Esta publicação tem dois registros: o do
Jornal do Brasil (1940) e a breve nota de Mundo Botafogo a pretexto do assunto.
Eis o texto do Jornal do Brasil:
A INVASÃO DE
MEDIOCRIDADES ESTRANGEIRAS NO FOOTBALL BRASILEIRO
URGE UM PARADEIRO A ESSE MALEFÍCIO
“Os
responsáveis pelo football brasileiro, notadamente o da nossa Metrópole, estão
no dever de tomar enérgicas providências no sentido de impedir a importação
crescente dessas mediocridades, desses ‘pernas de pau’ como se diz na gíria
esportiva, que os clubes profissionalistas estão trazendo do Rio da Prata,
principalmente da Argentina.
“O
football carioca então, está sendo cada vez mais infestado de jogadores
fracassados ou estropiados em seus países. Os nossos clubes, devido à voragem
do profissionalismo não vacilam em contratá-los rotulando-os de ‘cracks’, na
ânsia de melhorarem as receitas de bilheteria, pouco se preocupando com a sorte
do nosso football.
“Dentro
de muito pouco tempo, caso não se tome medidas que impeçam essa nociva
importação, teremos o Campeonato Carioca disputado por teams de argentinos. Já
no ano passado, clubes houve, cujos quadros, inclusive o do campeão da cidade,
tiveram o concurso de cinco, seis e mais argentinos.
“Não
somos contrários à inclusão de um ou outro elemento estrangeiro em nossos
quadros, embora desejássemos que todos eles fossem compostos inteiramente de
elementos nacionais, que os possuímos de sobra e de grande valor, mas não
podemos concordar com essa invasão de mediocridades que, forçosamente,
influirão, como já estão influindo, no rebaixamento do nível técnico do
football brasileiro.
“Cabe
às nossas autoridades esportivas por um paradeiro a esse estado de coisas,
mesmo que tenha de apelar para o Governo, solicitando-lhe uma medida urgente
que ponha cobro a esse descalabro.
“Já
é um malefício que os nossos grandes clubes tenham desvirtuado sua finalidade
exclusivamente esportiva, para se transformarem em casas comerciais exploradas
do football profissional; relegando alguns deles, à posição secundária, ou
mesmo nula outros ramos de esporte amadorista. É indispensável para o bem do
football nacional que um termo seja posto a essa prática danosa.
“Se
as autoridades esportivas não quiserem ou não puderem cabe evidentemente, aos
poderes públicos eliminar o mal à coletividade”.
[Fonte: Jornal do Brasil, 12 de junho de
1940, pág. 10]
Nota de Mundo
Botafogo:
Texto muito interessante que mostra bem a mudança dos tempos desde que o Jornal
do Brasil defendia o amadorismo. Por entre tempos e ventos de mudança, eu diria
que em vez de medidas que impeçam essa
nociva importação, fazem falta medidas que
impeçam a atual nociva exportação…
2 comentários:
Sergio Di Sabbato deixou um novo comentário na sua mensagem:
Muito interessante esta reportagem. Uma pena que hoje além da mediocridade generalizada dos profissionais e dirigentes de futebol, existe um mal que assola o país e arma resultados. E isso se deve a um profissionalismo espúrio criado por uma rede de tv espúria que pratica o ganho de capital sem se importar com valores morais e éticos. Ontem mais uma vez os cathartiformes foram salvos pelo apito. No barato, nesse campeonato eles ganharam uns 9 pontos por erros de arbitragem, assim como o pai deles, aquele que não sei por que cargas d' água a imprensa chamava de "clube fidalgo das laranjeiras", um clube que desde os seus começos foi chegado numa falcatrua, guindado a 1ª divisão pela janela. Na verdade meu querido Rui, o Brasil nunca teve futebol profissional na acepção real da palavra: o que temos é um amadorismo remunerado comandado por um monte de dirigentes pilantras profissionais. Os dirigentes honestos e que tentaram ou tentam mudar este estado de coisa são exceção. Pobre de nós que temos que assistir a toda essa palhaçada e não podermos fazer nada, ou mesmo que tentamos, nada consigamos. O país precisa ser repensado, pois o nosso modelo de nação é uma vergonha. Abs e SB!
Amigo Sergio, preciso falar consigo e não encontro o seu endereço de e-mail. Por favor, envie-me o seu endereço para mundobotafogo@gmail.com
Abraços (ou será Abarcos?...) Gloriosos.
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