Flávio 41' 2ºT (Botafogo)
Competição: Campeonato Brasileiro
Estádio Olímpico Joã Havelange, o ‘Engenhão’; 25/05/2008
Arbitragem: Luís Antônio Silva Santos (RJ); Wagner de Almeida Santos (RJ) e Marco Aurelio dos Santos Pessanha (RJ)
Cartões Amarelos: Bruno Costa e Carlos Alberto (Botafogo); Vilson, Souza, Luizão, Pablo e Roberto (Vasco)
Cartões Vermelhos: Pablo (Vasco)
Botafogo: Renan, Alessandro, Renato Silva, Bruno Costa e Zé Carlos (Alexandro); Thiaguinho, Túlio (Lúcio Flávio), Diguinho e Abedi (Jorge Henrique); Carlos Alberto e Fábio. Técnico: Alexi Stival, o ‘Cuca’
Vasco da Gama: Roberto, Vilson, Eduardo Luiz e Luizão; Eduardo, Pablo, Souza, Alex Teixeira (Vítor) e Valmir (Bruno Gallo); Jean (Villanueva) e Alan Kardec. Técnico: Antônio Lopes

Torcedores botafoguenses [V]

· Vagner (goleiro)
· Valdyr Espinosa (treinador de futebol)
· Valtencir (futebolista, 1967)
· Van Damme (radialista)
· Vander Loubert (deputado federal)
· Verônica Sabino (cantora)
· Vicente de Paulo Sampaio
· Vicentinho Alves (deputado federal)
· Victor Biglione (guitarrista de jazz)
· Vinícius Cantuária (compositor)
· Vinícius de Moraes (poeta, compositor e diplomata)
· Volpi (jornalista)

sábado, 24 de maio de 2008

A presença do Botafogo F. R. na música popular brasileira


por Paulo Luna

"Sendo o Brasil conhecido como o ‘País do futebol’ é natural que a relação com esse esporte se espalhe por toda a sociedade. Praticamente não se encontra quem se não se declare fã desse ou daquele time, como é comum que quase todos sejam tomados por um ardor cívico em tempos de Copa do Mundo. Assim sendo, a música popular não ficaria imune ao futebol, com ele estabelecendo relações ao longo do tempo seja através de criações musicais que tematizam clubes, atletas ou outros aspectos do futebol, seja através da estreita relação que vários artistas da música popular estabeleceram como torcedores de variados times de futebol.

Dentre os variados clubes brasileiros, um que possui estreita relação com a música popular é o Botafogo de Futebol e Regatas do Rio de Janeiro, clube fundado em 1904 por um grupo de garotos e que logo se tornou uma das referências do futebol brasileiro. Como todos os grandes clubes do país, o Botafogo é referenciado pelo seu hino. Na verdade, existem dois, o hino oficial, que poucos conhecem, e o hino não oficial, mas que na verdade se “oficializou” através da consagração popular. Esse hino, que não é um hino, mas uma marcha é de autoria de Lamartine Babo, que em 1945, compôs marchas para os grandes clubes do Rio de Janeiro. Essa marcha foi gravada inicialmente em 1950, pelo cantor Nuno Roland, por sinal, torcedor do clube.

A partir de então, a cada jogo do ‘Glorioso’ como também é conhecido o clube, a torcida botafoguense entoa a altos brados no Maracanã: “Botafogo/ Botafogo/ Campeão/ Desde 1910/ Foste herói em cada jogo/ Botafogo/ Por isso é que tu és e hás de ser/ Nosso imenso prazer (...) Na estrada dos louros/ Num facho de luz/ Tua estrela solitária te conduz”. Poucos anos depois foi lançado um samba, de autoria do compositor rubro negro Wilson Batista no qual o autor narra as agruras de um sujeito e que culminam com a derrota do seu time do coração: “Que louco fui eu/ Regressei do futebol/Todo queimado de sol/ O Flamengo perdeu/ Pro Botafogo (...)”, num reconhecimento da histórica supremacia do alvinegro sobre o rubro negro.

A década de 1960 pode ser considerada como a de maior sucesso para o clube alvinegro quando de seu elenco faziam parte estrelas como Garrincha, Nilton Santos e Didi, entre outros. Mané Garrincha como era conhecido o camisa sete do Botafogo e da seleção brasileira foi tema de várias composições. A primeira delas foi ‘Garrincha-cha’, um cha cha cha composto por Rutinaldo e gravado em 1958 por José Messias e também por Claudionor Germano, ambos na gravadora Mocambo. Quatro anos depois, quando o Brasil se tornaria bicampeão mundial de futebol na Copa do Mundo disputada no Chile, o grande nome foi exatamente Garrincha. Que foi por isso homenageado com duas composições. A primeira delas, de sucesso menor foi o samba ‘Quem manda é o seu Mane’, de Silvio R. Neto e E. Minelli gravado pelo cantor Joab na gravadora Copacabana. A segunda homenagem, essa sim de grande sucesso popular, foi a marcha ‘Mané Garrincha’, de autoria de Wilson Batista, Jorge de Castro e Nóbrega de Macedo, gravada por Angelita Martinez no pequeno selo Campeão e que se tornou o maior êxito da vedete e cujos versos diziam: “Mané Garrincha/ Mané Garrincha/ Mané que brilhou lá na Suécia/ (...) Não é só café que nós temos pra vender/ Dribla Mané/ Dribla Mané”.

Embora a marcha se referisse ao jogador Garrincha, se referia também ao Botafogo, clube pelo qual ele jogava naqueles tempos em que era comum um jogador atuar toda a carreira num mesmo clube provocando assim uma identificação imediata entre um e outro. Para fazer a divulgação da música, a vedete Angelita Martinez posou abraçada com Garrincha vestindo uma camisa do Botafogo. No mesmo período, fez furor o caso amoroso entre o jogador Garrincha e a cantora Elza Soares naquele que pode ser considerado como a síntese do casamento entre o futebol e a música no Brasil.

Um outro grande compositor popular que muito se destacou na década de 1960 e que sempre declarou seu amor maior pelo Botafogo foi o poeta Vinícius de Moraes, que escreveu em um poema: “Mas me diga uma coisa, Mas me diga uma coisa, Mr.Buster/ Me diga sinceramente uma coisa, Mr. Buster/ O senhor sabe lá o que é um choro de Pixinguinha?/ O senhor sabe lá o que é ter uma jaboticabeira no quintal?/ O senhor sabe lá o que é torcer pelo Botafogo?”.

Na década de 1970 o clube alvinegro entrou por um período sombrio e amargou 21 anos sem conquistar um único e escasso título, fato que acabou motivando Chico Buarque e Francis Hime a incluírem a saga do alvinegro na música “E se” que narrava coisas impossíveis de acontecer “E se à meia-noite o sol raiar?/ E se o amar virar sertão?/ E se o Botafogo for campeão?”. Pois isso que então parecia impossível de acontecer se tornaria realidade em 1989 quando o clube voltou a ser campeão carioca o que deu mote para que os compositores Elias da Silva, Pedro Russo e Maurício Izidoro fizessem o samba ‘Botafogo campeão’, gravado com sucesso pela cantora botafoguense Beth Carvalho que soltou a voz a cantar “Esse é o Botafogo que eu gosto esse é o Botafogo que eu conheço/Tanto tempo esperando esse momento/Deixa eu festejar que eu mereço”. A cantora por sinal, tem sido juntamente com o cantor Agnaldo Timóteo uma dupla afiada e afinada de torcedores sempre presentes a acompanhar o clube.

Em 2002, o Botafogo voltou às paradas de sucesso através da Escola de Samba Unidos de Vila que apresentou enredo homenageando o ex-jogador Nílton Santos, um símbolo do clube, único que defendeu em toda a sua longa e brilhante carreira. Na mesma época, em um CD com regravações dos hinos dos grandes clubes brasileiros, o astro Zeca Pagodinho, outro emérito botafoguense reviveu a composição de Lamartine Babo: ‘Botafogo, Botafogo, campeão’. Em 2004, por ocasião dos festejos do centenário do clube, Cláudio Zoli, outro cantor botafoguense apresentou-se em show comemorativo em General Severiano. Não resta dúvida que o Botafogo e a música popular rimam muito bem.

Relatamos aqui brevemente, algumas composições e alguns artistas ligados ao glorioso Botafogo de Futebol e Regatas e certamente a lista de artistas que torcem pelo clube não é das menores, embora três dos citados acima, Agnaldo Timóteo, Beth Carvalho e Vinícius de Moraes constituam uma verdadeira trindade santa da música popular brasileira que sempre se declararam torcedores do Botafogo e se colocaram em defesa de suas cores. Afinal, como todo botafoguense sabe, não nos importamos com a quantidade de nosso torcedores, embora eles sejam contados aos milhões, mas sim, com a intensidade da paixão que move os adeptos do clube da estrela solitária.

Hoje tem Botafogo!

Eu vou cantar até morrer
É hoje
Eu vou torcer
Ninguém vai me deter
Que hoje tem mais um jogo
Que hoje tem Botafogo
Tem Túlio, Zé Roberto, Lúcio Flávio e Dodô

Ai, eu vou gritar, é campeão Fogão
Eu vou vibrar
Aguenta coração
Que hoje tem mais um jogo
Que hoje tem Botafogo
Por isso pró Maraca eu vou

Ó meu Fogão, vou te saudar
Que tua estrela possa só brilhar
Com as cores dessa bandeira
Torcendo de coração
Eu vou com o meu Fogão até ao fim

Com as cores dessa bandeira
Com garra com emoção
Ninguém segura o meu Fogão

Botafogo Campeão

E dá-lhe Fogo, e dá-lhe Fogo olê olê olé 2x

Alô nação Alvinegra!
Esse é o Botafogo que eu gosto
Esse é o Botafogo que eu conheço
Tanto tempo esperando esse momento, meu Deus
Deixa eu festejar que eu mereço

Mas é esse
Esse é o Botafogo que eu gosto (que eu gosto) 2x
Esse é o Botafogo que eu conheço
Tanto tempo esperando esse momento, meu Deus
Deixa eu festejar que eu mereço

É tão bonito ver
Minha gente sorrindo de emoção
O meu Brasil de ponta à ponta chorando, vibrando
Saudando o Botafogo campeão

O meu Brasil de ponta à ponta chorando, vibrando
Saudando o Glorioso campeão

É esse
Esse é o Botafogo que eu gosto (que eu gosto) 2x
Esse é o Botafogo que eu conheço
Tanto tempo esperando esse momento, meu Deus
Deixa eu festejar que eu mereço

Mas é esse
Esse é o Botafogo que eu gosto (que eu gosto) 2x
Esse é o Botafogo que eu conheço (que eu conheço)
Tanto tempo esperando esse momento, meu Deus
Deixa eu festejar que eu mereço

É tão bonito ver
Minha gente sorrindo de emoção
O meu Brasil de ponta à ponta chorando, vibrando
Saudando o Botafogo campeão

O meu Brasil de ponta à ponta chorando, vibrando
Saudando o Glorioso campeão

É esse
Esse é o Botafogo que eu gosto (que eu gosto) 2x
Esse é o Botafogo que eu conheço (que eu conheço)
Tanto tempo esperando esse momento, meu Deus
Deixa eu festejar que eu mereço

Mas é esse
Esse é o Botafogo que eu gosto (que eu gosto) 2x
Esse é o Botafogo que eu conheço (que eu conheço)
Tanto tempo esperando esse momento, meu Deus
Deixa eu festejar que eu mereço."

[Nota de Rui Moura: A composição ‘Hoje tem Botafogo!’, da autoria de Felipe Radicetti e Cristina Saraiva, já possui uma nova versão, a qual se encontra na etiqueta ‘letras’ deste blogue sob o título ‘Botafogo 2008’]

Paulo Luna é professor e pesquisador do Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Torcedores botafoguenses [U]

· Urzeni Rocha (deputado federal)

Torcedores botafoguenses [T]


  • Tamara Taxmam (atriz)
  • Tarzan (chefe da torcida organizada anos 60)
  • Tathiana Pagung (sambista)
  • Tavinho Paes (poeta e letrista)
  • Técio Lins e Silva (jurista, deputado estadual
  • Thalita Pertuzatti, (cantora)
  • Thiago Mello (radialista)
  • Thiago Ribas (desembargador, presidente do TJ, presidente do TRE)
  • Thierry Figueira (ator)
  • Thomé (futebolista, 1957)
  • Tolito (ardina)
  • Tony Vendramini (repórter)
  • Túlio (futebolista, 2007)

Mensagem de 21 a 23 de Maio de 2008

0
PARABÉNS, MANCHESTER!
0
PARABÉNS AOS JOGADORES CRISTIANO RONALDO E NANI E AO TREINADOR-ADJUNTO CARLOS QUEIROZ, OS PORTUGUESES CAMPEÕES EUROPEUS 2007-2008!
0
Mensagem a propósito do Manchester United ter conquistado a Taça dos Campeões Europeus 2007-2008 e felicitações especiais aos portugueses que integram o elenco inglês.
0

quinta-feira, 22 de maio de 2008

A contratação de Gérson, o canhotinha de ouro


Gérson, o canhotinha de ouro, era jogador do Flamengo em 1963 e zangara-se com o treinador Flávio Costa, que o retirou da equipa naquele ano. Sem ambiente no clube, Gérson conversou com o então presidente Fadel Fadel, mas ele apoiava o treinador e respondeu secamente a Gérson:

“ – Quem depositar 150 milhões leva o seu passe!”

Gérson saiu desanimado, porque aquela quantia representava muito dinheiro. No caminho para casa havia várias oficinas e, numa delas, estava Quarentinha, esperando o conserto do seu carro. Gérson contou ao companheiro a conversa com o presidente do Flamengo e, com o carro já pronto, Quarentinha não perdeu tempo e disse:

“ – Entra aí, vamos conversar com o presidente do Botafogo.”

Quarentinha levou Gérson para General Severiano, tendo conversado com Renato Estelita que dirigia o departamento de futebol. Como o Botafogo acabara de negociar Amarildo para o Milan, naquele mesmo dia foram depositados os 150 milhões pedidos pelo presidente do Flamengo.

Fadel Fadel arrependeu-se, porque estava vendendo ao seu maior rival um ídolo da torcida rubro-negra. Como não havia documento assinado, Fadel Fadel quis desfazer o negócio, mas Gérson foi muito afirmativo e disse-lhe que não queria mais jogar no Flamengo e nesse mesmo dia foi treinar no Botafogo.

Gérson foi o grande destaque do bicampeão carioca em 1967-1968 e sempre que jogava contra o Flamengo fazia excelentes exibições. Em 1970, na Copa do Mundo, os botafoguenses Gérson e Jairzinho foram os expoentes máximos do novo tricampeão do mundo.

Fonte
Sítio da Confederação Brasileira de Futebol

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Botafogo vence a Taça Brasil de sub-21



Botafogo e Flamengo disputaram a final da 1ª edição da Taça Brasil de pólo aquático masculino sub-21 (2008) num jogo de tirar o fôlego.

Após um empate de 8x8 no tempo regulamentar com uma recuperação no último quarto de tempo (4x5 / 1x2 / 1x1 / 2x0), o Botafogo sagrou-se campeão ao vencer os rubros na prorrogação por 1x0.

O Flamengo esteve a vencer por 8x5, mas o Botafogo reduziu ainda no terceiro quarto e empatou no último quarto. O goleiro Anderson ‘Cirilo’ Ferreira realizou uma partida notável e Ique Guimarães revelou-se o artilheiro da final.

Na prorrogação houve muita marcação e poucas oportunidades de gol, mas no segundo tempo de três minutos Ique conseguiu um arremesso certeiro e finalmente deu a vitória de virada ao Botafogo.

A campanha botafoguense foi a seguinte:

Grupo
· Botafogo 9x6 Tijuca [Caio ‘Mamão’ (3), João Felipe (2), Wilson ‘Dudu’ (2), Ique (1) e Anderson ‘Canhoto’ (1)] (parciais: 4-2, 1-1, 2-1, 2-2)
· Botafogo 4x9 Flamengo [Leonardo ‘Carroça’ (2), Ique (2)] (parciais: 1-1, 1-6, 1-1, 1-1)
· Botafogo 6x9 Fluminense [João Felipe (2), Wilson ‘Dudu’ (1), Leonardo ‘Carroça’ (1), Ique (1), Anderson ‘Canhoto’ (1)] (parciais: 1-3, 2-1, 1-2, 2-3)

Semifinal
· Botafogo 12x11 Fluminense [Ique (3), Wilson ‘Dudu’ (2 + 1p), Anderson ‘Canhoto’ (1 + 1p), Leonardo ‘Carroça’ (1), Caio ‘Mamão’ (1p), João Felipe (1p), Rodrigo (1p)]; (parciais: 1-2, 2-2, 2-0, 1-2/ 1-0, 0-1 / 4-5 nos penalties)

Final
· Botafogo 9x8 Flamengo [Ique Guimarães (5), Caio ‘Mamão’ (2), Anderson Soares e João Felipe Coelho]; (parciais: 4-5, 1-2, 1-1, 2-0 / 0-0, 1-0; placar: 1-0, 1-1, 1-2, 2-2, 3-2, 3-3, 3-4, 4-4, 4-5/4-6, 4-7, 5-7/5-8, 6-8/7-8, 8-8/9-8)

Botafogo: Cirilo, Caio ‘Mamão’, Paulo César, João Felipe, Dudu, Caio, Leonardo ‘Carroça’, Rodrigo, Ique, Marquinhos, Yuri, Anderson, Vinícius.

O técnico do Botafogo foi Ângelo Coelho.
0

Foto: Ique Guimarães / touca14.blogspot.com

Botafogo a um empate da final

O Botafogo bateu o Corinthians por uma marca que não dá nenhuma tranquilidade à equipa para o segundo jogo. Tendo em consideração que o Botafogo disputa duas competições, é necessário saber fazer a gestão do plantel, mas a intenção é que a equipa renda precisamente nos jogos para a Copa do Brasil – e isso não está acontecendo. A superação do Atlético Mineiro foi difícil e a semifinal vai pelo mesmo caminho.

Inicialmente o Botafogo levou perigo ao campo adversário, marcando bem a saída de bola do Corinthians e dispondo de duas oportunidades, uma das quais muito clara, mas Wellington Paulista, que não assinala gols há seis jogos, recebeu uma bola errada da defesa corinthiana, avançou na área e em frente ao goleiro chutou em cima dele. Entretanto, a ala esquerda da defesa botafoguense foi um fracasso absoluto e Triguinho mostra que, afinal, apesar de criticado por alguns, faz muita falta à equipa – tal como Ferrero.

Porém, as duas equipas não estavam bem, jogando desarticuladamente e fazendo chutes para a frente. A falta de Diguinho também se fez notar e quer Lúcio Flávio quer Zé Carlos tornaram a realizar uma partida aquém do que já mostraram saber fazer. Como ‘carregador de piano’ Lúcio Flávio está mostrando fracas capacidades, Zé Carlos é inexistente e sem Diguinho não há armação de jogo.

E no meio das incapacidades botafoguenses o Corinthians corrigiu a marcação da sua defesa e inaugurou o marcador. Em contra-ataque, Carlos Alberto ficou em frente a Renan e não perdoou aos 23 minutos. E o Corinthians poderia ter ampliado através de Rincón (bola ao travessão) e Herrera, enquanto a ala esquerda da defesa do Botafogo continuava à mercê do adversário. Somente no final da 1ª parte houve uma oportunidade para a equipa marcar através de um chute de Alessandro a cruzamento de Jorge Henrique.

Na segunda parte Cuca limitou-se à ‘velha’ inclusão de Fábio no lugar de Zé Carlos, mas como o Corinthians recuou, deixou de molestar o lado esquerdo da defesa botafoguenses e permitiu que o Botafogo se tornasse mais ofensivo.

Aos 2 minutos Lúcio Flávio quase converteu uma falta e a torcida animou-se incentivando a equipa. Então, aos 8 minutos, Jorge Henrique tabelou com Eduardo e foi derrubado pelo autor do gol corinthiano. Lúcio Flávio converteu a penalidade máxima.

É nessa altura que o técnico do Corinthians decide substituir o apoiador Lulinha pelo zagueiro Fábio Ferreira, permitindo ao Botafogo jogar no campo adversário e dispor de duas oportunidades de gol. Mas a partir da metade do segundo tempo o Botafogo tornou a cair de produção, afunilando as jogadas, e o Corinthians levava pouco perigo à nossa baliza.

Apesar da evidência da incapacidade de Eduardo, somente aos 35 minutos é que Cuca substituiu o lateral por Adriano Felício. Quando o empate era o resultado mais provável Alessandro fez um cruzamento da direita, a defesa corinthiana cortou a bola para o meio da área e Jorge Henrique chutou para o gol aos 43 minutos, virando o resultado. O ‘levezinho’ terá sido a figura do jogo por interferir nos dois gols.

FICHA TÉCNICA
Botafogo 2x1 Corinthians
Gols: Lúcio Flávio 8’ 2ºT e Jorge Henrique 43’ 2ºT (Botafogo); Carlos Alberto 22’ 1ºt (Corinthians)
Competição: Copa do Brasil
Estádio: Olímpico João Havelange, o ‘Engenhão’; 20/05/2008
Arbitragem: Leonardo Gaciba da Silva (RS); Altermir Haussman (RS) e Roberto Braatz (RS)
Cartões amarelos: André Santos, Carlos Alberto, Lulinha e Fábio Ferreira (Corinthians); Wellington Paulista, Jorge Henrique, Alessandro e Túlio (Botafogo)
Botafogo: Renan, Renato Silva, André Luis e Eduardo (Adriano Felício); Alessandro, Leandro Guerreiro, Túlio, Lúcio Flávio e Zé Carlos (Fábio); Jorge Henrique e Wellington Paulista (Alexsandro). Técnico: Alexi Stival, o ‘Cuca’
Corinthians: Felipe, Carlos Alberto, Chicão, William e André Santos; Fabinho, Eduardo Ramos, Diogo Rincón (Acosta) e Lulinha (Fábio Ferreira); Dentinho e Herrera. Técnico: Mano Menezes

terça-feira, 20 de maio de 2008

Uniformes

.
A acta da fusão do CRB e do BFC no Botafogo de Futebol e Regatas possuía uma série de disposições, entre as quais os símbolos e os equipamentos a usar. O CRB usava camisas e calções negros, enquanto o BFC usava camisa listrada e calções brancos.

O departamento de futebol do Botafogo de Futebol e Regatas adoptou a camisa listrada e os calções negros:
0

O departamento de remo adoptou o uniforme totalmente negro:


Os uniformes das fundações em 1894 e 1904 e da fusão em 1942 foram os seguintes:


A réplica da camisa usada desde 1904, com o escudo ao peito, é a seguinte:
0


A réplica da camisa usada desde 1904, com o escudo ao peito, é a seguinte:
0

Mas a camisa botafoguense mais linda em todos os tempos foi desenhada, com rara inspiração, pelo técnico uruguaio Ondino Vieira, contratado por Carlito Rocha em 1947, o qual desenhou uma sensacional camisa listrada com botões – quase uma camisa social esporte. A camisa não tinha punhos, a gola era igualmente preta e branca e o tamanho do escudo notável.



A camisa não durou muito tempo porque… os botões saltavam ao mínimo puxão!

Hoje em dia os uniformes são os seguintes:


Escudos e bandeiras

O Club de Regatas Botafogo foi fundada a 1 de Julho de 1894 e o seu escudo representava a estrela d’alva que guiava os remadores ao romper da aurora.


A imagem da esquerda representa o escudo original do CRB, a do centro é o escudo trabalhado numa versão livre e à direita uma conjugação posterior das iniciais do clube.

Entretanto, em 1904 foi fundado o Botafogo Football Club, com o escudo que abaixo se apresenta e o qual se manteve até à fusão do futebol e das regatas dos dois clubes do bairro de Botafogo (ver etiqueta ‘história’). Este escudo foi desenhado a nanquim por um dos fundadores do BFC, Basílio Viana Júnior.


Em 1942 concretizou-se a fusão do Club de Regatas Botafogo e do Botafogo Football Clube, desaparecendo dos escudos quaisquer siglas para figurar apenas a estrela solitária do CRB. As listras pretas e brancas do futebol mantiveram-se.

As quatro estrelas foram introduzidas posteriormente à fundação e representam o tetra-campeonato de 1932-33-34-35.

Eis as bandeiras dos dois clubes e do novo clube resultante da fusão:


Os escudos e as bandeiras são geralmente apresentados da seguinte forma:

segunda-feira, 19 de maio de 2008

O primo botafoguense


por Jesiel Ribeiro

Em 1957, meu primo de apenas dez anos estava em dúvida se torcia para o time do pai, Flu fanático, ou pelo Bota, time do primo mais velho que fazia pipas para o moleque e jogava futebol com ele e outros garotos em alguns finais de semana, quando a família se reunia.

Em dezembro daquele ano, muito pressionado, o moleque disse que queria ir ao Maraca assistir à final entre os dois e lá escolheria o time para o qual iria torcer... Meu tio vibrou, pois o Flu era favorito e bastava o empate... Naquela época era comum o almoço de domingo na casa dos avós, particularmente em famílias numerosas... Comentávamos que tal jogador maltratava a bola e que ela não gostava do fulano, etc...

Estávamos no Maraca, meio de campo, mais para o lado do Flu, pois na época não havia a bandidagem de hoje; meu tio, eu e o garoto de dez anos em sua primeira e decisiva ida ao templo do futebol... Termina o primeiro tempo e depois daquele baile pensei: mais um botafoguense… e o moleque quieto, sem dizer nada....

Começa o segundo tempo, Garrincha e Paulo Valentim arrebentando, meu tio quieto igual a guri caçado e pensando em ir embora... Depois das comemorações do sexto gol, o moleque vira-se para mim e para o pai e diz a frase que nunca mais esqueci:

“ – Como é o nome daquele jogador do Botafogo ali?..." - e apontava para a lateral esquerda.

Respondemos quase juntos:

“ – Nílton Santos.

E, então, o moleque, todo assanhado e com um brilho nos olhos, disse:

“ – É o jogador que a bola mais gosta e, por isso, a partir de hoje serei Botafogo."

Dei-lhe um abraço tão forte que até hoje sinto-o em minha mente e fico emocionado. Tudo isso graças ao meu maior ídolo alvinegro, o mestre dos mestres – Nílton Santos...

(Jesiel Ribeiro é um novo amigo que conheci através do Arena Alvinegra)

domingo, 18 de maio de 2008

Quem deve presidir ao Botafogo?

Resultados da enquete (61 votos):

Carlos Augusto Montenegro: 23 votos (38%)
Manoel Renha: 32 votos (52%)
Outro: 6 votos (10%)

[Votação entre 05-19/05/2008]

Manoel Renha é o presidente preferido para gerir os destinos do Botafogo, mas deve-se realçar que Montenegro mantém um conjunto muito significativo de fiéis.

Parabéns, Sporting Clube de Portugal!


Parabéns ao meu clube português por se tornar bi-campeão da Taça de Portugal ao vencer o FC Porto por 2x0 na final, com dois gols do brasileiro Tiuí. Foi a 19ª Taça de Portugal conquistada pelos sportinguistas.

Os parabéns ao Sporting Clube de Portugal são extensivos a toda a temporada, marcada pelas seguintes classificações nas quatro competições portuguesas:

· Campeão da Supertaça: 1x0 FC Porto
· Vice-campeão da Taça da Liga: 0x0 Vitória de Setúbal (decisão em penalties)
· Vice-campeão de Portugal (acesso à Liga dos Campeões): FC Porto campeão
· Bi-campeão da Taça de Portugal: 2x0 FC Porto

Os títulos do Sporting (incluindo o anterior campeonato de Portugal, substituído pela taça de Portugal) ocorreram nos seguintes anos: 1923, 1934, 1936, 1938, 1941, 1945, 1946, 1948, 1954, 1963, 1971, 1973, 1974, 1978, 1982, 1995, 2002, 2007, 2008.

A desejada Taça, que encerra a temporada do futebol português, foi ganha pelos seguintes clubes: Benfica (27), Sporting (19), Porto (17), Belenenses (6), Boavista (5), Vitória Setúbal (3), Académica (1), Beira-Mar (1), Braga (1), Carcavelinhos (1), Estrela da Amadora (1), Leixões (1), Marítimo (1), Olhanense (1).

sábado, 17 de maio de 2008

Botafogo derrotado no Mineirão

O Botafogo apresentou-se no Mineirão com cerca de meia equipa de titulares e, apesar de ter perdido a partida com inteira justiça, não foi uma presa totalmente fácil para o Cruzeiro.

O azulão justificou o resultado devido a uma 1ª parte bastante melhor que a do Botafogo, não tendo chegado ao gol da tranquilidade exclusivamente por mérito do goleiro Castillo, que realizou quatro defesa difíceis, aos 28, 32 e 38 minutos, duas delas sucessivas frente a frente aos atacantes do Cruzeiro – e revelou-se a figura do jogo.

A 1ª parte foi muito disputada, às vezes truncada, e com marcações fortes de parte a parte. O penalty de Leandro Guerreiro em cima do jogador do Cruzeiro, o qual determinou o único gol da partida, foi mais uma vez devido a um falhanço clamoroso do ‘pereba’ Renato Silva – que claramente não tem qualidade para ser titular. A jogada do Cruzeiro, resultante de uma maior pressão inicial dos azuis, fez-se em cima do zagueiro. O atacante do Cruzeiro introduziu a bola por entre as pernas do desajeitado Renato, tomou-a por trás dele e, na sequência, Leandro Guerreiro fez a falta. Aos 11 minutos Guilherme bateu a penalidade máxima e deu a vitória ao Cruzeiro.

Se a 1ª parte não terminou com um placar tranquilo para o Cruzeiro deve-se ao desempenho de Castillo, enquanto o Botafogo não teve nenhum momento muito evidente de gol.

Na 2ª parte o Botafogo fez entrar Lúcio Flávio com o intuito de armar melhor o ataque através de jogadas mais criativas, mas Lúcio Flávio não está decididamente em forma e não desequilibrou o jogo. Toda a 2ª parte da partida foi menos movimentada e interessante do que a 1ª parte porque o Botafogo apertou a marcação, não dando espaços ao Cruzeiro, o qual, por sua vez, provocou diversas faltas sobre os botafoguenses à entrada da área, nenhuma delas levando iminente perigo à baliza cruzeirense.

A 2ª parte do jogo, muito truncada e faltosa, decorreu sem nenhuma oportunidade flagrante de gol de parte a parte. Mesmo quando o Botafogo teve um jogador expulso, o Cruzeiro não conseguiu jogar melhor, preferindo administrar o jogo, e, em certos períodos, foi o Botafogo que ensaiou jogadas de perigo – nunca concretizadas em gol iminente.

Tendo em consideração que a equipa do Botafogo foi constituída por metade de reservas, o resultado aceita-se, embora tenha sido evidente que o meio-campo botafoguense não conseguiu criar e não mostrou força suficiente para ir em busca do empate no segundo tempo. Deve-se realçar o desempenho brilhante de Castillo e a estreia de Carlos Alberto, que se pautou por uma exibição mediana e demonstrou que o jogador ainda está longe da sua melhor forma.

FICHA TÉCNICA
Botafogo 0x1 Cruzeiro
Gol: Guilherme 11’ 1ºT
Competição: Campeonato Brasileiro
Estádio: ‘Mineirão’; 17/05/2008
Arbitragem: Paulo César Oliveira; Carlos Jorge Titara da Rocha (AL) e Ailton Farias da Silva (SE)
Cartões amarelos: Diguinho, Bruno Costa, Túlio Souza (Botafogo); Ramires, Thiago Heleno, Apodi, Bruno, Fabrício, Wagner (Cruzeiro)
Cartão vermelho: Túlio Souza (Botafogo)
Botafogo: Castillo, Renato Silva, Ferrero (Lúcio Flávio) e Edson (Bruno Costa); Túlio Souza, Leandro Guerreiro, Thiaguinho, Diguinho e Eduardo; Carlos Alberto (Abedi) e Wellington Paulista
Cruzeiro: Fábio, Jonathan (Apodi), Espinoza, Thiago Heleno e Jadílson (Elicarlos); Marquinhos Paraná, Fabrício, Ramires e Wagner; Guilherme e Jonathas (Bruno)

Torcedores botafoguenses [S]


  • Salomé Pedracine (jornalista)
  • Salvador Peixoto (chefe da torcida anos 40)
  • Samara Felippo (atriz)
  • Samuel de Oliveira (presidente do Botafogo, 1922)
  • Sandro (futebolista, 1993)
  • Sandro Moreira (jornalista)
  • San Thiago Dantas (primeiro-ministro)
  • Sartori (basquetebolista, 1991)
  • Saturnino Braga (prefeito, senador)
  • Sebastião Pereira (repórter)
  • Serginho Hondjaekff (ator)
  • Serginho Meriti (sambista)
  • Sérgio Augusto (escritor)
  • Sérgio Darcy (presidente do Botafogo, 1937/39)
  • Sérgio Manuel (futebolista, 1995)
  • Sérgio Maurício (locutor)
  • Sérgio Mendes (músico)
  • Sérgio Vieira de Mello (diplomata, embaixador na ONU)
  • Sidnei Silva (radialista)
  • Sidney Magal (cantor)
  • Solange Almeida (deputada federal)
  • Sonja Martinelli (torcedora símbolo de 1989)
  • Stephan Necerssian (ator)
  • Suzana Pires (atriz)
  • Suzane Carvalho (atriz)
  • Sylvio Fiollo (nadador)

sexta-feira, 16 de maio de 2008

O Dia do Botafogo


Parabéns, Botafogo! Parabéns, Nilton Santos!

Hoje é o Dia do Botafogo e o aniversário do super-craque Nilton Santos, que só representou três camisas em toda a sua vida: a da selecção brasileira, a da selecção carioca e... a do Botafogo de Futebol e Regatas!

O Dia do Botafogo é comemorado pela 1ª vez este ano. A 5 de Julho de 2007 o Governador Sérgio Cabral promulgou a Lei nº 5064, aprovada pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, a qual institui, no âmbito do Estado, o Dia do Botafogo de Futebol e Regatas.

A lei, proposta através do projecto de lei nº 3760/2006, foi da autoria de Marcos Abrahão e consagra o seguinte:

Art. 1º - Fica instituído o Dia do Botafogo Futebol e Regatas, no âmbito do Estado do Rio de Janeiro, a ser festejado no dia 16 de Maio.

Art. 2º - Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação.

Art. 3º - Ficam revogadas as disposições em contrário.

Dia 16 de Maio é o aniversário do ídolo Nílton Santos.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Botafogo na semifinal da Copa do Brasil

Considero que o Botafogo apresenta a equipa mais desgastada do futebol carioca porque disputou dois turnos do campeonato carioca tendo por meta a vitória final e acabou por disputar todas as finais. Aliás, nestas condições, o Cariocão é um campeonato excessivo, que acumulado às eliminatórias da Copa do Brasil faz com que uma equipa que dispute ambos os títulos entre o campeonato brasileiro saturada.

Julgo que isso é o que está acontecendo ao Botafogo e, por isso, o futebol apresentado tem sido menos fogoso. Porém, também considero que uma equipa que queira obter resultados tem que ser mais simples e eficaz, tal como o Botafogo tem sido. Portanto, não se deve pedir jogos brilhantes constantemente, os quais muitas vezes não são sinónimo de eficácia. Deve-se pedir, sobretudo, uma boa gestão do plantel em parâmetros psicológicos, físicos e técnicos para que se obtenham as vitórias essenciais em jogos decisivos.

Por conseguinte, não é problema que o Botafogo jogue bem umas vezes e mal outras, desde que faça a gestão adequada para alcançar a vitória em ambos os casos. Problema essencial é que quando joga mal pode levar gols no início dos jogos por via de insegurança dos jogadores e, assim, ter muito mais dificuldade de ganhar. Isso poderia ter acontecido com o Atlético Mineiro nestas quartas-de-final da Copa do Brasil.

A equipa entrou mal, não teve a calma suficiente, errou demasiados passes (com destaque para Lúcio Flávio e Zé Carlos que não conseguiam criar) e poderia ter terminado a 1ª parte a perder. Há, em minha opinião, um problema de confiança e de falta de frieza dos jogadores, o que se traduz em excessivo nervosismo – sem necessidade, porque em termos competitivos os resultados deste ano continuam favoráveis ao Botafogo. Mas vamos ao jogo.

Apesar de o Atlético ter sido pressionado pelo Botafogo por volta dos 8 minutos, em que foi assinalado a Zé Carlos um impedimento inexistente já com a baliza aberta, foi o Atlético que conseguiu imprimir maior velocidade, melhor marcação e maior perigo. Aos 18 e aos 24 minutos o Atlético poderia ter marcado, mas a desafinada pontaria do Galo foi a sorte do Botafogo.

Mais tarde, aos 27 e aos 38 minutos o Botafogo ensaiou maior perigo, mas a pontaria também não foi a mais afinada. No conjunto, o Atlético levou sempre mais perigo, e não partiu na frente porque o seu ataque é bastante mau na finalização, razão pela qual não marca um único gol há diversos jogos.

No segundo tempo o Atlético voltou com mais energia e parecia predisposto a inaugurar o marcador ante um Botafogo que continuava a errar muitos passes e a ser incapaz dos seus famosos toques de envolvência da defesa contrária. Porém, mais uma vez em bola parada, Lúcio Flávio cobrou escanteio, Zé Carlos cabeceou e Wellington Paulista emendou para o gol abrindo o marcador aos 9 minutos.

O Atlético reagiu através da substituição do meia Almir pelo avançado Vanderlei e procurou chegar à área botafoguense através de bolas aéreas, beneficiando de diversos passes errados do Botafogo. Mas apesar de alguma pressão do Atlético, que continuava a errar nos remates, o Botafogo adiantou-se mais no terreno e passou a controlar a partida, apesar de muito chutão para a frente.

Nos momentos finais o Atlético começou a atacar desordenadamente em busca do gol da classificação. E foi neste contexto que o Botafogo consolidou a vitória aos 47 minutos. Aproveitando as brechas da defensiva do Galo, a nossa equipa atacou e Alessandro, após receber um cruzamento para a cabeça da área completamente desguarnecida, entrou em velocidade, chutou rasteiro em frente ao goleiro e confirmou a nossa presença na semifinal contra o Corinthians.

Em suma, apesar da 1ª parte do Atlético, o Botafogo fez jus, na 2ª parte, à vitória, ante um Atlético sem ataque finalizador. Os adversários que se seguem não são fáceis: Cruzeiro e Vasco no Brasileirão e Corinthians na Copa do Brasil.

Uma boa gestão do plantel precisa-se para as próximas semanas, bem como continuar a priorizar a Copa do Brasil e reforçar a motivação e o astral da equipa.

FICHA TÉCNICA
Botafogo 2x0 Atlético Mineiro
Gols: Wellington Paulista 9’ 2ºT e Alessandro 47’ 2ºT
Competição: Copa do Brasil
Estádio Olímpico João Havelange, o ‘Engenhão’; 14/05/2008
Arbitragem: Evandro Rogério Roman (PR); Milton Otaviano dos Santos (RN) e Alessandro Álvaro Rocha de Matos (BA)
Cartões amarelos: Renato Silva, Diguinho, Zé Carlos (Botafogo); Marcos, Petkovic, Thiago Feltri, Vinícius (Atlético)
Botafogo: Renan, Renato Silva, André Luís e Leandro Guerreiro; Túlio Souza, Túlio, Diguinho, Lúcio Flávio (Túlio Souza) e Zé Carlos (Edson); Jorge Henrique e Wellington Paulista (Alexandro). Técnico: Alexi Stival, o ‘Cuca’
Atlético: Juninho, Coelho, Marcos, Vinícius e Thiago Feltri; Rafael Miranda (Gerson), Márcio Araújo, Almir (Vanderlei) e Petkovic; Marques (Renan Oliveira) e Danilinho. Técnico: Geninho

quarta-feira, 14 de maio de 2008

O beagle da estrela solitária

0

Perivaldo, o beagle da estrela solitária, pertencente ao botafoguense Aldo Souza, carioca residente em Pernambuco, será a nova versão 'Biriba' do século XXI?...

Torcedores botafoguenses [R]

  • Radamés Gnatalli (maestro)
  • Ramon Avellaneda (mergulhador argentino)
  • Regina Casé (atriz)
  • Regis Cardoso (ator e director de televisão)
  • Reinaldo (comediante)
  • Renan Calheiros (presidente do congresso)
  • Renatinho Partideiro (Sambista)
  • Renato Casagrande (senador)
  • Renato Estellita
  • Renato Ferreira (radialista)
  • Renato Pacheco (presidente do Botafogo, 1919/21)
  • Renildo Calheiros (deputado federal)
  • Ricardo Baresi (vestiário alvinegro)
  • Rita Cadilac (atriz e dançarina)
  • Rivadávia Tavares Corrêa Meyer – Rivinha (presidente do Botafogo, 1973/75)
  • Roberto Miranda (futebolista, 1968)
  • Roberto Porto (jornalista)
  • Roberto Silva (radialista)
  • Robson Aldir (radialista)
  • Roby Porto (locutor)
  • Rodolfo Fischer (futebolista, 1972)
  • Rodrigo Maia (deputado federal)
  • Rodrigo Rollemberg (deputado federal)
  • Rogério Almeida (radialista)
  • Ronaldo da Costa (recordista mundial da maratona)
  • Ronnie Von (cantor)
  • Rosamaria Murtinho (atriz)
  • Rosane Svartmann (directora de programa)
  • Rose de Freitas (deputada federal)
  • Rui Fernando (repórter)
  • Russão [João Farias] (chefe da torcida folgada anos 70)
  • Ruy Guerra (cineasta)
  • Ruy Maurity
  • Ruy Solberg (cineasta)

Torcedores botafoguenses [Q]

  • Quarentinha (futebolista, anos 50)
  • Quinho - Melquisedeque Marins Marques (cantor e intérprete de escola de samba)

terça-feira, 13 de maio de 2008

Homens, Máquinas e Knoblauchadas

0
Autor desconhecido (escrito durante o campeonato carioca 2006)

I
Na Grécia Antiga, Diógenes de Sínope morava em um barril e vagava pelas ruas com uma lanterna acesa, em plena luz do dia, à procura de um homem que fosse íntegro de caráter. É considerado o maior expoente do Cinismo, escola filosófica fundada por Antístenes de Atenas, discípulo de Sócrates e mestre de Diógenes, e caracterizada pelo desprendimento dos valores ligados à matéria e pela busca da auto-suficiência, o que, com o passar do tempo, erroneamente consagrou à palavra cinismo a conotação que tem atualmente, de indiferença e insensibilidade ao sentir e ao sofrer alheios.

Das muitas histórias que protagonizou, talvez a mais famosa seja a que relata seu encontro com o conquistador macedônio Alexandre, o Grande. Reza a lenda que estava Diógenes a banhar-se da luz natural do dia, quando Alexandre dele se aproximou e, eclipsando o Sol, lhe dirigiu as seguintes palavras: “Sábio Diógenes, me diz o que desejas e teu o farei antes do entardecer”. Descrente do poder que buscava ostentar o conquistador, Diógenes lhe respondeu, com imediata simplicidade: “Máximo general, por certo tens o poder de me dar o que a ti eu pedir, em tempo menor que o estimado. Entretanto, tudo o que peço (esquivando-se da fresta de sombra provocada pela presença de seu interlocutor) é que não tires de mim aquilo que não me podes dar”.

II
Inicialmente prevista para trazer ao leitor a análise das partidas mais belas de 2005, esta crônica mudou seu curso inesperadamente. Um leitor (enfim consegui um) que me escreveu recentemente apontou diversas falhas ocorridas na análise da partida escolhida por mim para ilustrar a crônica anterior à que ora escrevo (intitulada Semente do Xadrez). Na mais gritante delas, exclamei para um lance das brancas após o qual o computador dava ampla vantagem para as pretas.

Reconhecendo a relevância da pluralidade e seguindo na intenção de fazer desta página uma tribuna livre, convidei meu crítico a publicar o texto a mim enviado. O mesmo fora redigido de forma clara e, em minha opinião, só enriqueceria esta coluna. Infelizmente, não pude convencê-lo a mudar de idéia e meu convite foi declinado. Mas já era tarde para retroceder. A crítica sofrida me fez ponderar bastante sobre o tema abordado nesta crônica, e afirmo que, em certa medida, é dela que a mesma se originou.

Há tempos observo a gradual sucumbência do homem diante da máquina em todos os segmentos da vida e, especialmente, no esporte que praticamos. Primeiramente, os computadores se igualaram em desempenho aos melhores jogadores do mundo. Hoje, já nem se fala mais na possibilidade de vitória para o ser humano, em se tratando de um confronto com os melhores chips disponíveis no mercado. Para se ter uma idéia, na estratosfera do xadrez já não é mais possível obter bons resultados em torneios sem conhecer a fundo a “mente” dos programas de computador, como deu a entender o super-GM Viswanathan Anand, quando afirmou, em recente entrevista ao site www.chessbase.com, que estava “instalando” o Fritz 9.0 em sua memória.

As análises das partidas, antes extensas, se tornaram verdadeiras bíblias, com sub-variantes para todos os lados que os softwares apontam. Entender o que foi jogado em uma partida de xadrez se tornou um verdadeiro desafio para os especialistas e uma impossibilidade para os leigos no assunto. Talvez deste hermetismo, aliado ao fato de não ser visível ao público a constante ebulição interna dos atletas durante uma partida, derive a crença popular de que o xadrez é um jogo monótono, quando nós que o praticamos sabemos o quanto o movimento das peças pode, reciprocamente, movimentar nossas emoções.

Entretanto, alheios a estas emoções, os computadores não se limitam a ignorar nossa autoria nas partidas que analisam. Indo além, fazem desta ignorância parâmetro de análises tecnicamente precisas (por meio da qual desenvolvemos nosso aprendizado, enfatizo antes de passar ao leitor a falsa expectativa de que sou contrário ao uso dos computadores como ferramentas de suporte, imprescindíveis hoje, ao nosso aprimoramento técnico), mas humanamente turvas e incompletas.

Como disse, já faz tempo observo o declínio humano diante do poderio crescente das máquinas. E, sem saber que o fazia, construía em silêncio esta resposta, que ora lhe rompe e lhe dá significado, e que nos resgata o espaço cedido ao Fritz 9.0 e seus afins digitais. Assim, recorrendo à simplicidade profunda de Diógenes, que com seu bom cinismo quebrou a empáfia de Alexandre, afirmo aos caros leitores: - É chegada a hora de dar ao “Friteco” uma lição sobre como analisar humanamente partidas de xadrez.

III
Para tanto, estabelecerei dois paradigmas necessários, dentre os quais começo pelo que considero mais simples.

Certa vez, em conversa com o Fabrício Hupp, perguntei-lhe qual a diferença que ele percebia entre um bom software de xadrez e um programa top de linha. Com a típica serenidade com a qual tenta ocultar o animal feroz que é sobre o tabuleiro, ele respondeu: é como a diferença entre lutar contra um gigante de 20 metros e um de 21. Com esta mesma metáfora, estabeleço o primeiro paradigma: o de justificar porque utilizarei o Chessmaster 7.0, e não o Fritz 9.0, como anunciado acima, para contra-analisar a partida que ilustra esta crônica. (No caso, a diferença entre os gigantes pode até ser de mais de 1 metro, mas a supremacia técnica de ambos sobre mim é tão evidente que pouco importa com qual dos dois discutirei linhas de jogo).
O segundo paradigma, pelo qual inicio a discussão que terei com o [em referência à figura criada para humanizar a máquina] barbudo eletrônico, se propõe a desmistificar o conflito-tema desta crônica. Jamais, desde os tempos do Kaissa (primeiro computador campeão mundial em sua categoria, em 1974), o homem jogou contra a máquina. Tal impossível duelo não é outra coisa que não uma forma travestida da ilusão humana em triunfar sobre a perfeição, representada pelo computador: um “ser” construído para ser infalível, ou, quando pouco, para andar próximo à infalibilidade.

Assim, derrotar o computador significa para nós, em certa medida, ser mais-que-perfeito, ou, se preferirem, mais real que o próprio rei. Todavia, esta primeira roupagem sob a qual apresento o problema ainda o caracteriza muito superficialmente. A questão em si é muito mais profunda e é a estes níveis subterrâneos que quero descer. Mais do que um ideal de perfeição, o computador simboliza o trabalho coletivo contra o esforço solitário, a espécie contra o indivíduo, no contínuo processo evolutivo de ambos.

Porém, alheia às mazelas de cada um, a evolução privilegia sempre a espécie, sem que a contrapartida alcance a cada indivíduo isoladamente, senão aos mais capacitados para o desempenho de dada atividade, por meio da qual se compete. Daí porque, mais do que para a evolução da espécie (considerando que esta não depende nem de nossos esforços em lhe dar sentido, nem do que sonha nossa vã filosofia), estes indivíduos são importantes para os seus pares. Pois personificam uma falha no rito opressor da espécie, promovem a recriação de valores e estabelecem uma ruptura temporal.

Assim foi quando Bobby Fischer implodiu a muralha soviética e se sagrou campeão mundial, bem como foi da mesma natureza a frustração causada pela derrota de Garry Kasparov em seu rematch contra o computador Deep Blue. Aliás, se quiserem um exemplo caseiro, e considerando que para os atuais padrões do xadrez capixaba o tetracampeão Jorge Bittencourt pode ser equiparado a uma máquina quase imbatível, o mesmo ocorreu quando Tenilson Alves surfou a pororoca (vide crônica “A Pororoca do Tenilson”, nesta mesma página).

Outra perspectiva sobre a qual considero importante abordar esta mesma questão é a da fragmentação que uma análise feita em computador opera na alma de cada partida. Desconsiderando o elemento humano, a máquina tenta suprir logicamente a base de dados que lhe falta: nossas emoções, lembranças, vitórias e frustrações pessoais. Vale dizer, estas lacunas de programação que só a diversidade de fatores que compõe nossas vidas, e, amiúde, uma partida de xadrez, pode preencher. É sob esta perspectiva humana, mistura de técnica, emoções e uns quantos parangolés, que baseio a análise a seguir.

IV
Bonfim, Hudson x Knoblauch, Walter – Final do CEAX 2005 – A40

1. d4 Cf6; 2. c4 e6; 3. a3 c6; 4. Cc3 d5; 5. Bg5 Be7; 6. e3 b6; 7. cxd5 cxd5; 8. Cf3 O-O; 9. Bd3 Cbd7; 10. Tc1 Bb7; 11. O-O Tc8

Após este lance, que anuncia o meio-jogo, o Chessmaster acusa vantagem de +0.41, com breve pico de +0.50, indicando, a seguir, 12. Db3.

12. Cb5!...

Eis a primeira divergência! Com um avarento +0.02, o computador procura desqualificar este lance, que traz em si profunda identificação com seu autor.

Conheci o Hudson no início de 2003, durante o 1º Aberto do Parque das Gaivotas (atual CEAX de Vila Velha), quando jogamos pela última rodada do torneio. Cansado pelo intenso ritmo da estréia (aquela fora minha primeira competição com mais de dois participantes), confesso que se meu adversário me propusesse empate logo nos primeiros movimentos da partida, eu pensaria seriamente em aceitá-lo. Entretanto, quando o vi cravar sobre a mesa, disfarçado de relógio, o escudo do Botafogo, logo soube que aquela partida não terminaria antes dos 48 do segundo tempo, como sói acontecer àquele time.

E, de fato, não só conheci o estilo aguerrido de meu oponente, como, durante a partida, percebi a presença de vultos ariscos se movendo constantemente entre as peças, que, juro ao leitor, acredito eram de antigos craques do alvinegro carioca. Didi, Mané, Quarentinha, todos estavam ali correndo, driblando sobre a grama quadriculada do tabuleiro, me deixando completamente zonzo diante de um sem fim de escaramuças táticas habilmente urdidas contra mim. É assim que este cavalo Canhoteiro em b5 começa a dar vida ao jogo, caindo de alguma ponta esquerda celestial e seguindo em direção à linha de fundo do tabuleiro.

12. ... a6; 13. Ca7!!...

Junto à bandeira de córner, como fora no princípio de tudo, antes dos brucutus da bola lotearem entre si o campo de jogo. Já não importa mais ao condutor das brancas vitória outra que não dentro da tradição botafoguense de, saindo em desvantagem, depositar até a última gota de sangue em busca da reação. É isto que ele pretende, ainda que não o perceba, com esta entrega inconsciente de cavalo, para a qual o computador, que nunca viu o Botafogo jogar, registra um pífio -1.35. Pífio é ele de não ter um coração alvinegro batendo no peito!

13. ... Txc1; 14. Dxc1 Da8; 15. Cb5 axb5; 16. Bxb5 Dc8; 17. Dxc8 Bxc8; 18. Ce5 h6; 19. Cxd7 Bxd7; 20. Bxf6 Bxb5; 21. Bxe7 Te8; 22. Bb4 Bxf1; 23. Rxf1 Tc8; 24. Bc3 Rf8

Faz-se necessário o registro: exceção feita a 18. ... h6, do 12º ao 23º lances Walter jogou exatos 11 lances de computador. Seu último lance, porém, embora não possa ser considerado ruim, indica a presença de novos fatores em seu comportamento. Café, tabaco, a emoção pela vitória que se aproxima e o nervosismo pela queda contínua e angustiante do tempo são alguns deles.

A partida começa a ganhar contornos eminentemente humanos, tornando imprecisos não só os movimentos das peças sobre o tabuleiro, mas, sobretudo, a capacidade de análise do computador. Se preferirem por um poema, então digo que “Navegar é preciso / Viver não é preciso”, sobretudo quando o termo “preciso” significa “exato”, como quis o escritor F. Pessoa ao colocá-lo no papel, e não “indispensável”, como muitos pensam. E, depois de certo tempo sob a constante pressão de mover a peça certa para o lugar certo, jogar xadrez, definitivamente, não é nem um pouco preciso. Além disto, do outro lado do tabuleiro, Hudson encontrou a melhor estratégia de defesa, mantendo seu bispo em lugar da torre. Ou será que, a pretexto de se defender, ele prepara novo ataque contra seu adversário?

25. Re2 f5

Walter resolve partir com tudo para o campo contrário. Ao que o guerreiro da Serra responderá no melhor estilo Mané Garrincha...

26. Rf3…

Um pra lá...

26. ... Rf7; 27. Re2 g5; 28. Rd2…

Dois pra cá.

E, com esta ginga de corpo, Hudson se decide a atacar pelo flanco em que concentra suas forças, e que escolhera desde o início da partida, ao lançar seu cavalo Canhoteiro ao ataque.

28. ... Rg6; 29. Bb4!!...

Obviamente, o computador dá a este lance das brancas a mesma desvantagem (-0.91) que daria para qualquer outro. O que ele não percebe, porém, é que Hudson está construindo uma verdadeira ode ao seu amado Botafogo!!

No final dos anos 70 e início dos 80, surgiu na lateral-direita do alvinegro carioca um jogador que fez história no clube. Seu nome, Perivaldo. Como um búfalo em disparada, o Peri da Pituba (apelido que ganhou por sua assídua frequência a um certo inferninho daquele bairro da capital baiana), costumava partir com a bola dominada do meio-campo e só parava a poucos metros do bico da grande área, quando, à procura de um companheiro bem colocado para marcar o gol, estufava o peito e alçava a bola... na geral do estádio (seu preferido, o Maracanã). Lembro-me bem de um colega de escola que, em dias de jogos importantes do Botafogo, ia para o fundo da sala de aula e ligava um radinho de pilha, bem baixinho, para a professora não escutar. De onde eu estava, entretanto, dava sempre para ouvi-lo dar vazão a sua paixão pelo clube, sobretudo quando, empolgado com as arrancadas do Perivaldo, ele o incentivava a conduzir a bola: “Vai Peri! Vai Peri!”, dizia ele. Todavia, quando o lateral alvinegro chegava à linha de fundo e, executando a jogada que o tornou imortal, fazia a alegria dos geraldinos (que se amontoavam atrás da meta atacada pelo Botafogo em busca das bolas cruzadas pelo Perivaldo), dava para ver meu colega franzir o rosto e fechar os olhos, antes de dizer, desapontado: “Não Peri...”.

Pois bem, com este bispo aí em b4, Hudson inicia uma sequência que dará à partida o toque de dramaticidade que falta para legitimá-la obra digna do glorioso alvinegro. E, fazendo coro com o meu colega de escola, que jamais perdia a fé nas arrancadas do Peri da Pituba, eu digo para este botafoguense valente: “Vai Peri! Vai Peri!”.

29. ... h5!

Em resposta, Walter libera todas as suas linhas de homens!

30. Bd6 h4; 31. a4 Tc6; 32. Be7 Rh5; 33. b4 g4; 34. b5 Tc8; 35. a5 bxa5; 36. Bd6 a4; 37. b6 a3; 38. Bxa3 Tb8; 39. Bc5 Rg6

Percebendo que não há como progredir sem resolver o impasse criado na ala da dama, Walter migra com seu rei para lá. A esta altura, seus óculos já lhe incomodavam tanto sobre os olhos quanto sobre a mesa de jogo, o que talvez justifique suas constantes idas e vindas entre aqueles e esta.

40. Rc3 Rf7; 41. Rb4 Re8; 42. Rb5 Rd7; 43. Bb4...

Após este lance, o computador registra absoluta igualdade entre os jogadores: 0.00.

43. ... Tb7; 44. Ra6 Rc6; 45. Bc5 Tb8

E mesmo com a vantagem já pendendo levemente para as brancas (0.34), a partida continua empatada. (Não dá para promover o peão sem passar por b7, casa fraca do bispo das brancas). Mas eis que...

46. Ra5??...

Não Peri... Fazendo valer a máxima de que “há coisas que só acontecem ao Botafogo”, Hudson entrega pela segunda vez a partida.

46. ... Ta8!

Com ou sem o par de óculos, Walter retoma o controle do jogo, para não mais perdê-lo. A propósito, sabendo da amizade que os une fora do tabuleiro, não hesito em dizer deste lance, do ponto de vista de quem o jogou: “Meu coração tem um sereno jeito / E as minhas mãos um golpe duro e presto / De tal maneira, que depois de feito / Desencontrado, eu mesmo me contesto / Se trago as mãos distantes do meu peito, é que há distância entre intenção e gesto / E se meu coração nas mãos estreito, me assombra a súbita impressão do incesto / Quando me encontro no calor da luta, ostento a aguda empunhadura à proa / Mas o meu peito se desabotoa / E se a sentença se anuncia, abrupta / Mais que depressa a mão, cega, executa / Pois que, senão, o coração perdoa”.

47. Rb4 Ta2; 48. Be7 Txf2; 49. Bxh4 Txg2; 50. Bg3 Rxb6; 51. Rc3 Rc6; 52. Bf4 Tg1; 53. Rd2 Rb5; 54. Rc3 Ta1; 55. Bg3 Ta3+; 56. Rd2 Rc4; 57. Re2 Ta2+; 58. Rf1...

Prestes a levar uma Knoblauchada, Hudson tenta resistir até o fim. Parece querer dizer a si mesmo algo que o computador jamais compreenderá, em seus frios -8.96 de vantagem para as pretas: “Tu és o Glorioso, não podes perder, perder pra ninguém!”.

58. ... Rd3; 59. Bf2 Re4; 60. Rg2! e5!

Sessenta lances de luta! Completamente esgotados, debruçados em profundas meditações e humanas incertezas, vejo estes dois guerreiros se combaterem e se irmanarem numa mesma fé-arte-ciência-insanidade, chamada xadrez. A areia que escorre pela ampulheta dá a medida do tempo que ainda lhes resta, da vida que ainda lhes resta sobre o tabuleiro. Perdido em milhões de cálculos que, ao final, lhe darão a soma de sua própria frieza, o computador não encontra o caminho que leva à humanidade. Por isto, fecho o programa e analiso sozinho o final desta partida. O desfecho da análise, porém, não aponta para um vencedor. Ao contrário, paralisa a ação e mantém os seus protagonistas eternamente a jogá-la, na memória do tempo...

61. dxe5 Rxe5; 62. Rg3 Re4; 63. Bg1 Te2

0-1. Ou melhor, 1-1, aos 48 do segundo tempo, gol de Perivaldo!

(Colaboração na escolha do título: Leonardo Fernandes; Trecho extraído da música “Fado Tropical”, de Chico Buarque; Hino do Botafogo, por Lamartine Babo)

Fonte
www.fesx.com.br

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Mensagem de 1 de Março a 12 de Maio de 2008

FALA, BOTAFOGO!

“O que mais preocupa não é nem o grito dos violentos, dos corruptos, dos desonestos, dos sem carácter, dos sem ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons” [Martin Luther King]

A mensagem pretendeu chamar a atenção para a necessidade de o Botafogo erguer a sua voz contra o desempenho das entidades oficiais de futebol do Rio de Janeiro.

Botafoguenses de língua afiada

Os botafoguenses nunca levaram desaforos para casa, contando-se várias histórias em que as nossas cores foram ofendidas e demos o troco imediatamente.

Uma das muitas histórias, algumas das quais já narradas neste blogue, terá ocorrido na década de 1940 em General Severiano durante mais um clássico carioca. Nessa época, dirigentes e jornalistas partilhavam as mesmas bancadas.

Entre os convidados encontrava-se o compositor Ary Barroso, torcedor rubro-negro de estilo provocador, o qual terá dito:

“ – Esse Botafogo tem um amadorismo marrom”.

Imediatamente, tendo escutado o comentário, um dos fundadores do Botafogo Football Club, Eurico Viveiros de Castro não hesitou e ordenou:

“ – Ponha-se daqui para fora!”

A salvação do momento foi o embaixador Oswaldo Aranha, que impediu uma sessão de pugilismo em pleno jogo de futebol.

Porém, cinquenta anos depois, precisamente no célebre ano de 1989, outro artista rubro-negro foi colocado em sentido por João Saldanha. O nosso amado João Sem Medo era comentarista da TV Manchete e da Rádio Tupi. Num jogo do campeonato carioca transmitido pela TV, Carlos Eduardo Dolabella, artista rubro-negro, também fazia comentários ao jogo e, durante uma das ausências de Saldanha, o Fluminense empatou após estar a perder por 2x0 e Dolabella fez uma grande festa e terá dito ao microfone:

“ – Vocês sabem quando o Botafogo voltará a ser campeão carioca? Não? Pois eu lhes digo: quando o Biriba ressuscitar, quando o time jogar de mangas compridas e quando o ônibus do clube entrar de marcha-a-ré no Maracanã...”

A gozação foi grande, mas por azar de Dolabella, e também do narrador Paulo Stein, que era tricolor, João Saldanha entrou nesse momento e deu uma bronca monumental no artista. Desta vez quem salvou a situação foi o próprio Paulo Stein… que evitou uma iminente cena de pugilato.

Fontes
Bloque Arquiba Botafogo
Blogue do Roberto Porto

domingo, 11 de maio de 2008

Botafogo líder no início do brasileirão


O Botafogo iniciou o campeonato brasileiro priorizando a Copa do Brasil, situação com a qual mostrei concordância durante a semana no debate que se realiza no Arena Alvinegra. Mesmo que perdesse a partida julgo que a opção do treinador era certa.

Porém, apesar de um desempenho com altos e baixos, o Botafogo ganhou o jogo com merecimento e alguma sorte, especialmente porque durante o período em que o Sport mais apertou a defesa do Botafogo o árbitro anulou um gol legal do Sport que lhe daria o empate.

Inicialmente o Botafogo teve dificuldades em começar a jogar, errando muitos passes e tendo muitas falhas de marcação, o que facilitou o ascendente do Sport no início da partida. Aos 16 minutos o Sport poderia ter marcado, mas Romerito chutou mal com o gol vazio. O Botafogo remetia-se à defesa.

Poucos minutos depois, após um erro de Eduardo, o Sport fez um contra-ataque e o mesmo Romerito poderia ter aberto o placar se Renan não tivesse feito uma boa defesa. Somente por volta dos 30 minutos é que o Botafogo mostrou mais perigo após uma cabeçada de Fábio que o goleiro defendeu. E, finalmente, aos 33 minutos, Eduardo redimiu-se de um desempenho medíocre, driblou diversos adversários em velocidade para dentro da área, chutou para a defesa de Magrão e Jorge Henrique, no rebote, inaugurou o marcador. Tratou-se, claramente, de uma jogada individual e não de grupo.

No segundo tempo o Sport fez entrar Luciano Henrique em substituição de Kássio e pressionou o Botafogo. Apesar do nosso clube se remeter a uma defesa meio sufocada o Sport não conseguiu boas finalizações e Renan obstava, noutras ocasiões, ao gol. Porém, mais uma vez, o adversário entrou modificado no segundo tempo e Cuca não reagiu deixando o Botafogo ser pressionado sem mudar o jogo.

E, então, o Sport marcou um gol limpo que o árbitro anulou aos 16 minutos por indicação do assistente. Se porventura o gol tivesse sido legitimado, o Botafogo ver-se-ia em dificuldades porque teria que partir para cima do Sport novamente, sem que o treinador Cuca tivesse mudado fosse o que fosse em 16 minutos de vantagem do Sport.

Por sorte, nesse momento do jogo, Alessandro parecia estar lesionado e Diguinho entrou no seu lugar, quando Alessandro pedia novamente para entrar. Cuca ficou irritado com o assunto, mas a verdade é que o destino quis favorecer-nos, já que Cuca não mexia na equipa. E foi precisamente Diguinho, substituto por acaso, que ditou a mudança de sentido da partida.

O Botafogo reequilibrou o jogo a partir daí até aos 28 minutos quando faltou a luz no Engenhão por 20 minutos. Claro que esta paralisação arrefeceu o confronto, o qual diminuiu de ritmo. O Botafogo não jogava bem, preferindo o chutão para a frente em vez de sair para o jogo, e Cuca só por volta dos 35 minutos mexeu no jogo ao substituir Leandro Guerreiro por Felício, assegurando a partir daí uma maior dinâmica.

Já no final da partida a defesa do Sport perdeu a bola por insistência do ataque botafoguense, Diguinho e Jorge Henrique tabelaram, Diguinho entra livre na área, contorna o goleiro e assinala o segundo gol com a baliza inteiramente à sua mercê.

Não tendo sido um jogo bom, pode-se considerar satisfatório devido a esta equipa nunca ter jogado em conjunto – e nem sempre o Botafogo pode jogar bem. O essencial é que saiba gerir as partidas e os pontos nos momentos em que produz menos.

O aspecto que considero mais negativo foi, novamente, a impavidez de Cuca deixando o Botafogo ser pressionado até tomar um gol limpo do Sport aos 16 minutos, o que vem acontecendo excessivas vezes na segunda parte – em que os treinadores adversários mexem na equipa e a nossa permanece no mesmo esquema.

Os aspectos mais positivos terão sido a estreia de Thiaguinho, que se esforçou bastante não comprometendo e, evidentemente, a liderança do campeonato.

FICHA TÉCNICA
Botafogo 2x0 Sport
Gols: Jorge Henrique 33’ 1ºT e Diguinho 44’ 2ºT
Competição: Campeonato Brasileiro
Estádio Olímpico João Havelange, o ‘Engenhão’; 11/05/2008
Arbitragem: Cléber Welington Abade (SP); Ednilson Corona (SP) e Vicente Romano Neto (SP).
Cartões amarelos: Eduardo, Fábio, Jorge Henrique (Botafogo); Kássio (Sport).
Botafogo: Renan, Renato Silva, André Luís e Bruno Costa; Alessandro (Diguinho), Thiaguinho, Leandro Guerreiro (Adriano Felício), Túlio Souza e Eduardo; Jorge Henrique e Fábio (Alexsandro). Técnico: Alexi Stival, o ‘Cuca’
Sport: Magrão, Diogo, Igor, Durval e Dutra; Daniel Paulista, Everton (Francisco Alex), Kássio (Luciano Henrique) e Romerito; Carlinhos Bala e Roger (Enílton). Técnico: Nelsinho Baptista

Troféu José Aparecido de Oliveira – CPLP

No âmbito da CPLP será realizado o 1º Torneio de Futebol da CPLP – Troféu José Aparecido de Oliveira cujo sorteio de grupos decorre hoje, às 15h30, na Praça do Comércio, em Lisboa. Neste troféu vão participar equipas amadoras de cada um dos Estados-membros da CPLP.

O troféu homenageia o ex-ministro brasileiro da cultura, José Aparecido de Oliveira, falecido em 2007, aos 78 anos, o qual foi secretário particular do ex-presidente Jânio Quadros e deputado federal pela União Democrática Nacional (UDN) em 1962. Em 1964 acabou tendo o mandato cassado após o golpe militar. Voltou à Câmara dos Deputados em 1982. Foi governador do Distrito Federal de 1985 a 1988, ministro da cultura entre 1988 e 1990 no governo de José Sarney e embaixador em Portugal no governo do presidente Itamar Franco. O seu último cargo político foi como assessor especial de relações internacionais na gestão de Itamar Franco no governo de Minas Gerais. Antes de adoecer, presidia à Fundação Oscar Niemeyer.

O filho, o deputado federal José Fernando Aparecido de Oliveira (PV-MG) diz do legado do pai: "O grande legado dele foi a afirmação dos valores éticos. Ele sempre dizia ‘as mãos e a consciência limpa e o interesse público acima de tudo’".

António Alçada Baptista, português:

“Não será verdade que um dos fundamentos desta epopeia é, exactamente, a nossa afectividade? Por isso, José Aparecido de Oliveira tinha que ser aquele que iria dar corpo e rosto a esta realidade como é a CPLP.”

Millôr Fernandes, brasileiro:

“Dificilmente um homem sem eira nem beira, como José Aparecido de Oliveira, consegue a emocionante satisfação de ser o centro de uma espontânea confraria de pessoas ilustres, importantes, talentosas ou até mesmo pura e simplesmente belas”.

sábado, 10 de maio de 2008

Frase da semana

Não resisto a publicar o notável comentário que o meu amigo luso-brasileiro Leonel Ventorim de Jesus me fez durante a semana:

“Quem chora primeiro, ri por último!”

Contagens do blogue III

0
10.000 visitas
0
Cinco meses após o seu lançamento, o blogue Estrela Solitária, mais conhecido por ‘Mundo Botafogo’, atingiu 10.000 visitas.

As manifestações acerca do blogue, as referências externas que lhe são feitas e o crescente aumento de visitantes são muito animadores para a continuidade do trabalho realizado. Alguns amigos também fazem o favor de comentar o blogue, algo que para o blogueiro também é muito estimulante.

Quero agradecer reconhecidamente a todos quantos lêem e colaboram com este blogue a deferência de o considerarem ‘leitura obrigatória’. Alguns desses amigos disseram…

CHICO DA KOMBI disse... Parabéns pelo blog, caro Rui Moura! Você começou muito bem, com um show de informações do Fogão (2007.12.11).

LORISMARIO disse... Caro Rui. Cheguei. Mais um botafoguense com você (2007.12.11).

GUGAHIRSCH disse... Meu nome é Gustavo (phantom), faço parte da direção do CANALBOTAFOGO. Parabéns pelo Blog, está realmente muito bom. Posso, aqui, aprender bastante sobre fatos e curiosidades do Botafogo. (2007.12.15).

PC GUIMARÃES disse… Não é à toa que gosto de Portugal e de seu povo. Curiosamente, acabei de ler “1808”, um belo livro do jornalista Laurentino Gomes, sobre a fuga de Dom João VI e da família real para o Brasil. Mostra o que foi bom e o que foi ruim para o Brasil. Mas é sobre outro português que quero falar. Abri meu blog ontem e vi uma gentil mensagem de Rui Moura, um português de Lisboa que morou no Rio durante a década de 60. E se apaixonou pelo Glorioso, claro. (2008.12.31)

AURIEL disse... Olá, amigo! Muito bom o seu blog (2008.02.13).

SNOOPY disse... Caro amigo Rui, extremamente prazeroza a leitura e de nos orgulhar ainda mais. Seu blog é um primor de informação. Os botafoguenses de verdade somos gratos por isso. (2008.01.16). Rui, este "mundo botafogo" merece toda nossa consideração... o seu capricho e zelo são de impressionar (2008.04.10).

RUY TRIDA JUNIOR disse... Grande xará, parabéns pelo trabalho e os belos textos que escreve [torcedor do Fluminense] (2008.02.02).

ALEX disse... Olá, gostaria de o parabenizar pelo blog [torcedor do São Paulo] (200.02.13).

WILSON HEBERT disse... Rui, seu texto está bem enriquecedor. Parabéns!!! [torcedor do Flamengo] (2008.02.20).

ANÓNIMO disse... Site de botafoguense só poderia ser muito bom! Parabéns, Rui! (2008.02.20).

CHICO DA KOMBI disse... Parabéns [5000 visitas] e vida longa ao blog Estrela Solitária (2008.03.08).

HANGMAN disse... Rui, sempre leio seu blog! Aproveito agora, para, novamente, elogiá-lo pelo cuidado, capricho e bom gosto! Obrigado por esta leitura! (2008.03.11).

RODRIGO FEDERMAN disse... Parabéns pela marca [5000 visitas] deste excelente blog alvinegro, Rui (2008.03.21).

FIREPEREIRA disse... Olá Rui! Parabéns pelo blog, que acompanho sempre por causa das suas análises lúcidas (e ao mesmo tempo apaixonadas) do Glorioso (2008.03.24).

FOGOETERNO disse… Rui Moura, do enciclopédico e inescapável blog d`além-mar Mundo Botafogo (2008.03.25)

MARIA CECÍLIA disse... Oi Rui!! Primeira vez por aqui... Adorei! Parabéns! Terás minha visita constante agora! (2008.03.30).

CESAR OLIVEIRA disse… Os blogs do Paulo Marcelo, do Rui Moura e outros são manifestações do amor botafoguense (2008.04.01).

EGBERTO disse... Rui, seu blog é fantástico! Parabéns pelos textos! (2008.03.31). Rui, seus textos são excelentes! Conheci seu blog há pouco tempo e não consigo mais passar um pós-jogo sem uma visita ao "Mundo Botafogo"! Parabéns!!! (2008.04.15).

Nestes cinco meses o blogue também pôde contar com as colaborações de Leonel de Jesus, Miguel Gonzalez e leitores anónimos que contribuíram com novos conteúdos. Proximamente pretende-se agregar novos contributos acerca de atletas botafoguenses e seus momentos históricos.

Obrigado a todos!

Botafogo campeão estadual de futebol sub-17 (com fichas técnicas)

Fonte: X – Botafogo F. R. por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo O Botafogo conquistou brilhantemente o Campeonato Estadual de Futebol...