sábado, 1 de novembro de 2014

Fragmentos ‘futebol do botafogo 1951-60’: o show de Garrincha e o ódio do Flamengo [27]

por CARLOS VILARINHO
especialmente para o Mundo Botafogo
sócio-proprietário e historiador do Botafogo de Futebol e Regatas

O tijolo quente passa zunindo, no meio do gol, entre o goleiro e a barreira: 3x0 [sobre o Flamengo, em 1958]. A partir daí o Botafogo deu as cartas, ensaiou um olé. […]

Na quinta-feira, em sua coluna (O Dia), o rubro-negro José Maria Scassa escreveu: “Garrincha andou zombando demais d o adversário e do juiz também. Não por maldade. Garrincha não tem maldade. O fez movido pelo seu espírito infantil e estimulado pelas risadas do público. Garrincha ignora o quanto é condenável a humilhação, provocada pelos seus dribles, suas quedas espetaculares, suas zombarias num espetáculo que é de futebol e não de circo. (…) O nosso objetivo é advertir o jovem ponteiro botafoguense, a quem muito admiramos pelas suas virtudes natas de e pela sua maneira simples de tratar os seus semelhantes. Todavia, o histerismo das plateias tem lhe feito mal. Garrincha, domingo, abusou, não só pelas fintas como pelos truques de se atirar ao chão para impressionar os árbitros. É preciso que alguém lhe diga da importância de um jogo no Maracanã a fim de que não o transforme numa pelada em Pau Grande de onde, invariavelmente, ele é o dono da bola.”

No dia seguinte, Estellita repeliu o claro incitamento de Scassa a todos os zagueiros da cidade para baixarem o sarrafo em Mané: “Esses mesmos que agora acusam Garrincha de, com seus dribles desconcertantes, pretender desmoralizar o adversário, há muito pouco, o endeusavam quando ele, com os mesmos dribles, abria caminho para a seleção brasileira conquistar a Copa do Mundo. Expulso porquê? Porque driblou, Jordan, Santa, Bolero e por aí afora? Ao que me consta o drible é um recurso de jogo, perfeitamente integrado nas regras. Driblar não é falta, é recurso. Falta é impedir o drible com calços e pontapés.”

[O livro pode ser adquirido nas melhores livrarias do Rio de Janeiro e a partir do sítio www.ofuteboldobotafogo.com]

Excerto autorizado pelo autor. In: VILARINHO, C. F. (2013). O Futebol do Botafogo 1951-60. Rio de Janeiro: Edição do Autor, p. 238-239.

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