sábado, 11 de julho de 2009

Entrevista com Manga

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por Rogério Daflon
Jornal O Globo, 16/03/2008

Aos 70 anos, o ex-goleiro Manga parece feliz. Casado com Cecília, vive em Miami, onde trabalha à frente de uma empresa que instala piso de madeira. Antes, ensinava futebol em escolinhas da cidade, sobretudo para a colônia hispânica. Hoje o acento espanhol sobressai em sua fala. Sua carreira foi um sucesso: quatro vezes campeão carioca pelo Botafogo (1961, 1962, 1967 e 1968), campeão mundial interclubes pelo Nacional, do Uruguai (1971) e bicampeão brasileiro com o Internacional, de Porto Alegre (1975 e1976). Mas sua emoção é mais forte quando fala dos anos de General Severiano. Manga simboliza uma época de plena hegemonia alvinegra sobre o Flamengo.

O GLOBO: Era um prazer especial derrotar o Flamengo?

MANGA: Era uma grande alegria. O Flamengo já tinha a maior torcida, e a lotação no Maracanã era de 150 mil pessoas, os ingressos sempre terminavam rapidamente. A torcida do Botafogo ficava em menor número. Apesar disso, ganhávamos a maioria dos jogos. O time do Flamengo, com Dida, Henrique, Jordan, era muito badalado, mas o Botafogo... Imagina um time com Garrincha, Nilton Santos, Zagallo, Amarildo, Quarentinha, Didi, Jadir, Paulistinha. O Botafogo tem de voltar a investir. Os dirigentes têm de contratar grandes jogadores. Sei que o time tem um goleiro uruguaio (Castillo), que me elogiou. Pelo menos, ele sabe da grandeza do clube.

O GLOBO: O Senhor dizia que, quando jogava contra o Flamengo, era semana de fazer a feira porque o bicho estava garantido...

MANGA: Dizia. O bicho era certo, sim. Com aquele time era fácil dizer isso. Mas com o maior respeito, não queria ofender ninguém... Naquela época, a torcida que saia frustada do Maracanã era a do Flamengo. Foi assim nos Campeonatos Cariocas de 1961 e 1962.

O GLOBO: O senhor acabou fazendo parte de dois grandes momentos do Botafogo, pois foi campeão também em 1967 e 1968 (nesse ano, em que deixou o clube, participou de nove dos 18 jogos do Carioca).

MANGA: Se em 61 e 62 a equipe tinha craques como Garrincha e Didi, entre outros; em 67 e 68, havia Jairzinho, Gérson, Roberto, um verdadeiro timaço. Naquele tempo, eu não falava mais que o bicho estava garantido contra o Flamengo, mas assim mesmo o Botafogo vencia quase sempre o time rubro-negro.

O GLOBO: E quanto ao episódio em que João Saldanha atirou no senhor, acusando-o de fazer corpo mole na final contra o Bangu, em 1967, no Campeonato Carioca?

MANGA: Fiquei muito chateado, porque sempre atuei em campo com a maior seriedade, e o Botafogo venceu aquela decisão por 2 a 1. Quando vi o Saldanha armado no Mourisco, atirando em mim, resolvi correr. Daquela forma, não havia como enfrentá-lo. Um mês depois, fizemos as pazes e ficou tudo bem.

O GLOBO: O senhor acompanha as notícias sobre o Campeonato Carioca?

MANGA: Não muito, mas sei que é diferente. Na década de 60, os grandes jogadores não iam para o exterior. Era como se o Kaká estivesse jogando no Brasil. No carioca, times como Bangu, Olaria e São Cristovão davam muito mais trabalho do que hoje em dia, ainda mais quando jogavam em seus estádios. Agora, soube que os times pequenos só jogam nos campos dos times grandes.

O GLOBO: O senhor brilhou em outros times. Tem uma recordação marcante?

MANGA: Fui campeão mundial interclubes pelo Nacional, do Uruguai (1971), mas um time que me marcou também foi o Internacional de Porto Alegre. Joguei com excepcionais jogadores, como Figueiroa, Falcão, Batista, e fui bicampeão brasileiro (1975 e 1976). Em 75, na final contra o Cruzeiro, tive atuação importante contendo os tiros do Nelinho.

O GLOBO: Mas torce pelo Botafogo?

MANGA: Em 1959, o João Saldanha foi ao Recife, onde eu jogava pelo Sport, e me levou para o Botafogo, quando eu tinha 21 anos. Lá joguei dez anos, participando de conquistas históricas. Serei Botafogo até morrer.

Fonte secundária

8 comentários:

Jogo Aberto disse...

MUITO BOM O TEXTO!!

Ruy Moura disse...

Olá, companheiro! O meu ídolo nº 1 era o Manga!...

Poucos jogadores em todo o mundo têm os títulos que ele conseguiu.

Abraços Gloriosos!

Luis Eduardo Carmo disse...

Rui,
Bela lembrança.

Salve, salve Manga!

Grande abraço e saudações alvinegras!

Ruy Moura disse...

Abraço, Biriba!

Sergio Di Sabbato disse...

Foi o maior goleiro brasileiro que vi atuando, no Botafogo então, nem se fala. Abs e SB!

Ruy Moura disse...

De todos que vi jogar escolho dois supergoleiros: Manga e Yaschin!

Abraços Gloriosos!

Luiz Rogério disse...

Rui,

Ótimo post, que ótima matéria com o maior goleiro do Botafogo de todos os tempos!

Meu pai fala muito sobre o Manga, uma pena que não o vi jogar.

Aquele times do Botafogo citados na matéria eram excelentes!

Valeu!

Forte abraço.

Saudações Alvinegras!!!

Luiz Rogério

Ruy Moura disse...

Luiz, eu vi o Manga jogar e simplesmente tornei-o o meu ídolo nº 1. A admiração era tanta que eu sempre quis jogar à baliza, quando quase ninguém gostava dessa posição. Fui campeão escolar e militar, de futebol e futsal, jogando à baliza.

Abraços Gloriosos!

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