quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Zagallo versus Saldanha


Mário Zagallo completou 80 anos há uns meses e concedeu uma entrevista na qual retomou o embróglio de 1969 entre Garrastazu Médici, João Saldanha e ele próprio. A posição de Zagallo foi bem notória e reconfirmada recentemente na entrevista de 07.08.2011.

Pergunta: “Incomoda aquela associação de que o presidente Medici interferiu na saída de João Saldanha e na convocação de Dario?”

Resposta: “Quem provocou essa onda toda foi o próprio Saldanha, como jornalista. Ele fez uma coluna na qual dizia que o Médici era um fã do Dario e que o jogador seria convocado por mim. Você acha que um presidente da República ia falar com um técnico de futebol para convocar esse ou aquele jogador? Você acha que o Dario não seria o titular da seleção brasileira se o Médici viesse falar comigo? Pois bem. Ele não foi titular nem quando houve necessidade de um substituto para o Tostão, por questões médicas. Foi o Roberto Miranda quem entrou. A resposta está dada. A verdade está clara. Quiseram falar que naquele momento eu peguei um time pronto, coisa e tal. Mentira! Mudei tudo. Se não fosse daquele modo, nós perderíamos a Copa do Mundo.”


Entretanto, Carlos Vilarinho publicou recentemente um livro, cujo título é ‘Quem Derrubou João Saldanha’, que avança com elementos muito interessantes acerca do assunto.

No Blogue de Maurício Stycer pode-se ler os seguintes excertos acerca do livro:

“Vilarinho apresenta alguns dados que não costumam ser lembrados nas tradicionais reconstituições do período. Um dos alvos do pesquisador é o jornalista Armando Nogueira (1927-2010), então titular de uma coluna no “Jornal do Brasil”, que em mais de uma ocasião transmitiu “recados” do general Médici a Saldanha, entre os quais um “esclarecimento” do chefe de relações públicas da Presidência, dizendo que Médici “gostaria de ver o Dario, do Atlético, entre os vinte e dois da seleção”.

Vilarinho também não aceita a tese difundida de que Zagallo alterou peças fundamentais do time de Saldanha e mudou o esquema de jogo, de 4-2-4 para 4-3-3, para rumar em direção ao título no México. Em 1968, ainda como jornalista, Saldanha ‘escalou’ o seu time preferido para a Copa: como goleiro, Felix, Ubirajara ou Picasso. “Tanto faz”, disse. “Uma linha de quatro formada por Carlos Alberto, Brito, Piazza e Rildo. Imediatamente à frente destes quatro, o Gerson. Um pouco mais à frente, formando uma linha de dois homens, o Dirceu Lopes e o Tostão. Mais à frente ainda, outra linha de três com Jairzinho, Pelé e Edu”.

Este ‘4-1-2-3’ e esta escalação são muito semelhantes à formação tática e aos jogadores que venceram o tri no México, com Felix; Carlos Alberto, Brito, Piazza, Everaldo; Clodoaldo, Gerson, Rivellino; Jairzinho, Tostão e Pelé.”


Pesquisa de Rui Moura (blogue Mundo Botafogo)

3 comentários:

Émerson disse...

Rui, nessa contenda eu fico com Saldanha, que era um homem independente, principalmente politicamente, e que jamais aceitaria interferência em seu trabalho.
Por ser comunista, foi perseguido, e, acredito eu, essa perseguição resvalou para o Botafogo...Basta ver que o Glorioso foi o único clube a ser obrigado a quitar sua dívida trabalhista durante o governo militar.

Gil disse...

Rui,
Também fico com o Saldanha!
Lembro-me quando o Zagallo era treinador e a imprensa sempre falava que ele não treinava os seus times. Gostava muito de trabalhar com o preparador fisíco Chirol e esse era quem treinava os jogadores.

Tmpos atrás vi uma antiga entrevista do Saldanha falando sobre isso. Por incrível que parece ele agradece ao todo poderoso Roberto Marinho. Falou que o dono das organizações globo o chamou bem antes de acontecer a sua saída da seleção e o convidou para trabalhar na rádio e cobrir a copa de 70.

Abs e Sds, Botafoguenses!!!

Ruy Moura disse...

Émerson e Gil, como o povo diz que "não há uma sem duas, nem duas sem três", então eu também fico com o Saldanha. Obviamente!

Émerson, não era somente Saldanha ser comunista, mas também porque o Botafogo se insurgiu contra a ditadura, especialmente pela voz do presidente que condenou a carga que a polícia fez sobre os estudantes dentro de General Severiano! Desde aí foram 21 anos sem títulos oficiais. Os únicos grandes títulos que ganhamos foram oficiosos, no estrangeiro.

Gil, eu nem sequer contesto a qualidade técnica do treinador Zagallo. O que acho 'interessante' são os seus argumentos ao longo da vida...

Abraços Gloriosos!

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