quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Portuguesa de Desportos: certeza da força e tradição da ‘Lusa’

[Nota do editor de Mundo Botafogo: reprodução do artigo sobre a Portuguesa de Desportos, publicado no blogue História do Futebol, para homenagear o clube destacadamente campeão brasileiro da 2º Divisão em 2011]

por Rui Moura
publicado em 03.03.2008 no Blog História do Futebol

A Associação Portuguesa de Desportos, também designada popularmente por ‘Portuguesa’ ou ‘Lusa’, foi fundada a 14 de Agosto de 1920 por fusão de cinco clubes brasileiros de origem portuguesa – Lusíadas Futebol Club, Associação 5 de Outubro, Esporte Club Lusitano, Associação Atlética Marquês de Pombal e Portugal Marinhense. A portuguesa disputa o campeonato da 1ª divisão paulista.

A data da fundação refere-se ao 14 de Agosto de 1385 em que Portugal derrotou a Espanha na Batalha de Aljubarrota, assinalando o primeiro passo para o desligamento do Reino de Castela. A Portuguesa escolheu como símbolo o escudo português e três anos depois os atletas lusos ostentavam nas camisas a Cruz de Aviz. O símbolo permanece até hoje e as cores escolhidas foram o verde e o vermelho da bandeira de Portugal.

A 2 de Setembro de 1920 foi deferido o pedido de filiação da Portuguesa à Associação Paulista de Esportes Atléticos, mas como não havia tempo para o clube inscrever-se no campeonato, fundiu-se com o Mackenzie, já inscrito, e em conjunto participaram do campeonato de 1920. A Associação Atlética Mackenzie fora o primeiro clube de futebol brasileiro, fundado em 1898 por estudantes do Mackenzie College. A Portuguesa / Mackenzie disputou os certames pela APEA até 1922.

Porém, em 1923 a Portuguesa desligou-se do seu parceiro e passou a disputar jogos com a sua própria denominação. Em 1940 o clube designou-se por Associação Portuguesa de Desportos, tendo por mascotes o Leão e a Severa.

Em 1922 o clube adquiriu as instalações da Praça de Esportes União Artística Recreativa Cambuci, inaugurada solenemente em 25 de Janeiro de 1925, tendo sido ali travadas as primeiras batalhas desportivas. Em 1926 inaugurou-se a Festa Joanina promovida na noite de São João. Em 1957 esta festa tomou a designação de Festa Junina por referência também a Santo António e a São Pedro, passando os festejos definitivamente para o Canindé, local onde fazem sucesso até hoje.

A fase seguinte iniciou-se com a aquisição, em 1929, de um terreno na Avenida Tereza Cristina, no bairro do Ipiranga. Depois o clube fixou a sede no tradicional Largo de São Bento, vivendo glórias inesquecíveis, de entre as quais se inclui a conquista do título Tri-Fita Azul do futebol brasileiro. A Fita Azul consistia num troféu promovido pelo jornal A Gazeta Esportiva que visava premiar os clubes brasileiros que conseguissem uma série invicta de dez jogos no estrangeiro.


A partir de 1956 a Portuguesa adquiriu o espaço do Canindé, local dos dias de hoje, que havia sido usado pelo São Paulo Futebol Clube e vendido à família Whadi Sadi. Nessa época o Canindé era cercado por grandes lagoas, razão pela qual o primeiro estádio construído todo em madeira foi designado ‘Ilha da Madeira’. Na ‘Ilha da Madeira’ a equipa dispunha do massagista Mário Américo, tri-campeão do mundo em 1958, 1962 e 1970.

Em 1969 foi inaugurada a Chácara Rubro-Verde, no Rio Pequeno, para efeitos de concentração dos jogadores. A inauguração do estádio da Portuguesa ocorreu três anos depois, a 9 de Janeiro de 1972. O novo Departamento Médico também foi inaugurado nesse ano e recebeu o nome de Dr. Senna Manso, em homenagem ao grande médico da Portuguesa e do futebol paulista.

A 30 de Maio de 1973 o prefeito paulistano José Carlos de Figueiredo Ferraz doou um novo terreno ao clube. Em 1974 terminaram-se diversas obras e a 24 de Agosto de 1975 a Portuguesa inaugurou o Ginásio de Esportes. A 27 de Janeiro de 1977 a Prefeitura Municipal de Osasco deu o nome de Rua Associação Portuguesa de Desportos a uma das principais vias de circulação.

A 10 de Maio de 1981 o Canindé foi palco de um grande momento de religiosidade em todo o Brasil. Nesse dia a imagem de Nossa Senhora de Fátima chegava de Portugal e era aguardada por mais de 15 mil pessoas, numa transmissão televisiva para toda a nação.

Em 1982 foram inauguradas as instalações da sala de imprensa a 18 de Julho, do Departamento Feminino a 10 de Agosto e da sauna a 12 de Agosto. Nesse ano foi oficialmente reconhecida a qualidade das festas juninas lusas, as quais passaram a figurar no calendário turístico do Estado de São Paulo.

A 31 de Agosto de 1983 foi a criado o Museu Histórico e no 1º de Abril de 1987 o presidente de Portugal, em viagem ao Brasil, visitou o clube e foi recepcionado pelos lusitanos de São Paulo. Nesse ano ainda foi inaugurado o conjunto administrativo e o salão nobre, tal como o Departamento de Judo. Também estreou oficialmente o Grupo Folclórico Portuguesa de Desportos.

A 16 de Junho de 1991 o governador de São Paulo, Antônio Fleury Filho, inaugurou, o Centro de Treinamento e o Átrio Cívico. Nessa ‘Praça de Esportes’ encontra-se uma placa que estreita os laços se amizade entre Brasil e Portugal. A 14 de Junho de 1992 concretizou-se o sonho da abertura do Museu histórico, que regista os momentos decisivos da existência da Lusa.

Em 1996 a Portuguesa sagrou-se Vice campeã brasileira de Futebol, tendo a imprensa desportiva designado o clube como ‘Portuguesa, a namoradinha do Brasil’. Em 1997 a Lusa teve um feito extraordinário: a sua equipe feminina de hóquei regressou de Hannover, na Alemanha, com o título mundial de hóquei sobre patins.

O século XXI iniciou-se sob o signo da crise financeira e em Novembro de 2002 a Portuguesa caiu para a série B do campeonato brasileiro. Em 2006 o clube também caiu para a série A2 do Campeonato Paulista.

Entretanto, foi lançada a torcida infantil ‘Orgulho de ser Lusa!’, as festas juninas bateram o recorde de público com mais de 110.000 pessoas, foi inaugurada a primeira loja oficial da Portuguesa ‘Lusa Mania & Sports’ e concretizou-se a campanha da placar ao vivo em que os torcedores podem acompanhar todos os jogos, lance a lance, em qualquer local do mundo.

Finalmente, em 2007, a Lusa conquista o Campeonato Paulista da série A2, vencendo o Rio Preto por 4-1, e regressa à série A do campeonato paulista. Em Novembro o clube regressa, também, ao convívio dos clubes da 1ª divisão do Campeonato Brasileiro de Futebol.

A última concretização da Portuguesa foi o lançamento, em Janeiro, da ‘Web rádio LUSA’, a primeira rádio oficial de um clube brasileiro, que permite à torcida da Portuguesa acompanhar os jogos do clube em qualquer parte do mundo.

Nos seus registos sobre futebol a Portuguesa ocupa o 17º lugar do ranking brasileiro dos clubes de futebol e o seu jogo inaugural realizou-se a 22 de Agosto de 1920, terminando com a vitória da A.A. São Bento por 3-0.

A ‘Lusa’ apresenta alguns recordes assinaláveis:

Capitão foi o jogador que mais vestiu a camisa da Portuguesa, em cerca de 500 jogos.

José Lázaro Robles, o Pinga, foi o maior artilheiro da Portuguesa, assinalando 190 gols entre 1944 e 1952, dos quais 132 no campeonato paulista, 18 no Torneio Rio-São Paulo, 16 em jogos internacionais e 24 em amistosos; Enéas Camargo, prata da casa, atingiu a marca de 180 gols.

A equipa possui os seguintes jogadores na lista dos artilheiros: Carioca, com 19 gols, em 1936; José Lázaro Robles, o Pinga, com 22 gols, em 1950; Antonio da Silva (Toninho), com 13 gols, em 1989; Paulinho McLaren, com 20 gols, em 1995.

As maiores goleadas da Portuguesa ocorreram a 25 de Junho de 1965, em Ludlow, nos Estados Unidos da América, num jogo treino contra a Seleção de Boston, vencido por 12-1, e, cinco anos depois, a 2 de Fevereiro de 1970, na Bolívia, contra o Ferroviário de Oruro, num jogo vencido por 12-0. Neste jogo os gols foram assinalados por Milano (3), Basílio (2), Ratinho, Leivinha, Ulisses, Élcio, Luís Américo, Rodrigues e Tatá. A Portuguesa apresentou-se do seguinte modo: Orlando (Rogério); Zé Maria (Deodoro), Marinho Perez, Guaraci e Américo (Ulisses); Lorico (Luís Américo), Leivinha (Basílio) e Paes (Élcio); Ratinho, Tatá e Rodrigues (Milano). Técnico: Aymoré Moreira.

A Portuguesa, a par do Botafogo, teve todos os seus jogadores expulsos de campo durante uma partida. Em 1954, num jogo Portuguesa vs Botafogo válido para o Torneio Rio-São Paulo, Tomé e Edmur desentenderam-se, os empurrões, bofetões e pontapés tornaram-se generalizados e o árbitro expulsou todos os 22 jogadores e encerrou a partida.


Os principais títulos de futebol da Portuguesa são os seguintes:

Campeão do Torneio Rio-São Paulo: 1952
Campanha: 2x4 Fluminense; 3x2 Palmeiras; 0x1 Flamengo; 5x1 Santos; 3x2 Corinthians; 5x1 Bangu; 2x3 São Paulo; 2x1 Botafogo; 1x1 Vasco da Gama; desempate: 4x2 e 2x2 Vasco da Gama

Campeão do Torneio Rio-São Paulo: 1955
Campanha: 1x3 Botafogo; 5x5 Corinthians; 4x2 América; 2x0 São Paulo; 5x2 Palmeiras; 1x1 Flamengo; 5x1 Santos; 3x1 Fluminense; 0x0 Vasco da Gama; desempate: 2x2 e 2x0 Palmeiras

Campeão Paulista: 1935
Campanha: 11x0 Ordem e Progresso; 9x3 Ypiranga; 6x1 Sírio Libanês; 5x0 Humberto I; 0x2 Estudantes; 6x1 Jardim América; 3x1 São Caetano; Jardim América; 5x1 Ordem e Progresso; 1x1 Sírio Libanês; 3x0 São Caetano; 0x0 Estudantes; 2x0 Humberto I; 2x3 Ypiranga; desempate: 2x2 e 5x2 Ypiranga

Campeão Paulista: 1936
Campanha: 6x2 Humberto Primo; 8x0 São Caetano; 4x3 Ordem e Progresso; 5x1 Tremembé; 6x0 Primeiro de Maio; 3x4 Ypiranga; 2x0 Primeiro de Maio; 1x1 São Caetano; 5x1 Humberto Primo; 2x0 Tremembé; 6x1 Ordem e Progresso; 6x1 Ypiranga

Campeão Paulista: 1973
Campanha: 1x0 São Bento; 0x1 Corinthians; 2x2 Ferroviária; 2x2 Guarani; 0x1 Santos; 0x0 Ponte Preta; 0x2 Palmeiras; 1x1 América; 3x1 Botafogo; 1x1 São Paulo; 1x1 Juventus; 2x1 São Bento; 1x1 São Paulo; 1x1 Guarani; 2x0 Palmeiras; 2x0 América; 0x0 Ferroviária; 1x0 Santos; 2x0 Juventus; 2x0 Corinthians; 2x0 Botafogo; 0x0 Ponte Preta; final: 0x0 Santos [nos penalties o árbitro enganou-se na contagem e declarou o Santos campeão; quando quis reatar o jogo a Portuguesa havia saído rapidamente do campo, supostamente por indicação do ‘matreiro’ Otto Glória, e, no dia seguinte, a Federação declarou ambos os clubes campeões)

Campeão Brasileiro (feminino): 1999
Campanha: 12x0 Aliança, 1x2 Botafogo RJ, 7x0 Sport (1ª fase); 4x0 Botafogo (RJ), 6x0 Internacional (RS) (2ª fase); 2x2 (4x3 pen.) São Paulo (semifinal); 4x0 Palmeiras (final)

Campeão Paulista (feminino): 2000
Campanha: 6x2 Portuguesa, 7x0 São Bento, 8x0 Internacional, 7x0 Nacional; 9x1 Capivariano; 2x0 Palmeiras, 4x0 São Bento, 7x0 Internacional, 6x0 Nacional, 20x0 Capivariano (grupos); 2x2 Juventus (vencedor nos pen.) (semifinal); 5x1 Palmeiras (final)

Campeão Paulista (feminino): 1998
[Campanha desconhecida]

Campeão do Torneio Início Paulista: 1935
Campanha: 1x0 Jardim América; 0x0 São Bento (1x0 corner); 1x0 estudantes

Campeão do Torneio Início Paulista: 1947
Campanha: 0x0 Comercial (1x0 corner); 1x0 Portuguesa (Santos); 3x1 São Paulo

Campeão do Torneio Início Paulista: 1996
Campanha: 0x0 Ferroviária (1x0 corner); 0x0 Santos (menos cartões amarelos); 1x0 Corinthians; 1x0 Rio Branco

A Portuguesa foi vice-campeão paulista em 1940, 1960, 1975 e 1985 e possui, ainda, os seguintes títulos:

Internacionais
Vencedor do Troféu San Isidro: 1951
Vencedor do Torneio Internacional do Canindé: 1981
Vencedor da Fita Azul: 1951, 1953, 1954

Estaduais
Vencedor da Taça de São Paulo: 1973
Vencedor da Taça Governador do Estado: 1976

Categorias de Base
Vencedor da Copa São Paulo Juniores: 1991, 2002
Campeão Paulista Aspirantes: 1972, 1997, 1999
Campeão Paulista Sub-20: 1990
Campeão Paulista Sub-15: 2002, 2004

Segunda Divisão
Campeão Paulista A2: 2007

A riqueza da vida desportiva da Portuguesa é bem visível no Hino do Clube (Autor: Roberto Leal, 1989):

“Vamos à luta, ó campeões
Hão de Vibrar os nossos corações
Na tua glória, toda Certeza
Que tu és grande, ó Portuguesa
Vamos à luta, ó Campeões
Há de brilhar a Cruz dos teus brasões
E tua bandeira verde-encarnada
Que é a luz da tua jornada
Vitória é a Certeza da tua força e tradição
Em campo, a Portuguesa
Prá nós és sempre um time campeão”

Fontes principais
http://www.portuguesa.com.br

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