por CARLOS VILARINHO
especialmente
para o Mundo Botafogo
sócio-proprietário
e historiador do Botafogo de Futebol e Regatas
O tijolo quente passa zunindo, no
meio do gol, entre o goleiro e a barreira: 3x0 [sobre o Flamengo, em 1958]. A partir daí o Botafogo deu as cartas,
ensaiou um olé. […]
Na quinta-feira, em sua coluna (O
Dia), o rubro-negro José Maria Scassa escreveu: “Garrincha andou zombando
demais d o adversário e do juiz também. Não por maldade. Garrincha não tem
maldade. O fez movido pelo seu espírito infantil e estimulado pelas risadas do
público. Garrincha ignora o quanto é condenável a humilhação, provocada pelos seus
dribles, suas quedas espetaculares, suas zombarias num espetáculo que é de
futebol e não de circo. (…) O nosso objetivo é advertir o jovem ponteiro
botafoguense, a quem muito admiramos pelas suas virtudes natas de e pela sua
maneira simples de tratar os seus semelhantes. Todavia, o histerismo das
plateias tem lhe feito mal. Garrincha, domingo, abusou, não só pelas fintas
como pelos truques de se atirar ao chão para impressionar os árbitros. É
preciso que alguém lhe diga da importância de um jogo no Maracanã a fim de que
não o transforme numa pelada em Pau Grande de onde, invariavelmente, ele é o
dono da bola.”
No dia seguinte, Estellita
repeliu o claro incitamento de Scassa a todos os zagueiros da cidade para
baixarem o sarrafo em Mané: “Esses mesmos que agora acusam Garrincha de, com
seus dribles desconcertantes, pretender desmoralizar o adversário, há muito
pouco, o endeusavam quando ele, com os mesmos dribles, abria caminho para a
seleção brasileira conquistar a Copa do Mundo. Expulso porquê? Porque driblou,
Jordan, Santa, Bolero e por aí afora? Ao que me consta o drible é um recurso de
jogo, perfeitamente integrado nas regras. Driblar não é falta, é recurso. Falta
é impedir o drible com calços e pontapés.”
[O livro pode ser adquirido nas
melhores livrarias do Rio de Janeiro e a partir do sítio www.ofuteboldobotafogo.com]
Excerto autorizado pelo autor. In: VILARINHO, C. F.
(2013). O Futebol do Botafogo 1951-60. Rio de Janeiro: Edição do Autor, p.
238-239.
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