domingo, 18 de janeiro de 2009

Profissão de futebolista e vida privada


Em 2007 Zé Roberto excedia-se no álcool e nos atrasos aos treinos e em 2008, Diguinho excedia-se nas noites e André Luiz na indisciplina em campo. São apenas alguns exemplos, entre outros. Foi algum desses jogadores punido pelo clube devido a tais comportamentos?...

E, no entanto, trata-se de profissionais que são remunerados para que joguem bom futebol, o qual só pode acontecer se fizerem uma vida serena, sem noitadas, sem álcool, sem cigarros, sem indisciplinas… Os melhores jogadores do mundo fazem uma vida privada e profissional muito disciplinada, e por isso conseguem fazer render os seus atributos em campo e ao melhor nível.

Creio que se um clube não se fizer respeitar pelo seu elenco não tem um bom futuro desportivo, porque é prejudicado pelos excessos dos seus jogadores, quer dentro quer fora de campo. E acontece às vezes que a maioria acaba por sair no final do ano para outros clubes…

Quem me lê sabe que sou a favor da imposição de uma grande disciplina aos jogadores do Botafogo, sem o que não haverá torcedores comemorando títulos. O tempo do ‘futebol romântico’ em que os craques jogavam alcoolizados ou chegavam ao campo vindos do leito da ‘menina’ de um bordel – não faltam desses exemplos no nosso próprio Botafogo do passado – está completamente ultrapassado.

O futebol ‘caseiro’ de muitos jogadores, que continuam a pensar que podem chegar ao estrelato do mesmo modo como ocorria nos anos sessenta ou setenta do século XX, está condenado ao fracasso. Um exemplo recente: Zé Roberto – que é tecnicamente um bom jogador – saiu do Botafogo pelas razões que conhecemos e na Europa limitou-se a ficar no banco do Schalke 04 – e de regresso ao Brasil é elogiado pelo mesmo treinador que sugeriu a sua suspensão no Botafogo e, mais tarde, reivindicou o seu regresso. Sem mais comentários…

Li ontem que o jogador argentino Leandro Grimi, adquirido pelo Sporting Clube de Portugal ao Milan, foi afastado da titularidade da equipa para o jogo de hoje por algo que se passou fora do campo e na sua vida privada – mas que não é algo à margem da ética e do profissionalismo necessários a um jogador de futebol. Lê-se, no jornal Record, a propósito de Grimi ter sido detido pela polícia a conduzir com 1,24 gramas de álcool no sangue, o seguinte:

“O lateral-esquerdo argentino Grimi recebeu este sábado a primeira punição por ter sido apanhado a conduzir com excesso de álcool no sangue na madrugada de quinta-feira: não foi convocado pelo técnico Paulo Bento para o jogo da Taça da Liga com o P. Ferreira, no domingo, no Estádio José Alvalade.”

A palavra ao treinador:

"Grimi teve um momento que não foi bom e foi decidido que não faria parte da convocatória para este jogo" – confirmou Paulo Bento, indicando que os demais aspectos relacionados com o caso, sobretudo eventuais sanções disciplinares, serão avaliados pelos administradores do clube.

Foi o mesmo Paulo Bento que disciplinou o vestiário do Sporting, que encetou o desmascaramento da arbitragem favorecedora de alguns clubes, que fala de olhos nos olhos com os seus jogadores e com os jornalistas, que considerou que o último gol do Sporting não devia ter sido validado devido a impedimento do marcador.

Talvez sejam algumas destas razões que guindaram o Sporting à liderança do campeonato português a meio da prova, apesar de não ser um dos favoritos à partida e de o seu rival mais próximo – o Benfica – ter ganho o último jogo com um gol ilegal, além de ter sido favorecido por uma grande penalidade inexistente e de não ter sido alvo de punição com duas grandes penalidades feitas sobre jogadores do Braga, seu adversário.

Deposito algumas esperanças neste ‘novo’ Botafogo – Administração, Comissão Técnica e elenco de futebol –, mas a (re)dignificação do Botafogo deve começar por uma grande disciplina em todos os domínios da sua vida.

Não é possível continuar a permissão dos desmandos a que assistimos em 2007 e 2008, cuja responsabilidade maior coube justamente à Administração e à Comissão Técnica, por excesso de tolerância que levou a manifestações públicas ridículas como a do chororô.

Se é certo que Maurício Assumpção será o grande timoneiro do clube, é certo também que Ney Franco será o grande timoneiro da equipa de futebol. Sobretudo de ambos depende o bem do clube no curto prazo e a esperança dos torcedores num clube a caminho da profissionalização e de um lugar de relevo no panorama nacional.

Porém, sem disciplina jamais se conseguem bons resultados nos dias que correm. Desejo a M. Assumpção e a N. Franco que permaneçam de olhos bem abertos para dignificarem a nossa grande Estrela Solitária – mesmo quando dormem.

Nota: A foto, de autoria de Michael Spencer Jones, é inspirada numa música do Oasis, Cigarettes and Alcohol, e mostra os membros da banda descontraídos em um quarto.

6 comentários:

Anónimo disse...

RUY COM CERTEZA TEREMOS, OU MELHOR A DIRETORIA TERÁ QUE AGIR DE MANEIRA ENERGICA, POIS JÁ TEMOS ESSE EDUARDO COMO UM JOGADOR PROBLEMÁTICO MAS QUE CONTINUA SENDO A APOSTA DO TREINADOR - SEM RESPEITO AOS COLEGAS E A SI MESMO NÃO SE CHEGA A LUGAR NENHUM - E CADA DIA QUE PASSA O SPORTING É MAIS A CARA DO BOTAFOGO TANTO NA ALEGRIA QUANTO NA TRISTEZA - MARCOS VENICIUS

Fernando Gonzaga disse...

com a escassez de qualidade no futebol brasileiro, tudo se perdoa e tudo se acoberta...até porque quem gera mais transtorno e dá trabalho fora de campo, geralmente são as estrelas de suas equipes...e Comissão Técnica e Diretoria ficam reféns de seus craques, mesmo que eles abusem da vida noturna ou de outros males...

abraço!!

Ruy Moura disse...

Venícius, eu só desejo que, um dia, o BFR fique tão bem estruturado como o SCP está hoje. Bom presidente (pena ir sair), bom dep. de futebol, bom treinador, equipa bem estruturada, com padrão de jogo, coesa e... disciplinada! Seríamos campeões várias vezes!

Saudações Gloriosas!

Ruy Moura disse...

É verdade, Fernando. Os treinadores ficam reféns dos jogadores melhorzinhos. Por isso Cuca fez aquela cena absolutamente não profissional em 2007 quando pediu à diretoria para suspender o Zé Roberto, mas como começou a perder pediu à diretoria que revisse a situação. Ma sisso mostra que falta profissionalismo ao jogador (indisciplina), ao treinador (que por medo cedeu), à diretoria (que aceitou dar o dito pelo não dito).

Mas, por exemplo, o Sporting tem um jogador chamado Vukcevic que logo que regressou à equipa imprimiu um novo ritmo e em pouco tempo o SCP emparelhou no 1º lugar do campeonato. Ele abre o jogo da equipa muito bem, mas só regressou depois de meses de banco castigado por indisciplina. E só quando reconheceu os seus erros é que o treinador o pôs a jogar. Perdeu-o durante meses, é certo, mas perdê-lo-ia para sempre se tivesse cedido ao facilitismo. Agora tem um novo jogador 'em pleno'. Isto chama-se profissionalismo.

Abraços Gloriosos!

Fernando Lôpo disse...

Rui, novamente o Zárate sumiu do Botafogo e a diretoria já deu declarações do tipo "vou fazer isso e aquilo". Pelas informações da imprensa, é caso para o jogador não mais atuar pelo clube. Porém, continuo achando que o clube não deve dasr declarações desse tipo. deveriam tomar as providências necessárias e se decidirem pelo afastament, vir a público e dizer "afastamos o jogador".

Por mim, o jogador não jogaria mais no Botafogo, mas isso não deve ser dito dessa maneira. Ele foi caro, os parceiros do Botafogo pagaram alto por ele e é justo que num momento desses o prejuízo seja minimizado, e não aumentado.

Poderiam emprestá-lo ao sport, que disputa a Libertadores, ou a um clube de séria A como Goiás, Coritiba (que está perdendo keirrison), Náutico ou qualquier outro. De repente ele faz um bom campeonato e o dinheiro investido pode retornar. e o sala´rio não é alto, 40 mil qualquer clube paga. A diretoria pode alegar excesso de atacantes ou desgaste para emprestá-lo.

Mas fazer um estardalhaço sobre indisciplina e rescisão de contrato não é a melhor maneira de minimizar ou evitar prejuízo. Ao contrário, é anunciá-lo bem alto publicamente.

Sobre o Eduardo, é hora de tentar consertar o rapaz. Deu certo com o Renato Silva, mas muito mais pelo Cuca e pelo Túlio, do que pelo próprio Botafogo. Túlio até ia com ele às vezes nas sessões de terapia para dependentes. Já com Zé Roberto e Diguinho, infelizmente continuam com os mesmos comportamentos.

O retrato da passagem de Zé Roberto pelo Schalke é essa reportagem:

http://globoesporte.globo.com/Esportes/Noticias/Futebol/alemao/0,,MUL469441-9843,00.html

Valeu.

Ruy Moura disse...

Fernando, a gestão do Botafogo ainda não se profissionalizou. Se esta for capaz disso é um grande passo. Mas, na verdade, não sabem fazer as coisas. O meu lema seria 'pouca conversa e opções claras'. Para que se começasse a perceber que quem quer brincar com o clube acaba chamuscado. Enquanto houver jogadores a fazer o que faz/ia o Zárate, o Diguinho, o Zé Roberto, etc., não haverá Botafogo para disputar títulos com seriedade e segurança. Ponha-se numa casa de família o pai a fazer o que quer, a mãe a sair e a entrar quando quer, o filho a berrar o quanto quer, a filha a ameaçar quanto quer, o cão a urinar onde quer e... veremos o resultado.

Saudações Gloriosas!

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