quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Concurso 'Melhores Atletas Botafoguenses'


Quando se debate o Botafogo é praticamente inevitável que pela conversa perpassem os anos sessenta do século XX e, sobretudo, o futebol de Garrincha, Nílton Santos, Didi, etc.

Creio que este blogue já evidenciou, à exaustão, que a história do Botafogo é muito mais do que os anos sessenta e apenas o futebol: há o Botafogo dos remadores políticos que foram perseguidos e mortos pelo Governo na sequência da Revolta da Armada no final do século XIX; há o Botafogo dos meninos do Largo do Leão; há o Botafogo que se solidarizou com Abelardo Delamare; há o Botafogo da Tragédia da Piedade cuja vítima foi o campeão Dinorah de Assis; há o Botafogo tetracampeão de futebol; há o Botafogo da fusão pelo destino fatal do basquetebolista Albano; há o Botafogo do Biriba e do Carlito Rocha; há o Botafogo de João Saldanha e Sandro Moreyra; há o Botafogo de Heleno, Garrincha, Nílton Santos e Didi; há o Botafogo de Paulo António Azeredo, Renato Estelita e Xisto Toniato; há o Botafogo cujas linhas de ataque deram três campeonatos do mundo ao Brasil; há o Botafogo descido ao Inferno por perder a sede e o campo de futebol; há o Botafogo que por duas vezes teve duas décadas sem títulos; há o Botafogo campeão sul-americano de basquetebol e de voleibol; há o Botafogo de atletas extraordinários em inúmeras modalidades, tais como Aida dos Santos, Adolpho Maranhão Bucker Aguiar, Aladar Szabo, António Mendes Castro Filho, Bebeto de Freitas, Carlos António Azevedo, José Sylvio Fiollo, Lucy Maurity Burle, Mário Dunlop, Nadim Severo Marreis, Sérgio Macarrão, Silvina das Graças Pereira, etc.; há o Botafogo do falastrão Túlio Maravilha e da década de 90; há o Botafogo da ‘segundona’ e do regresso rápido à elite do futebol; há o Botafogo campeão em três séculos…

Há muito Botafogo contado neste blogue, e muito mais Botafogo ainda por contar. Porém, apesar de tudo, anos sessenta e futebol são incontornáveis. Em rapaz também vibrei sobretudo com o futebol – embora já simpatizasse com o pólo aquático e o remo – e foi por causa dele que fui eleito botafoguense por ‘destino celestial’. Mas os anos sessenta foram muito mais do que o futebol: foram os anos em que o Botafogo fazia as Olimpíadas botafoguenses; elegia as suas misses, cinco das quais foram Miss Brasil; fazia eventos sociais fantásticos e atraía para si todo o charme carioca; dominava vinte modalidades desportivas que lhe deram, em 1962, 80 títulos de campeão e 40 títulos de vice-campeão, consagrando-se ‘Campeão de Terra, Mar e Ar’ e ‘Campeão da Cabeça aos Pés’.

Foram anos extraordinários. Entre as diversas inovações, o Botafogo também elegia os seus melhores atletas do ano nas diversas modalidades em competição. Em 1965 realizou-se o 1º Concurso de Melhores Atletas do Ano, para o qual contavam não apenas as proezas atléticas mas, também, as preferências resultantes das personalidades dos nossos atletas. Era um evento desportivo, mas também, e sobretudo, um evento social – a evidência da pujança botafoguense em todos os domínios recreativos, culturais e sociais da nossa Gloriosa agremiação.

O 1º concurso, que decorreu na sala de imprensa, foi presidido por Erasmo do Couto, responsável pela área de ‘propaganda’ do Botafogo, coadjuvado pelas senhoritas Terezinha e Marina, pelos jornalistas Edmundo Bertu e Sílvio Luiz Peres (O Jornal), pelo chefe da sala de imprensa do Botafogo, Nelson, e pelo atleta Wilson.

A votação, que decorreu durante uma semana, apresentou os seguintes resultados finais:

1º Quaresma (voleibol masculino), 2.723 pontos
2º Aida dos Santos (atletismo feminino), 2.689 pontos
3º Marli (basquetebol feminino), 2.519 pontos
4º Rildo (futebol masculino), 2.212 pontos
5º Rosa Helena (natação feminina), 2.207 pontos
6º Aladar Szabo (pólo aquático masculino), 2.190 pontos
7º Adjalme (atletismo masculino), 2.111 pontos
8º Illia (basquetebol masculino), 2.080
9º Paulo César (natação masculino), 2.072 pontos
10º Sónia (voleibol feminino), 1.667 pontos
11º Willi (remo masculino), 1.599 pontos
12º José Carlos ‘Pitomba’ (futebol de praia masculino), 1.157 pontos


Equipa de voleibol de 1965 com o vencedor do concurso 'Melhor Atleta 1965', João Carlos Quaresma, de pé à direita da foto
Foram anos de verdadeira gala social e desportiva nos salões do Casarão de General Severiano e nos campos desportivos onde o Botafogo de sagrou ‘Campeão de Terra, Mar e Ar’ e ‘Campeão da Cabeça aos Pés’.

Fonte:
Acervo e pesquisa de Claudio Marinho Falcão e Rui Moura

6 comentários:

Fernando Lôpo disse...

Foto legal do lance sobre a arrumação do time:

http://www.lancenet.com.br/infograficos/botafogo-tatica/

O curioso é que Túlio e Lucas têm se destacado bastante em todos os coletivos, seja nos reservas ou nos titulares. Portanto, não vejo razão para disputarem vaga diretamente em vez de jogarem juntos. Ele que tire um cabeça-de-área e recue Túlio ou tire Maicossuel, que dizem ainda está produzindo pouco, sei lá.

Não é dá é pra jogadores que estejam muito bem nos treinos disputarem vaga e outros mais ou menos serem incontestáveis. Ainda mais Maicossuel, que nem nome tem pra jogar só com nome.

Ruy Moura disse...

Fernando, no ano passado o Túlio Souza chegou devido a estar rotulado como muito polivalente. Se evidenciar, este ano, tudo de bom que dele diziam, inclusive amigos meus que o viram jogar no sul, faz sentido ser titular ao lado do Lucas, porque pode sempre mudar de posicionamento ao longo do jogo. No meu modo de ver, é posível que o ataque e o meio campo sejam bem razoáveis, ma stemo muito pela defesa. Em minha opinião somente uma tática muito bem montada por Ney e obedecida pelos zagueiros pode safar esta defesa que acho meio ruim - mesmo que integrada pelo Juninho.

Abraços Gloriosos!

snoopy em p/b disse...

rui,
seu texto mostra que a vida social de um clube é fundamental para sua sobrevivência, além, é claro, de atrair adeptos.
de longe do rio de janeiro, aqui de brasília, acho que falta isso pro clube hoje. concorda?

e, pra não perder o costume, parabéns pelo texto e pelo trabalho!
nós agradecemos.

abraço e sds. botafoguenses!!!

Fernando Gonzaga disse...

com a posse do Maurício Assumpção, logo teremos orgulho de novo, do lado social e dos esportes que estavam abandonados, pois o bOtafogo não pode ser só o futebol...

abraço!!

Ruy Moura disse...

Snoopy, é certo que o BFR é muito mais o futebol, mas a real nobreza de um clube, a sua vida efervescente, o que faz atrair adeptos das mais variadas modalidades e dos mais variados estratos sociais é a dinâmica global da sua vida social. Um grande clube tem ao mesmo tempo bailes de gala e manifestações sociais de apoio aos menos providos pela vida, como por exemplo os 70 atletas jovens de bairros degradados que convivem com o desporto botafoguense amador dia-a-dia.

Nos anos 30-40, como nos anos 60, foi assim. Hoje as coisas mudaram, mas a necessidade das pessoas conviveram e serem 'cúmplices' sociais umas das outras, não mudou...

Saudações Gloriosas!

Ruy Moura disse...

Fernando, aparentemente o M. Assumpção está resgatando certas coisas. Desejo ardentemente que as escolhas dos homens para os cargos tenham sido as certas. Se assim for, e tendo em consideração que os 'quatro grandes do Rio' são hoje 'quatro médios do Brasil', rapidamente poderemos montar o mais interessante clube do Rio. Temos cultura para isso e história para isso. Falta visão e metodologia para o efeito. Esperemos que o medicamento mais forte da cura dê pelo nome de 'Maurício Assumpção e equipa'.

Saudações Gloriosas!

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