segunda-feira, 5 de maio de 2008

Amor ao Botafogo


por Leonardo Maia

"Qual daqueles meninos, residentes do bairro de Botafogo, no início do século XX, poderia adivinhar que o ‘club’ que ali fundavam, seria referência no mundo todo? Qual deles poderia imaginar que aquele time que começou jogando num campo onde o gol era composto por duas palmeiras, seria um time que um dia teria reconhecimento mundial?

É uma relação tal qual servo-rei, como a devoção de um homem para com seu Deus. Algo que é totalmente inexplicável por pessoas que “vêem de fora”, algo que só os felizardos amantes da estrela solitária são capazes de sentir, uma paixão que vai além de qualquer limite de razão. Uma paixão que rompe fronteiras, sejam elas de um bairro a outro, do Rio à Niterói, do Sul ao Norte, do inferno ao céu.

Nenhum outro torcedor ama tanto seu clube como o torcedor botafoguense. Quantas vezes nós falamos: “Esse time está um porcaria! Nunca mais vou ver jogo do Botafogo!!”. E menos de uma semana depois, lá estamos, torcendo feito loucos, como se nossa vida estivesse em campo – bem, de um certo jeito sim – xingando de todas as palavras de mais baixo escalão existentes jogadores, que se fizerem a simples tarefa de marcar um gol: seja ele de uma vitória suada, de uma virada no finzinho, ou mesmo de um empate com sabor de vitória, para idolatrarmos um sujeito que há poucos minutos queríamos matar. E se for um gol de título? Quando um atacante simples, sem nenhuma grande habilidade, seria tão idolatrado, quanto Maurício é por nós botafoguenses? Talvez porque nenhum outro torcedor saiba o que é ficar 21 anos num sofrimento acima do normal, uma cobrança que ultrapassava o limite da gozação entre rivais, algumas vezes se transformava numa cobrança pessoal. Um tempo em que uma vitória tinha peso dobrado, bem como as derrotas...

O Botafogo é mais que um clube, é uma religião... e um fenômeno! Pois qual clube teria uma torcida que resistiria a um sofrimento desses e ainda cresceria a cada ano?

Há algo inexplicável nesta estrela solitária, herdada das regatas, que é capaz de mover milhões de devotos seus, acostumados a superar dificuldades e dar a volta por cima. Antes mesmo de completar 10 anos de vida, o então Botafogo Football Club perdeu sua sede, foi desmembrado do campeonato carioca principal e perdeu muitos sócios, estando a ponto de acabar precocemente, como tantos outros clubes deste país. Mas ainda ali, os poucos sócios se uniram e trabalharam muito para o Botafogo dar a volta por cima, e anos depois ter sua própria sede e construir o melhor estádio do país na época – General Severiano. O Botafogo criou a verdadeira Terra Santa. Fácil seria se só essas fossem as dificuldades da vida dos botafoguenses, mas não foram... tiveram que ver o Glorioso ser despejado de sua própria casa, vê-lo ser alvo de chacotas de rivais, vê-lo ter presidentes que não o amavam fazer besteiras que culminaram na maior humilhação de sua história: O rebaixamento para a Segunda Divisão. Foi isso que fizeram... fizeram o botafoguense que tanto ama o Botafogo perder o orgulho alvinegro.
Assim como disse Nietzsche: “O que não me mata só me fortalece”, o Botafogo é ‘nietzschiano’, esteve perto de fechar suas portas, a beira da falência, no inferno da Segunda Divisão... mas não morreu, e se fortaleceu! A torcida se mostrou ainda mais fiel do que no tempo do jejum.

Mas falar do Botafogo não é falar de tristezas, é falar de glórias, conquistas e vitórias. É falar de um clube que aplicou a maior goleada da história do futebol, é falar de um clube pioneiro no profissionalismo no futebol brasileiro, é falar de um clube que tem seu nome escrito na história da literatura deste país, por intermédio de Dinorah de Assis, Dilermano de Assis e Euclides da Cunha, é falar do legítimo alvinegro – só o Botafogo é Alvinegro, os outros são clubes “preto e branco” -, falar sobre o Botafogo é falar sobre sua folclórica e supersticiosíssima torcida. Falar sobre Carlito Rocha, falar sobre Biriba. Falar sobre um clube conhecido em quase todas as partes do mundo – mostre uma camisa do Botafogo e comprove isso. Falar sobre o clube que mais cedeu jogadores para a Seleção Brasileira, que poderia adotar a sigla B.F.R. no lugar de CBF (Colégio Botafoguense de Futebol).

E o que dizer de esquadrões que encantaram o país com seu futebol-arte, craques do quilate de Didi, Carlos Alberto Torres, Gérson, Mendonça, Paulo César Caju... craques como Nilton Santos, o maior lateral-esquerdo da história do futebol mundial. Matadores como Quarentinha, Carvalho Leite, Amarildo, Paulo Valentim, Jairzinho, Roberto Miranda, Fischel, Túlio. Falar da raça alvinegra, com Alemão, Rildo, Leônidas, Mauro Galvão, Gottardo, Gonçalves. Falar de muralhas inesquecíveis como Manga, Cao, Ubirajara, Paulo Sérgio, Wendell, Wagner. Falar da identidade com o manto sagrado alvinegro, com o qual que tiveram Heleno de Freitas, Zagallo, Marinho Chagas, Josimar, Maurício, Sérgio Manoel. E falar, aliás, louvar o verdadeiro maior jogador de todos os tempos – Garrincha. Quem melhor traduziu o jeito brasileiro, cinco vezes campeão do mundo, de jogar futebol. Falar de Botafogo, também é falar da alegria do futebol, Garrincha.

Falar do Botafogo, é falar de um clube vencedor, em qualquer esporte. Assim como diz seu hino: “...noutros esportes tua fibra está presente...”. Afinal, o Botafogo é o verdadeiro clube mais antigo do país, assim como é o único a ser campeão em três séculos – XIX – XX – XXI. As tradições do Glorioso Botafogo de Futebol e Regatas ultrapassam barreiras do tempo. A Estrela Solitária é uma estrela eterna, e o fogo que esquenta o coração alvinegro é uma chama que nunca se apagará."

Leonel Maia, torcedor botafoguense, escreveu este texto em 4 de Outubro de 2003

Fonte
http://www.botafogocentenario.kit.net/guiamilhoes.htm

2 comentários:

Chico da Kombi disse...

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Na alegria e na tristeza, Botafogo eternamente.

FORÇA FOGÃO!

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Ruy Moura disse...

Grande Chico!...

É claro, amigo. É melhor ganhar do que perder. Mas melhor do que ganhar é ser botafoguense!!!

SAUDAÇÕES BOTAFOGUENSES

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